Céu roxo
Ponto de Vista de Nora
Finalmente, o dia chegou. Me despedi dos meus entes queridos. Não pude acreditar quando Meghan disse: "Todos nós fomos selecionados". Meghan é uma garota inteligente e forte, e Liam é um homem musculoso, então entendi por que eles foram selecionados, mas ainda não consigo entender os critérios pelos quais fui escolhida. De qualquer forma, fiquei feliz porque consegui dinheiro para a cirurgia do meu pai.
Os pais de Liam me pegaram no albergue. Meghan já estava na base militar com sua prima. Apenas coloquei minha bagagem no porta-malas do carro com a ajuda de Liam.
"Nervosa?", ele me perguntou.
"Talvez", respondi casualmente, mas na realidade, minha mente era um campo de batalha de pensamentos.
Depois de uma hora e meia de viagem, que para mim parecia uma eternidade, finalmente chegamos à base militar. Mostramos nossos cartões de identificação no portão principal para dois oficiais militares. Eles os escanearam e nos deixaram entrar. Dirigimos direto pela estrada e, finalmente, vimos uma estrutura colossal em forma de cúpula. Senti um frio na barriga. Minha mente me provocava continuamente: "Ainda não é tarde; você ainda pode voltar", mas meu instinto me dizia o contrário.
Vi Meghan no extremo da estrutura com Amy. Quando nos viu se aproximando, começou a acenar para que fôssemos até ela. Ela parecia bastante animada. Só de vê-la, perdi todas as minhas preocupações e me senti segura. Minha mente ficou aliviada.
Depois de escanear nossas malas e verificar nossos cartões de identidade novamente, finalmente nos deram entrada em um OVNI em forma de cúpula.
"Surpresa!" Seria simplesmente um eufemismo. Era simplesmente incrível.
Havia um salão enorme com muitas estruturas de assentos de um lado. Do lado esquerdo, havia uma área muito semelhante à recepção dos nossos hotéis. Algumas pessoas estavam trabalhando além da enorme mesa com alguns dispositivos de alta tecnologia. Me perguntei se eram humanos ou alienígenas.
Fomos feitos para sentar nessas estruturas de assentos. Éramos cerca de vinte pessoas. Oito eram mulheres e os outros homens. Depois de alguns segundos, um homem de meia-idade veio até nós e começou a se apresentar: "Bom dia a todos. Eu sou o Sr. William Belkin. Podem me chamar de Will. Sou um cientista pesquisador. Estarei liderando nossa equipe e guiando vocês em todos os caminhos".
Ele então nos apresentou a duas outras pessoas ao seu redor. Um homem chamado Ross e uma mulher chamada Eve. Eles eram seus assistentes. Depois disso, ele apresentou um homem severo e de aparência rude chamado Major Gregory. Ele era do exército e responsável por nossa segurança. Finalmente, ele desejou a todos uma boa viagem e boa sorte.
Por fim, nos levaram para nossa cabine aconchegante, bonita e bem equipada. Todos estavam ocupados conversando e se apresentando uns aos outros. Mas eu estava olhando pela janela, pensando no futuro. Não conseguia parar de pensar no homem dos meus sonhos, pois meu instinto me dava a sensação de que nos encontraríamos em breve.
De repente, nosso OVNI começou a decolar. Pensei que seria semelhante à decolagem de um avião, mas ele simplesmente se levantou no ar. Não sentimos nada enquanto decolava e começava a se mover, talvez porque fosse uma estrutura muito grande. Em pouco tempo, chegamos ao espaço exterior do nosso planeta, e eu podia ver escuridão ao redor e algumas estrelas distantes.
Isso me lembrou da minha infância na casa da minha avó. Costumávamos dormir no terraço sob o céu. Eu costumava olhar por horas para o céu noturno e me perguntava o que havia além. Nosso OVNI estava se movendo a uma velocidade vertiginosa. Nos disseram que chegaríamos a Crixus dentro de uma semana. Imaginar viajar 23,5 anos-luz de distância da Terra me dava arrepios.
Logo pousamos em Crixus. Assim que o portão do OVNI se abriu, pisei no planeta. Vi o céu roxo como nos meus sonhos. Tive a sensação de déjà vu. De repente, comecei a me sentir mal e tive dificuldade para respirar. Eve me entregou uma máscara de oxigênio. Me senti bem depois de colocá-la.
Já havíamos sido avisados e recebemos algumas instruções, pois o planeta era diferente do nosso. A condição ambiental deles era muito semelhante à nossa, mas ainda tinham baixa gravidade e menor porcentagem do nosso gás vital, o oxigênio. Então, estaríamos energéticos, mas isso desapareceria rapidamente, nos deixando cansados e inquietos. Portanto, fomos obrigados a carregar máscaras de oxigênio o tempo todo, caso nos esforçássemos e tivéssemos dificuldade para respirar.
Também fomos avisados sobre nos misturarmos e fazermos amizade com alienígenas, pois ainda não sabíamos sobre seus instintos primitivos, se eram amigáveis ou hostis. Nossos pesquisadores conheciam alguém da família real e alguns diplomatas. Eles eram bastante civilizados, mas o mesmo não podia ser dito sobre os outros, então fomos um pouco cautelosos.
Meghan também estava bastante sufocada, mas depois de alguns minutos com o oxigênio, nós duas ficamos bem. Liam foi o menos afetado; ele se adaptou rapidamente ao ambiente. Mas não podemos ignorar o quanto ele era dedicado ao seu treinamento na academia e ao Zumba. Talvez isso o tenha ajudado.
Do nosso majestoso OVNI, fomos transportados para pequenos carros-cubículos especialmente equipados para as estradas arenosas e alaranjadas. Eles nos levaram ao nosso local de moradia. Pelo caminho, observei os vastos e desertos terrenos alaranjados com pouca vegetação. Me perguntei o que esses alienígenas comem. Finalmente, depois de cerca de uma hora terrestre, chegamos ao nosso destino.
Foi construído em um enorme platô de rocha. Sua posição era elevada muito acima do nível do solo, talvez por defesa contra animais selvagens ou alienígenas hostis. O lugar era bonito, mas minha mente estava bastante conflituosa e receosa do que poderia dar errado nesse lugar desconhecido.
Finalmente saímos do nosso cubículo e entramos por um portão enorme na entrada da rocha. Dentro do portão havia um grande elevador com paredes de vidro que nos transportou para nossas cabines. Através das janelas de vidro do elevador, fiquei hipnotizada pela vista magnífica do vasto terreno alaranjado em contraste com o céu roxo acima. Embora este planeta dos sonhos me encantasse, minhas feições estavam sombrias.
Saindo do elevador, vimos um vasto terreno cercado por pequenas cabines. As maiores cabines eram para os pesquisadores e o Major, enquanto as menores foram dadas a nós. Felizmente, a cabine de Meghan era adjacente à minha, enquanto a de Liam ficava do outro lado. Eu estava nervosa por ficar sozinha, mas contente com o espaço pessoal fornecido.
Depois de algumas horas de descanso, nos chamaram para o jantar. Eu me perguntava o que os alienígenas poderiam estar comendo, mas pude ver uma variedade de pratos peculiares para meu espanto. Legumes e frutas eram bastante estranhos e diferentes dos tipos disponíveis na Terra. A maioria dos pratos era decorada com folhas de cor roxa. Algumas frutas eram azuis e carnudas, semelhantes em sabor ao kiwi e à pitaya. Eles também tinham carne, de Deus sabe qual animal. Mas o sabor e o aroma eram incríveis e de dar água na boca. A sobremesa foi esplêndida. Talvez, eu tenha tido um jantar único na vida.
Fomos chamados após o jantar para o cronograma do dia seguinte. Deveríamos ir a uma cachoeira. Todos estavam bastante animados, até eu fiquei empolgada por um tempo, mas depois minha mente voltou ao mundo do arrependimento. Meghan e Liam tentaram me animar e levantar meu espírito, mas foi em vão. Me despedi cedo para dormir.
No dia seguinte, pulei ao som do meu alarme. Deveríamos nos encontrar no terreno comum em meia hora para o café da manhã. Depois do café da manhã, exploramos alguns lugares e uma cachoeira. Rapidamente vesti meu lindo vestido floral até o joelho com o cabelo solto sobre os ombros. Apliquei rímel e sombra nos meus belos olhos castanhos e passei gloss nos lábios perfeitamente curvados. Sempre prefiro maquiagem mínima. Estava ciente dos ventos fortes neste planeta, então coloquei um lenço de tamanho médio e um par de mocassins brancos.
Tivemos nosso saboroso café da manhã, mas ainda tínhamos algum tempo. Então, decidi explorar um pouco. Vi uma vasta passagem subterrânea no final do nosso terreno comum, para minha surpresa. Ela descia para uma área coberta cheia de vegetação. Agora entendo que a vegetação neste planeta cresce principalmente no subsolo ou em regiões baixas, mas não na superfície.
Finalmente, partimos em nossos pequenos carros-cubículos. Todos ficamos maravilhados com a beleza e serenidade deste lindo planeta alaranjado-roxo. No caminho, podíamos ver muitos crateras, grandes e pequenas, íngremes e rasas, que eram raridade na Terra. Depois de quase meio dia de Crixus atravessando as paisagens, finalmente chegamos à bela e espetacular cachoeira. Era bastante enorme em comparação com as Cataratas do Niágara. Não podíamos ver o ponto de término daquela cachoeira por causa de sua enormidade.
Nossos telefones não funcionavam lá. Nos deram alguns dispositivos inúteis como walkie-talkies para fazer chamadas de curta distância. Mas eu tinha minha DSLR comigo para capturar cada momento bonito neste planeta milagroso. Estava tirando uma foto da cachoeira, perigosamente perto do seu topo. De repente, senti algo se enrolar ao redor do meu corpo. Fiquei bastante confusa e olhei ao redor, e vi o rosto de uma serpente perto do meu rosto, abrindo suas enormes mandíbulas e expondo suas presas venenosas, pronta para me engolir. Fiquei petrificada, e meus sentidos pararam de funcionar. Perdi o equilíbrio e caí naquela cachoeira sem fim. Não me lembro quando e em que momento exato perdi a consciência.
A última coisa que saiu da minha boca foi um grande grito: "NÃO!!"