




Capítulo 1: Herdeiro de um Império
Na luz sombria da sala de trabalho, a palidez de Isaac Astor brilhava como um farol. Seus olhos gélidos e cabelos claros eram antinaturais contra a fumaça crescente. Atrás dele, um grupo de homens com cassetetes permanecia estoicamente. Apesar dos ombros largos e das expressões rudes, eles não pareciam oferecer uma ameaça real quando comparados à presença sobrenatural de Isaac.
De uma mesa alta no fundo, Lavinia Devon observava com interesse desmedido enquanto o jovem parava para cumprimentar o capataz. Ela podia perceber que, embora nunca tivesse visto aquele homem antes, sua presença ali era rotineira. As garotas ao seu lado se moviam nervosamente, seu trabalho se tornando desleixado enquanto olhavam entre o homem bem-vestido e suas próprias mãos.
Isaac apontou para uma garota perto de onde estava e um dos homens atrás dele agarrou seu braço, arrastando-a para ficar cara a cara com Isaac. O sorriso que surgiu em seu rosto quando a garota recuou era frio e cruel, mas Lavinia não conseguia desviar o olhar. Quando Isaac inclinou o queixo da garota para cima, ela sentiu um rubor subir pelo próprio pescoço.
"Ela servirá muito bem," ele disse, empurrando a garota trêmula de volta para os braços dos guardas.
Esse processo se repetiu enquanto Isaac percorria a sala. Algumas das garotas que ele inspecionava eram mandadas de volta ao trabalho, com expressões de alívio no rosto. Quando ele aprovava outras, elas gritavam enquanto eram arrastadas.
"Tirem as mãos de mim!" O grito veio de uma garota particularmente aflita que cuspiu em Isaac quando ele tentou tocar seu rosto. Enquanto ela lutava e arranhava, Lavinia aproveitou a oportunidade para se inclinar para a garota mais alta ao seu lado.
"O que é isso? Para onde essas garotas estão indo?"
A garota mais alta olhou entre Lavinia e a garota chorando. "Astor está escolhendo seu próximo lote de refeições."
"Astor..."
Esse nome era familiar para Lavinia. Todos conheciam a Família Astor, um Clã de Vampiros que controlava toda uma cadeia de suprimento de sangue. Todo cidadão vulnerável conhecia o processo. A Astor Industries cultivava e fabricava sangue para vender a outros vampiros, eliminando a necessidade de caçar. Mas o sangue não cresce sem vida. Rumores circulavam sobre aquela família, dizendo que eles administravam fazendas, criando humanos para o abate e vendendo seu sangue. Os clientes mais pobres se contentavam com sangue sintético, enquanto os aristocratas escolhiam corpos inteiros para se alimentar.
"Ele é o herdeiro da empresa," começou a garota. "Isaac. Ele já veio aqui algumas vezes desde que comecei a trabalhar. As garotas que ele leva nunca voltam."
Lavinia olhou de volta para Isaac quando um som alto ecoou pela sala de trabalho. Ele deixou o corpo da garota que lutava anteriormente cair no chão, limpou um fino rastro de sangue fresco dos lábios e empurrou o cabelo agora desordenado para fora dos olhos.
"Eu esperava que seu estoque fosse mais obediente do que da última vez, capataz. É realmente muito decepcionante ter tanto trabalho em uma tarefa tão mundana." Ele limpou as mãos nas calças e retomou sua caminhada pela sala. Ele passou completamente pela mesa onde os trabalhadores estavam obscurecidos por equipamentos de proteção rudimentares.
"O que ele está procurando?" perguntou Lavinia.
"Ele é muito exigente com suas bolsas de sangue," respondeu a garota mais alta. Ela fez uma careta. "Dizem que ele gosta de suas refeições bonitas."
Enquanto ele rondava as mesas, uma expressão de diversão impiedosa tomou conta de suas feições angulosas. Ele parecia estar gostando do desconforto ao seu redor. Havia algo cruel na maneira como ele se deleitava com as garotas assustadas, quase se alimentando de sua apreensão.
Finalmente, seus olhos claros pousaram em Lavinia. Ela sentiu um arrepio e seu corpo se tensionou. Endurecendo a expressão, ela se recusou a estremecer, não querendo lhe dar a satisfação. Isaac inclinou a cabeça e curvou a boca em um sorriso de escárnio. Ele contornou a mesa de Lavinia, mal dando tempo para as outras garotas se dispersarem. De perto, a beleza de Isaac era ainda mais pronunciada. Seus olhos brilhavam enquanto ele se erguia sobre Lavinia, sua altura forçando-a a esticar o pescoço para manter o contato visual.
Isaac estendeu uma mão para tocar sua bochecha e Lavinia captou o distinto cheiro de sangue metálico misturado com algo como madeira queimando. Não era um cheiro desagradável. Era quase encantadoramente quente quando justaposto à aparência gélida de Isaac.
"Qual é o seu nome?" Sua voz era pouco mais que um sussurro, mas soou claramente sobre o barulho da sala de trabalho.
"Lavinia. Lavinia Devon." Ela lutou contra cada instinto de se encolher, em vez disso, enfrentando seu olhar diretamente.
"Não acredito que já a tenha visto antes, Srta. Devon. Você deve ser nova." Sua voz gotejava com um interesse insincero.
Lavinia olhou entre os olhos de Isaac e seus lábios ainda manchados. Ela sabia que ele queria uma reação dela. Mas ela não cederia. Cada parte dela queria empurrá-lo ou se encolher sob seu olhar, mas não conseguia se obrigar a isso. Algo por trás dos olhos dele a fisgou, fazendo-a se inclinar para o rosto de Isaac.
"Você sempre demora tanto para escolher suas refeições, ou eu sou tão difícil de decidir?"
Isaac riu abertamente, seus guardas soltando uma risada coletiva atrás dele.
"Oh, não é isso que estou decidindo. Um rosto bonito como o seu é impossível de deixar passar. Não," Isaac se inclinou para frente até seus lábios estarem pressionados contra a garganta de Lavinia. Seus olhos se arregalaram. "Por um lado, eu poderia drená-la completamente, aqui e agora. Não gosto de ser respondido. Mas, por outro lado, isso poderia ser um desperdício de sua beleza. Eu poderia, em vez disso, levá-la para casa com as outras e me alimentar apenas o suficiente para mantê-la viva, mas sem toda essa agressão incômoda, repetindo até que você seja apenas uma casca, um mero recipiente de sangue."
Lavinia estremeceu quase imperceptivelmente. Isaac se afastou dela, claramente satisfeito por finalmente ter obtido uma reação.
"Algo errado?"
"Não," ela disse friamente, forçando-se a olhar para cima. "De jeito nenhum. Você superestima seu efeito, Astor."
"É mesmo?"
"Se eu deveria estar tremendo e chorando como o resto dessas garotas só de olhar para você, por que trazer seu pequeno bando? Certamente você poderia lidar com algumas garotas magricelas sozinho. Ou todos os rumores sobre vampiros são apenas contos populares? Você é realmente apenas uma sanguessuga sem nada de especial para oferecer?" Lavinia o encarou, tentando não trair seu verdadeiro medo.
Isaac pausou por um segundo, então envolveu uma de suas mãos longas ao redor da nuca dela, puxando-a para si. "Lavinia Devon, estou ansioso para quebrar você."