Capítulo 3
Por que estou indo para esse lugar esquecido por Deus na Flórida de novo?
Kyle Montgomery vinha se fazendo essa pergunta desde que desembarcou em Tampa na noite anterior. Por que seus pais não decidiram abrir um novo hotel lá, em um ambiente metropolitano? Tampa tinha muito a oferecer em termos de compras e locais de entretenimento, além de uma vasta seleção de atividades turísticas. Ele também havia feito algumas pesquisas e descoberto que uma abundância de convenções eram realizadas nos vários hotéis a cada ano.
Essas eram as coisas nas quais ele gostava de se envolver. Instalações que carregavam a marca Montgomery, que ofereciam tudo aos hóspedes e organizadores de convenções. Ele sabia que seus pais haviam começado com um bed-and-breakfast, mas, pelo amor de Deus. Eles já tinham avançado muito além disso. Agora ele tinha que desperdiçar seu tempo em uma pousada de beira de estrada provavelmente deprimente quando tinha outras coisas para fazer. Havia muito trabalho esperando por ele nos escritórios corporativos em Dallas, e ele estava ansioso para voltar.
Mas sua mãe, Brenda Anderson Montgomery, parecia ser tão intrometida quanto seu irmão, seu tio Joseph. O homem havia casado três filhos bilionários. Não, no entanto, sem muito sofrimento da parte deles. Ele tinha feito o possível para evitar o mesmo destino, mas, ao que parecia, lá estava ele.
"Não quero esperar muito para ser avó," ela continuava dizendo. "Você é o mais velho e minha melhor esperança, então se apresse."
Ele ria e perguntava, "Você nunca ouviu falar em deixar a natureza seguir seu curso?"
"De vez em quando a natureza precisa de um empurrão," ela retrucava.
Ele só concordou com isso para tirá-la de suas costas. Ele não tinha interesse em um bed-and-breakfast ou nos tipos de pequenas cidades que seus pais lhe falavam. Turismo que se dane, ele poderia ganhar cem vezes mais dinheiro abrindo sua marca de hotéis nas áreas apropriadas. Sem mencionar o que poderia arrecadar com as comodidades que poderia oferecer.
"Nem sempre é sobre o dinheiro," sua mãe protestou quando ele mencionou isso.
"Diga isso ao meu pai. Acho que ele tem gravatas com cifrões."
Seu maior problema era que ele tinha uma suspeita subjacente de que seus pais tinham mais em mente do que comprar um B&B. E, droga, se isso não o irritava tanto quanto. Ele era muito velho para seus pais arranjarem alguém para ele.
"Apenas vá," Brenda insistiu. "Se você absolutamente odiar, nos ligue e nos avise, e você está livre."
Na verdade, ele tinha vários motivos que chamava de "válidos" para fazer essa viagem que ele tinha certeza que seria um pé no saco. Por um lado, ele queria tirar seus pais de suas costas. Eles estavam cantando a música dos avós cada vez mais alto. Ele odiava admitir, mas isso estava se tornando repetitivo para ele. Ele estava cansado de lidar com tudo isso. Talvez ele se tornasse um solteirão confirmado e rabugento, ganhando dinheiro, mas não filhos. Claro, seus pais nunca o deixariam em paz por causa disso.
Além disso, ele não queria mais confrontos com Charlotte Hamilton, que parecia não entender que o tempo deles juntos havia acabado. Nas últimas semanas, ela vinha insistindo para que ele a levasse ao grande Baile do Medalhão no clube de campo. Normalmente, as mulheres com quem ele saía sabiam das regras - viver o momento sem compromisso para o futuro. Ultimamente, porém, elas estavam ficando inexplicavelmente pegajosas. Charlotte era provavelmente a mais pegajosa de todas. Se ele fosse ao baile sozinho, teria que lidar com a chatice dela, sem mencionar evitar todas as mulheres solteiras que o veriam como um alvo fácil.
E, finalmente, ele estava cansado de discutir com seus pais sobre o desejo declarado deles de abrir uma nova filial dos Hotéis Montgomery.
"Você precisa ampliar seus horizontes," seu pai, Hal, lhe disse enquanto ele ligava a caminho do aeroporto. "Você está preso em uma rotina."
"É uma rotina que eu gosto," ele protestou. "E eu me saio bem nela."
Ninguém podia negar que ele havia feito alguns movimentos lucrativos para a corporação. E fez de si mesmo, de seus pais e de seus irmãos bilionários no processo. Agora, ele se sentia como uma criança que havia sido mandada para a detenção pelos pais. Ele tinha trinta e cinco anos, pelo amor de Deus.
"A vida é mais do que apenas isso," sua mãe insistia. "Seu pai e eu sentimos que te pressionamos demais. É hora de você se casar. Ter filhos."
E, caramba, ele estava cansado de ouvir essa mesma ladainha repetidamente.
"Quando eu estiver pronto," ele insistia repetidamente.
"Você nunca estará pronto se deixarmos por sua conta," sua mãe lhe disse. "Você precisa começar a ver o tipo de mulher que se preocupa mais com a família e menos com ser fotografada."
"Essas fotografias ajudam a vender ocupação em nossos hotéis," Kyle protestou. "E atraem investidores."
"Eu preferiria ter uma bela foto de família sua, sua esposa e alguns filhos." Esse comentário veio de seu pai.
"Eu não vou para a Flórida," ele insistiu. "É uma perda de tempo."
Então, como ele acabou aqui em Tinyview, Flórida, ou seja lá como se chamava esse lugar? Porque, no fim das contas, ele achou que era mais fácil do que discutir com eles. Então, lá estava ele. Fugir nessa viagem acabou sendo um alívio bem-vindo para ele, por mais que reclamasse disso.
E o que ele deveria fazer consigo mesmo, afinal? Ele tinha ordens estritas de não deixar transparecer que estava lá para avaliar o lugar como uma possível compra. Então, o que alguém faz em um ponto no mapa por quatro ou cinco dias?
Pelo menos ele fez a reserva com o nome de Kyle Montgomery, caso alguém lá soubesse quem era Roger Montgomery. Ele usava seu nome do meio com a família e amigos. Roger era o executivo rico. Kyle era a pessoa privada. Ele se esforçava para manter esse nome do meio fora do radar.
A American Express o fez pular obstáculos para emitir um segundo cartão com o nome de Kyle Montgomery em vez de seu nome completo. Mas foi necessário. Um deslize como esse poderia ter comprometido tudo. Quando fez a reserva, hesitou em dizer de onde era. Mas então pensou, que se dane. Eles não estariam esperando que alguém dos Hotéis Montgomery estivesse verificando a instalação deles. Eles nunca ligariam os pontos.