Capítulo 3 A data falsa pode ser real
O restaurante se chamava Mangiamo, e Emily tinha ouvido dizer que era um dos melhores da cidade. Ela vislumbrou taças de cristal finas e pinturas clássicas. Parecia tão tentador. O único problema era que ela era uma designer júnior, não uma milionária.
"Ah... você se importaria se escolhêssemos algo mais simples?" ela perguntou. "Isso está muito além do meu orçamento."
"Eu não pareço um homem para você? Você me insultaria se sequer mencionasse pagar," Byron disse severamente.
Bem, isso era uma grande diferença em relação ao encontro que ela teve mais cedo, que ficou feliz em dividir a conta com ela, mesmo sendo o primeiro encontro e ele poderia pelo menos ter tentado impressioná-la pagando tudo.
"Mas já são 1 da manhã; está fechando," Emily disse, notando o horário de funcionamento claramente escrito na janela da frente do restaurante.
"Não se eu puder evitar," Byron disse calmamente, "Vamos, Emily Danzi. Preciso da opinião de uma verdadeira italiana sobre a comida daqui."
Havia apenas alguns clientes dentro, e eles já estavam pagando a conta. Estava quieto, sem música tocando. No entanto, quando o homem de meia-idade atrás do bar viu Byron, veio cumprimentá-lo com uma exclamação feliz.
"Amadeo!" Byron disse enquanto era puxado para um abraço forte, "Ótimo te ver."
"Está tudo bem, Byron?" Amadeo perguntou.
"Estou com fome," Byron respondeu. "Sei que provavelmente foi uma noite longa, mas isso deve resolver seus problemas."
Ele puxou cinco ou seis notas de cem dólares e entregou o dinheiro ao trabalhador do restaurante.
"Não, não, não," Amadeo disse, "Se você está com fome, é um prazer alimentá-lo."
"Eu insisto," Byron disse, fechando os dedos nodosos do homem mais velho ao redor das notas.
"Ok, se você insiste, Byron," Amadeo então se virou para Emily, "Você já esteve em nosso restaurante antes, senhorita?"
"Não," ela disse.
"Você está prestes a ter uma surpresa!"
Ele correu para a cozinha, enquanto Emily ficou ali, atônita por um momento.
"Não querendo ser clichê," ela disse, "mas você vem aqui com frequência?"
Byron riu. "Sim, meio que tenho que vir porque sou o dono do lugar. Então, escolha qualquer mesa que quiser."
Ah, então ele era um restaurateur. Isso foi um alívio. Emily realmente começou a pensar que ele era um mafioso.
Ela escolheu uma mesa no canto com uma boa vista da rua e das belas pinturas de paisagens nas paredes do restaurante.
"O que te inspirou a entrar no ramo de restaurantes?" Emily perguntou.
"Na verdade, não estou no ramo de restaurantes," Byron respondeu, lançando um olhar casual sobre o cardápio, "mas sempre quis ter um restaurante italiano."
Ele disse isso no mesmo tom que alguém poderia dizer que sempre quis ter um par de tênis Converse.
"Vinho?" ele perguntou, "ou algo mais forte?"
"Definitivamente algo mais forte," Emily disse.
"Temos alguns licores finos que tenho certeza que você vai gostar."
Ela estava desejando espaguete desde que ele mencionou, e ambos pediram o mesmo prato de espaguete e um aperitivo.
Amadeo serviu as bebidas imediatamente, e Emily sentiu um calor se espalhar pelo corpo com o saboroso licor.
"Então, o que aconteceu com esse sujeito?" Byron perguntou. "De onde ele tirou a ideia de que podia te seguir por aí?"
Emily soltou um suspiro profundo antes de mergulhar naquele lado mais sombrio de sua vida.
Sua história com Josh era tão desagradável e confusa que ela quase nunca contava a ninguém. Sentia-se de alguma forma envergonhada, mesmo não tendo feito nada de errado. Sua melhor amiga, Pam, era a única que sabia todos os detalhes. Mas, como Byron havia sido jogado no meio disso, ele merecia saber um pouco da história.
"Quando eu estava no ensino médio, lá em Toronto, Josh e eu estávamos na aula de arte juntos, e ele me chamou para sair. Na época, eu não tinha ideia de que isso levaria a tudo isso. Ele parecia um cara legal e bonitinho, então eu disse sim. Saímos algumas vezes, mas eu não sentia uma conexão. Ele era... sem emoção. Talvez ele não soubesse como expressar seus sentimentos."
"Se eu tivesse que adivinhar," Byron disse, "provavelmente ele estava apenas apavorado o tempo todo que estava com você porque sabia que você estava fora do alcance dele."
Emily riu dessa sugestão inesperada. "Ou ele poderia estar apenas apavorado com meu pai. De qualquer forma, eu percebi que não estava funcionando e terminei com ele. Ele ainda aparecia na minha casa, e eu achava que ele estava apenas sendo amigável, então não dizia não para sair com ele. Mas então ele começou a falar que eu era 'a escolhida' e que estávamos destinados a ficar juntos. Mesmo quando comecei a universidade e me mudei para a residência do campus, ele ainda ia à casa dos meus pais."
"Uau! Espero que ele não tenha incomodado seus pais," Byron disse, com o rosto ficando cada vez mais sombrio enquanto ouvia a história dela.
"Felizmente, não. Eles achavam que ele estava apenas sendo amigável. Mas sabiam que eu não queria vê-lo, e não disseram a ele onde eu morava. Eu ainda o encontrava na universidade e às vezes na cidade. Parecia mais do que coincidência. E cada vez mais, ele me acusava de provocá-lo, mesmo eu dizendo claramente que só queria ser amiga. Eventualmente, eu apenas o evitava e não queria vê-lo de jeito nenhum. Fiquei realmente preocupada. E assim você me encontra aqui, do outro lado do país. Queria um novo começo, então me mudei para a costa oeste."
"Ele te seguiu até aqui?" Byron disse, "Esse cara tem sérios problemas. Você já falou com a polícia sobre isso?"
"Não," ela disse, "Eu simplesmente não achava que conseguir uma ordem de restrição adiantaria. Poderia provocá-lo."
"Algum tempo na cadeia poderia fazê-lo repensar as coisas," Byron disse sombriamente.
Emily sentiu o cheiro da comida antes mesmo de ela chegar à mesa. O aroma de alho e a mistura harmoniosa de ervas prometiam uma refeição extraordinária. Quando deu a primeira mordida, teve certeza de que era a melhor comida que já havia provado.
"Há algo inesquecível em você," Byron disse, fazendo-a quase engasgar com o espaguete, "Mas isso não justifica o que ele está fazendo."