Capítulo 9
Sean e eu estávamos ficando mais próximos a cada dia que passava. Saímos mais algumas vezes. Algumas noites depois do trabalho, Sean vinha me buscar e íamos sair por algumas horas. Depois, ele me deixava em casa e voltava para a casa dele. Sean até me surpreendeu comprando as duas pinturas que seu amigo fez - aquelas pelas quais me apaixonei na galeria naquela noite. Além disso, ele as mandou entregar na minha casa, me surpreendendo totalmente.
Na minha opinião, foi um gesto super doce e romântico. Não sei se era possível que houvesse outros caras tão quase perfeitos quanto Sean. Mesmo que eu ainda estivesse de olho nos defeitos que poderiam aparecer a qualquer momento, até agora não encontrei nenhum. E eu duvidava seriamente que existisse algo como o cara perfeito.
"Morgan, vou ao supermercado em alguns minutos. Você se importaria de vir junto e me ajudar?" Mamãe me perguntou enquanto passava pela sala a caminho da cozinha.
"Claro, eu preciso sair de casa mesmo." Respondi enquanto me levantava do sofá e desligava a TV. "Vou só trocar de roupa, tá?"
Corri rapidamente para o meu quarto e troquei para uma blusa listrada vermelha e branca, jeans desbotados e tênis converse. No caminho para o supermercado, mamãe dirigia enquanto eu estava no banco do passageiro ao lado dela.
"Mãe, você sabe que meu aniversário está chegando na próxima semana?" Eu disse a ela.
"Uhum," Mamãe respondeu enquanto mantinha o foco na estrada.
"Bem, eu não vou pedir nada para vocês, mas caso alguém esteja se perguntando o que me dar, só lembre que eu gosto de maquiagem, tá?" Eu disse a ela.
"Você não está pedindo, mas está dando uma dica. Uma dica bem forte." Mamãe riu, me olhando brevemente. "Não vejo por que você precisa de maquiagem, você já não é bonita como é?"
"Mãe, esse não é o ponto. A maquiagem realça a beleza que já está lá e me faz sentir mais confiante." Eu disse a ela. "Sim, eu sou naturalmente bonita, mas de alguma forma a maquiagem dá um toque extra que me faz sentir mais bonita. O que há de errado nisso?"
"Eu nunca disse que havia algo errado ou ruim nisso. Só estou dizendo que não entendo muito essa ideia de maquiagem extra e adição." Mamãe disse para mim. "Acho que deveríamos abraçar mais nossa naturalidade."
Claro que ela pensaria assim. Minha mãe era esse tipo de pessoa, ela prefere ir como veio ao mundo. Ela não acredita em muita maquiagem e quase não usa. Acho que parte do motivo é porque meu pai prefere ela com o rosto limpo.
Meu pai odiava toda essa coisa de maquiagem, cílios postiços, unhas postiças e essas coisas. Então minha mãe meio que gostava de ir com tudo natural, ela nem usa esmalte e tal. Ocasionalmente, ela usava um pouco de rímel e batom nude ou gloss, e isso quando eu a forçava. Não havia nada de errado em ela preferir ir ao natural, ela era realmente bonita sem nenhuma adição, mas eu - eu amo minha maquiagem e não era uma questão de insegurança ou algo assim, eu só tinha uma paixão por isso.
Lembro que meu pai ficou bravo comigo por usar batom quando eu tinha 14 anos. Ele não achava que maquiagem era para crianças, então eu ficava só com gloss e um pouco de rímel até completar 18 anos. Foi quando decidi que ia começar a me expressar usando maquiagem. O próprio papai até me elogiou dizendo que eu estava bonita, mesmo ele não gostando de maquiagem. Desde então, meu amor pelos produtos permaneceu.
"Eu abraço minha naturalidade de vez em quando, como agora, por exemplo? Mas há momentos em que uma garota precisa se arrumar. Ainda sou jovem, mãe, tenho que aproveitar ao máximo minha juventude." Eu disse a ela.
"Então você está dizendo que eu sou velha?" Mamãe perguntou.
"Eu não disse isso, mãe, você que disse." Eu ri. "Ah, e a propósito, lembra que meus produtos baratos favoritos são da linha LA Girl."
"Eu sei que não vou te comprar maquiagem, então talvez você deva dar uma dica para a Kim e suas outras amigas." Mamãe disse para mim. "Se eu for te dar alguma coisa, vai ser algo que valha a pena, não algo tão inútil quanto maquiagem que você pode muito bem viver sem."
"Inútil? Mãe, sério? Você sabe, às vezes você pode ser tão..."
"Tão o quê, Morgan? Eu posso ser tão o quê? Quero ouvir." Mamãe me desafiou.
"Você pode ser tão mãe." Eu terminei, revirando os olhos. "O que mais você achou que eu ia dizer?"
"Bem, é exatamente isso que eu sou, sua mãe." Mamãe respondeu. "Não sua amiga..."
"Você poderia fingir ser minha amiga às vezes..." Eu pausei quando meu telefone começou a tocar. "Tenho que atender."
"Oi," atendi o telefone com um sorriso no rosto.
"Olá, linda, como você está?" Sean cumprimentou, fazendo meu sorriso se alargar.
"Estou bem, muito bem. E você?"
"Estou bem também. Acabei de fazer uma pausa para o almoço. E pensei em você." Sean disse para mim. "Quero muito te ver de novo em breve. Quero ver seu rosto lindo e esse seu sorriso bonito e ouvir sua risada. Eu amo sua risada, já te disse isso antes?"
"Não, mas você acabou de me dizer agora." Eu ri e notei que mamãe olhou para mim com uma expressão estranha.
"Bem, eu realmente amo ouvir sua risada. É agradável e relaxante." Sean respondeu.
"O quê? Minha risada é relaxante? É a primeira vez que ouço isso." Eu ri.
"Aí está... Honestamente, é mesmo. Eu amo muito meu trabalho, mas às vezes preciso de uma pausa também. Quase não tenho tempo para sair ou relaxar muito, já que trabalho seis dias por semana, mas ouvir você rir nas últimas semanas de alguma forma me relaxou." Sean disse para mim. "Agora estou honestamente um pouco cansado, só quero sair do escritório pelo resto do dia e ir à praia ou algo assim."
"Você sabe que sempre pode fazer isso se quiser. Quero dizer, você administra seu próprio negócio e se não tiver muitos pacientes restantes... Na verdade, é um ótimo dia para ir à praia." Eu respondi sorrindo, mesmo que ele não pudesse ver.
"Se eu sair agora... em alguns minutos, você estaria disponível para me acompanhar?" Sean perguntou. "Acho que vou fechar o escritório pelo resto do dia. Não vou à praia há anos... a propósito, o que você está fazendo agora? Parece que está dirigindo?"
"Minha mãe está dirigindo. Estou indo ao supermercado com ela agora, então não poderia ser sua companhia hoje. Desculpe." Eu disse a ele. "Talvez outro dia."
'O quê?' Mamãe murmurou para si mesma antes de me dar outro de seus olhares.
Era um daqueles olhares confusos que diziam 'com quem diabos ela está falando? Eu sei que ela estava se perguntando desde quando eu fico corada e rindo em uma ligação? Ou o que é que eu ainda não sei?'
Eu podia literalmente ver a curiosidade queimando dentro dela.
"Ah, que legal. Você e sua mãe ainda têm essa conexão. Você ainda não me mencionou para ela, não é?" Sean perguntou.
"Não exatamente. Mas talvez eu mencione eventualmente... Ei, Sean? Não quero parecer rude nem nada, mas acabamos de chegar ao supermercado. Tenho que ir agora." Eu disse a ele um pouco desapontada por encerrar a ligação. "Falo com você mais tarde?"
"Sem problemas, tudo bem. Te ligo mais tarde, tá? Aproveite o resto do seu dia, linda." Sean respondeu.
"Sim, você também." Eu sorri antes de desligar o telefone.
"Ok, desde quando você ri e fica corada e todas essas coisas ao falar no telefone?" Mamãe perguntou enquanto estacionava o carro no estacionamento.
Eu sabia. Eu sabia que era isso que ela estava pensando quando me deu aquele olhar.
"Eu não estava rindo e ficando corada." Eu neguei enquanto saía do carro.
"Sim, estava... Muito. E você estava enrolando o cabelo como se estivesse flertando com alguém." Mamãe insistiu. "Então? Quando vou conhecer esse garoto misterioso que te faz corar e reagir assim? E não diga que não é nada, não sou burra."
"Quem disse que é um garoto, mãe?" Eu perguntei.
"Não é? Espera, é uma garota então?" Mamãe perguntou levantando as sobrancelhas.
"Talvez," eu dei de ombros escondendo o sorriso.
"Não, eu te conheço e sei que você não é gay. Então é definitivamente um cara." Mamãe disse para mim.
Um cara? Sim. Um garoto? Não. Ele é um homem adulto, mãe, quase da sua idade.
"Estamos apenas nos conhecendo, mãe. Não é nada sério ainda." Eu disse a ela. "Mas se e quando decidirmos ficar mais sérios, você e papai definitivamente vão conhecê-lo."