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Capítulo Oito: Nem conquista nem concubina

Aya permitiu que Carnen segurasse seu braço e a arrastasse em um ritmo irritantemente rápido, descendo as escadas e atravessando os corredores. Ela observou com leve divertimento enquanto Carnen mandava Arianna correr para buscar um casaco adequado para ser usado sobre a fina seda branca de sua camisa atual. Aquela camisa apertada era muito transparente. Dava uma visão muito clara e, ela suspeitava, proposital do peito e das costas musculosas de Carnen, e foi um alívio misericordioso quando insistiu que Arianna voltasse correndo pelo corredor com um casaco bordado a ouro de estilo militar nas mãos. Carnen o vestiu sem nunca diminuir o passo, e Aya finalmente se viu livre de ter que encarar suas costas. Embora o casaco permanecesse aberto na frente, e o corte em V de sua gola... "Não havia muito sentido em rasgar sua camisa mais cedo," ela comentou despreocupadamente. "Você mostra tanta pele de qualquer maneira, um esforço tão desesperado para chamar atenção. Eu meio que esperava que você se despisse bem aqui no corredor e mostrasse tudo enquanto vestia calças novas para combinar com esse casaco."

"Sim, eu sei que você deve estar fantasiando com essas visões, mas prometi um quarto escuro e um ambiente íntimo antes de apresentar tais deleites, lembra?"

"É tão pequeno assim?" Ele parou abruptamente. "Você só tira no breu total, mas as damas ainda podem sentir o tamanho, sabe--"

"Não é pequeno! É...! Você vai sentir por si mesma e..." Ele pareceu perceber que a negação desajeitada de forma alguma salvava sua dignidade naquele momento. Ele agarrou seu braço e retomou a marcha rápida. "Você é uma pequena ave zombeteira, e eu não tenho desejo de ouvir você tagarelar mais!"

Era tão fácil irritá-lo, fazendo aquela pele clara ficar vermelha de raiva. Aya não deveria ter feito aquela piada, no entanto. Ela deveria estar agindo como Charlotte, e Charlotte nunca teria dito aquilo. Mesmo o pensamento de tais coisas a faria gaguejar, mas Aya estava achando difícil controlar sua própria língua maldosa. Ela gostava demais de provocar esse pavão de príncipe para se conter.

Um olhar para sua expressão, e ela podia sentir bolhas de riso lutando para subir pelo seu peito. Elas escaparam, e os dedos de Carnen cravaram-se ainda mais fortemente em seu antebraço. "Não ria de mim. Não ouse. Não lá dentro." Foi um pedido sincero, e seu sorriso desapareceu instantaneamente, os olhos fazendo um estudo ainda mais atento de seu rosto. O embaraço havia sido varrido, deixando uma expressão de granito, olhos frios e queixo erguido, mas aquelas últimas palavras quietas... Tinham o som de um medo nervoso. Ele estava realmente com medo de seu próprio pai? "Pensando bem, você realmente não deveria falar nada," ele declarou, com os olhos fixos diretamente nas portas do salão de jantar para onde seus passos longos e rápidos estavam se dirigindo. "Você vai fazer uma reverência, depois se sentar, e vai manter a língua presa a menos que lhe façam uma pergunta diretamente. Está claro?"

Aya sentiu a raiva subir com aquele comando arrogante, mas tudo o que murmurou humildemente foi, "Sim, meu príncipe."

"Boa menina."

Ela queria puxar de volta seu braço e golpeá-lo, mas se contentou em imaginar sua evisceração, sua morte e a do homem sentado na ponta da longa mesa no salão que se abria bem diante dela. Yuri se parecia bastante com seu filho, o mesmo queixo forte e cabelo loiro pálido, embora suas longas madeixas fossem acompanhadas por uma barba cheia, mantida em duas tranças, estendendo-se até o peito. Seus olhos eram diferentes, no entanto. Eram da mesma cor azul-gelo que os de Carnen, e a olhavam de forma igualmente aberta, mas havia uma ameaça genuína em seu olhar intimidador.

"Bom dia, pai," Carnen cumprimentou, puxando-a pelas portas ao seu lado. "Esta é a Lady Charlotte."

Carnen soltou seu braço, e ela fez a reverência esperada. A ordem insultante de Carnen para que ela permanecesse em silêncio, é claro, não era algo que ela iria respeitar. “Sua majestade. Meu pai, em toda sua sabedoria, consentiu com este noivado--”

“Esse conspirador não importa. Agora fique em silêncio,” Yuri ordenou, muito mais severamente do que seu filho. Aya manteve sua postura e abaixou os olhos, tentando projetar o ar de insegurança penitente que a verdadeira Charlotte exibia quando brincavam de forma muito turbulenta e quebravam as antiguidades de seu pai.

O olhar terrível de Yuri se voltou para seu filho. “Pelo menos ela parece saudável, apta para gerar herdeiros. Se eu já não tivesse uma rainha, poderia tirá-la de suas mãos.” Carnen corou. “Agora que penso nisso, mesmo um rei casado deveria ter uma ou duas concubinas bem-nascidas para melhor povoar a linha real, e fazer dela uma amante é um tratamento melhor para a filha daquele duque arrogante do que dar-lhe posição casando-a com um de meus filhos.”

“Que elogio, sua majestade,” Aya respondeu instantaneamente, no segundo em que aquelas palavras horríveis escaparam de sua boca, “mas certamente o senhor não humilharia seu filho mais velho roubando dele seu prêmio tão aguardado. Especialmente com o anúncio do casamento já proclamado e os convites enviados.”

“Mais uma vez ela fala, e ainda assim você não a repreende.” Seus olhos queimavam em seu filho com uma clara reprovação no olhar, mas Carnen ergueu o queixo, sustentando o olhar com o que Aya sentiu ser uma bravata forçada.

“Por que machucar esse rosto bonito antes do nosso casamento? Ela dá conselhos bastante sábios, pai, e não disse nada indelicado.”

“Sim, suponho. Permito que Clara fale, mas suas palavras são um deleite, ao contrário dessa pirralha de olhos amargos.”

“Onde está sua majestade?” Aya pressionou, os olhos procurando a linha de cadeiras vazias na mesa carregada de salsichas e pratos de frutas diante deles. “Fui informada de que ela jantaria conosco.”

“Minha rainha está se sentindo um pouco indisposta esta manhã. Ela não se juntará a nós.”

Aya ficou fria. Ela já estava imaginando a terrível surra que poderia ter deixado Clara muito machucada ou inapresentável para fingir durante o café da manhã. Ela deveria matar esse bruto agora. Enfiar uma faca de carne em seu olho e subir correndo os degraus até os aposentos reais para resgatar a rainha. Tal curso de ação traria os guardas sobre ela em dúzias, no entanto. Os cavaleiros de armadura negra estavam bem ali dentro de ambos os conjuntos de portas neste salão, olhando para ela como um pedaço de carne, não como a açougueira que ela era. Nenhum desses homens a via como uma ameaça, mas eles aprenderiam o perigo desse erro num instante, quando chegasse a hora.

“Que notícia grave.” Aya suspirou. “Diga à minha querida tia que desejo a ela tudo de bom e uma rápida recuperação.”

Ela se sentou à direita de Carnen, e a refeição passou com uma lentidão terrível. Yuri nunca parava de falar. Ele se gabava de seus exércitos, da expansão deste reino, e dava conselhos grosseiros a seu filho sobre como treinar melhor Charlotte sem nunca falar diretamente com Aya ou respeitar sua presença ali na mesa.

Aya fez repetidas intervenções ousadas, mas manteve seu tom humilde e educado, e seus olhos abaixados no que ela esperava que o bruto percebesse como medo de represálias. Afinal, se olhasse diretamente para ele, começaria a encará-lo com raiva. Ela se pegou olhando para Carnen em vez disso, e pensando nas alegações de Arianna de que ele era realmente um bom homem, que seria um bom rei.

Não com o jeito que ele estava ecoando todo o comportamento de seu pai, puxando-a diretamente para seu colo em um ponto, enquanto mentia que já a havia feito sua mulher da maneira mais importante, e seu pai dava parabéns orgulhosos.

Ele e seu pai eram ambos narcisistas bestiais, desprovidos de autocontrole. Ela encontraria Clara ainda hoje, jurou, e mataria Carnen e Yuri sem remorso.

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