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Prólogo

O chão parecia instável sob minhas patas, e meus pulmões ansiavam por ar. Cada passo que eu dava naquela floresta densa era um desafio, com galhos retorcidos e raízes que pareciam querer me derrubar. Eu me sentia como se estivesse dançando em um terreno traiçoeiro.

Até eu, que sempre me orgulhava de declarar que conhecia cada metro daquele território, agora olhava atônito para as árvores imponentes ao meu redor. A vegetação espessa bloqueava o caminho à frente, tornando minha fuga ainda mais difícil. Cada galho quebrado emitia um estalo alto, como se a própria floresta estivesse me alertando sobre minha vulnerabilidade.

"Podemos sentir seu desespero!" um uivo enviou arrepios pelo meu pescoço, ecoando entre as árvores gigantes.

Olhei ao redor, procurando por qualquer sinal de ajuda, e foi então que notei um riacho correndo nas proximidades. Sem hesitar, corri em direção ao riacho, saltando sobre as pedras escorregadias que margeavam suas margens.

"O que estamos fazendo?" uma voz melodiosa e assustada ecoou enquanto a brisa sussurrava pelas folhas das árvores.

A água fria envolveu minhas patas, aliviando o calor da perseguição. Olhei para trás, vendo os lobos se aproximando, seus olhos brilhando com fúria predatória. Eles queriam me destruir e, assim, destruir o reino do meu pai.

"Recebemos ordens claras," uma voz mais áspera silenciou seus companheiros. "Quero ele morto ao amanhecer."

Sabendo que não poderia me esconder na água para sempre, reuni minhas forças e saltei para a margem oposta do riacho. Agora em um terreno mais aberto, meus sentidos se aguçaram para encontrar uma rota de fuga. Um penhasco majestoso se erguia diante de mim, suas paredes imponentes parecendo tocar o céu. Seria um salto arriscado, mas talvez fosse minha única chance de escapar. Respirei fundo, sentindo a energia pulsar em minhas veias, e me lancei no ar.

Enquanto caía em queda livre, uma sensação indescritível de liberdade e perigo se entrelaçava. O vento zunia em meus ouvidos, e eu podia ver a paisagem se desdobrando abaixo de mim. A adrenalina corria pelo meu sangue, e eu sabia que estava vivo, lutando pela minha sobrevivência.

"ELDRIC!" Um uivo sombrio ondulou atrás de mim. "Pare de correr, garoto. Vamos conversar." Sua risada sarcástica continuava a me perseguir, mas agora eu estava um passo à frente, a descida íngreme me dando uma vantagem. O penhasco era minha estratégia, um ato ousado para mostrar que eu não era uma presa fácil.

"Luna, me ajude! Me dê uma saída..." sussurrei enquanto a gravidade me puxava para baixo.

Lembrei-me de tudo o que eu era e de quem eu representava. Eu fazia parte dessa natureza selvagem, com instintos de sobrevivência fluindo em minhas veias. A linhagem que corria no meu sangue era poderosa e inabalável. A voz suave de Luna infiltrou-se em meus ossos, ecoando entre as paredes do penhasco.

"Como futuro líder da nação Uivo Lunar, Eldric, seus seguidores esperam que você lute e abrace seu lobo interior."

Olhei para trás e vi que os seis lobos estavam muito mais próximos do que antes. Sua presença imponente preenchia o espaço entre nós, mas eu não vacilei. Eu sabia que estava pronto para lutar.

"Pelo meu bando e pelo meu reino, eu escolho lutar!" murmurei com determinação, encontrando força na minha voz.

Posicionei-me, esperando que os lobos perseguidores se aproximassem para que eu pudesse identificar cada um.

No meio da densa floresta noturna, onde as sombras dançavam entre as árvores altas, eu me mantinha firme com uma postura decidida. A lua cheia banhava os arredores com sua luz prateada, lançando um brilho misterioso sobre a cena.

"Vou caçar cada um de vocês até o inferno, se necessário!" gritei, eriçando meu pelo para aumentar meu tamanho e transmitir minha determinação.

"Você não terá essa oportunidade." Não era a primeira vez que eu via aquele lobo negro; ele havia recentemente se infiltrado no meu reino. Alegava estar buscando refúgio e abrigo, mas agora percebia que seu verdadeiro interesse era derrubar meu pai de sua posição.

Curioso e desconfiado, observei os lobos que o acompanhavam, cada um com olhares confusos e tristes. Reconheci alguns deles e até brinquei com um quando éramos mais jovens. A confusão se instalou em minha mente, pois não fazia sentido que eles me caçassem agora.

"Por que vocês estão fazendo isso?" questionei, batendo minha pata com força no chão, o som ecoando pelas árvores, e esperando uma resposta plausível.

"Seu pai é fraco! Você é fraco! O próximo Alfa trará prosperidade e decência ao Uivo Lunar." Notei algumas cabeças se abaixando, desaprovando as palavras do lobo negro. "Não espere misericórdia, não temos intenção de deixá-lo viver." Sua risada me assustou, e dei um pequeno passo para trás, sentindo um arrepio percorrer minha espinha.

Naquele momento, me senti insignificante. Sempre esperei que todos vissem em mim o que viam em meu pai. Pensei que ser seu filho seria suficiente para me conceder o status de Alfa, mas estava enganado. O que eles queriam era uma demonstração de força, uma prova de que eu era digno do trono.

"Você é tão covarde que precisou de um bando para me deter," tentei manter meu sarcasmo, apesar da ansiedade que me consumia. "Se quer me desafiar, aqui estou, esperando que qualquer um de vocês tente me parar."

Um lobo cinza, com um pelo tão prateado quanto a própria lua, correu em minha direção com os dentes à mostra, sua expressão feroz refletida no brilho de seus olhos. No entanto, percebi que ele era menor e mais fraco em comparação aos outros. Com um movimento ágil, me livrei dele e ataquei sua jugular, fazendo seu sangue fluir e manchar o chão em segundos.

"É só isso que vocês têm para mim?" Minha confiança estava sendo restaurada, e minha voz ecoou com uma mistura de desafio e superioridade. "Achei que vocês desejavam meu lugar no trono." O lobo negro rosnou de irritação, seus olhos brilhando de ódio, enquanto mais dois lobos avançavam em minha direção.

Desta vez, a batalha foi mais difícil. Garras afiadas arranhavam o chão, dentes rangiam, e uivos ecoavam pela floresta. Enquanto lutava para me desvencilhar dos ataques, acabei ferido. Um dos meus adversários atingiu minha perna traseira, seus dentes penetrando fundo em minha carne, fazendo-me uivar de dor e desafio simultaneamente.

A ação deles desencadeou uma onda de adrenalina dentro de mim, e eu rasguei suas gargantas, misturando meu sangue com o deles.

"Vão, matem-no," ordenou o lobo negro, apontando para seus últimos aliados restantes. Fiquei surpreso ao descobrir suas identidades.

Ambos pareciam relutantes, como se não quisessem estar ali, mas algo em seus olhares me dizia que havia mais em jogo.

"Eu não entendo..." murmurei, e a loba me olhou com compaixão.

"Lamento profundamente por isso," ela se curvou diante de mim. "Mas ele tem o que eu mais prezo." Essas foram suas últimas palavras.

Seu marido, um oponente formidável, foi o primeiro a tentar me deter. Embora eu soubesse que ele era mais forte do que eu, percebi que ele pretendia ganhar tempo para mim.

O lobo negro avançou em direção à loba, forçando-a a se aproximar de mim, e nos envolvemos em uma batalha mais intensa do que antes. Nossos olhares se encontravam constantemente, e o desespero era evidente em suas expressões.

Em um momento de distração, joguei a loba contra a parede de rochas atrás de nós, enquanto seu marido momentaneamente perdeu minha pista, permitindo-me atacar seu pescoço.

A loba uivou desesperadamente, desorientada pelo impacto. Afastei-me dos restos de seu marido e me aproximei dela lentamente.

"Por que fizeram isso?" perguntei, olhando fundo em seus olhos. "Vocês tinham tudo!" gritei em seu ouvido.

"Proteja-a por mim, Eldric. Sei que não mereço sua misericórdia, mas minha filha é inocente. Proteja-a!"

"Eu juro..." Respirei fundo, observando o lobo negro fugir da cena. "Eu juro que caçarei e acabarei com qualquer Evergreen que cruzar meu caminho." Quebrei seu pescoço instantaneamente, sem lhe dar chance de me convencer do contrário.

Exausto, deixei meu corpo colapsar no chão. Minha mente fervilhava com a ideia de uma vingança épica contra todos que ousaram se opor ao meu reino.

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