




Capítulo 6
Meu coração batia forte enquanto eu o observava caminhar até a porta onde quatro cordas pendiam do teto, seu propósito não era claro. Ele estendeu a mão, puxando uma das cordas com um movimento deliberado e praticado. Eu não sabia o que ele estava fazendo, mas um sentimento de pavor se instalou no meu estômago quando ele se virou para mim.
Ele voltou para o meu lado, seu olhar nunca deixando o meu. Seu rosto estava calmo, mas havia algo perigoso espreitando logo abaixo da superfície.
"Você acha que ainda está no controle," ele disse, sua voz baixa, quase um sussurro. "Mas você não está."
Engoli em seco, tentando não deixar o medo transparecer no meu rosto. Suas palavras enviaram um arrepio pela minha espinha, e eu percebi com uma clareza nauseante que o que quer que ele tivesse planejado, não terminaria comigo simplesmente amarrada a esta cama.
Eu me preparei, pronta para lutar, mas a tontura ainda persistia, fazendo meus membros parecerem pesados e lentos. Ele notou minha luta, e um leve sorriso surgiu no canto de sua boca, como se ele gostasse de me ver tentar.
"Relaxe," ele disse, seu tom suavizando novamente, embora isso não fizesse nada para aliviar meu pânico. "Você só está tornando isso mais difícil para você mesma."
Eu o encarei, recusando-me a ceder, mesmo enquanto meu corpo me traía. "Eu nunca vou relaxar perto de você."
Ele riu suavemente, um som que enviou outra onda de medo através de mim. "Vamos ver sobre isso," ele respondeu, alcançando a corda que havia acabado de puxar.
A tensão entre nós era espessa, nenhum de nós disposto a recuar. Depois do que pareceu uma eternidade de nos encararmos, uma batida veio da porta, quebrando o impasse. O olhar do Bárbaro se voltou para a porta enquanto ele enfiava a mão nas calças, retirando a chave. Ele destrancou a porta, e uma jovem de cabelos ruivos entrou, carregando uma bandeja de comida.
"Obrigado, apenas coloque a comida na mesa," ele ordenou, sua voz curta. A garota obedeceu, colocando a bandeja sem dizer uma palavra. Ela fez uma pequena reverência antes de sair rapidamente do quarto. O Bárbaro trancou a porta novamente, o som da chave girando ecoando no quarto silencioso.
Ele caminhou até a mesa, pegou a bandeja e a trouxe para a cama, colocando-a ao meu lado. O cheiro da comida era tentador, mas eu estava muito desconfiada para confiar nela.
"Coma," ele ordenou, seu tom não deixando espaço para discussão.
Olhei para a bandeja, depois de volta para ele, a suspeita clara em meus olhos. "Como eu sei que não está envenenada?"
Sua expressão mudou, escurecendo como se minha pergunta o tivesse ofendido. "Se eu quisesse te matar, teria te deixado na masmorra," ele respondeu firmemente, ficando de pé com as mãos cruzadas atrás das costas, exalando uma aura de autoridade difícil de desafiar.
Eu sustentei seu olhar, tentando manter minha voz firme. "Não estou com fome."
Seus olhos se estreitaram ligeiramente, e eu podia sentir sua paciência se esgotando. "Ou você come, pequena, ou eu mesmo te alimento," ele disse, sua voz carregada com uma ameaça silenciosa.
Eu sabia que ele não estava blefando. Minha teimosia voltou a se manifestar, mas eu estava muito exausta para continuar lutando contra ele. Com um suspiro, peguei um pedaço de pão da bandeja e dei uma mordida relutante. Ele me observava de perto, a satisfação evidente em seus olhos enquanto eu mastigava.
"Viu? Não foi tão difícil, foi?" ele murmurou, quase como se estivesse falando com uma criança. A condescendência em seu tom irritava meus nervos, mas eu permaneci em silêncio, focando na comida.
Enquanto eu continuava a comer, minha mente corria com pensamentos de fuga. Mas por agora, eu precisava conservar minhas forças. Uma coisa era clara—eu tinha que encontrar uma maneira de sair daqui, e logo.
Depois que terminei de comer, o Bárbaro removeu a bandeja e a colocou de volta na mesa. Eu podia sentir seus olhos em mim enquanto eu limpava a boca, tentando evitar seu olhar.
"Agora, durma," ele ordenou, seu tom firme, mas não severo. Ele se afastou de mim e caminhou até um grande sofá oposto à cama. Com uma graça casual que parecia em desacordo com seu tamanho, ele se jogou no sofá, espalhando os braços ao longo do encosto como se fosse o dono do lugar—o que, percebi, ele provavelmente era.
Eu o encarei, minha mente a mil. A ideia de dormir no mesmo quarto que ele era perturbadora. "Você não tem seus próprios aposentos?" perguntei, o desconforto claro na minha voz. Ele me olhou com um leve toque de diversão nos olhos.
"Estes são meus aposentos," ele respondeu simplesmente, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Franzi a testa, minha mente correndo. "E você espera que eu durma aqui... com você?"
Seus olhos encontraram os meus, firmes e inflexíveis. "Eu espero que você durma. Se você fará isso pacificamente ou com a minha ajuda, depende de você." Suas palavras eram calmas, mas havia um tom subjacente que deixava claro que ele não estava fazendo uma ameaça vazia.
Eu não sabia o que dizer. A cama de repente parecia grande demais, macia demais e muito próxima de onde ele estava sentado. Hesitei, dividida entre minha necessidade de descanso e o medo de estar vulnerável perto dele.
"Durma, pequena," ele repetiu, sua voz mais suave desta vez, mas não menos autoritária. "Eu não vou te machucar, a menos que você me dê um motivo para isso."
Havia algo no tom dele que quase me fez acreditar. Quase. Mas o cansaço estava vencendo a batalha contra meus instintos. Me enfiei debaixo das cobertas, mantendo um olho cauteloso nele enquanto me acomodava na cama.
Ele me observou por mais um momento antes de se recostar no sofá, fechando os olhos como se isso fosse uma rotina à qual ele estava bem acostumado. Fiquei deitada ali, tensa e alerta, esperando que ele fizesse algum movimento, mas ele não fez.
Minutos se passaram, e sua respiração desacelerou, aprofundando-se no ritmo constante do sono. Me forcei a relaxar, sabendo que precisava descansar se quisesse encontrar uma maneira de sair dali. Mas, ao fechar os olhos, não conseguia afastar a sensação de que o Bárbaro ainda me observava, mesmo em seus sonhos.
Na manhã seguinte, acordei com a luz quente do sol entrando pelas portas de vidro da varanda. Queria ficar na cama um pouco mais, mas então me lembrei do Bárbaro. Pulei da cama, escaneando o quarto—se é que se podia chamar de quarto, já que era maior do que toda a minha casa na fazenda.
Suspirei de alívio ao ver que o sofá do outro lado do quarto estava vazio. Nenhum Bárbaro à vista. Aproveitei o momento para realmente olhar ao redor do quarto. As molduras douradas nas cortinas, a roupa de cama, em todo lugar—tudo era tão luxuoso.
"Knock! Knock!"
A voz de Merilla de repente ecoou na minha cabeça.
"Meara, abra a porta, por favor," ela chamou através do elo mental. Saí da cama apressada e corri até a porta. Hesitei por um segundo antes de puxar a maçaneta. E se ainda estivesse trancada? Lentamente, puxei, e o alívio me inundou quando a porta se abriu facilmente.
Merilla entrou correndo no quarto e foi direto para a cama.
"Por que diabos você está dormindo nos aposentos do Rei?" Suas palavras fizeram meu sangue gelar.
"R-rei?" gaguejei.
"Sim, Rei Kaden. Alto, cabelo escuro, corpo de deus. Parece que poderia te matar com um olhar, mas na verdade é a pessoa mais gentil que você já conheceu," ela disse com um suspiro.
Eu a encarei. "Seu chamado Rei me beijou sem minha permissão ontem. Depois fui acusada de ser ladra e trancada na masmorra o dia todo, só para ser manuseada por ele e trancada em seus aposentos enquanto ele me observava dormir."
Merilla parecia chocada por um momento. Eu nem sabia que raposas podiam ter expressões, mas ela realmente parecia incerta.
"Meara, sinto muito que isso tenha acontecido com você," ela disse sinceramente, andando de um lado para o outro. "Se o Rei fez tudo isso, deve haver uma explicação lógica."
"Explicação lógica? A única desculpa é que esse chamado Rei acha que pode fazer o que quiser. Ele até teve a audácia de me beijar enquanto eu dormia ontem, e quando o confrontei, ele disse que tinha todo o direito."
"Ele te beijou?" Merilla perguntou, confusa.