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Capítulo 9

PONTO DE VISTA DE EAMON

Eu andava de um lado para o outro no escritório mal iluminado, segurando um copo de uísque na mão. Meu coração batia forte no peito, a ansiedade corroendo meus pensamentos. A operação de resgate havia demorado mais do que o esperado, e cada segundo que passava sem notícias sobre a segurança de Isadora só intensificava minha preocupação.

Victor estava sentado em uma cadeira próxima, servindo-se de uma bebida, a garrafa sobre a mesa, sua expressão tipicamente severa marcada pela preocupação. A tensão na sala era palpável, e os minutos pareciam uma eternidade.

"Onde eles estão?" murmurei, minha voz carregada de frustração. "Eles já deveriam ter voltado."

Victor, descontente por não liderar o resgate, falou. "Eamon, temos que confiar em Luka e nos outros. Eles estão fazendo tudo o que podem para trazer Isadora de volta em segurança."

Passei a mão pelo cabelo, a preocupação estampada no meu rosto. "Eu sei, Victor, mas não consigo evitar essa sensação avassaladora de medo. A vida de Isadora está em perigo, e eu deveria estar lá com eles."

Antes que Victor pudesse responder, a porta do meu escritório se abriu de repente, e um grupo de guardas da alcateia entrou carregando o corpo inconsciente de Isadora. Meu coração subiu à garganta ao vê-la pálida e imóvel, sua condição muito pior do que eu temia.

"Isadora!" exclamei, correndo para o lado dela, meu pânico tomando conta. "O que aconteceu? Ela está bem?"

Os guardas a colocaram gentilmente no sofá, e eu notei os hematomas e arranhões em seu rosto, evidências do sofrimento que ela havia passado. Minhas mãos tremiam enquanto eu estendia a mão para tocá-la, alívio inundando-me quando senti o fraco pulso de seu coração.

"Ela está traumatizada, Alpha," relatou um dos guardas, sua voz cheia de urgência. "Ela desmaiou durante nossa fuga. Nós a resgatamos com uma jovem chamada Lisa, mas fomos detectados pela alcateia do Alpha Jack enquanto tentávamos escapar. Não conseguimos salvar todos."

Meu sangue gelou ao ouvir o nome de Alpha Jack. Já tive o suficiente das suas besteiras. Não pude evitar me culpar por não estar lá para protegê-la.

"Vamos lidar com aquele idiota do Jack depois," disse entre dentes cerrados, meu foco totalmente na saúde de Isadora.

"Agora, precisamos dar a ela a atenção médica que precisa."

Victor assentiu, assumindo o comando como sempre fazia em tempos de crise. "Vou chamar o médico da alcateia imediatamente."

Enquanto Victor saía da sala para fazer os arranjos necessários, permaneci ao lado de Isadora, meu coração pesado de preocupação. Ela estava tão imóvel, tão frágil, e eu não suportava a ideia de perdê-la.

Ajoelhei-me ao lado dela, segurando sua mão gentilmente na minha, e sussurrei palavras de conforto, mesmo sabendo que ela não podia me ouvir em seu estado inconsciente.

"Aguente firme, Isadora. Você é forte, e nosso bebê também. Vamos superar isso juntos."

A enfermeira da alcateia chegou com um senso de urgência, e eu observei enquanto ela imediatamente começava a trabalhar, fazendo um exame minucioso em Isadora. Cada segundo que passava parecia uma eternidade, minha ansiedade crescendo a cada exame. Eu precisava saber que tanto Isadora quanto nosso filho estavam bem.

Enquanto a enfermeira trabalhava, seu rosto permanecia composto e focado, não revelando nada de suas descobertas. Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, ela se afastou, sua expressão suavizando.

"Isadora está estável, Alpha Eamon," informou-me.

"E o bebê parece estar ileso, mas continuaremos monitorando-os de perto," acrescentou.

O alívio tomou conta de mim, um peso que eu nem percebia que carregava foi levantado dos meus ombros. Agradeci à enfermeira com um aceno antes de voltar minha atenção para Isadora, que ainda dormia profundamente.

Depois de algumas horas de descanso, ela começou a se mexer, suas pálpebras tremulando. A princípio, seu olhar estava desfocado, mas à medida que seus sentidos voltavam, seus olhos se fixaram em mim. A expressão em seu rosto, no entanto, estava longe de ser acolhedora.

A tensão vinha se acumulando, e era hora de enfrentar a tempestade que estava se formando em nosso relacionamento. Eu não podia lidar com o silêncio por mais tempo. Seus olhos encontraram os meus, e eu pude ver a raiva e o ódio ardendo em seu olhar.

"Por que você fugiu, Isadora?" exigi, minha voz tingida de frustração.

"Você colocou a si mesma e nosso bebê em perigo. Poderíamos ter conversado e resolvido o que quer que estivesse te incomodando, em vez de se arriscar a ser morta por aquele cara."

Os lábios de Isadora se torceram em um sorriso amargo.

"Conversar, Eamon? É isso que você chama? Tudo o que você faz é falar. Você diz as palavras, mas suas ações falam uma língua diferente."

Senti uma pontada de culpa e raiva crescer dentro de mim.

"Do que você está falando, Isadora?"

Fiquei surpreso com suas palavras, a amargura em seu tom como uma faca no coração. A enfermeira, percebendo a tensão na sala, discretamente se retirou.

Sua voz ficou mais afiada, as acusações jorrando como uma represa que se abriu.

"Seu amor falso, Eamon. Suas promessas vazias. Você diz que me ama, mas não ama. Você está apenas brincando com minhas emoções por causa do poder e da influência, ou vai negar isso?"

Fiquei chocado com suas palavras, meu coração apertando com o peso de suas acusações. "Isadora, você não entende a posição em que estou. Tenho responsabilidades, uma alcateia para proteger."

A raiva de Isadora transbordou, e sem aviso, ela me deu um tapa no rosto. O ardor de sua palma contra minha bochecha enviou ondas de surpresa e dor através de mim.

"Cala a boca, Eamon! Responsabilidades, meu pé. É só isso que você faz, se esconder atrás delas," ela cuspiu, seus olhos brilhando de raiva e lágrimas.

"Você é igual aos outros. Fome de poder e disposto a sacrificar qualquer coisa, até a mulher que te ama tanto, você me dá nojo, Eamon."

Cerrei os punhos, minha própria raiva ameaçando me consumir.

"Eu te amo, Isadora, mais do que qualquer coisa. Mas não vou ser feito de bobo. Não vou deixar você menosprezar minha posição como Alpha."

Com essas palavras, virei e saí da sala, a porta batendo atrás de mim.

"Alpha, alpha, alpha, é só isso que eu ouço, vai se ferrar, Eamon!!!. Vá para o inferno."

Ela gritou, mas eu não dei atenção.

Victor, meu sempre leal beta, estava esperando no corredor, preocupação estampada em seu rosto.

"Alpha," ele começou, mas levantei a mão para silenciá-lo.

"Agora não," ordenei secamente.

"Vamos tomar uma bebida primeiro."

Victor assentiu, entendendo a necessidade de um momento de descanso do turbilhão que nos envolvia.

Victor e eu entramos no bar, o ambiente mal iluminado em contraste com as emoções ardentes que corriam por nós. Encontramos uma cabine no canto, e sinalizei para o barman trazer duas bebidas, minha mente ainda pesada com a atitude de Isadora. Mas meu breve descanso foi interrompido quando a expressão de Victor escureceu.

"Alpha," ele começou, sua voz baixa e cheia de tensão.

"Recebi uma mensagem."

Meus instintos imediatamente ficaram em alerta máximo, e me inclinei mais perto, meus olhos fixos em Victor.

"O que é?"

Victor deslizou uma caixa de madeira pela mesa.

Levantei a tampa da caixa, revelando seu conteúdo macabro - um monte de cinzas.

"Restos de Luka. Alpha Jack mandou entregar," Victor falou, raiva em seus olhos.

Cerrei os punhos, uma onda de raiva crescendo dentro de mim, ameaçando consumir tudo em seu caminho.

"Aquele filho da puta..." sibilei entre dentes cerrados.

O maxilar de Victor se apertou, seus olhos refletindo a mesma fúria que me consumia.

"Ele cruzou a linha, Alpha. Isso é um desafio direto, ele não apenas os matou, ele enviou suas cinzas."

O peso da ameaça de Alpha Jack caiu sobre nós como um cobertor sufocante, e eu podia sentir a raiva crescendo dentro de mim, um inferno que ameaçava explodir.

Ahhhhggggg!!!

Sem pensar duas vezes, peguei meu copo e o arremessei contra a parede, o som de vidro quebrando ecoando pelo bar.

"Chega!" rugi, a adrenalina bombeando em minhas veias.

"Já tive o suficiente da loucura dele, vamos fazer ele pagar por isso. Vou fazer ele implorar pela morte!"

Minha raiva me levou a me levantar, e saí do bar, minha mente um turbilhão de planos e estratégias. Alpha Jack havia despertado uma fera dentro de mim, e ele logo se arrependeria disso.

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