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Capítulo 2 O perseguidor se torna o perseguido

O homem não disse nada por mais um segundo que pareceu durar uma eternidade. Então, suas sobrancelhas se juntaram em uma expressão de desgosto, e Emily pensou que ele ia mandá-la embora e parar de incomodá-lo. Ela não podia culpá-lo, realmente. Esta cidade estava cheia de golpistas que tentavam "pedir ajuda" a estranhos, geralmente para conseguir dinheiro ou enganá-los para obter informações pessoais.

De repente, ela sentiu o toque de uma luva de couro macia em seus dedos. Ele pegou sua mão!

"Claro," disse o estranho, sua voz rouca. "Eu odeio caras que seguem mulheres para intimidá-las."

"Você não sabe nem a metade," disse Emily, sentindo um alívio instantâneo, não apenas pela ajuda dele, mas também pela simpatia com sua situação.

"É o cara com um casaco longo e cabelo espetado?" ele perguntou, olhando por cima do ombro dela.

Emily assentiu. "Ele está se aproximando?" Ela não ousava olhar. Seria melhor fingir que nem sabia que Josh estava ali. Isso faria seu encontro com esse cara parecer mais realista, e, com sorte, Josh não perceberia que era encenado para seu benefício.

"Ele está hesitando," relatou o estranho. "Ele está meio que andando em círculos."

Emily não pôde deixar de rir, embora um pouco nervosa. "Andar em círculos parece um bom sinal," ela disse.

Por favor, vá embora, por favor, vá embora, ela pensou consigo mesma.

"Ele está se virando," disse o estranho, "Sim, ele está indo embora. Definitivamente indo embora."

Emily estava pronta para desabar na calçada encharcada de chuva, seu corpo inteiro relaxado de alívio.

"Foi uma noite de sorte, afinal," ela murmurou, respirando fundo.

O estranho tossiu, e quando falou novamente, sua voz soava menos rouca e mais normal. Melhor que normal, era profunda e calorosa.

"Você está bem?" ele perguntou.

"Sim," ela disse.

Ela ainda estava surpresa que Josh tivesse se mudado para o outro lado do país só para segui-la até ali, mas não queria pensar nisso agora. O importante é que ele não a incomodaria naquela noite. Ela simplesmente não estava pronta.

"Então, qual é a história?" o estranho perguntou. "Você partiu o coração daquele homem e agora ele não consegue parar de te seguir?"

"Não me julgue!" exclamou Emily, "E não se preocupe tanto com ele. Nós namoramos há muito tempo no ensino médio, e não éramos certos um para o outro. Mas ele está convencido de que fomos feitos um para o outro."

O homem franziu a testa novamente, embora seu rosto ainda parecesse atraente mesmo com uma ruga acentuada entre as sobrancelhas. "Eu não entendo."

Emily deu de ombros. "Nem eu."

Eles ainda estavam de mãos dadas, e ela sentiu um leve rubor se espalhar pelo rosto porque não queria soltar. A segurança do aperto forte dele era tão boa depois da noite que ela teve.

Ele foi o primeiro a soltar a mão dela enquanto alcançava um bolso interno do casaco e tirava um telefone.

Emily disse, "Obrigada, você é um salvador," enquanto se afastava. Ela se sentia mal por tomar o tempo dele, já que ele claramente estava lidando com seus próprios problemas.

"Espere," ele disse. "Quero ter certeza de que você chegue em casa em segurança. Com licença por um momento."

Emily parou, incerta, e olhou para trás. Ele agora estava discando um número com uma mão enquanto a outra fazia um gesto para que ela voltasse.

Talvez ele estivesse certo. Ela nunca conseguia prever quando Josh apareceria novamente.

"Oi Fred," o homem disse ao telefone, "desculpe te acordar tão tarde, mas você se importaria de ficar de olho em alguém para mim?"

Ficar de olho em alguém? Ela pensou que talvez esse homem a acompanharia até em casa, não que chamaria algum tipo de agente secreto para a situação.

"Ele deve estar subindo a Rua Granville. Casaco cinza longo, cabelo loiro espetado. Meio alto, talvez 1,85m."

Houve uma pausa enquanto ele ouvia atentamente, o telefone pressionado contra a orelha.

"Sim," ele disse após uma breve pausa. "Ele estava seguindo uma mulher, e eu só quero garantir que ele não incomode mais ninguém esta noite. Sim. Obrigado, Fred."

Emily o encarou com espanto enquanto ele guardava o telefone. Ele era realmente atencioso, e agora ela se sentia egoísta por não pensar que Josh poderia estar perseguindo outras mulheres também.

"Você é algum tipo de detetive disfarçado?" ela perguntou.

"Não," ele disse, com um canto da boca levantado em diversão.

"Então como..."

"Fred faz um pouco de trabalho de segurança para mim," o homem disse levemente, "Não se preocupe com isso."

"É muito gentil da sua parte," Emily disse, decidindo não perguntar mais. Ele poderia ser um traficante de drogas ou chefe do crime com um monte de caras durões trabalhando para ele. Seu casaco e sapatos pareciam caros, e quem sabia que tipo de negócio ele tinha que o trouxe para o meio de uma ponte sozinho à noite?

"Sou Byron Pomeroy," disse o homem, oferecendo a mão, desta vez sem a luva.

Isso era estranhamente formal, mas ela aceitou, o calor da pele dele era agradável ao toque.

Seu olhar confiante parecia sugerir que seu nome era bem conhecido, mas Emily tinha certeza de que nunca o tinha ouvido antes.

"Meu nome é Emily. Emily Danzi."

Seus olhos estudaram o rosto dela por um momento. Esse homem parecia ter o dom de fazer os segundos parecerem passar em câmera lenta. Finalmente, ele falou novamente. "Você se importaria se eu perguntasse se você é italiana?"

"Bem, eu sou," ela respondeu cautelosamente. "Por quê?"

"Eu só conheço um restaurante italiano muito bom aqui perto," Byron disse, "e você parece que poderia usar uma refeição reforçada. Você está toda pálida."

"Você está todo pálido," ela retrucou.

"Eu vivi em Vancouver a vida toda," ele respondeu, "então quase nunca vejo o sol."

Emily se pegou sorrindo, algo que ela não acreditaria ser possível depois de tudo que tinha passado.

"Acho que você pode ser um vampiro," ela sugeriu, tentando manter o rosto sério.

"E todos sabemos o quanto os vampiros amam alho," ele respondeu. "Eu realmente poderia usar um prato de espaguete com molho marinara. O que você acha?"

Isso estava começando a parecer o encontro que ela esperava mais cedo hoje, antes daquele idiota do Chad a decepcionar com sua conversa chata, egocêntrica e tentativas desajeitadas de humor seguidas por tentar apalpá-la no carro dele.

Agora ela estava se divertindo conversando com esse homem, e não queria terminar a conversa.

"Ok, vamos," Emily disse.

Mesmo que esse tal Byron estivesse planejando matá-la mais tarde, pelo menos ele era espirituoso e agradável de estar por perto... E ela estava com fome.

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