




CAPÍTULO TRÊS
CAPÍTULO TRÊS
Cora Weber esperava que o homem aparecesse logo de manhã e voltasse para casa à noite, depois de cumprir suas obrigações. Seu pai deixou de fora o detalhe mais importante: o fato de que o homem que ele contratou iria morar sob o mesmo teto que ela! Já era ruim o suficiente tê-lo seguindo-a o dia todo, mas ela traçou um limite depois do fiasco desta manhã.
Seu rosto ficou vermelho ao lembrar da situação chocante em que se encontrou. Cora estava aproveitando um banho quente no banheiro do corredor, perto do seu quarto. A empregada só chegaria bem depois das sete. Era um daqueles dias em que ela tinha dificuldade de voltar a dormir depois de acordar para usar o banheiro. Embora Cora tivesse um banheiro embutido no quarto, ele não tinha chuveiro. Cora gostava de tomar banho de manhã e longos banhos quentes depois de um dia cansativo.
Ela não esperava que esta manhã fosse diferente, mas foi. Cora saiu do banheiro com uma toalha pequena enrolada no corpo e esbarrou em um corpo duro. Para piorar, Cora ficou tão chocada com a aparição repentina que soltou a toalha, deixando-a cair aos pés deles.
Cora balançou a cabeça, afastando os pensamentos embaraçosos. Ela precisava se concentrar em sua missão atual: fazer seu pai entender que ela precisava de privacidade. Ela não podia seguir sua rotina diária com um estranho a seguindo o dia todo! Era perturbador, e por causa dele, duas de suas amigas já haviam cancelado encontros por se sentirem desconfortáveis perto de Vlad.
"Oi, Cora," a secretária idosa de seu pai a cumprimentou quando ela entrou no escritório. "Como você está, querida?"
"Já estive melhor, obrigada, Shelly." Cora deu à mulher um sorriso forçado. "Estou aqui para ver meu pai. Ele está?"
O sorriso da mulher desapareceu. Um choque cruzou seu rosto brevemente antes que o sorriso voltasse. Shelly se virou para o computador e começou a digitar. Seu sorriso sumiu e uma ruga apareceu entre suas sobrancelhas perfeitamente cuidadas.
"Seu pai saiu para uma reunião de almoço, mas me avisou que não voltaria. Tive que cancelar o resto das reuniões dele."
"Por quê?"
"Não disse, querida." Shelly se virou para Cora. "Se ele voltar, avisarei que você esteve aqui."
Cora assentiu e deu-lhe um breve sorriso. "Obrigada. Diga a ele que é urgente."
Com um adeus murmurado, Cora se virou e voltou para o elevador. Ela fez uma careta quando o elevador abriu, revelando o homem esperando calmamente dentro. Seu estômago afundou e a raiva substituiu o embaraço. Cora girou nos calcanhares e se dirigiu para a escada. Ela estava na metade do primeiro lance de escadas quando percebeu que ele a estava seguindo.
Ela se virou, pronta para dar-lhe um sermão, mas seu sapato escorregou. Um grito alto escapou de seus lábios quando ela começou a cair para trás. Ele reagiu mais rápido do que ela. Vlad envolveu um braço ao redor de sua cintura e a puxou contra ele.
Cora ofegou. Por alguns segundos, ela ficou sem palavras, especialmente porque podia sentir os músculos dele se contraindo sob suas mãos. Nossa, ele era musculoso. Seus olhos desceram dos dele para o peito. Não era a primeira vez desde que o conheceu que ela se perguntava como ele seria nu.
Vlad pigarreou e a afastou gentilmente. Ele se certificou de que ela estava firme antes de soltá-la. A ação tirou Cora de seus pensamentos profundos. Seus olhos se fixaram no rosto dele e se estreitaram. A raiva de Cora voltou com força total.
"Eu te disse para ficar no carro!"
"E eu te disse que você não manda em mim, princesa."
Cora cruzou os braços sobre o peito, principalmente para esconder o efeito que o contato próximo de segundos atrás teve em seu corpo. Ela gostava muito da voz dele. Era rouca e levemente acentuada. Se não estivesse tão irritada por ter o homem a seguindo o dia todo, Cora teria gostado de conversar com ele só para continuar ouvindo-o falar. O homem tinha a aparência e a voz para combinar. Definitivamente, era injusto!
"Você vai almoçar com suas amigas," Vlad disse, gesticulando para as escadas. "É melhor irmos se você não quiser se atrasar."
"Não tem almoço!" Cora gritou. "Foi cancelado por sua causa."
"Ótimo." Ele passou por ela e desceu os últimos degraus antes de se virar para olhá-la. "Então vamos voltar para casa."
Cora mordeu o lábio para não gritar palavrões para ele. O homem era muito arrogante e seguro de si. Ela queria fazer algo só para irritá-lo tanto quanto ele a estava irritando. Uma ideia surgiu, fazendo-a sorrir para ele. Ela sabia exatamente o que fazer!
"Tenho coisas para fazer," Cora disse enquanto descia as escadas. "Vamos, temos que ir."
Raiva não era uma emoção nova para Vlad De Luca. Era uma emoção com a qual ele lidava diariamente, mas Cora Weber a levava a novos patamares. A pequena princesa de gelo estava apertando seus botões. Ele forçou seu corpo a relaxar quando Cora lhe deu mais ordens. Ele sabia o que ela estava tramando. Vlad tinha bom controle sobre suas emoções, mas essa pequena mulher estava tornando cada vez mais difícil manter o controle. O fio estava fino e a qualquer momento iria se romper.
"Leve isso para o carro e depois volte para pegar o resto," ela ordenou antes de se virar para o dono da pequena boutique.
Os olhos de Vlad se estreitaram enquanto as mulheres caminhavam para o fundo da loja. Quando desapareceram de vista, seus olhos caíram nas sacolas no chão aos seus pés. Nem sua irmã nunca comprava tanto. Ele tinha certeza de que ela nunca iria usar metade das roupas que acabara de comprar.
Ele murmurou um palavrão enquanto se abaixava para pegar as sacolas. Vlad lutou para abrir a porta, mas conseguiu sem deixar cair nenhuma sacola. Abrir o porta-malas do carro era outra história. Vlad foi forçado a deixar as sacolas no chão e depois destrancar o carro. Ele fez uma careta quando duas das sacolas caíram em uma poça de água lamacenta.
Ele olhou para a loja, mas Cora ainda estava fora de vista. Certamente a sacola estava protegendo o que quer que estivesse dentro. Virando-se de volta para o carro, ele abriu o porta-malas e olhou para as sacolas já armazenadas lá dentro. Seus olhos azuis alternaram entre as sacolas no chão e as já guardadas no carro.
"Ela é completamente louca," ele murmurou. "Uma rica mimada de merda."
Depois de dez minutos, ele conseguiu enfiar tudo lá dentro. Vlad bateu o porta-malas e o trancou novamente. Seus olhos percorreram o ambiente enquanto ele voltava para a loja. Não havia nada suspeito ou algo com que se preocupar. Todos estavam seguindo sua rotina diária normal. Então por que a sensação de perigo iminente estava torcendo seu estômago?