




Capítulo 1 - prólogo
Quatro anos atrás
"Me solta, seu idiota!" Wren exclamou enquanto se contorcia, tentando soltar o braço da mão do homem alto de cabelos escuros que pairava sobre ela. O aperto dele em seu braço só ficou mais forte, como se estivesse fazendo de propósito. Apesar de toda a luta de Wren, ela ainda não conseguia soltar o braço.
"Fica quieta, sua vadia!" o homem alto cuspiu, sendo mais brusco em seu movimento. Wren estremeceu, gritando de dor.
"Você está me machucando, por favor," Wren disse em um tom suplicante desta vez, mas seu pedido caiu em ouvidos surdos enquanto o homem alto a conduzia por um corredor escuro. Wren não fazia ideia de para onde estava sendo levada.
Desta vez, não.
Diferente da primeira vez em que foi conduzida por um corredor escuro, ainda pelo mesmo homem, ela tinha uma ideia de para onde estava indo. Porque ela havia pedido para encontrá-lo.
Hunter Tequeido.
Só o nome dele já fazia um arrepio percorrer sua espinha. Hunter era o chefão das drogas de Craigsburg. Não pelo fato de vender drogas, não. Esta cidade já era pequena o suficiente para que seus jovens fossem destruídos por uma substância mortal. Hunter era um chefão das drogas no sentido de que ele era o dono do lugar mais famoso de Craigsburg.
Um lugar que Wren conhecia muito bem enquanto crescia, porque seu pai visitava aquele lugar com frequência. Na verdade, tinha se tornado uma segunda casa para ele.
Um lugar que ela nunca pensou que pisaria.
Mas como diz o ditado. Nunca diga nunca.
Porque depois que seu pai os abandonou quando ela tinha dezesseis anos, Wren assumiu a responsabilidade de cuidar de sua mãe doente. Mas, novamente, Craigsburg era uma cidade pequena, com poucas atividades e, portanto, poucas ofertas de emprego bem remuneradas.
Havia ofertas de emprego, mas a maioria delas havia fechado por falta de lucro. Isso é triste porque os habitantes preferiam gastar todo o seu dinheiro no bar de Hunter. Bebendo até perder a saúde.
'Pub do Teq'. Esse era um lugar terrível.
Um lugar que lhe causou problemas.
E agora, Wren não podia deixar de se perguntar o que Hunter queria com ela. Porque ela sabia que estava indo encontrá-lo. Afinal, da primeira vez que pediu para encontrá-lo, este homem alto aqui foi quem a levou até ele. Mas desta vez, ela não havia pedido para encontrá-lo. Na verdade, ela conversou com ele duas semanas atrás e jurou nunca mais cruzar o caminho dele.
A caminhada pelo corredor escuro parecia interminável, até que este homem a empurrou para frente, fazendo Wren tropeçar.
"Seu desgraçado!" Wren gritou para o homem com desprezo na voz.
"O que você disse? Vadia!" ele perguntou, vindo em sua direção com uma força que fez um arrepio percorrer sua espinha.
"Calma agora, Reik. Você não quer colocar as mãos em uma dama agora" a voz de Hunter preencheu a sala, enviando arrepios pela espinha de Wren.
Ela sabia que estava indo vê-lo, mas não estava preparada para ouvir sua voz ainda. A voz dele sempre soou assustadora para Wren.
Era calma, até reconfortante. Para aqueles que não o conhecem. Mas para Wren, sua voz calma soava como terror, por causa de todas as coisas que ela já o viu fazer.
"Isso é tudo, Reik" Hunter acrescenta, instigando o homem, cujo nome Wren havia aprendido ser Reik.
Reik não recuou do confronto de olhares que estava tendo com Wren, nem Wren.
Você vê, essa era a área de especialidade dela. Ela poderia fazer isso o dia todo.
Às vezes, Wren desejava que Craigsburg organizasse um concurso de encarar como fazem nas grandes cidades e outras localidades, para que ela pudesse ganhar o grande prêmio.
Porque ela ganharia o grande prêmio.
Finalmente, Reik recuou e bufou antes de virar as costas.
"Isso mesmo! Vai embora, seu frouxo," Wren cuspiu, fazendo o sangue de Reik ferver de raiva. Ele se virou novamente, lançando-lhe um olhar mortal.
"Chega, Reik," Hunter gritou no silêncio, fazendo Wren ofegar.
Reik revirou os olhos e saiu da sala. Só então Wren se levantou do chão e notou o ambiente em que estava. Era a mesma sala da primeira vez que ela pediu para encontrá-lo, só que desta vez, a conduziram por outro corredor. A sala era fria, com móveis assustadores pendurados na parede, e com a iluminação fraca, Wren estava petrificada.
"Olá, Wren, nos encontramos novamente," Hunter disse em um tom calmo, enviando arrepios pela espinha de Wren.
Wren respirou fundo, recusando-se a mostrar seu medo. Ela se posicionou e falou.
"O que você quer, Hunter? Deixei claro da última vez que nos vimos que não quero nada com você," Wren disse, orgulhosa de si mesma por não deixar o medo dominar sua fala.
Hunter pareceu ofendido a princípio, fazendo Wren franzir a testa. Então ele explodiu em uma gargalhada, e outros murmúrios leves puderam ser ouvidos na sala, fazendo Wren entender que não estavam sozinhos.
"Oh, Wren, minha querida! Você é tão ingênua assim?" Hunter questionou, com diversão na voz.
Wren franziu a testa. Ela odiava quando as pessoas a consideravam ingênua. Ela era tudo, menos ingênua.
"O que você quer, Hunter? Fiz o último depósito do seu dinheiro na semana passada, e te disse há duas semanas, antes do último pagamento, que seria a última vez que você me veria. Então, por que estou aqui? Por que fui tirada abruptamente da minha casa para vir te ver?" Wren perguntou, aplaudindo-se mentalmente por sua ousadia. Ela cruzou os braços, adicionando mais atitude.
"Não use esse tom comigo," Hunter advertiu, com a voz firme.
"Ou o quê?" Wren retrucou desafiadoramente.
Wren odiava ser mandada. Ela desafiaria qualquer um que tentasse mandá-la.
Hunter a encarou.
Wren encarou de volta.
Outro concurso de olhares começou.
Então Hunter explodiu em outra gargalhada, fazendo o rosto de Wren corar de raiva.
"Veja, é por isso que não posso te deixar ir. Você é feroz e eu gosto de feroz," Hunter disse com diversão na voz.
Wren franziu a testa. O que ele queria dizer com isso? Ela havia quitado a dívida que tinha com ele. Por dois anos, ela trabalhou duro, assumiu três empregos para poder se livrar. E quando três empregos não foram suficientes, ela aceitou um trabalho no bar. Agora que finalmente quitou sua dívida com ele, ele não parecia querer deixá-la ir.
"Eu não te devo um centavo, Hunter. Então, estou indo embora," Wren virou as costas.
"Vá, mas esteja aqui amanhã às seis da tarde," ele chamou, parando Wren no meio do caminho. Ela se virou lentamente, com um olhar presunçoso no rosto.
"Ou o quê?" ela desafiou com um sorriso no rosto. A diversão no rosto de Hunter desapareceu, fazendo Wren engolir em seco.
"Ou você perde a vida," Hunter disse em um tom calmo, sua expressão estoica, fazendo o sangue de Wren gelar.
Foi então que Wren soube que tinha se metido em uma enrascada.