Capítulo 3 - Encontro com um caçador
“Agora é um bom momento para dizer 'eu te avisei'?” Enyo pergunta, com os pelos eriçados.
“Não ajuda em nada,” digo a ela, com o coração martelando no peito enquanto me viro lentamente para encarar a casa, encontrando um velho parado na porta da frente com uma espingarda de repetição apontada para nós.
“Sr. Stokes?” chamo, “Meu nome é Athena Argos. Estou aqui apenas para conversar com você.”
“Eu sei quem você é, vira-lata. E você não é bem-vinda aqui,” ele diz friamente. “Como você me encontrou?”
“Derek Williams me deu seu endereço,” digo calmamente, e o velho parece surpreso com isso. Levanto as mãos acima da cabeça e dou a volta na frente do caminhão. “Sr. Stokes, se você sabe quem eu sou, então pode me dizer o que sabe sobre o que aconteceu com minha alcateia? Derek disse que você poderia me ajudar.”
Ele me estuda por um momento antes de responder. “Arrogante, lobinha. Igual aquele seu Alfa,” ele diz enquanto cospe no chão. “Niko achava que estava acima de tudo. Mas nós mostramos a ele,” ele diz com um sorriso cruel se espalhando pelo seu rosto velho e enrugado.
“Nós? Você estava envolvido?” pergunto, dando um passo lento em sua direção.
“Eu estava lá. A alcateia inteira deveria ter sido exterminada. Mas vou dar crédito ao seu pai: ele treinou bem seus guerreiros. Pena que ele mesmo não estava à altura da tarefa,” ele diz com um sorriso cruel, e ri.
Eu tremo de raiva enquanto me aproximo lentamente do velho caçador. Um rosnado baixo escapa da minha garganta, e ele para de rir, seus olhos frios se fixando nos meus, enquanto eu luto para manter Enyo sob controle.
“Chega, vira-lata. Agora saia daqui antes que eu acabe com você também,” ele aponta a espingarda de volta para mim.
“Calma, Enyo!”
“Se ele disser mais uma coisa sobre o papai, eu vou arrancar a garganta dele!”
“Não podemos machucá-lo. Precisamos das informações que ele tem.”
“Como você sabe algo sobre mim ou meu pai?” pergunto, tentando fazê-lo falar mais.
“Estudamos sua alcateia por quase três anos antes de atacar. Tínhamos que ter certeza de que estávamos prontos.”
“Quem é 'nós'?”
Ele dá uma risada sarcástica. “Eu participei de uma das maiores operações dos últimos cem anos,” ele diz orgulhosamente.
“Do que você está falando?” pergunto, cada vez mais confusa.
“Havia um trabalho a ser feito, e fomos encarregados de completá-lo.”
“Nada disso faz sentido. Foi uma alcateia rival que nos atacou.”
“Uma alcateia rival que usou balas de acônito?” Ele sorri, e eu congelo. “Era uma alcateia rival, sim, mas uma que você nunca ouviu falar antes. Uma que incluía licantropos renegados, lobisomens e caçadores, todos trabalhando lado a lado.”
“Você está mentindo... Não há como licantropos e lobisomens trabalharem juntos, muito menos se fossem renegados. E não há como caçadores trabalharem com as próprias coisas que vocês odeiam e caçam,” digo com um rosnado baixo. “Diga a verdade.”
“Sua alcateia era uma ameaça. E tivemos que derrubá-los antes que... Bem. Vamos apenas dizer que a ameaça era tão grande que não podia ser ignorada, e conseguimos deixar nossas diferenças de lado para trabalhar juntos,” ele diz com um encolher de ombros.
“Que ameaça?” pergunto furiosa. “Não éramos uma ameaça para ninguém!” grito, perdendo a paciência, enquanto meu mundo começa a desmoronar ao meu redor. “E isso não significa que vocês falharam? Você mesmo disse que nossos guerreiros eram bem treinados demais. Nossa alcateia sobreviveu.”
“Já falei o suficiente. Agora cai fora,” ele diz e dispara a espingarda no ar acima da minha cabeça. “Último aviso...”
Ele não consegue terminar a frase, pois eu grito de raiva e avanço sobre ele, derrubando-o no chão. A espingarda é arrancada de suas mãos, e eu caio em cima dele. Estendo minhas garras afiadas e as cravo no lado do seu peito enquanto rosno em seu rosto chocado.
“Por favor, não me mate,” ele implora, seus olhos arregalados de pânico.
“POR QUE VOCÊS NOS ATACARAM?” rosno e cravo minhas garras mais fundo em seu peito, o cheiro do seu sangue chegando às minhas narinas.
“Eu já disse! Por favor! Estávamos apenas seguindo ordens!” Ele chora de dor, seus olhos suplicando para mim enquanto tosse, e o sangue enche sua boca.
“ORDENS DE QUEM?”
“Eu não sei quem! Não foi só sua alcateia que atacamos. Tudo foi organizado por uma terceira parte. Pergunte ao Derek. Ele sabe,” ele diz.
Eu recuo um pouco, chocada com o que ele disse sobre Derek.
‘VIU! Eu te disse que ele não prestava!’ Enyo rosna.
Eu grito quando sinto uma dor aguda no lado do meu peito, e viro a cabeça rapidamente, vendo uma faca na mão dele, coberta de sangue.
‘Ele nos esfaqueou!’ Enyo rosna.
Ela assume o controle, avançando, e nós nos transformamos completamente. Tento retomar o controle, mas ela me bloqueia. Tudo parece acontecer em câmera lenta, enquanto Enyo o agarra pela garganta, seus dentes rasgando a artéria carótida dele, e ela sacode a cabeça e quebra seu pescoço. Enyo recua e olha para o corpo sem vida dele. Eu rapidamente tomo o controle de Enyo enquanto ela está distraída e volto à forma humana.
‘Enyo... O que você fez?!’ grito, chocada. Limpo o sangue ao redor da minha boca com as costas da mão. O gosto metálico do sangue dele na minha boca me faz engasgar enquanto olho para o corpo sem vida de Bill Stokes.
‘Ele nos esfaqueou, e ele estava lá! Qualquer um envolvido na morte do papai precisa morrer!’ Ela rosna.
‘Nós não somos assassinas, Enyo!’
‘Já matamos antes!’ Ela diz agressivamente.
“Isso foi diferente,” murmuro. ‘O que diabos eu faço agora?’ penso comigo mesma.
‘Você queria vingança? ESTA é a nossa vingança! Como mais você achava que íamos vingar o papai?’
“Não assim!” grito enquanto tremo, uma brisa fria passando por mim, e lembro que minhas roupas foram rasgadas quando nos transformamos. “Precisamos levá-los ao conselho,” digo enquanto corro até meu caminhão, pego a mochila onde carrego roupas extras e pego um par de botas do chão.
‘O conselho é inútil, Athena! Se o que o caçador disse é verdade, isso é muito maior do que pensávamos!’ ela diz enquanto eu rapidamente me visto com uma calça de moletom e uma camiseta. Coloco as botas e encontro um suéter extra na mochila, depois coloco a mochila de volta no caminhão e volto para o corpo.
‘Eu sei que você está com medo, Athena, mas precisamos estar na mesma página sobre isso,’ Enyo diz suavemente. ‘Deixamos nossa alcateia para encontrar a verdade e vingar o papai. Como mais você achava que íamos fazer isso?’
‘Eu te disse. Encontrando quem estava por trás disso e levando-os ao conselho,’ digo enquanto cruzo os braços, tentando me manter aquecida.
‘O conselho nunca vai acreditar em nada disso. Temos que fazer isso nós mesmas.’
“Talvez…” suspiro enquanto olho para Bill Stokes, seu sangue se espalhando na varanda pela ferida aberta em seu pescoço.
‘Apenas deixe-o. Precisamos falar com Derek,’ Enyo diz com um rosnado.
‘Por quê, para você matá-lo também?’ digo asperamente enquanto olho ao redor, tentando bolar um plano. Derek disse que ele mora sozinho, então talvez eu devesse simplesmente deixá-lo.
‘Olha, Derek sabe mais do que está nos contando. Ele claramente nos enviou aqui, esperando que o caçador nos matasse. Eu sei que você está com raiva, mas precisamos descobrir o que ele sabe.’
Ela tem razão. Derek claramente está me manipulando. Precisamos de respostas. Eu me abaixo e pego a faca com a qual o caçador me esfaqueou e volto para o meu caminhão, entrando. Vasculho minha mochila e encontro uma toalha para embrulhar a faca, depois a coloco de volta na mochila. Ligo o caminhão e dirijo de volta pela entrada circular. Olhando no retrovisor enquanto me afasto da casa, vejo o corpo de Bill Stokes deitado na varanda enquanto a neve volta a cair.
A viagem de volta à cidade parece levar horas. Posso sentir Enyo andando de um lado para o outro na minha mente, e estou tremendo de raiva e medo. Talvez eu devesse voltar e mover o corpo dele. E se alguém o encontrar ou me vir lá com meu caminhão?
‘Deusa, eu não esperava que o dia de hoje fosse assim,’ penso comigo mesma enquanto verifico o retrovisor novamente para garantir que ninguém está nos seguindo.
Finalmente viro na Hilltop Road vindo da Main Street e encontro facilmente um lugar para estacionar na rua tranquila. Respiro fundo e tento me recompor. Movo o retrovisor para prender meu cabelo em um rabo de cavalo e percebo que ainda tenho sangue no pescoço e nas mãos. Meu rosto empalidece enquanto alcanço minha mochila, pego os lenços umedecidos que tenho lá e começo a me limpar.
Meu telefone toca de repente no banco, me fazendo pular, e meu coração parece que vai sair do peito quando olho para baixo e vejo que é minha mãe de novo.
‘Você não pode continuar ignorando ela, Athena. Ela vai se preocupar,’ Enyo diz.
Suspiro e atendo o telefone. “Oi, mãe, como você está?” pergunto, tentando soar alegre.
“Athena! Feliz aniversário!” Mamãe grita.
“Obrigada, mãe.”
“Você notou algo diferente? Algum sinal de um companheiro?” Ela pergunta animada.
“Não, mãe, nada ainda. Como você está? Como está a alcateia?” pergunto, tentando mudar de assunto.
Ela suspira. “A alcateia está bem, Athena. O Alfa Damon tem visitado outras alcateias para discutir os novos tratados de paz. Você soube que ele encontrou sua companheira?”
“Ele parou de tentar encontrar a alcateia que nos atacou?” pergunto, incrédula.
“Ninguém sabe de nada, Athena. Todos estão apenas tentando seguir em frente. Você deveria fazer o mesmo, querida,” ela diz, soltando um pequeno soluço.
“Desculpe, mas eu não posso fazer isso, mãe. Não vou parar até descobrir a verdade. Eu devo isso ao papai,” digo enquanto as lágrimas começam a encher meus olhos. “Eu o deixei sozinho naquele dia. Eu deveria estar lá para protegê-lo...”
“Esse não era seu trabalho, e seu pai não gostaria disso, Athena. Ele gostaria que você assumisse seu lugar como nossa Gamma. Por favor, volte para casa. Eu preciso de você aqui.”
“Eu tenho que fazer isso, mãe. Desculpe,” murmuro enquanto puxo um fio do meu moletom.
Mamãe suspira novamente. “Tudo bem, Athena. Apenas me prometa que vai se cuidar. Eu não suportaria perder você também.”
“Eu prometo, mãe. Eu te amo.”
“Eu também te amo, querida.”
Termino a ligação e choro, liberando tudo o que tenho segurado desde que deixamos a alcateia.
‘Você não contou a ela o que o caçador disse,’ Enyo diz baixinho.
Eu assoo o nariz e limpo os olhos. ‘Qual é o ponto? Não muda nada até termos mais informações,’ digo.
‘Acho que você está certa. Vamos descobrir o que Derek sabe.’
Eu concordo com a cabeça e termino de me limpar, garantindo que não há mais sangue em mim, e prendo meu cabelo de volta em um rabo de cavalo. Então, saio do caminhão e caminho até o pequeno prédio onde fica o escritório de Derek. Entro pela porta principal, sigo pelo corredor e paro na porta do escritório de Derek. Enyo está em alerta máximo enquanto bato na porta e tento girar a maçaneta para entrar, mas está trancada. Então, bato na porta mais forte. “Derek! Você está aí?” grito.
Pressiono meu ouvido contra a porta, mas não ouço ninguém lá dentro. Então, volto para fora até meu caminhão e pego meu telefone. Encosto-me na porta do caminhão e ligo para Derek, mas vai direto para a caixa postal.
“Derek, é a Athena. Onde diabos você está? Precisamos conversar. Me ligue o mais rápido possível.”