O Visitante Misterioso
''Margaret, você enviou o pacote?''
''Margaret, você esqueceu de arquivar os materiais de escritório.''
''Margaret, não seja tão preguiçosa. Eu te mandei fazer uma tarefa há uma hora.''
Ordens e instruções vinham de todos os lados para Margaret enquanto ela tentava acompanhar o trabalho no conselho onde conseguiu um emprego como garota de recados. Uma órfã que foi adotada por uma família comum nos arredores de Magus, trabalhava dia e noite para sobreviver, só para poder estudar e sair daquela casa onde viveu por dezoito anos.
No final do dia de trabalho, Margaret estava exausta e desidratada. Ela tinha que caminhar quase um quilômetro para chegar em casa, onde continuaria a se esgotar com as tarefas domésticas que precisava cumprir.
''Eu já te disse antes, Margaret, você tem que tentar voltar do trabalho mais cedo. Quem vai cuidar de todas essas tarefas? Você sabe que eu tenho que preparar o jantar para o seu pai, ele sempre chega em casa bêbado e irritado.''
''Se ele me bater de novo, saiba que eu também vou descontar a raiva em você.'' A mãe adotiva de Margaret disse a ela, apontando para a pilha de trabalho que Margaret tinha que fazer na cozinha, na sala de estar e no escritório.
''Desculpe, mãe. Vou começar a trabalhar agora mesmo.'' Margaret colocou sua bolsa de trabalho no chão, pegou um avental e o vestiu sobre suas roupas de trabalho, mergulhando na carga de tarefas que tinha que fazer em casa.
''Pfft! Patética, Margaret. Olha como você está pálida. Mãe, certifique-se de não dar nenhuma comida a ela até que termine tudo.'' Constance, a irmã adotiva de Margaret, disse à mãe, olhando para Margaret com desdém.
''Mesmo que eu quisesse, não posso porque seu pai vai voltar a qualquer momento, bêbado, irritado e com fome.'' Respondeu a mãe adotiva de Margaret.
Enquanto as três mulheres estavam tendo essa conversa, houve uma batida forte na porta.
''É seu pai? Ele já voltou?'' Perguntou a mãe adotiva de Margaret, com pânico visível nos olhos.
''Rápido. Margaret, veja quem acabou de bater.'' Disse a senhora mais velha.
Margaret, que já estava com as mãos cheias de trabalho, correu para atender a porta enquanto sua irmã adotiva estava sentada à mesa da cozinha, sem fazer absolutamente nada.
Na porta, estava um homem com trajes majestosos. Ele exalava audácia e dominância enquanto olhava para Margaret, que era muitos centímetros mais baixa. O homem era tão alto que Margaret só chegava à altura da sua cintura.
''Margaret?'' Perguntou o homem.
Margaret franziu a testa, se perguntando como o homem sabia seu nome.
''Quem está perguntando?'' Margaret perguntou com cautela, olhando para trás para ver se alguém estava vindo.
O homem sorriu brevemente, exibindo seu conjunto perfeito de dentes, brancos e proporcionais ao tamanho de sua boca.
''Aqui. Margaret Usynol.'' O homem entregou uma carta a Margaret.
Margaret estava olhando para a carta e também se perguntando como o homem sabia seu nome e seu sobrenome. O homem se dirigiu a Margaret pelo seu sobrenome original, e não pelo nome da família com quem ela vivia atualmente.
''Espere um minuto.'' Margaret levantou a cabeça para perguntar ao homem seu nome e como ele a conhecia, mas para sua surpresa, ele não estava mais lá.
''Margaret!'' Alguém gritou de dentro da casa.
Margaret guardou a carta que acabara de receber do homem misterioso em seu avental enquanto corria de volta para a cozinha para responder à sua mãe adotiva.
''Quem era? O que te prendeu lá por tanto tempo?'' A mãe adotiva de Margaret a olhou, ansiosa para que ela terminasse as tarefas antes que seu marido sempre bêbado voltasse.
''Hum... Era um perdido. Ele bateu na porta errada. Estava procurando outra rua, então eu o direcionei.'' Margaret mentiu.
Não havia como ela contar a uma mulher que sempre a maltratava que uma carta havia chegado para ela de uma fonte desconhecida, uma carta que trazia seu sobrenome original. Isso só podia significar que era algo privado.
''Apresse-se e termine de lavar esses pratos. Estou quase terminando de cozinhar. Seu pai estará aqui em breve. Quem quer que tenha batido na porta foi um presságio de que seu pai está a caminho.'' A mãe adotiva de Margaret voltou a cozinhar enquanto Constance olhava para Margaret com desconfiança.
Depois do trabalho do dia, Margaret voltou para seu pequeno quarto para se limpar e pegar um pouco de sono antes de voltar ao trabalho no dia seguinte.
Até então, tudo estava indo bem até que Margaret terminou de tomar banho e saiu do banheiro, apenas para ver Constance em seu quarto com a carta que o homem misterioso havia lhe dado.
''Constance, coloque isso no chão. O que você está fazendo no meu quarto?'' Margaret correu em direção à sua irmã adotiva e tentou pegar a carta dela, mas, claro, Constance desviou.
''Mentirosa, mentirosa. Calças em chamas.'' Constance começou a rasgar a carta, esperando lê-la.
''Eu vi você pegar isso de um homem na porta. Você tem um namorado agora, hein? Margaret. Você mentiu para minha mãe dizendo que era um perdido, enquanto seu namorado deixou uma carta de amor.'' Constance riu com zombaria enquanto rasgava a carta.
''Eu me pergunto que homem patético acharia você atraente, tão suja como você está.'' Constance disse, olhando para Margaret com desprezo.
O coração de Margaret batia forte no peito. Ela esperava que a carta não contivesse nada que a incriminasse enquanto observava Constance rasgá-la, ignorando o fato de que a carta estava endereçada a Margaret, usando seu sobrenome original.
''O quê? Que besteira é essa?'' Constance olhou para a carta com um olhar de repulsa enquanto tentava decifrar o que estava escrito.
''Urgh.'' Constance ficou impaciente e jogou a carta fora, empurrando Margaret de lado enquanto se dirigia para a porta.
''Saia do meu caminho, idiota sem-teto.''
Margaret quase caiu enquanto lutava para se manter de pé enquanto Constance saía do quarto dela com decepção.