




A NOTÍCIA INESPERADA
VIOLET
O sinal final tocou, sinalizando o fim do dia escolar na Golden Elite. Saí da sala imediatamente ao lado da minha melhor amiga, Ashley, sentindo uma onda de alívio. A aula da Sra. Hawke sempre foi insuportavelmente chata e as últimas horas pareceram se arrastar para sempre.
“Ainda bem que acabou,” Ashley soltou um suspiro agudo, esticando os braços enquanto caminhávamos pelos corredores.
“Estou surpresa por não ter dormido lá dentro,” exclamei. “Estou super cansada, espero que o ônibus ainda não esteja cheio ou teremos que esperar uma eternidade.”
Ashley parou, uma ruga de preocupação se formou em sua testa. “Espera, vamos pegar o ônibus? De jeito nenhum! Achei que você tinha trazido seu carro. Vamos, Vi,” disse ela, quase gritando.
“Estou em período de observação, você já sabe disso. Não posso dirigir até meu médico permitir.”
Ela soltou um suspiro desapontado. Eu sabia que ela teria me forçado a vir para a escola de carro se eu tivesse contado a ela mais cedo naquela manhã. Às vezes, a influência de Ashley me metia em encrenca. Sempre achei difícil dizer não a ela, e embora muitas vezes me divertisse, acabava em situações que preferia evitar. Minha mãe me mataria antes das enxaquecas que me impediram de dirigir se eu tirasse o carro da garagem.
Ashley e eu somos o oposto exato, enquanto ela é extrovertida e se dá bem com as pessoas sem esforço, eu sou mais reservada e introvertida. Ela frequentemente se levantava por mim e eu sempre admirei sua confiança. Às vezes, eu desejava ser como ela, mas cada vez que tentava, parecia que estava tirando uma camada de mim mesma. Eu tinha aceitado que ser introvertida era simplesmente quem eu era.
“Eu sinceramente rezo para não encontrar o Liam no ônibus. Posso ser forçada a cortar o pau dele,” Ashley bufou e eu soltei uma risada. Liam era o ex-namorado de Ashley. Eles terminaram três semanas atrás depois que Liam a traiu com uma loira.
“Pensei que tínhamos concordado em nunca mais falar sobre ele. Você disse que já tinha superado,” dei-lhe um empurrão brincalhão, mas ela me lançou um olhar de reprovação.
“Claro, já superei, mas isso não significa que eu não queira que ele sofra um pouco. Como faço para ele pagar?”
E essa era a pergunta errada para me fazer. Nunca estive em um relacionamento, então não sei a primeira coisa sobre isso. É estranho, porque a influência de Ashley me afetou de tantas maneiras, mas quando se trata de amor, sou uma folha em branco. Acho que essa é uma área onde não sigo o exemplo dela.
Como se o universo estivesse tentando me poupar de ter que responder, um murmúrio alto irrompeu da multidão. O barulho ficou mais alto, atraindo a atenção de todos no corredor. Ashley e eu trocamos olhares perplexos.
“O que está acontecendo?” Ela perguntou, sua curiosidade aguçada.
Eu me esforcei para ver por cima das cabeças dos alunos que se reuniam na entrada. O burburinho da conversa ficou mais intenso e estava claro que algo significativo estava acontecendo.
“Uau, ele está de volta,” alguém exclamou.
“Não acredito... ele esteve fora por duas semanas,” outro comentou.
Os alunos gritavam de excitação, murmurando entre si.
O que está acontecendo?
Ashley me puxou pela multidão. Empurramos a multidão de alunos, tentando vislumbrar o que estava causando a comoção. Quando nos aproximamos da frente do prédio, um suspiro escapou dos lábios de Ashley.
“Meu Deus...” ela sussurrou. E então eu o vi...
Alto.
Olhos verdes esmeralda.
Cabelo loiro perfeitamente bagunçado.
Lá estava ele—Ryan Jenkins, o playboy mais popular da escola. Um astro do basquete e o cara mais famoso do nosso ano. Ele esteve fora por duas semanas, e rumores circulavam sobre um grande problema familiar. Alguns até especulavam sobre ele ter viajado para fora.
“Ele está de volta!” Ashley gritou, puxando meu braço.
Quase zombei do entusiasmo dela. Claro, ele era atraente, mas todos realmente precisavam babar por ele assim? Eu não entendia por que as pessoas o admiravam tanto, dado seu histórico de playboy. Querer um cara é uma coisa, mas suspirar por alguém que claramente gosta de partir corações parecia tolice para mim.
Os olhos de Ryan varreram a multidão, como se procurassem por algo. Quando se encontraram com os meus, senti um choque de surpresa. Seu olhar era intenso, quase penetrante, e senti minhas bochechas corarem. Houve uma expressão fugaz e indecifrável em seus olhos antes que ele rapidamente desviasse a atenção. Soltei um suspiro que nem sabia que estava segurando.
“Uau, vou fingir que não vi ele olhando para você,” Ashley disse, apertando meu ombro violentamente.
Fiquei surpresa. “N-Não, o que você quer dizer? Ele não olhou. Deve ter sido coincidência. Por que ele olharia para mim? Sou a última pessoa que ele notaria nesta escola.”
Ashley murmurou algo entre dentes—palavras que eu não consegui entender, mas dava para perceber que ela não ia deixar isso passar.
Ryan caminhou em nossa direção, com seus dois amigos seguindo de perto. Enquanto andava, ele afastou algumas mechas de cabelo da testa e as colocou atrás da orelha, revelando seu rosto completo e marcante. Eu tinha que admitir, meus pensamentos anteriores sobre sua beleza serem exagerados eram pura besteira. Havia homens bonitos, e depois havia Ryan Jenkins.
Ele logo saiu do corredor, e o burburinho começou a diminuir.
Finalmente.
“Podemos ir agora?” perguntei a Ashley, que ainda olhava ansiosamente para a saída do corredor onde Ryan havia desaparecido.
“Ashley!” Estalei os dedos na frente do rosto dela, e ela deu um leve sobressalto.
“Desculpa, o quê?” murmurou, sacudindo a cabeça para sair do transe.
“Ele nem notou você. Isso já deveria ser suficiente para te dizer que o ônibus já foi embora, e teremos que esperar por outro,” soltei.
“Acabei de ter o coração partido. Agora nem posso admirar outros caras. Isso é tão injusto,” ela fez beicinho.
“Você é inacreditável,” disse, arrastando-a em direção ao ponto de ônibus.
Felizmente, o ônibus ainda não estava cheio, e conseguimos entrar. Encontramos assentos e nos acomodamos, a conversa entre nós caindo em um silêncio tenso.
“Eu vi como ele olhou para você mais cedo,” Ashley disse de repente, quebrando o silêncio.
“Espera, o quê? Ainda estamos nisso?” arqueei a sobrancelha.
“Acho que ele pode gostar de você,” ela disse em um tom baixo, seus olhos arregalados de excitação.
Abafei uma risada. “Você está brincando, né? Só porque um cara olhou para mim não significa que ele gosta de mim. Ele provavelmente nem percebeu que olhou para mim.”
“Veja, você admitiu que ele olhou para você,” Ashley disse alto, atraindo olhares curiosos de outros alunos no ônibus.
“Sério, Ash, abaixe a voz. Não quero acabar na lista negra da Evelyn,” sibilei.
Evelyn era a capitã do time de líderes de torcida e, segundo rumores, era a namorada de Ryan. Eu tinha descartado isso como fofoca, mas dada a frequência com que estavam juntos, parecia plausível.
“Ela nem é namorada dele, é óbvio. Só olha como o Ryan age perto dela. Como se ela estivesse sugando a vida dele. A vadia está se forçando nele,” Ashley disse, com irritação clara na voz.
“Bem, chega disso. Você está interessada em sair um pouco antes de irmos para casa?” ela perguntou, me dando aquele olhar inocente que sabia que eu não podia resistir.
“Não posso hoje. Mamãe me disse para ir direto para casa depois da escola. Ela disse que tem algo importante para me contar,” respondi.
“Ah,” ela murmurou, mas dava para ver que estava desapontada.
“Outra vez, então?”
Assenti, dando-lhe um pequeno sorriso apologético. O resto da viagem de ônibus se arrastou em silêncio.
Eu sabia que algo estava errado no momento em que entrei em casa. Um carro estranho estava estacionado na garagem. A princípio, ignorei, assumindo que mamãe poderia ter uma visita. Mas ao entrar pela porta da frente, um perfume forte e desconhecido me cumprimentou, misturando-se com o cheiro de biscoitos recém-assados.
“Mãe?” chamei. Olhei ao redor e notei que a sala estava mais arrumada do que o normal, com flores frescas em um vaso na mesa de centro.
Ouvi conversas indistintas vindo da sala—vozes da mamãe e de um homem. Eles estavam falando sobre algo, mas as palavras eram inaudíveis. Meu coração começou a acelerar enquanto me aproximava da sala. Quando cheguei à sala, a cena diante de mim tirou meu fôlego. Mamãe estava com um homem estranho, e eles não estavam apenas conversando. Eles estavam se beijando.
Mamãe me notou imediatamente e se afastou dele, seu rosto corado com uma mistura de embaraço e surpresa.
“Você está aqui, querida,” ela disse, desajeitadamente.
Minha mente girava de confusão. O que estava acontecendo? Mamãe estava beijando um homem. Meu olhar se voltou para o estranho. Ele parecia estar na casa dos quarenta, com cabelos grisalhos bem penteados para trás e um ar distinto.
Minha mente se encheu de perguntas enquanto me virava para mamãe.
“O que está acontecendo?” perguntei, tentando manter a voz firme.
Mamãe se levantou e caminhou em minha direção.
“Eu disse que tinha algo importante para te contar esta manhã,” ela começou, a voz tremendo ligeiramente. Ela olhou rapidamente para o homem, que lhe deu um breve sorriso. Vi as bochechas de mamãe corarem ainda mais. Meu estômago se revirou de nojo.
O que estava acontecendo? Quem era esse homem?
“Violet...” Mamãe continuou, estendendo a mão para colocar uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. “Eu queria te contar isso há um tempo.” Ela respirou fundo. “Vou me casar, Violet. E este homem aqui vai ser seu padrasto.”