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"O que você está fazendo aqui, professor?", perguntei, tentando disfarçar meu nervosismo.

"Marquei uma reunião com o Professor Keaton sobre um projeto interdisciplinar para o segundo ano," ele sorriu, parecendo muito animado e me deixando ainda mais irritada. "E não se esqueça de me trazer aquele documentário amanhã, Cassano."

"Pode deixar, Suan," ouvi o Professor Cassano dizer, sem emoção na voz, e então a porta se fechou, me deixando sozinha com ele. Pensei em apertar algum botão e parar em algum andar para escapar daquele ambiente perigoso, mas assim que minha mão se aproximou do painel, ele agarrou meu braço com força e me puxou em um movimento brusco.

"O que é isso?", quase gritei, enquanto ele segurava meu outro pulso e me pressionava contra a parede. "Me solta!"

"Cala a boca," ele murmurou, e sem aviso, me beijou. Tentei me afastar dele e não deixar que aprofundasse o beijo, mas a pressão que ele fazia em meus lábios era tão forte que fez minha boca latejar. Mesmo tentando ao máximo não deixar que fosse mais do que um beijo indesejado, senti meus músculos cederem à pressão que ele exercia e se abrirem para sua língua.

Lutei desesperadamente, tentando acertar seu joelho ou morder seu lábio, mas ele estava tão colado a mim que mal conseguia mover qualquer músculo. Tentei gritar, mas abrir a boca para fazer qualquer som só piorou minha situação. Olhei para o painel do elevador e vi que ainda estávamos no quarto andar. Sem chance de defesa, a única maneira era continuar lutando até machucá-lo de alguma forma ou fazê-lo desistir.

Aos poucos, ele deslizou as mãos, trazendo meus pulsos com ele, até que meus braços estavam ao lado do meu corpo. Ele continuou me segurando firme e me beijando intensamente. Seus músculos, evidenciados pela blusa apertada que ele usava, se contraíam muito perto do meu torso, e por pior que fosse a situação, era inegável que ele estava em excelente forma física. Quando olhei para o painel e vi que estávamos no segundo andar, ele abriu os olhos e encarou os meus, ainda me beijando. Uma sensação estranha percorreu meu corpo quando nossos olhos se encontraram tão de perto, o que só me fez tremer ainda mais.

Ele quebrou o beijo, puxando meu lábio inferior lentamente, e se afastou, ainda me encarando intensamente. A porta do elevador se abriu, chegando ao primeiro andar lotado, e sem dizer uma palavra, ele limpou a boca com as costas de uma mão e saiu como se nada tivesse acontecido. Incapaz de me mover por algum motivo desconhecido, permaneci encostada na parede do elevador, tremendo da cabeça aos pés e com o coração acelerado. De medo e indignação, claro, afinal não é todo dia que o professor que você mais odeia te beija no elevador.

"Lil?", ouvi a voz de Anne me chamando, não sei quanto tempo depois, e quando olhei para a porta, a vi parada ali com um olhar preocupado no rosto. "Você está pálida, o que aconteceu?"

"N-nada, só um mal-estar," gaguejei, minha voz falhando, e esperando que minhas pernas trêmulas me sustentassem, saí do elevador. "Vamos, minha mãe já deve estar me esperando."

Anne não fez mais perguntas, embora não acreditasse completamente na minha resposta, e me acompanhou até a saída. Durante todo o dia, a lembrança daquele beijo e daquela sensação estranha me assombraram, e à noite o sono demorou a chegar. Virei de um lado para o outro na cama, tentando tirar o Professor Cassano da cabeça, até que finalmente adormeci.

"Você tem aula com o Suan hoje?", Anne perguntou, enquanto subíamos as escadas para nossas aulas.

"Tenho, por quê?", perguntei, distraída ouvindo música, ou pelo menos tentando. Só de lembrar das aulas que teria hoje, meu estômago revirava. Fazia exatamente seis dias que eu não via a sombra do Cassano, e hoje teria minha última aula com ele. Um arrepio percorreu minha espinha, mas fingi que nada tinha acontecido e continuei cantarolando a música que tocava no meu iPod.

"Por que você não fala com ele de novo sobre o Professor Cassano?" ela sugeriu simpaticamente, "Não sei, talvez ele te ajude desta vez."

"Como ele vai me ajudar contando para o Cassano que eu fui lá pedir ajuda?", retruquei, balançando a cabeça negativamente. "Não vou dizer nada, não quero envolver mais ninguém nisso. Se o Cassano inventar alguma mentira sobre mim, até o Suan vai começar a me dar nota C."

"Bem, é com você," Anne encerrou, derrotada. "Eu falaria com o Suan de novo depois de pegar aquela prova de recuperação com um C gigante e injusto, mas é sua decisão."

"Vou pensar no que fazer," suspirei, entrando na sala enquanto Anne entrava na sala ao lado. Até o ano passado, ela estava na minha turma, mas este ano o diretor fez uma bagunça na rematrícula e ela acabou em uma turma separada. Estávamos tentando fazer com que ela mudasse de turma, mas aquele diretor estúpido estava de alguma forma implicando com a gente. Pode parecer exagero, mas às vezes parece que o mundo conspira contra mim.

Como nas três primeiras aulas os professores decidiram passar muito material, não tive muito tempo para pensar em nada. Durante o intervalo, Anne e eu nem conversamos direito, porque enquanto eu ouvia música no volume máximo, ela estudava química. Perdida em pensamentos, logo voltei à realidade quando vi novamente o Sr. Suan conversando com o Professor Cassano na porta da sala dos professores. Ambos riam e gesticulavam, e o Sr. Suan ria tanto que me deu vontade de rir junto com ele.

Mas embora meu coração acelerasse ao ver o Professor Suan, olhar para o Cassano pela primeira vez depois do incidente no elevador fez meu peito apertar. Ele estava vestindo uma camisa social roxa escura simples, jeans preto apertado e um All Star da mesma cor. Enquanto caminhava lentamente em direção à cafeteria, ainda conversando, uma pergunta cruzou minha mente. Como eu nunca tinha notado o quão bonito ele era? Consideravelmente alto, corpo bem definido, cabelo de um jeito bagunçado atraente... É, talvez eu estivesse ocupada demais copiando relatórios ou odiando seu jeito de ser para prestar atenção na aparência dele. Mas mesmo sendo bonito, nada poderia me fazer sentir bem por ele. Nada mesmo.

Senti Anne me cutucar, e tirei os fones do iPod, despertando para a vida.

"Vamos, o sinal tocou e eu tenho uma prova agora," ela disse, fazendo uma cara entediada.

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