




Capítulo 7
"Sim, ele me beijou." Ela começou a andar de um lado para o outro novamente.
"Se você é o que eu acho que é, então o Rei definitivamente estará observando de perto."
"O que isso quer dizer?"
"Vou explicar depois, assim que confirmar com meu companheiro, Luka."
"Merilla, por favor, me leve de volta para casa," implorei. Eu não queria ficar aqui mais tempo. As orelhas de Merilla caíram, como se ela estivesse triste.
"Mas eu acabei de te encontrar depois de tantos anos. Não pode ficar um pouco mais, por favor? Ainda tenho tanto para te mostrar, e você nem conheceu meu companheiro ainda," ela disse orgulhosamente.
Pensei no que ela disse. Por mais que eu quisesse ir embora, parte de mim queria ficar e ver mais desse lugar lindo. Quantas pessoas podem dizer que já estiveram em um reino mágico como este? E eu ainda precisava descobrir sobre meus verdadeiros pais.
"Tudo bem," concordei relutantemente.
Merilla saltou de alegria. "Maravilhoso! Vou chamar os servos para te arrumar." Ela pulou da cama e puxou uma corda pendurada perto da porta. Minutos depois, dois servos, ou empregadas, entraram. Reconheci a ruiva da noite passada, e a outra parecia um pouco mais velha.
Ambas se apresentaram. A morena era Beth, e ela gesticulou para a tímida ruiva. "Esta é Vicky. Estamos aqui para te ajudar a se preparar." Beth desapareceu no banheiro e ligou a água. Vicky caminhou até a cama e começou a arrumá-la.
"Não precisa disso. Eu poderia ter arrumado sozinha," disse, tentando ser amigável. Caminhei até lá e comecei a ajudá-la. Ela parecia surpresa, mas não disse uma palavra.
"Seu banho está pronto, minha senhora," Beth disse, saindo do banheiro.
"Meu banho?" perguntei, confusa. Eu não estava acostumada a alguém arrumando minha cama, muito menos preparando um banho para mim.
Depois do meu longo e quente banho, Beth e Vicky me ajudaram a vestir um lindo vestido azul-celeste feito de um tecido que eu nunca tinha visto antes. O vestido era um corpete de uma peça só, e eu estava grata por elas estarem ali para me ajudar a vestir. Beth apertou o corpete, e a cada puxão nas cordas, parecia que ficava mais difícil de respirar.
"Precisa ser tão apertado?" perguntei, ofegante. "Oh, sim, minha senhora," Beth disse firmemente.
"Tente respirar curto, minha senhora," Vicky acrescentou com uma voz suave e baixa.
As mulheres aqui devem ter aprendido a não respirar, pensei, porque eu não sabia como conseguiria fazer qualquer coisa com esse vestido apertado.
Depois que Beth e Vicky terminaram de prender meu cabelo em um coque arrumado, olhei para mim mesma no espelho. O vestido azul-celeste era lindo, mas eu ainda não conseguia me acostumar com o quão apertado estava. Minha respiração parecia superficial, e eu tinha que me lembrar de respirar curto, como Vicky havia sugerido.
Merilla olhou para mim com os olhos brilhando de empolgação. "Você está pronta para um tour pelo castelo?" ela perguntou, com a voz cheia de entusiasmo.
Assenti, curiosa sobre este lugar que parecia mais um sonho do que realidade. Merilla liderou o caminho, sua cauda de raposa balançando de um lado para o outro enquanto caminhávamos pelo grande corredor.
O castelo era ainda mais magnífico do que eu tinha imaginado. As paredes eram feitas de mármore branco, com detalhes dourados por toda parte. Grandes janelas arqueadas de vidro chegavam até o teto, deixando entrar tanta luz que fazia o ouro nas colunas e escadarias brilhar ainda mais. O ar tinha um leve cheiro de rosas e linho fresco, um aroma reconfortante que parecia estar em todos os lugares.
Passamos pelo Grande Salão, uma sala enorme com lustres que pareciam feitos de diamantes. Os pisos eram tão polidos que eu podia ver meu reflexo neles. No final do salão havia uma longa mesa com assentos suficientes para cem pessoas. Quem quer que fosse esse rei, ele certamente gostava de ostentar sua riqueza.
Enquanto continuávamos pelo castelo, não pude deixar de perguntar, "Merilla, para que serve exatamente um animal espiritual?"
Merilla parou de andar e se virou para mim, sua expressão suavizando. "Um animal espiritual é um presente da Deusa da Lua," ela explicou. "Quando uma pessoa nasce com poderes elementais, a Deusa lhe dá um parceiro para a vida toda—um animal espiritual—para guiá-la no caminho certo."
Eu ouvi atentamente, intrigada com o que ela estava dizendo.
"Seu animal espiritual cresce com você," Merilla continuou.
"À medida que seus poderes elementais evoluem, seu animal espiritual também evolui. Ele mudará para uma nova forma, uma que reflete quem você é naquele momento da sua vida. Não é apenas um companheiro; é uma parte de você, uma extensão da sua alma."
"Então... isso significa que você também vai mudar?" perguntei, tentando entender a ideia.
"Sim," Merilla disse com um aceno de cabeça. "À medida que você se torna mais forte, eu também mudarei. Minha forma evoluirá para combinar com seu poder e personalidade."
Continuamos o tour, e Merilla me mostrou tudo, desde a biblioteca até os campos de treinamento. Cada sala era mais impressionante que a anterior, e eu me perdia na beleza do lugar. Mas, por mais bonito que fosse, eu não conseguia me livrar da sensação de que não pertencia a este lugar.
Enquanto caminhávamos de volta para o meu quarto, não pude deixar de pensar no que Merilla havia dito. A ideia de ter um animal espiritual conectado a mim de uma maneira tão profunda era ao mesmo tempo reconfortante e avassaladora. Eu nunca tinha imaginado que algo assim pudesse existir, e agora que existia, eu não sabia como me sentir a respeito.
Antes que eu pudesse pensar muito sobre isso, Merilla me cutucou com o nariz. "Vamos," ela disse. "Ainda há muito mais para ver." E com isso, continuamos nosso tour, minha mente girando com pensamentos sobre o que o futuro poderia reservar.
Enquanto vagávamos pelos grandiosos corredores do castelo, eu não podia deixar de me maravilhar com o tamanho e a beleza de tudo. As paredes eram revestidas com tapeçarias mostrando cenas de batalhas, celebrações e momentos importantes na história do reino. Os pisos eram de mármore polido que brilhava sob o suave brilho dos lustres pendurados bem acima. Parecia que cada canto deste lugar guardava um pedaço de uma grande história, uma que eu estava apenas começando a entender.
Merilla caminhava ao meu lado, guiando-me pelos corredores com um ar de familiaridade. Ela parava ocasionalmente para apontar uma obra de arte específica ou explicar o significado de uma estátua. Eu ouvia atentamente, tentando absorver tudo. Este novo mundo em que eu havia tropeçado era ao mesmo tempo fascinante e avassalador.
Mas havia uma coisa que estava me incomodando, algo que eu não conseguia tirar da cabeça. Finalmente, decidi perguntar.
"Merilla," comecei hesitante, "para que exatamente serve um animal espiritual? Quero dizer, por que os temos?"
Merilla parou e se virou para me encarar com um sorriso caloroso. "Um animal espiritual é mais do que apenas um companheiro, Meara. Quando alguém nasce com poderes elementais, a Deusa da Lua lhes concede um animal espiritual como parceiro para a vida toda. Este animal está lá para guiá-los, para ajudá-los a permanecer no caminho certo. À medida que os poderes elementais da pessoa crescem e evoluem, seu animal espiritual também muda de forma, tornando-se um novo animal que melhor representa a personalidade da pessoa e sua conexão com seu elemento naquele ponto da vida."
Assenti lentamente, tentando absorver tudo o que ela estava dizendo. "Então, o animal espiritual não é apenas um reflexo de quem somos agora, mas também um guia para o que podemos nos tornar?"
"Exatamente," Merilla confirmou. "Eles são uma extensão de nós, ligados à nossa essência. À medida que crescemos, eles crescem. À medida que mudamos, eles mudam. É um vínculo inquebrável, e é destinado a nos ajudar a nos tornarmos a melhor versão de nós mesmos."
Fiquei em silêncio por um momento, processando suas palavras. A ideia de ter um vínculo tão poderoso com um animal espiritual era ao mesmo tempo fascinante e assustadora. Isso me fez pensar sobre meu próprio potencial, que tipo de poderes eu poderia ter.
"Merilla," perguntei timidamente, "eu tenho algum poder?"
Merilla riu suavemente. "Claro que tem, Meara. Eu não estaria aqui se você não tivesse."
Franzi a testa, a confusão se instalando. "Mas... por que eu nunca vi esses poderes? E quais são eles?"
A expressão de Merilla suavizou. "Seus poderes ainda não surgiram, provavelmente porque você nunca cresceu no reino Elemental desde jovem, com pais incentivando você a invocá-los. Os poderes elementais muitas vezes precisam de nutrição e orientação, especialmente nos primeiros anos. Sem isso, eles podem ficar dormentes."
"Então, não há como saber que poder elemental eu posso possuir?" perguntei, minha voz uma mistura de curiosidade e preocupação.
"Ainda não," Merilla respondeu gentilmente. "Mas você aprenderá com o tempo. Estar aqui em Valtor, cercada pelos elementos, pode ajudar a despertar seus poderes. Apenas seja paciente. Eles se revelarão quando for a hora certa."