Capítulo 3 Fofoca
Na minha empolgação com a demissão imediata de Elena, eu quase tinha esquecido da tempestade que era a minha vida. Mas as perguntas de Elena trouxeram tudo de volta à tona.
“Minha vida pessoal não está em discussão,” eu disse entre dentes cerrados. “Você está tão obcecada com homens e fofocas, não é de se admirar que suas habilidades profissionais não tenham melhorado.” Virei nos calcanhares e saí rapidamente da sala antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa.
Caminhei pelo corredor direto para a mesa da Maria. “Lanches,” eu disse quando cheguei até ela. “Preciso deles.”
Sem dizer uma palavra, ela se levantou e foi comigo até a copa. Ela sabia que quando eu dizia que precisava de lanches, não estava com humor para conversar. Quando passamos pela porta da copa, soltei um suspiro surpreso.
A copa, que normalmente estava vazia, estava cheia de gente. Várias mulheres estavam por ali, conversando entre si, folheando revistas ferozmente, rolando rapidamente seus celulares.
“O que está acontecendo?” perguntei à Maria, que deu de ombros.
Empurrei meu caminho através da multidão de mulheres até a prateleira que tinha as barras de chocolate. Enquanto fazia isso, peguei trechos das conversas:
“…ouvi dizer que ele gosta mesmo de loiras…”
“…aposto que ele só namora socialites, não tem como ele namorar alguém desta empresa…”
“…ele tem seu próprio jato particular? Eu mataria por um homem com um jato…”
“…ah, se eu pudesse encontrar um homem metade tão rico e sexy quanto ele!”
Peguei minha barra de caramelo favorita da prateleira e dei uma olhada rápida na revista aberta mais próxima. Era um artigo sobre o estilo de vida luxuoso do nosso novo CEO. Não pude deixar de rir. Essas mulheres estavam morrendo por uma chance com Logan. Elas iam ficar devastadas ao saber que ele era casado.
Maria e eu saímos discretamente da copa. Assim que as ocupantes estavam fora do alcance da voz, balancei a cabeça para ela. “Você ouviu tudo isso? Todo mundo está enlouquecendo por causa desse novo CEO.”
Maria deu de ombros, um sorriso se formando em seus lábios. “Quero dizer… você pode culpá-las?”
“Oh Maria, você também não!”
Ela riu. “Você está me dizendo que não o acha atraente?”
“Não, não estou dizendo isso. Quero dizer, claro, ele é bonito, mas…” Olhei ao redor para me certificar de que não havia ninguém por perto. Baixei a voz. “Ele é casado. E parece bem feliz.”
“Oh,” Maria franziu a testa. “Ele é tão jovem, não é? Estou surpresa que alguém tão jovem e rico como ele tenha se casado tão cedo na vida.”
Dei de ombros. “Me pergunto como ela é? Ela deve ser incrível para fazê-lo desistir do estilo de vida de solteiro pelo qual ele é tão conhecido. E falando em coisas surpreendentes…”
Enquanto começávamos a caminhar de volta para minha mesa, contei a Maria sobre a eliminação imediata de Elena como candidata a assistente de Logan. Quando chegamos à minha mesa, Maria estava rindo tanto que lágrimas escorriam pelo seu rosto.
“Adicione ‘especialista em detectar interesseiras’ ao currículo de Logan,” ela riu.
“Fiquei surpresa que ele conseguiu ver algo além do decote que ela trouxe com ela,” eu disse enquanto me sentava à minha mesa. Peguei minha bolsa da gaveta de baixo e tirei meu celular para verificar as mensagens. Franzi a testa ao ver que a única era uma chamada perdida da minha mãe.
“O que foi?” Maria perguntou. Mostrei o celular para ela. Ela franziu a testa. “Oof. Isso acaba com o humor. Boa sorte.” Ela me deu um sorriso simpático, então se virou e voltou para sua mesa.
Suspirei e apertei o botão para retornar a ligação. Melhor acabar logo com isso.
“Hazel, onde você estava?”
“Bom, mãe, eu tenho essa coisinha que gosto de fazer todos os dias chamada trabalho.”
Como de costume, ela ignorou meu sarcasmo. “Preciso que você vá ao aeroporto buscar a Natalie. Ela chega às 18:00 do papel de convidada naquela série de TV que você tanto ama.”
Eu gemi internamente. “Sim, mãe, eu sei onde ela esteve.” Mamãe adorava fazer essas alfinetadas sempre que podia, para me lembrar que Natalie era bem-sucedida em todas as maneiras que eu queria, mas não conseguia ser.
“Então você vai buscá-la?”
“Acho que realmente não tenho escolha.”
“Obrigada, querida, te vejo em casa.” Ela desligou sem esperar um adeus.
Esfreguei minhas têmporas. Deus, eu queria um lugar só meu. Desde que tive que voltar a morar com meus pais e Natalie, todos me tratavam como sua assistente pessoal. Mas o aluguel estava tão alto que eu realmente não tinha outras opções.
Abri a gaveta de cima da minha mesa para pegar uma caneta e um post-it. Congelei quando vi o anel misterioso que eu tinha jogado lá depois da minha viagem a Vegas. Na montanha-russa que tinha sido o dia de hoje, eu tinha esquecido completamente dele. Tinha que ser um brinquedo... mas de onde eu o tinha tirado?
“Acho que o que acontece em Vegas realmente fica em Vegas,” murmurei para mim mesma, escondendo o anel na minha bolsa. A última coisa que eu precisava era que alguém no escritório o encontrasse e começasse mais boatos sobre mim.
Minha irritação cresceu enquanto eu esperava por Natalie nas chegadas. Eu já estava esperando há quase uma hora. Eu já não queria estar ali, e agora estava perdendo minha noite de folga esperando pela última pessoa na terra que eu queria ver.
O brilho do anel falso na minha bolsa chamou minha atenção. Eu o tirei e coloquei no porta-luvas. Eu não tinha certeza do porquê queria manter algo que veio da viagem infernal a Vegas, mas eu estava estranhamente apegada a ele. Veio da minha única noite de rebeldia, dormindo com um homem misterioso. Talvez eu gostasse de saber que tinha isso em mim.
Natalie finalmente apareceu pelas portas do aeroporto. Eu odiava como ela parecia incrível depois de um voo tão longo. Ela olhou ao redor, seu cabelo caindo perfeitamente a cada movimento da cabeça. Buzinei para chamar sua atenção.
Abri o porta-malas enquanto ela se aproximava com seu carrinho cheio de bagagem. Eu podia vê-la parada na traseira do meu carro, esperando que eu saísse para ajudá-la com as malas, mas eu certamente não faria isso. Finalmente, alguns rapazes a viram e correram para ajudar, porque claro que sim.
Ela entrou no banco do passageiro, e eu saí sem dizer uma palavra. Não falávamos desde a viagem a Vegas. Eu tinha tanto a dizer e nada ao mesmo tempo. Foram dez minutos muito desconfortáveis antes que qualquer uma de nós falasse.
“Bem, você não vai me perguntar sobre a minha viagem?” Ela perguntou.
Balancei a cabeça e ri. A audácia dessa mulher. “Oh, me perdoe por ser tão rude. Como foi sua viagem? Roubou mais algum homem de alguém?”
Ela sorriu. “Ah, isso de novo.”
“Sim, desculpe por não ter superado o que você fez comigo em Vegas. Você roubou meu namorado, Natalie. Você está sempre tirando coisas de mim. Por que faz isso? Você gosta de me torturar?” Minha irritação se transformou em fúria.
Natalie revirou os olhos para mim. “Você deveria ter sido mais acolhedora comigo naquela viagem. Você é minha irmã, afinal.” Ela começou a mexer nas unhas, aparentemente irritada por estarmos tendo essa conversa. “Além disso, isso é um problema seu. Você deveria se perguntar o que há de errado com você. Por que você não é mais merecedora de seu namorado te pedir em casamento? Eu recebo propostas o tempo todo. Não é tão difícil.”
Meus olhos quase saltaram da cabeça. Ela realmente disse essas palavras para mim?
“Preciso de um lenço,” Natalie disse e abriu meu porta-luvas. Nossos olhos foram direto para o anel que eu tinha acabado de colocar lá. Ela ofegou.
“Isso deve ter pelo menos dez quilates!” Ela o tirou. “De onde veio isso?”
Meu coração afundou. Parecia que Natalie acabara de encontrar a próxima coisa que ela ia tirar de mim.