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Parte 1: Onde tudo começou

Lembro-me do dia em que percebi que o amava mais do que apenas um amigo. Mais até do que uma paixonite. Era um sábado. Um dia realmente sombrio e chuvoso. Eu passava todos os meus sábados na casa deles desde sempre. É o tipo de coisa que acontece quando seus pais são melhores amigos. Nas sextas, os meninos ficam na minha casa e nos sábados eu fico na deles.

Mas nesse sábado em particular eu não queria ficar. Eu queria ir a uma festa com uma das minhas amigas, mas meus pais disseram não. Então, estou emburrada.

"Posso pedir aos meus pais se podemos ir." Greyson oferece ao meu lado.

"É, eles ligariam para os meus pais e perguntariam primeiro. Mas obrigada." Suspiro.

"Tenho certeza de que no próximo ano eles vão deixar você ir. Você sabe como eles são, Cassie."

"No próximo ano eu vou ter 14 e eles disseram que só quando eu tiver 16." Resmungo revirando os olhos, fazendo-o rir.

"Bem, eu tenho 14 e não tem nada de especial nisso, eu prometo."

"Aposto que o Kai poderia ir, ele tem 15." Resmungo irritada.

"Na verdade, ele está de castigo. Está reprovando nas aulas." Greyson diz.

Levanto-me e entro na casa dele, subindo as escadas até o quarto. Jogo-me na cama e suspiro.

"Quem a irritou?" Kai pergunta a Greyson.

"O mundo." Ele ri, fazendo-me jogar um travesseiro nele.

"O mundo é injusto." Faço beicinho.

"Você vai ficar emburrada a noite toda ou quer se divertir?" Greyson provoca.

"A segunda opção."

"Que pena, diversão é o que teremos."

"Estou a fim de me divertir, já que não posso sair de casa." Kai diz, sentando-se no chão.

"Que tipo de diversão?" Pergunto, sentando-me e cruzando os braços sobre o peito.

Greyson levanta um dedo e desaparece pelo corredor. Kai se levanta e senta ao meu lado na cama.

"Por que você está tão brava, Cass?" Ele pergunta, olhando para mim.

"Eu queria ir a uma festa com a Margine, mas meus pais disseram não."

"Essas festas não são tão boas para garotas como você."

"O que isso quer dizer? Garotas como eu." Resmungo.

"Tudo o que fazem nessas festas é ficar e beber. Você já foi beijada?" Ele pergunta. Sinto meu rosto corar com suas palavras. Não, eu não fui, mas isso não é o ponto.

"Esse não era o ponto, Kai." Rosno, olhando para o lado.

Ouço-o rir suavemente e olho de volta para ele para gritar, mas ele pressiona os lábios nos meus rapidamente. É curto.

Ele se afasta e sorri gentilmente.

"Agora você foi beijada. Não está perdendo muita coisa. Confie em mim." Então ele me deixa sozinha na cama.

Eu tenho uma paixonite pelo Kai há muito tempo. Ele é inteligente, engraçado e bonito. E ele acabou de me beijar. Meu primeiro beijo.

Toco meus lábios e sorrio como uma boba.

Alguns minutos depois, Greyson reaparece com jogos de tabuleiro.

"Você parece melhor. O que aconteceu?" Ele pergunta, sentando-se no chão e abrindo o Monopoly.

"Não sei." Respondo honestamente. Kai fica no quarto até a hora do jantar e, mesmo assim, não fala comigo.

Quando subo as escadas, ele me para.

"Sobre mais cedo. O beijo. Desculpa. Se foi estranho. Você merece um primeiro beijo de verdade e foi errado roubar isso de você."

Tento pensar em algo para dizer, mas não consigo. Ele se arrepende de me beijar? Isso dói muito mais do que eu jamais admitiria.

"Você não precisa ficar envergonhado, Kai. Eu não quero seus beijos de pena de qualquer maneira." Digo, entrando no quarto de Greyson e deixando-o sozinho no corredor.

Eu estava com raiva. De mim mesma. Do Kai. Dos meus pais. Do mundo.

Greyson adormeceu rapidamente e eu fui pegar uma bebida. A casa estava quieta, mas era minha segunda casa. Encho um copo de água e dou um gole quando ouço passos.

"O que você está fazendo acordada?" Kai pergunta.

"Bebendo." Digo, colocando meu copo na pia e passando por ele. Ele agarra meu cotovelo, me fazendo parar.

"Eu não queria magoar seus sentimentos mais cedo. Eu queria te beijar. Não consegui me segurar."

"Legal." Digo, sem olhar para ele.

"Cass. Olha para mim." Ele implora. Suspiro e me viro, cruzando os braços.

Ele se inclina ao mesmo tempo em que ouço a porta da frente se abrir. Dou um passo para trás e corro para as escadas quando Killian entra. Ele olha de um lado para o outro entre nós dois com a testa franzida.

Não fico por perto. Volto para o quarto de Greyson e me deito na cama. Fecho os olhos e tento acalmar meu coração acelerado.

Killian tem 18 anos e já se formou. Ele é o mais velho e acho que não gosta muito de mim.

Ouço a porta se abrir e prendo a respiração.

"Sou só eu." Kai sussurra, ajoelhando-se para poder ver meu rosto. "Killian estava bêbado, então ele nem vai lembrar do que viu."

"Nada aconteceu." Sussurro. Ele sorri com arrogância e eu reviro os olhos.

"Eu gosto de você, Cass. Muito. Mas, tem que ser um segredo até seu aniversário, pelo menos." Ele se inclina e pressiona os lábios nos meus e eu juro que fogos de artifício explodem dentro de mim. Esse beijo é mais longo. Mais intenso.

Ele se afasta e se levanta. Deixando-me sozinha para me perguntar se sonhei com isso.

Adormeço sorrindo. Penso em todas as vezes que Kai me defendeu. Os abraços que ele me deu quando eu precisava. Percebo que talvez eu até o ame um pouco. E isso me assusta muito.

Acabo sonhando com ele, e é estranho. Me assusta porque nunca sonhei com ele antes.

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