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Capítulo 3

POV de Katrina

Nesse momento, meu celular vibrou e eu notei uma mensagem de Alicia.

"Me ajude! Estou presa naquele hospital na floresta. O abandonado. Estou apavorada e não quero morrer!!"

Senti meu sangue gelar. Alicia era minha irmã, e eu a amava mais do que qualquer coisa no mundo. Mas ela também me traiu da maneira mais devastadora possível. Ela dormiu com meu marido.

Fiquei olhando para a mensagem por um longo momento, dividida entre meu amor por minha irmã e minha raiva por sua traição. Eu sabia que deveria ajudá-la, mas também sabia que ela me fez passar por muita coisa.

Finalmente, respirei fundo e respondi.

"Estou a caminho."

Corri em direção ao hospital, minhas pernas me levando o mais rápido possível. Quando cheguei, me deparei com o prédio dilapidado, sua velha porta enferrujada pendendo precariamente por um fio.

Hesitei por um momento, minha mão na maçaneta. Eu ainda podia me virar e ir embora. Mas então pensei em Alicia, sozinha e assustada naquele prédio abandonado. Eu sabia que tinha que ajudá-la.

Respirei fundo e abri a porta.

Entrando no hospital, comecei a procurar por Alicia. Instintivamente, coloquei a mão no bolso para pegar meu celular, apenas para descobrir que ele não estava lá.

Deve ter caído da minha mão lá na ponte. Desesperada para encontrar Alicia, chamei seu nome, mas minha voz foi recebida com um som desconcertante de rangido, seguido por um estrondo retumbante.

Correndo em direção à saída, percebi que a porta estava emperrada, efetivamente me prendendo lá dentro.

Navegando por vários cômodos, vasculhei cuidadosamente a área, na esperança de encontrar qualquer vestígio de Alicia.

Eventualmente, cheguei a uma janela e avistei uma silhueta me encarando. Ao focar meu olhar, reconheci a figura como sendo Alicia.

"Alicia!" chamei, minha voz cheia de alívio.

"Por favor, me ajude! A porta está presa! Não consigo sair!" continuei a gritar, mas Alicia respondeu com uma risada arrepiante que ressoou pelo ar.

Em uma virada desanimadora dos acontecimentos, segui seu olhar e notei que o hospital estava envolto em chamas.

Meus olhos se arregalaram de horror enquanto o pânico se instalava, e implorei a Alicia, desesperadamente pedindo que ela me salvasse.

No entanto, em vez de oferecer ajuda, ela cruelmente jogou uma grande pedra na minha direção.

Antes que eu pudesse desviar, a pedra colidiu com força com minha cabeça, me fazendo cair, sangue escorrendo do ferimento.

Enquanto o fogo consumia rapidamente o cômodo, um calor intenso me envolveu, queimando minha pele.

Dominada pelas chamas, comecei a me sentir cada vez mais fraca, incapaz de escapar da situação perigosa.

Naqueles momentos assustadores, minha vida passou diante dos meus olhos, e uma sensação de desgraça iminente tomou conta de mim.

Lutei para manter os olhos abertos, mas o peso do cansaço era esmagador. O ambiente em chamas parecia se fundir com minha visão, como se minha própria existência estivesse sendo consumida pelo incêndio.

Na minha mente, vi nossa foto de casamento sendo reduzida a cinzas, simbolizando a destruição do meu relacionamento com Domnic.

Uma visão perturbadora se materializou, mostrando Alicia assumindo meu papel no ritual de acasalamento, as chamas refletindo nos olhos de Domnic, um cruel lembrete de sua traição.

Meus pensamentos se voltaram para a ausência de um filho, um vazio que persistiu ao longo dos cinco anos de nossa união.

Domnic sempre desencorajou a ideia de ter filhos, alegando que me queria exclusivamente para ele. Agora, a verdade se tornava aparente—suas palavras não passavam de mentiras.

Dominada pelo desespero e uma profunda sensação de desesperança, decidi me render, parar de lutar.

E então, tudo se apagou na escuridão...

Abri os olhos, apenas para me encontrar ainda confinada dentro das paredes estéreis do quarto do hospital. O calor envolvia o espaço, as chamas dançando perigosamente perto do meu corpo.

No entanto, uma insensibilidade inexplicável me protegia da dor ardente que deveria acompanhar tal situação. Com passos hesitantes, me levantei, atraída de uma maneira que não podia ser explicada em direção ao inferno que consumia o ambiente.

Estava chocada e confusa demais para fazer ou dizer qualquer coisa. Revi meu caminho de volta ao local onde havia estado deitada momentos antes.

O que vi ali foi uma visão que assombraria minha memória para sempre. Era eu, meu próprio corpo consumido pelas chamas implacáveis, meus olhos fechados em um sono eterno.

"O que está acontecendo?" gritei, minha voz tremendo de medo. A realização me atingiu como uma onda avassaladora—eu estava morta.

Eu havia perecido. Mas por quê? Por que estava sujeita a esse tormento? Gritei de angústia, mas nenhuma quantidade de protesto poderia alterar a verdade irrevogável da minha morte.

De repente, um estrondo ressoou pelo quarto, atraindo minha atenção para a porta. A esperança tremulou dentro de mim enquanto eu rezava pela chegada de Domnic, a pessoa que possuía meu coração.

No entanto, para minha surpresa, foi Hudson quem irrompeu no quarto, suas feições marcadas por determinação. Ele havia enfrentado o inferno para me resgatar? A pergunta ecoava incessantemente em minha mente—por quê?

Hudson, o extremamente bonito mas irritante idiota que havia derramado vinho no meu vestido durante minha festa de acasalamento, permanecia meu arqui-inimigo.

Seu conhecido desgosto por companheiros felinos me intrigava. Então, por que ele estava estendendo a mão agora? Ele sempre violou meu espaço pessoal, exibindo um desrespeito flagrante pelos meus limites.

Eu desprezava sua presença e tudo o que ele representava, mas não podia afastá-lo, pois ele era irmão de Domnic.

"Não, não, não, Kitty, por favor, não me deixe," ele implorou, sua voz cheia de angústia enquanto segurava delicadamente meu corpo sem vida e em chamas.

Eu não conseguia entender a situação. Por que ele se sujeitaria a tal tormento por minha causa?

Ele nunca havia mostrado qualquer afeição por mim antes. Em silêncio, observei-o sucumbir lentamente às chamas, sua dor evidente não apenas nas queimaduras, mas também nos gritos que ecoavam do fundo de seu coração.

Deixando o quarto para trás, vaguei sem rumo pelos complexos corredores do hospital, consumida pela confusão.

Tentando sair, me vi inexplicavelmente presa dentro de suas paredes. "Tentando escapar, não é?" uma voz rouca chamou.

Levantei o olhar para ver um homem idoso, seu rosto desfigurado e assustadoramente mutilado, me observando atentamente.

Dominada pelo medo, recuei instintivamente da figura desfigurada, afastando-me apressadamente de sua presença.

Dentro dos limites do hospital, uma multidão de espíritos espreitava, suas formas etéreas me assombrando incessantemente.

Eles me atormentavam, recusando-se a me conceder um momento de descanso. Sua presença preenchia cada canto.

"Então, você ansiava por um final de conto de fadas, apenas para ser enganada," zombavam, suas vozes carregadas com um conhecimento sinistro da minha jornada pessoal.

"Você era tão ingênua, alheia ao seu verdadeiro par," provocavam, suas risadas ecoando pelo ar. "Ela acreditava que a vida era um sonho perfeito, um mar de rosas."

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