Conhecendo minha meia-irmã
RYAN
Eu estava na quadra de basquete quando meu pai ligou, informando sobre a chegada de sua nova família. Estou furioso desde que ele me contou, há duas semanas, sobre o casamento iminente. Somos só nós dois desde que minha mãe morreu, três anos atrás. Mas, recentemente, ele tem parecido estranhamente alegre e relaxado. Quando perguntei o que havia mudado, ele mencionou casualmente uma nova mulher em sua vida.
A parte mais frustrante? Essa mulher tem uma filha que estuda na mesma escola que eu. Meu verdadeiro propósito de ir à escola hoje era descobrir quem era minha nova meia-irmã, e agora eu sei.
"Sente-se," a nova esposa do meu pai, Lisa, instruiu sua filha, que estava me encarando como se eu fosse um fantasma. Finalmente, ela desviou o olhar e correu para seu assento como um ratinho pego pelos faróis.
Ratinho.
Um sorriso frio curvou meus lábios.
Olhei para Violet, seu desconforto era palpável. Eu não estava com humor para conversas fiadas ou laços familiares forçados. A ideia de ter mais duas pessoas no meu espaço, especialmente pessoas que eu não conhecia ou não queria conhecer, já era esmagadora.
Meu pai e Lisa tentaram tornar a noite agradável, mas seus esforços foram inúteis. Era óbvio que nenhum de nós estava empolgado com o arranjo.
A comida estava decente, mas eu me concentrei em comer em vez de participar da conversa tensa ao meu redor. Minha principal preocupação era terminar o jantar e me retirar para o meu quarto.
"Então, Violet," meu pai disse, tentando diminuir a distância, "espero que você e Ryan se deem bem. É importante que todos nos sintamos como uma família. Não deve ser tão difícil, já que vocês frequentam a mesma escola, certo?"
Olhei para Violet, que estava mexendo desajeitadamente nos talheres. Dei de ombros casualmente, acenando brevemente em sua direção. "É, claro."
Meu tom foi displicente, e eu pude perceber que isso a magoou. O jantar continuou com conversas forçadas e pausas constrangedoras.
Quando a refeição finalmente terminou, limpei a boca com um guardanapo e me levantei.
"Vou para o meu quarto. Tenho coisas para fazer," anunciei e saí da sala de jantar sem me preocupar em esperar por uma resposta.
Empurrei a porta do meu quarto e a bati atrás de mim, tentando afastar o caos que acabara de explodir na minha vida.
Caminhei até uma estante no canto do meu quarto e apertei um botão. A estante se abriu, revelando um pequeno quarto, fracamente iluminado.
Este era meu santuário. Ninguém sabia sobre este quarto, nem mesmo meu pai. Era onde eu vinha para escapar, para pintar e esquecer.
Era simples e organizado, com alguns esboços emoldurados pendurados nas paredes. Ninguém sabia sobre minha pintura. Tem sido minha maneira de lidar com as coisas desde que eu era criança. Começou depois do incidente traumático sobre o qual nunca falei, o incidente que mudou toda a minha vida.
Sentei-me em frente ao cavalete e comecei a pintar. Minha mão se movia, mergulhando o pincel em tons escuros de azul e preto. Cada pincelada era um alívio, uma tentativa de transformar os sentimentos avassaladores em algo tangível.
Pintar era como eu conseguia lidar com minha frustração. Cada pincelada me ajudava a lidar com as emoções que eu não conseguia colocar em palavras.
Logo me perdi no processo. O mundo fora do meu quarto desapareceu, substituído pelas cores girando na tela. Ninguém jamais veria essas pinturas - se vissem, saberiam o quão profundamente perturbado e confuso eu estava. Era mais seguro assim, manter essa parte de mim oculta e trancada.
Horas se passaram antes que eu colocasse o pincel de lado; a tela agora estava coberta por uma mistura caótica de cores e formas e, assim, minhas frustrações quase se dissiparam.
Saí do quarto e fui arrastando os pés até o banheiro, permitindo que a água fria lavasse todo resquício de frustração em mim. Saí do banheiro minutos depois, sentindo-me mais revigorado e vivo.
Joguei-me na cama, tentando pegar no sono, mas meu celular vibrou com uma série de mensagens chegando. Peguei o aparelho e vi uma série de mensagens, principalmente de mulheres com quem eu tinha tido encontros.
Rachel: "Oi, lindo. Não consigo parar de pensar em você. 😘"
Rachel? Não me lembrava dela claramente. Era a loira da festa da semana passada ou a morena do bar de alguns dias atrás?
Tiffany: "Adorei passar o tempo com você. Podemos repetir algum dia?"
O nome soava familiar, mas eu não conseguia situá-la. Era a garota do jogo de basquete ou a do festa do Jake?
Jessica: "Ryan, eu sei que você disse que não estava procurando nada sério, mas tenho que admitir, estou me apaixonando por você."
E isso me fez rir. Apaixonando-se por mim? Que piada.
Lembrava-me dela claramente, minha colega de classe que praticamente se jogou em cima de mim, implorando por atenção. Lembrava-me do banheiro da escola onde ela me empurrou contra a parede, implorando para que eu a fodesse. Eu tinha ido junto, claro, estava entediado e ela facilitou. Mas sério? Por favor.
Balancei a cabeça, rindo para mim mesmo. Essas garotas eram algo mais.
Mensagens como essas continuavam a chegar, cada uma pedindo por outra noite ou elogiando minha aparência, dizendo que fariam qualquer coisa por mim.
Uma onda de desgosto me invadiu. Eu nem tinha pensado nessas mulheres. Eu as usava para meu próprio prazer, e agora elas esperavam mais. A verdade era que, uma vez que eu dormia com elas, estava acabado. Completamente. Sem pensamentos persistentes, sem segundas chances - apenas um rompimento limpo.
Eu estava prestes a jogar o celular de lado quando outra mensagem apareceu. Era da Evelyn.
Evelyn: "🍑🍑"
Eu sabia muito bem o que aqueles pêssegos significavam. Hesitei por um momento, tentado a ignorá-la, mas, em um segundo pensamento, respondi, dizendo para ela passar no nosso ponto habitual.
Evelyn era a única exceção. De alguma forma, ela conseguia atender aos meus padrões, e é por isso que eu ainda não tinha me livrado dela... ainda.
Levantei-me da cama e peguei um moletom preto e um jeans.
Afinal, aliviar o último resquício de frustração que restava em mim não parecia uma ideia tão ruim.