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04 - Sendo intenso...

POV ISABELA

"Você sabe qual é a minha maior força? E, ao mesmo tempo, qual é a minha maior fraqueza? Ser intensa. Ser intensa faz você querer viver cada momento ao máximo, e às vezes não percebemos que são apenas momentos passageiros. Ser intensa faz a gente se importar demais. (Não que isso seja uma coisa ruim, mas às vezes eu me importo tanto, mais do que deveria, e isso me quebra.) Ser intensa significa ser forte e ao mesmo tempo perder a força, pois as expectativas podem ser frustradas. E não importa o quanto eu tente me dizer, Está tudo bem, essa tempestade vai passar. Às vezes, eu sou a própria tempestade. Ser intensa é... Ser muito profunda. Muito imensa. Muito viva..."

Aperto 'enter' no teclado do meu notebook ao terminar a última linha do post do blog. Sim, eu tenho um blog. Um blog de sucesso, eu diria. 1 milhão de pessoas me seguem nesse blog, mas claro, ninguém sabe que eu sou a dona. Eu simplesmente gosto de escrever, e com meu amor pela escrita, combinei minha solidão no casamento e criei esse blog. Onde escrevo sobre sentimentos...

Em apenas alguns minutos, já posso ouvir o som de notificação do meu dispositivo eletrônico, indicando que as pessoas já estão curtindo e comentando no meu post do dia.

Meu telefone toca na mesa. Suspiro cansada e pego o telefone, vendo o nome de Alex piscando na tela.

"Oi, amigo," digo ao atender a ligação.

"Você estava inspirada hoje," ele diz animado. Esqueci de mencionar que Alex é a única pessoa que sabe sobre o meu blog e sempre lê tudo o que eu posto. Se eu tenho um fã, essa pessoa é o Alex.

"Nada de especial," digo casualmente, tirando os óculos e esfregando os olhos.

"Mulher, eu amei cada linha desse post. Me identifiquei tanto. Você sabe que eu sou uma pessoa intensa!"

Sorrio com o elogio.

A coisa boa sobre o Alex saber do meu blog é que ele sempre dá sua opinião, e isso me ajuda muito.

"Estou muito cansada, Alex. Vou para a cama," digo.

"Que pena; eu queria te chamar para um bar," ele resmunga.

"Felizmente, estou pronta para dormir agora," digo, fechando o laptop e me levantando da cadeira. "Você precisa parar de tentar me chamar para sair. Você sabe que eu não gosto..."

Posso ouvi-lo suspirando do outro lado da linha.

"Você precisa sair e se divertir, Isa," ele diz firmemente. "Agora que você está solteira, precisa aproveitar a vida e tentar compensar os 15 anos que passou com aquele idiota."

Reviro os olhos com suas palavras.

"Qual é o seu problema com o Daniel, afinal?" pergunto, querendo realmente saber o motivo de todo esse ódio. Alex nunca gostou do meu ex-marido, e antes, eu não dava muita atenção, mas agora quero saber.

"Eu não tenho problema com ele. Só odiava a maneira como ele te tratava, e depois? Depois eu fiquei irritado, e uma vez irritado, minha querida, não tem volta. Ele me irrita só de respirar no mesmo ambiente que eu," ele diz tudo de uma vez sem pausar, depois respira fundo. Posso ouvir o barulho de uma porta se abrindo e fechando.

"Você vai sair?" pergunto curiosa.

"Vou. Você vem?" ele pergunta.

"Não tenho energia para te acompanhar," digo.

"Lá vem você de novo, dizendo que está velha," ele zomba, e tenho quase certeza de que ele deve estar revirando os olhos e coçando para me dar uma bronca. "Você, aos 35, está maravilhosa e perfeita. Você deixa muitas garotas de 18 a 19 anos no chinelo. Você sabe que é linda, Isa. O tempo só foi bom para você, e vou dizer mais; você está no seu auge."

Sorrio com os elogios.

Todo mundo deveria ter um amigo como o Alex; ele é simplesmente perfeito. Ele sempre me coloca em um pedestal.

"Vem comigo, por favor!" ele reclama. "Vou passar na sua casa!"

"Alex, estou exausta! Quero dormir," resmungo.

"Dorme quando morrer! Estou indo aí," ele anuncia.

"Vou me arrumar," digo, cedendo.

Eu precisava sair, penso.

Agora são exatamente 23h e me sinto sozinha nesta casa enorme. Estou me sentindo solitária...

Minha filha não quer voltar para casa sem o pai, então ela fica na casa dos meus pais.

E eu fico sozinha na minha casa.

Para evitar cair em uma depressão terrível, me enterro no trabalho. Mas há momentos em que não há mais nada para fazer, e me encontro aqui, sozinha...

"Isso aí!" ele grita animado, me tirando dos meus pensamentos.

"Até logo!" eu disse, encerrando a ligação. Sorrio, pensando no meu amigo. Ele é louco, mas é meu amigo.

(...)

"Uau!"

Alex se afasta do seu carro preto e caminha em minha direção.

"Você está perfeita, Isa!" ele diz, pegando minha mão direita e me girando. "Se não fôssemos amigos, eu estaria com você sem pensar duas vezes."

"Obrigada, Alex. Para onde vamos?" pergunto curiosa.

Eu não sabia para onde estávamos indo, então optei por algo bem básico. Um vestido preto com uma abertura nas costas e alguns detalhes brilhantes. Ele se ajustava perfeitamente, acentuando minhas curvas.

"Vamos a uma boate. A inauguração de um amigo," ele me informa, segurando minhas mãos e me guiando até o carro. Ele abriu a porta para mim, e eu entrei no carro, sentindo o perfume dele no ar. Alex fechou a porta depois que eu entrei e deu a volta no carro para entrar no seu assento. "Estou feliz que você aceitou sair um pouco. Você sabe que odeio te ver sozinha em casa."

"Obrigada por ser o amigo maravilhoso que você é," digo, segurando a mão dele. "Talvez, só talvez, eu precisasse sair."

"Eu sei que você precisava," ele diz, piscando para mim e olhando para frente, girando a chave de ignição para ligar o carro.

Alex estacionou o carro no estacionamento da boate, que estava lotado de pessoas. Ainda havia muitas pessoas do lado de fora, e tenho certeza de que está ainda pior lá dentro.

"Está lotado, hein?" comento quando ele abre a porta do carro para eu sair.

"Noites de inauguração são assim. Mas vamos ficar na área VIP, sem a multidão."

"Não vamos conseguir entrar lá até amanhã com essa fila," digo, olhando para a fila de pessoas virando a esquina.

Mal cheguei e já queria ir para casa. Não imaginei que estaria tão lotado assim.

"Quem disse que vamos esperar na fila?" ele pergunta, cruzando os braços. "Sou amigo do dono." Ele se gabou, me puxando em direção ao segurança na porta principal.

Alex conversou com o segurança por alguns momentos; o segurança disse algo no rádio, e logo autorizou nossa entrada. Pude ouvir algumas pessoas reclamando, e não é para menos...

Dentro da boate, observo seu interior; é bonita e bem decorada. Suas cores são em tons de preto e vermelho. A pista de dança está completamente lotada, e duvido muito que a multidão do lado de fora consiga entrar aqui. Alex entrelaça nossos dedos e começa a caminhar entre as pessoas; subimos uma escada em direção à área VIP, menos lotada.

"Quer algo para beber?" ele pergunta no meu ouvido.

"Quero. Vou deixar você escolher a bebida hoje."

"Um erro confiar em mim assim," ele ri maliciosamente. "Já volto," ele me informa.

Assinto, observando-o se afastar para pegar nossas bebidas.

Caminho pela área VIP, procurando um lugar mais tranquilo, e encontro um. Havia um pequeno sofá vermelho ali, e eu imediatamente me sentei para esperar meu amigo. Observo tudo ao meu redor, notando pessoas bebendo, dançando, se divertindo...

Sinto como se alguém estivesse me observando, como se estivesse sendo vigiada. Varro a área com os olhos, procurando alguém, mas não encontro ninguém.

Balanço a cabeça. Estou ficando louca...

Tiro meu telefone da pequena bolsa e verifico a hora. Já passa da 1:00 da manhã.

Quando imaginei ir a uma boate a essa hora?

Pelo amor de Deus, se o Daniel descobrir, ele vai falar tantas coisas na minha cabeça.

Tiro os olhos da tela do telefone, olhando para cima e dando de cara com o motivo dos meus pensamentos recentes e inoportunos.

Noah Coopers.

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