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Capítulo 6

ISADORA POV

Quando finalmente chegamos aos arredores de Aleoria, a cidade vizinha, nossos corpos estavam exaustos da longa corrida. Lisa e eu sabíamos que precisávamos de um momento de descanso. Diminuímos o ritmo, ainda ofegantes, e observamos a cidade com uma mistura de alívio e cautela.

"Vamos encontrar um lugar para descansar um pouco," sugeriu Lisa, com a voz ligeiramente ofegante. "Não podemos continuar correndo assim; além disso, sua condição exige isso."

Assenti em concordância, meu coração grato pela chance de recuperar o fôlego. Enquanto caminhávamos pela cidade, os olhares curiosos dos habitantes caíam sobre nós. Eu podia sentir seus olhos nos estudando, avaliando os estranhos que haviam se aventurado em seu meio. Caminhamos pelas ruas, procurando um lugar onde pudéssemos descansar e encontrar refúgio - um canto tranquilo onde pudéssemos sentar e organizar nossos pensamentos.

Quando nos acomodamos em uma pequena pousada, virei-me para Lisa, a curiosidade me consumindo. "Lisa, posso te perguntar uma coisa? Como você acabou vivendo como uma forasteira na floresta? Qual é a sua história?"

O olhar de Lisa se tornou distante; seus olhos estavam nublados com memórias. "Não é uma história que gosto de compartilhar com frequência," começou, sua voz tingida com um toque de tristeza. "Eu fazia parte de uma matilha, um lugar que deveria ter sido meu lar. Mas as coisas tomaram um rumo diferente."

Ouvi atentamente, sentindo a dor por trás de suas palavras. "O que aconteceu?" perguntei.

"Fui rejeitada pelo meu próprio alfa, aquele que deveria ser meu companheiro," disse Lisa, sua voz quebrando de emoção. "Ele me chamou de feia e indigna de estar ao seu lado. Isso me destruiu."

Meu coração doeu ao tentar imaginar a dor que ela deve ter sentido. Ser rejeitada por alguém que deveria tê-la amado e protegido era um destino cruel.

"Sinto muito, Lisa," disse suavemente, estendendo a mão para tocar a dela. "Ninguém merece ser tratado assim."

Lisa me ofereceu um pequeno sorriso, seus olhos brilhando com lágrimas não derramadas. "Foi um momento difícil, mas me levou aonde estou agora. Vivendo como uma forasteira, aprendi a confiar em mim mesma e a encontrar força nas minhas próprias habilidades."

Admirei a resiliência e determinação de Lisa. Apesar das dificuldades que enfrentou, ela havia construído uma vida para si mesma, uma vida onde podia ser independente e livre.

"Fico feliz que você estava lá para me ajudar hoje," disse sinceramente. "Você me mostrou bondade quando eu mais precisava, e não vou esquecer isso."

Lisa assentiu, sua expressão suavizando. "Estamos juntas nessa, Isadora. Vamos encontrar uma maneira de enfrentar qualquer desafio que surgir."

"Da sua boca aos ouvidos da deusa da lua, minha querida. A propósito, como você conheceu seu namorado, se não se importa de eu perguntar?"

A expressão de Lisa mudou, uma mistura de hesitação e arrependimento cruzando seu rosto. "Conhecê-lo foi... complicado," começou, sua voz tingida com um toque de tristeza. "Ele nem sempre foi assim, sabe."

Ouvi atentamente, sentindo que havia mais na história do que aparentava. "O que você quer dizer?"

"Nos conhecemos quando eu ainda fazia parte da minha matilha original; ele era o melhor amigo do meu irmão no ensino médio, até eu ser rejeitada," explicou Lisa. "Ele era charmoso, confiante e parecia realmente se importar comigo. Na época, eu acreditava que ele era a pessoa que poderia curar as feridas da rejeição que eu havia sofrido."

Assenti, entendendo o apelo de encontrar alguém que parecia oferecer amor e aceitação após experimentar um desgosto. "Mas algo mudou?"

O olhar de Lisa se tornou distante; seus olhos estavam nublados com memórias. "Com o tempo, ele se tornou mais possessivo e controlador. Ele queria que eu dependesse completamente dele, a ponto de começar a tomar decisões por mim. Isso se tornou sufocante."

Eu podia sentir o peso das emoções de Lisa enquanto ela falava - a dor de estar presa em um relacionamento tóxico. "Sinto muito que você tenha passado por isso."

Lisa me ofereceu um pequeno sorriso de agradecimento. "Obrigada, Isadora. Isso já passou, e eu aprendi a valorizar minha independência."

Antes que eu pudesse responder, uma comoção do lado de fora da pousada chamou nossa atenção. O som de passos se aproximando e vozes ficou mais alto, acompanhado pelo tilintar de armaduras. Lisa e eu trocamos um olhar, ambas tensas ao perceber que o problema poderia ter nos encontrado novamente.

De repente, a porta do nosso quarto se abriu com força, e um grupo de guerreiros de matilha desconhecidos, vestidos com trajes vermelhos e pretos combinando, invadiu, suas expressões severas e inflexíveis, segurando uma bandeira com a frase "Matilha da Lua de Sangue" escrita em destaque. "Vocês duas vão vir conosco," declarou um deles, seu tom não deixando espaço para discussão.

Meu coração disparou enquanto trocava um olhar preocupado com Lisa. Sem dizer mais nada, fomos levadas para fora da pousada e mais para dentro da cidade, onde a casa da matilha estava localizada, e uma multidão se reuniu para testemunhar nosso dilema enquanto os guardas nos arrastavam. No centro de tudo, havia uma grande mansão, que eu acreditava ser o covil do Alfa.

O medo pesava fortemente em meu peito enquanto éramos levadas mais fundo no prédio. Uma figura alta e imponente estava parada, de costas para nós.

"Podem nos deixar," ele ordenou, sua voz carregando uma autoridade que fez os guerreiros da matilha recuarem sem uma palavra enquanto ele se virava. Lisa e eu ficamos sozinhas diante dele, nossos corações batendo forte em nossos peitos.

Ele nos olhou com uma mistura de arrogância e possessividade, seus olhos se estreitando ao se fixarem em mim. "Bem, bem, bem, o que traz a famosa Luna da Matilha do Lobo de Fogo de Aleoria ao meu humilde lar?"

Ele ponderou, sua voz gotejando superioridade.

O olhar do alfa não era apenas de reconhecimento; era de posse, e a realização me atingiu como uma tonelada de tijolos.

"Você me conhece?" perguntei, minha voz tremendo ligeiramente.

Ele riu, sua risada ecoando pela câmara. "Ah, eu sei de tudo, especialmente os movimentos dos meus inimigos."

"Inimigos?"

Minha mente correu enquanto eu tentava lembrar se já o havia ofendido antes. Mas nada me veio à mente. Ele era um total estranho para mim, e ainda assim parecia me conhecer intimamente e me considerar uma inimiga.

"Inimigos!!! Desculpe, mas não acho que já tenha cruzado seu caminho antes," eu disse, minha voz firme apesar do desconforto e confusão que fervilhavam dentro de mim. Eu realmente não conseguia conectar os pontos.

Ele se inclinou mais perto, seus olhos fixos nos meus com uma intensidade que me fez estremecer. "Vamos colocar desta forma, meu querido. Eamon ofereceu cem barras de ouro para trazê-la de volta viva - uma verdadeira fortuna. Bem, minha querida, eu sou o cara que está disposto a oferecer o dobro das barras de ouro para garantir que isso não aconteça, então pense novamente, minha querida; acredito que há um cérebro em algum lugar na sua cabeça."

Meu coração pulou uma batida quando a realização me atingiu como uma tonelada de tijolos. Ele é um dos muitos inimigos de Eamon, aqueles que não pouparão nada para destruí-lo.

"Eu sou Alpha Jack, líder da Matilha da Lua de Sangue," ele declarou, sua voz ressoando com uma mistura de autoridade e arrogância. "Aquela criança em seu ventre é uma abominação; se você fizer o que eu digo, eu lhe darei uma vida que você só pode sonhar, mas se escolher recusar, serei seu pior pesadelo; a bola está em seu campo."

Meu coração disparou enquanto as palavras de Alpha Jack pairavam no ar. Sua presença exalava domínio e poder, e o peso de seu olhar deixava claro que ele tinha a vantagem neste encontro.

As peças estavam se encaixando. O interesse de Alpha Jack em mim não era apenas coincidência; era estratégico. Minha conexão com Eamon - minha gravidez carregando seu herdeiro - tornou-se uma ferramenta potencial para ele tomar o poder.

"Isadora, você está ciente da importância da criança que carrega?" Alpha Jack perguntou, seus olhos nunca deixando os meus.

Assenti cautelosamente, sentindo uma mistura de vulnerabilidade e raiva pela maneira como minha vida estava sendo manipulada por essas lutas de poder. "Eamon foi votado como o próximo na linha para ser o Rei Alfa, mas ele não pode ser coroado sem um sucessor; se meu filho nascer, ele será coroado Rei Alfa, tendo um impacto significativo no futuro de nossas matilhas."

Os lábios de Alpha Jack se curvaram em um sorriso arrepiante. "Você não é apenas bonita, mas inteligente também, de fato, e aquela abominação crescendo em seu ventre, herdeiro de Eamon, é o único obstáculo que me impede de reivindicar o poder supremo."

O peso de suas palavras se assentou pesadamente em meus ombros. Meu filho ainda não nascido estava sendo usado como um peão em um jogo perigoso de domínio antes mesmo de seu nascimento. Meus instintos protetores surgiram, e eu lutei para esconder meu desconforto.

"Veja bem, Isadora," Alpha Jack continuou, sua voz gotejando malícia, "com você e seu filho sob meu controle, o reinado de Eamon desmoronaria. A lealdade de sua matilha vacilaria, e eu finalmente poderia tomar o que é meu por direito."

Senti uma onda de raiva e desafio com suas palavras. Meu filho não era um meio para um fim, e eu me recusava a deixar que alguém usasse nossas vidas para seus próprios ganhos.

"Eu não serei um peão no seu jogo," declarei, minha voz firme apesar do turbilhão dentro de mim. "O futuro do meu filho não será ditado pelas ambições de ninguém."

A diversão de Alpha Jack não vacilou. "Tanta determinação, Isadora. Eu admiro isso. Mas deixe-me ser claro: suas escolhas são limitadas. Você pode cumprir meus termos e garantir a segurança de seu filho, ou pode enfrentar as consequências. Você tem até o amanhecer de amanhã, ou eu pessoalmente arrancarei essa desgraça de bebê do seu ventre com minhas garras."

Alpha Jack soltou uma risada fria que ecoou pelas paredes da câmara, um som arrepiante enquanto ele continuava. "Quão estúpida você é ao pensar que realmente tem uma escolha. Sua conformidade é inegociável."

Enquanto ele se virava, seus guerreiros da matilha retornaram, e eles agarraram a mim e a Lisa enquanto nos levavam para uma masmorra para passar a noite.

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