




Capítulo 8
Eu assenti, sentindo uma mistura de antecipação e ansiedade. A ideia de ter poderes, algo que eu só tinha sonhado, era ao mesmo tempo emocionante e aterrorizante. Eu não tinha certeza se estava pronto para isso, mas sabia que não havia como voltar atrás agora.
Continuamos nosso tour, com Merilla apontando diferentes salas e corredores enquanto caminhávamos. Tentei me concentrar no que ela estava dizendo, mas minha mente continuava voltando à nossa conversa. Que tipo de poderes eu tinha? Eu seria capaz de controlá-los quando finalmente surgissem? E o que isso significaria para minha vida se eles aparecessem?
Quando Merilla e eu viramos a esquina do corredor, de repente esbarrei em algo duro e firme. Meus olhos se levantaram, e lá estavam eles—aqueles olhos caramelizados com manchas vermelhas que me deram um arrepio na espinha. Meu corpo enrijeceu, e um leve sorriso apareceu no canto da boca dele.
" Cuidado aí, pequena. Eu não gostaria que você se machucasse agora," ele disse casualmente, com as mãos atrás das costas como se nada tivesse acontecido.
" Companheiro," Merilla chamou em minha mente, me assustando ainda mais. Meu olhar se voltou para ela, mas antes que eu pudesse reagir, algo ainda mais aterrorizante apareceu do mesmo canto. Era enorme, muito maior que um urso, e parecia quase um leão negro, mas mais... ameaçador.
" O-o que é essa coisa?" Eu gaguejei, minha voz mal saindo enquanto eu lentamente me afastava de Kaden, meu coração disparado.
" Ah, isso?" A voz de Kaden tinha uma nota de orgulho enquanto ele estendia a mão para acariciar a cabeça da criatura. " Este é meu animal espiritual, Luka."
Minha respiração ficou presa na garganta. Se aquela coisa era uma extensão dele, então eu definitivamente não queria mexer com nenhum dos dois. O tamanho imenso dela fez meu medo aumentar, e eu não conseguia me livrar da sensação de estar completamente fora do meu elemento.
" Então, é verdade, você é a companheira do rei," a voz de Merilla soou em minha mente, cortando meu medo com sua certeza calma.
" O quê? Eu não sou companheira de ninguém, seja lá o que isso signifique!" Eu forcei as palavras, minha voz tremendo de raiva e confusão.
O sorriso de Kaden não vacilou. " Há uma maneira de provar que ela é minha companheira," ele disse, ainda tão calmo, tão controlado, como se tudo isso fosse um jogo para ele.
Meu pulso acelerou. Eu não tinha ideia do que ele queria dizer com isso, mas a ideia de qualquer teste que ele tivesse em mente me aterrorizava.
Nos dirigimos ao salão principal, um grande espaço cheio de detalhes dourados e designs intrincados que faziam o ambiente parecer brilhar. Eu mal conseguia me concentrar na beleza do salão, pois a postura calma de Kaden só aumentava minha ansiedade crescente. O que era essa "prova" que ele mencionou, e por que estávamos reunindo pessoas?
Ao entrarmos, Kaden fez um sinal para alguns dos guardas e outros homens, talvez servos, se juntarem a nós. Meu nervosismo aumentou ainda mais quando percebi que estaria cercado por todos esses estranhos. O que estava acontecendo?
Kaden se virou para mim; seus olhos caramelizados suavizaram um pouco enquanto ele me entregava um pedaço de pano. " Eu preciso que você confie em mim, pequena. Isso é importante."
Eu hesitei, sentindo-me desconfortável com o que poderia acontecer a seguir. Mas com Merilla me incentivando e cem perguntas girando em minha mente, assenti e deixei que ele me vendasse. No momento em que o pano cobriu meus olhos, meus sentidos se aguçaram. Eu podia sentir cada respiração que dava, cada leve mudança no ar. Meu coração batia forte no peito enquanto a sala ficava em silêncio.
" Vamos provar se você é realmente minha companheira," Kaden disse, sua voz calma, mas autoritária. " Eu preciso que você toque a mão de cada homem e veja se sente algo."
As palavras dele ecoaram em minha mente, e eu lutei para me concentrar. Tudo isso parecia surreal. Eu não tinha ideia de como tocar mãos poderia determinar qualquer coisa, mas decidi seguir em frente.
Uma mão foi colocada na minha—áspera, calejada. Não senti... nada. Apenas uma mão. Passei para a próxima, depois para a seguinte. Cada uma parecia diferente, mas nenhuma se destacou. A ansiedade começou a diminuir à medida que percebi que nenhuma dessas mãos despertava algo dentro de mim.
Finalmente, outra mão foi colocada na minha. Era quente, firme, e no momento em que nossa pele se tocou, uma onda de calor se espalhou por mim, quase como um choque elétrico. Eu suspirei suavemente, e pude sentir meu coração pular uma batida. Minha mão formigava onde nossa pele se encontrava, e uma estranha sensação de calma me envolveu.
"Chega," a voz profunda de Kaden cortou o silêncio, e eu senti sua mão se afastar enquanto a venda era gentilmente removida. Piscando na luz brilhante do salão principal, virei-me para ver Kaden parado na minha frente, com uma expressão satisfeita no rosto.
"Agora você vê," ele disse, suavizando o tom, "não há como negar, Meara. Você é minha."
Minha respiração ficou presa na garganta enquanto eu tentava processar o que acabara de acontecer. Não havia como negar que algo aconteceu quando toquei sua mão. Mas o que isso realmente significava? O que tudo isso significava?
Eu encarei Kaden, minha mente a mil. O calor do toque dele ainda pairava na minha pele, e eu não conseguia me livrar da sensação de que algo profundo acabara de acontecer. Mas o que tudo isso significava?
"Kaden," comecei, minha voz trêmula, "o que isso significa? O que acontece agora?"
Ele manteve meu olhar, seus olhos caramelizados firmes e reconfortantes. "Isso significa que você e eu estamos conectados de uma maneira que vai além de qualquer coisa que você já conheceu, Meara. Você é minha companheira, a destinada para mim pela Deusa da Lua."
As palavras dele pairaram no ar, carregadas de implicações. Companheira? O conceito parecia estranho, quase irreal. "Mas eu não entendo," gaguejei, tentando fazer sentido de tudo. "O que significa ser sua companheira? O que acontece agora que sabemos?"
Kaden deu um passo mais perto, sua presença ao mesmo tempo reconfortante e avassaladora.
"Ser minha companheira significa que nossas vidas estão entrelaçadas, que estamos destinados a nos apoiar e proteger um ao outro. É um vínculo que vai além do amor ou afeição; é espiritual, elemental. É por isso que você sentiu o que sentiu quando tocou minha mão."
Engoli em seco, o peso das palavras dele afundando em mim.
"E o que acontece agora?"
Um sorriso suave surgiu nos lábios de Kaden. "Agora, precisamos solidificar o vínculo. Não será imediato, e não será forçado. Você terá tempo para aceitar isso, para entender o que significa para nós dois. Mas o vínculo está lá, Meara, quer você esteja pronta para aceitá-lo ou não."
A sala parecia menor, as paredes se fechando sobre mim enquanto a realidade da situação se instalava. Eu não era mais apenas Meara da fazenda. Eu era algo mais, algo que eu não compreendia completamente.
A voz de Kaden suavizou enquanto ele continuava, "Somos companheiros, pequena. Você se tornará rainha dos reinos elementais. Você ainda é nova neste mundo, e eu não vou te apressar. Mas você precisa saber que esse vínculo é poderoso, e só vai se fortalecer com o tempo."
Eu assenti lentamente, sentindo-me sobrecarregada e sem fôlego. "Eu preciso de tempo para processar tudo isso," admiti.
"Claro," Kaden respondeu, sua voz gentil. "Tome todo o tempo que precisar. Mas não demore muito." O que significava ser companheira do Rei Elemental? O que aconteceria a seguir?
O salão principal era esmagador. Os tetos altos pareciam pressionar sobre mim, como se o peso de tudo o que eu acabara de aprender fosse demais para suportar. Os homens que estiveram diante de mim momentos atrás, suas mãos todas tão diferentes, se misturaram em uma névoa. Meus pensamentos giravam. Eu precisava de espaço, um lugar para pensar, para processar o que acabara de acontecer.
Sem uma palavra, virei-me e corri para fora do salão principal. As portas pesadas se fecharam com um estrondo atrás de mim, selando os murmúrios da sala e a intensidade do olhar de Kaden. Meus passos ecoaram pelos corredores de mármore enquanto eu fugia, minha respiração acelerando. As paredes pareciam se fechar enquanto eu navegava pelos corredores sinuosos do castelo, a grandiosidade do lugar só aumentando minha ansiedade crescente.
"Meara! Para onde você está indo?" A voz de Merilla chamou em nossa ligação enquanto ela me seguia.
"Eu preciso de tempo para processar as coisas. Por favor, Merilla, só me dê um tempo sozinha."
Merilla aceitou meus desejos e parou de me seguir.
Finalmente, encontrei uma sala vazia, um pequeno espaço com grandes janelas que deixavam entrar a brisa fresca. Abri as janelas, respirando o ar fresco, tentando acalmar a tempestade dentro de mim. Encostando-me na parede, deslizei até o chão, puxando os joelhos para o peito.