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CAPÍTULO 5

POV DE SAMUEL

A água quente do chuveiro caía sobre mim, aliviando a tensão dos shows consecutivos e da noite intensa que eu tinha compartilhado com Lily Thompson, minha fã apaixonada. O vapor envolvia o banheiro, criando uma atmosfera tranquila e propícia à reflexão. O eco distante da música do festival ainda reverberava na minha mente.

Quando desliguei o chuveiro, o silêncio preencheu o espaço. Enrolei uma toalha na cintura e saí do chuveiro, a umidade do banheiro contrastando com o calor que ainda emanava do meu corpo.

Ao entrar no quarto, encontrei a cama vazia. Lily não estava lá. Uma mistura de confusão e surpresa percorreu meu corpo. Comecei a procurar freneticamente por ela no quarto, mas não havia sinal. Sua ausência ecoava no silêncio, deixando-me inquieto.

“Lily?” chamei, minha voz ecoando no espaço vazio.

Enquanto vasculhava o chão em busca de pistas, encontrei minhas roupas espalhadas e, entre elas, um sinal tangível de sua presença: sua roupa íntima. Segurei a peça delicada entre os dedos, uma lembrança física da noite que compartilhamos. Um sorriso surgiu em meus lábios ao recordar os momentos intensos que tivemos juntos.

Guardando a roupa íntima no bolso como um fragmento delicado e precioso, senti-me reconfortado. No entanto, a inquietação persistia, pairando no ar junto com o cheiro do banho. Onde Lily tinha ido? Será que eu a assustei, ou ela tinha outro compromisso?

Decidi me vestir e buscar respostas fora do quarto do hotel. Enquanto colocava minhas roupas, refletia sobre a complexidade dos encontros fugazes que a vida oferece. Lily era uma presença vibrante e cativante, mas sua ausência repentina deixou um vazio peculiar.

Saindo do quarto, o corredor do hotel parecia interminável. O silêncio da madrugada era interrompido apenas pelos sussurros dos corredores vazios. Com passos determinados, dirigi-me à recepção, ansioso para encontrar Lily e entender o que se passava em sua mente.

A recepcionista, com um olhar surpreso e curioso, indicou que Lily havia deixado o hotel há poucos minutos. Meu coração acelerou ao considerar as possibilidades. Será que ela foi embora sem se despedir, ou havia algo mais em jogo?

Refleti sobre isso enquanto encontrava os membros da banda. John, o baixista, me olhou com um olhar questionador, como se a presença de um vocalista acordado tão cedo fosse incomum.

“O que diabos você está fazendo acordado a essa hora na recepção?” ele perguntou, esfregando os olhos.

Levantei um olhar cansado para ele, meu semblante ainda carregando as memórias da noite anterior. “Eu estava procurando a Lily.”

Os outros membros da banda, Peter, o baterista, e Mike, o tecladista, se aproximaram, curiosos. Peter, especialmente, parecia intrigado.

“Quem é Lily?” ele questionou enquanto ajustava a alça da sua bolsa.

“Lily é a garota que foi para a festa pós-show com a gente,” respondi, sem dar muitos detalhes.

John, com seu sorriso caracteristicamente travesso, cutucou Peter. “Ah, a fã empolgada. Vocês dois passaram a noite juntos?”

Um sorriso nostálgico surgiu em meus lábios ao lembrar dos momentos intensos compartilhados com Lily. “Sim, mas ela foi embora sem se despedir.”

Peter levantou uma sobrancelha, evidentemente intrigado. “Então por que diabos você está procurando por ela? Você deveria estar grato que ela desapareceu. Menos complicações. Você não vai precisar manter a mentira sobre Nashville.”

John assentiu. “Exatamente. Assim, você não precisa inventar desculpas para evitar um segundo encontro. Deixe como uma noite só.”

O conselho deles fazia sentido, e eu concordei, embora parte de mim desejasse que as coisas tivessem tomado um rumo diferente. “Vocês têm razão. Talvez seja melhor assim.”

Foi quando meu telefone vibrou, interrompendo a conversa. Uma notificação piscou na tela: “Almoço com a Mamãe.”

Mostrei a mensagem para os caras. “Bem, a vida continua. Almoço com a Mamãe me espera. Pelo menos ela não desaparece sem se despedir, embora eu desejasse que ela fizesse isso às vezes.”

Mike riu. “Mamãe é sempre confiável. Nunca desaparece depois de uma noite selvagem.”

Com um último olhar para a recepção vazia, tomei o caminho para fora do hotel, deixando para trás a noite anterior. Agora eu precisava focar em outra mulher complicada—minha mãe.


O SUV cortava Chicago enquanto eu, junto com os membros da banda—Peter, Mike e John—nos dirigíamos para minha casa. O calor lá fora contrastava com a frescura do veículo com ar-condicionado.

Eu já estava formulando uma desculpa na minha mente para justificar por que não compareceria ao almoço com minha mãe. Na verdade, eu não estava muito afim de me envolver em compromissos familiares naquele momento, e a ideia de enfrentar um momento constrangedor com ela não era algo que eu estava disposto a encarar.

Olhei para Peter, que estava concentrado na direção, e perguntei casualmente, “Você conhece algum bar aberto a essa hora em Chicago?”

Peter desviou brevemente o olhar, mas a curiosidade falou mais alto. “E o almoço com sua mãe?”

Assenti, sem muita preocupação. “Ela não vai se importar. Tenho certeza.”

John, no banco de trás, animado com a ideia, sugeriu, “Vamos para o Calum, jogar uma pelada e arrebentar!”

Um sorriso se formou em meus lábios. “É exatamente do que eu preciso. Beber e me divertir.”

O barulho animado da cidade se misturava com a música tocando no rádio do SUV enquanto nos dirigíamos para o Calum. O espírito despreocupado da noite era contagiante, e a ideia de uma bebedeira sem compromissos familiares se tornava cada vez mais atraente.

Ao chegar no bar, o vibrante letreiro de neon anunciava que estávamos prestes a entrar em um refúgio de música alta e diversão sem compromisso. O som abafado da banda ao vivo já ecoava pelas ruas. Mal podíamos esperar para nos juntar à festa.

Em algum momento, entre risadas e goles, percebi que tinha encontrado o escape perfeito para aquela manhã. O Calum era o lugar onde as preocupações se dissolviam. Por enquanto, éramos apenas quatro músicos celebrando a vida, a música e a amizade, enquanto a cidade continuava a pulsar ao nosso redor.

No meio da diversão, olhei para o relógio. Já estava tarde o suficiente para eu ir ao compromisso com minha mãe. Fiquei grato pela noite de relaxamento, pela fuga temporária das responsabilidades.

Decidimos encerrar a bebedeira, e o SUV nos aguardava do lado de fora. O ar fresco da tarde me atingiu ao sairmos do bar. Peter, um pouco cansado, assumiu o volante novamente. “Acho que já deu por hoje, né?”

Concordei, com um sorriso nos lábios. “Foi ótimo, pessoal. Agora, de volta ao mundo real.”

O SUV se afastou do Calum, deixando para trás a música e as risadas. Olhei para trás, vendo as luzes de neon do bar desaparecerem enquanto nos dirigíamos para minha casa. Apesar do almoço perdido, não tinha arrependimentos. Às vezes, passar um tempo com amigos e rock 'n' roll é tudo o que você precisa para escapar das amarras da vida.


Eu estava na porta da frente, completamente bêbado, tentando desesperadamente encaixar a chave na fechadura. Minhas mãos pareciam ter vida própria, e a resistência da fechadura estava se tornando uma batalha perdida. A porta se abriu abruptamente, e lá estava ela, com seus cabelos loiros esvoaçantes e um vestido preto que traía toda sua raiva. Os olhos verdes da minha mãe estavam fixos em mim, e o ar ao redor parecia congelar com sua expressão furiosa.

“Olá, mãe,” soltei um sorriso fraco, numa tentativa inútil de amenizar a situação.

“Samuel Brown, você está completamente bêbado!” ela exclamou, seus olhos verdes faiscando. “Onde você esteve?”

Soltei um sorriso meio desajeitado. “Ah, só com os caras, tocando e tal.”

Ela me olhou com uma expressão que dizia que sabia mais do que eu estava disposto a admitir. “Não brinque comigo, Samuel. Você estava bebendo com seus amigos, não estava?”

Assenti, percebendo que ela já sabia de tudo. “Sim, houve uma festa depois do show, nada demais.”

Ela bufou, claramente irritada. “Nada demais? Você sabe muito bem que tínhamos um almoço planejado para hoje. Você se lembra do nosso acordo? Eu garantiria um lugar para sua banda tocar no Festival, e em troca, você viria almoçar comigo. E hoje era o dia em que você finalmente conheceria Doug, meu namorado.”

“Namorado?” soltei uma risada amarga. “Mais como amante, não é?”

Seus olhos brilharam de raiva. “Você está indo longe demais, Samuel. Estou sendo tolerante com seu luto.”

“Luto? Isso não é luto, mãe. Esta é a verdade que você tenta evitar,” retruquei, lembrando da cena que testemunhei quando tinha apenas oito anos.

Ela me encarou, os lábios pressionados em uma linha fina de irritação. “Você está indo longe demais, Samuel. Estou tentando seguir em frente, ser feliz.”

Soltei uma risada sem humor. “Feliz? Você acha que ser feliz significa namorar o homem com quem você traiu meu pai? Que tipo de felicidade é essa, mãe?”

Ela respirou fundo, visivelmente irritada. “Isso não é da sua conta, Samuel. Eu mereço ser feliz, e Doug me faz feliz.”

“Doug Thompson te faz feliz, mãe?” desafiei, usando o sobrenome dele com um tom sarcástico. “Pode ser, mas tenho certeza de que nenhum de vocês merece ser feliz e nunca será, não vivendo essa mentira, sendo dois traidores.”

“Chega, Samuel! Não quero mais ouvir isso,” ela me interrompeu, a paciência se esgotando.

“Você não quer ouvir porque é a verdade, não é? Você prefere viver uma mentira conveniente.” Minhas palavras eram afiadas, cortando como facas.

A discussão tomou um rumo inesperado quando ela revelou que o homem, seu amante, não seria mais apenas seu namorado. A informação me atingiu como uma bomba, e perguntei como isso era possível.

“É possível porque Doug Thompson será meu marido a partir de amanhã, goste você ou não,” ela declarou, sua decisão final.

“Você está brincando comigo?” Minha incredulidade ecoou na sala.

“Não, Samuel, não estou. Ele fará parte da família a partir de agora, e você precisa aceitar isso,” ela foi firme em suas palavras.

O homem que destruiu meu lar agora seria meu padrasto. Como eu poderia aceitar isso?

“Você realmente acha que vou aceitar esse homem como meu padrasto?” Minha voz ecoou, cheia de desafios.

Samantha me encarou, sua expressão revelando uma mistura de tristeza e firmeza. “Samuel, essa é minha decisão, e espero que você simplesmente entenda.”

Soltei uma risada amarga. “Entender? Como eu poderia entender, mãe? Papai morreu há apenas seis meses, e você está pronta para trazer esse cara para nossa casa?”

Ela suspirou profundamente. “Você precisa entender que a vida continua, Samuel. Doug é uma parte importante da minha vida agora.”

“A vida continua? Papai mal foi enterrado, e você está pronta para substituí-lo com seu amante.” Minha indignação transbordava.

“Samuel, pare de chamar Doug de amante.” Ela me interrompeu, firme. “Ele será meu marido.”

Eu a encarei, determinado. “Eu não vou parar, mãe. Só por cima do meu cadáver esse cara será meu padrasto. Eu farei de tudo para impedir esse casamento, mãe. Pode ter certeza disso.”

Decidi agir. Fui até o aparador, peguei as chaves do carro de Samantha e caminhei em direção à porta. Ela me seguiu com o olhar, questionando minhas intenções.

“Onde você vai?” Ela perguntou, com um tom de preocupação na voz.

“Não é da sua conta,” respondi, mantendo meu olhar firme. Saí de casa com a certeza de que Doug Thompson pagaria pelo que fez à minha família, e eu já sabia por onde começar.

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