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Capítulo 4 - Conversa

Embora Luke tivesse saído de cima de Wren, ela ainda estava congelada no chão. Ela sabia que ele estava na cidade, sabia que, apesar de seus esforços para evitá-lo, acabaria esbarrando nele. Craigsburg era, afinal, uma cidade pequena.

Mas ela nunca pensou que seria tão rápido. Nunca pensou que ele estaria diante dela, na verdade, nunca pensou que se encontraria nessa situação.

"Levanta, Wren," a voz calma e controlada dele enviou arrepios pela espinha dela. Ela estava grata pela escuridão, pois assim ele não poderia ver a expressão de choque em seu rosto.

"Vai se ferrar, cara. Quem diabos é você?" A voz de Luke estava afiada de raiva. Houve um momento de silêncio, a única coisa que podia ser ouvida era o assobio do vento, envolto em um silêncio constrangedor cheio de tensão.

"Eu não teria feito isso se fosse você," a voz de Giovanni preencheu o silêncio.

Dessa vez, Wren se levantou do chão, limpou a poeira de trás e caminhou rapidamente para o pub. Ela resmungava no caminho. Odiava o fato de seu primeiro encontro com Giovanni ser em uma situação como essa.

Giovanni sempre conheceu Wren como feroz e independente; isso quando ele ainda estava na cidade e eles ainda namoravam. Às vezes, ele até tinha medo do temperamento dela, porque ela tinha um. E isso assustava todo mundo também.

"Considere-se sortudo," Giovanni avisou Luke.

Giovanni deixou o cara patético lá e correu atrás de Wren. Ele tinha acabado de voltar para a cidade e não queria marcar sua primeira semana de volta a Craigsburg com isso.

Embora Wren fosse mais baixa em comparação a Giovanni, ela tinha passos longos e, antes que Giovanni pudesse alcançá-la, ela já estava no clube.

O cheiro de suor e cerveja barata atingiu as narinas de Giovanni quando ele entrou no pub, fazendo-o franzir a testa por três motivos: um, o fato de que todos os olhares estavam sobre ele.

Dois, ele não podia deixar de se perguntar se esse lugar sempre cheirava assim. Ele não saberia, tinha deixado Craigsburg sem nunca pisar ali;

e três, ele não conseguia encontrar Wren na multidão.

Ele franziu ainda mais a testa com isso, tinha certeza de que tinha visto a morena entrar correndo ali. Enquanto caminhava mais para dentro do pub e se dirigia ao balcão, os olhares que recebia pareciam ficar mais intensos.

Giovanni adorava atenção. Algo sobre entrar e ter todos olhando para você com admiração, ouvi-los sussurrar entre si, independentemente se esses sussurros eram coisas boas ou ruins sendo ditas sobre ele, ele não se importava. Tudo o que importava para ele era que sua presença significava tanto que não podiam deixar de falar sobre ele.

Mas, por algum motivo, enquanto Giovanni se dirigia ao balcão, os olhares intensos dos mais velhos e os sussurros bêbados o deixaram desconfortável.

"Bem, se não é o único e inigualável Giovanni O'Connell," Gwen disse com um olhar presunçoso no rosto, apoiando um braço no balcão.

Giovanni escaneou o pub uma última vez, esperando avistar Wren. A decepção era evidente em seu rosto quando não conseguiu vê-la.

Ele puxou uma cadeira e se sentou. "Oi, Gwen," disse calmamente, com um sorriso no rosto como se não tivesse sido esbarrado há poucos segundos.

"Oi para você também, estranho," Gwen disse com um sorriso coquete no rosto. Giovanni levantou o dedo indicador, pedindo uma garrafa de cerveja ao barman. Depois de um tempo observando a silhueta de Giovanni, Gwen falou.

"Você se tornou um homem muito bonito. Olha esses músculos," Gwen provocou com um sorriso, tocando os braços fortes de Giovanni.

"E você não mudou nada. Ainda uma boa de papo," comentou Giovanni com um sorriso malicioso no rosto, dando a Gwen um olhar conhecedor. Gwen sorriu de volta para ele e recuou, levando sua garrafa de cerveja gelada aos lábios.

O silêncio caiu entre os dois, Gwen olhando intensamente para Giovanni. Embora não soubesse o que havia acontecido lá fora, ela tinha uma ideia do que fez Giovanni entrar no pub de repente.

Sua amiga havia entrado freneticamente e implorado para Gwen mentir por ela.

"Diga a ele que você não tem ideia de onde eu fui," foi tudo o que Wren disse enquanto passava rapidamente por Gwen.

Gwen franziu a testa, se perguntando o que ela queria dizer, mas ficou claro assim que avistou Giovanni.

"Você por acaso viu a Wren? Eu poderia jurar que a vi entrar aqui," Giovanni disse casualmente, desenroscando a tampa da cerveja que acabara de ser servida.

Gwen soltou um suspiro. Ela não podia mentir e dizer que não tinha ideia do que ele estava falando. Isso tornaria sua mentira menos convincente. Então, ela se preparou e disse: "Sim, ela entrou. Mas, logo depois, saiu de novo," Gwen disse com um encolher de ombros, mentalmente aplaudindo-se por contar uma mentira plausível.

Giovanni a encarou, procurando em seus olhos qualquer indício de desonestidade.

"A propósito, você está realmente ótima, Gwen," Giovanni elogiou, mudando de assunto. Ele levou a garrafa de cerveja aos lábios, olhando para Gwen pelo canto dos olhos, satisfeito ao ver suas bochechas ficando levemente rosadas.

"Me diga algo que eu não sei," Gwen disse presunçosa, jogando o cabelo de forma atrevida, fazendo Giovanni conter uma risada.

"O que você é? Cinco anos?" ele zombou, mas Gwen não pareceu prestar atenção à sua zombaria, pois agora estava flertando com um homem ruivo musculoso. Giovanni revirou os olhos e bebeu o resto de sua cerveja.

Ele estava chateado. Tinha entrado ali esperando falar com a morena, mas seus planos foram por água abaixo. Ele desperdiçou as preciosas horas que poderia usar descansando do longo voo que teve, ou poderia estar em casa, se reconectando com sua irmã e pensando em maneiras de colocar o rancho de volta nos negócios.

Esvaziando sua garrafa, Giovanni bebeu o último gole e saiu, ignorando Gwen, que estava em uma sessão completa de flerte.

Ele havia deixado sua casa por um único motivo, e esse era ver Wren. Ele a viu, mas não conseguiu falar com ela.

"Lá está ele," uma voz chamou no exato momento em que Giovanni saiu do pub. Ele reconheceu a voz como sendo do cara com quem teve um encontro mais cedo, por isso Giovanni o ignorou e continuou andando.

"Ele está indo embora, peguem-no!" a voz chamou, fazendo Giovanni parar no meio do caminho.

Ele franziu a testa, se perguntando o que ele quis dizer com aquilo. Giovanni se virou, e foi então que ficou cara a cara com três homens enormes.

"Pegue ele," a voz familiar disse novamente, aparecendo na frente dos três homens enormes.

Mais uma vez, Giovanni franziu a testa. Ele esperava alguém alto, talvez não tão alto quanto ele, mas alguém que ele consideraria um oponente digno, caso chegasse a isso, e Luke era tudo menos isso.

No entanto, os outros três homens eram de certa forma oponentes dignos, mas ainda assim, Giovanni sabia que poderia enfrentá-los, mas decidiu não fazer isso.

Primeiro, ele estava exausto. Não queria nada mais do que voltar para casa, tomar um banho frio e se deitar na cama.

Segundo, aqueles três homens musculosos eram seus velhos amigos. Quando eram mais jovens, e Giovanni era um pequeno travesso, ele fugia com eles para fumar um baseado nos fundos do rancho de seu pai.

"É bom ver vocês. Gary. Joshua. Mason," Giovanni cumprimentou com um aceno firme, e cada homem respondeu com um aceno.

"Como você está, Gio? Ouvi dizer que você estava na cidade, não quis acreditar até ver com meus próprios olhos," o tom de Gary era um tanto afiado enquanto falava.

"É, as notícias voam mais rápido que um guepardo," Giovanni brincou, mas sua expressão permaneceu séria.

"Por que você está falando com ele como se tivesse medo dele? Peguem ele," Luke ainda estava atrás de Gary, Joshua e Mason quando falou. Desta vez, Joshua, que tinha longos cabelos loiros, se virou para Luke com uma expressão firme, fazendo Luke se acalmar instantaneamente.

"Bem, foi bom encontrar vocês. Vou para casa agora," Giovanni falou depois de um tempo, colocando uma mão firme nas costas de Gary.

"Tão cedo? Tem certeza de que não quer uma cerveja? É por minha conta," Mason falou, olhando para Giovanni com grandes olhos de cachorro.

Não é mentira que Mason sempre teve uma grande queda por Giovanni, e isso ainda era o caso. Seus amigos sempre o provocavam por gostar de Giovanni.

"Não, não esta noite, Mason," Giovanni respondeu, dando-lhe um sorriso malicioso antes de se afastar.


As luzes na Mansão Watford estavam apagadas. Apenas os postes de luz estavam acesos, facilitando para o homem de cabelo escuro e seis pés de altura encontrar o caminho até a mansão.

O Sr. Arthur O'Connell herdou este rancho de sua esposa, Shabeth O'Connell, após ela falecer no décimo terceiro ano de casamento. Ele queria preservar a herança de sua falecida esposa, então mudar o nome para 'Mansão O'Connell' não parecia certo para ele.

Naquela época, ele até admitiu para seus filhos que achava que o nome "O'Connell" para uma mansão soava sem graça.

Giovanni franziu a testa quanto mais se aproximava da mansão, se perguntando por que as luzes estavam apagadas, certamente deveria haver alguém em casa.

Parado na varanda, Giovanni olhou para o vasto espaço à sua frente, soltou um suspiro e, o mais cuidadosamente possível, girou a maçaneta da porta.

Ele fechou a porta atrás de si, enquanto estendia o braço direito para acender a luz. Tirou suas botas cobertas de lama e a jaqueta de couro marrom que usava e a pendurou no cabideiro que estava à sua esquerda.

Ele foi até a cozinha, abriu a geladeira de painel de madeira e pegou uma garrafa de cerveja. Desenroscou a garrafa e bebeu a cerveja de uma vez só, depois jogou a garrafa vazia na pia.

Enquanto saía da cozinha, sabia que levaria uma bronca no café da manhã por deixar uma garrafa na pia, mas Giovanni estava cansado demais para voltar e pegá-la.

Lentamente, subiu as escadas. Depois do que pareceu uma eternidade para ele, finalmente chegou ao seu quarto.

Giovanni suspirou. Ele estava desesperado por um banho frio. Ele só tinha tirado a camisa polo quando a porta do seu quarto se abriu de repente, fazendo-o engasgar e, freneticamente, pegar a camisa que acabara de tirar para cobrir o peito.

Só percebeu o quão bobo parecia ao cobrir o peito como uma garota quando Topaz, sua irmã, explodiu em uma gargalhada. Ele revirou os olhos de irritação antes de jogar a camisa na cama. Topaz entrou mais no quarto, segurando os lados do corpo, pois agora doíam de tanto rir.

"O que foi isso, Gio? Nem a filha da Nana Denise fica tão assustada quando eu a surpreendo, muito menos cobre o peito," Topaz disse em tom de zombaria, fazendo o rosto de Giovanni corar de vergonha.

"É, porque ela não tem nada para cobrir," Giovanni defendeu, fazendo Topaz soltar um riso abafado.

"E você tem?" Topaz retrucou em tom de zombaria, e Giovanni revirou os olhos.

"Posso te ajudar com alguma coisa, Paz?" Giovanni perguntou, soltando um suspiro exasperado.

Tudo o que ele queria ao chegar em casa era tomar um banho e dormir. Ele merecia isso depois dos dois dias agitados que teve.

"Calma, tá? Nossa," Topaz disse, se acomodando na cama King de Wyoming.

Giovanni respirou fundo, caminhou até Topaz e perguntou calmamente, "Você precisa de alguma coisa?" ele perguntou, acentuando cada palavra.

"Na verdade, não," Topaz respondeu com um olhar pensativo, fazendo Giovanni soltar outro suspiro exasperado.

Topaz sorriu. Ela adorava irritar seu irmão mais velho. Giovanni era dois anos mais velho que Topaz, e ele amava muito sua irmã, mas às vezes, ele queria nada mais do que dar um tapa nela para a semana seguinte. Como ele queria agora.

"Topaz, eu tive um dia muito longo e só preciso de um pouco de sono," o tom de Giovanni agora soava desesperado. Topaz fez um beicinho, respondeu com um 'ok' e então deixou Giovanni sozinho.

Ele trancou a porta atrás de si, suspirou profundamente novamente, antes de ir para o banheiro.

Finalmente, Giovanni poderia tomar o banho que desejou durante todo o dia.

Ele estava vestido com shorts quando saiu do banheiro. Uma toalha na mão direita que usava para secar o cabelo molhado. Quando seu cabelo estava seco o suficiente para ele, Giovanni jogou a toalha na cadeira e subiu na cama.

Ele ficou olhando para o teto por um tempo, relembrando seu dia. Sua mente não pôde deixar de vagar para a bela figura da morena de um metro e sessenta e cinco. Contra sua vontade, os cantos de sua boca se levantaram em um sorriso seco antes de finalmente ser dominado pelo cansaço e suas pálpebras se fecharem lentamente.


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