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Intenso

Tirei meus saltos quando ouvi Denice gritar para mim.

"Jantar!" ela gritou escada acima.

Desci vagarosamente. Eu não conhecia essas pessoas e, mesmo assim, estava prestes a jantar com elas.

Vi um homem sentado à mesa. Ele estava de costas para a entrada da cozinha, sentado na cabeceira; era muito intimidador, como meu próprio pai.

"Sofia, este é meu marido, Kai", Denice me apresentou.

"Sou Sofia", me apresentei rapidamente com um sorriso caloroso antes de me sentar ao lado de Denice.

Ouvi passos pesados e rápidos vindo do corredor.

"Malditos Vipers", Ace rosnou para o pai ao entrar na sala antes de se sentar. Ele cerrava o maxilar com raiva, tentando se acalmar.

"Mãe, como foi seu dia?" Ace perguntou, mudando o tom enquanto tentava tirar a máfia da cabeça. Ace juntou as mãos, apoiando o queixo nelas. Notei as tatuagens em seus dedos, descendo pelos braços. Ele tinha algumas na mão e uma manga completa subindo pelo braço.

Foquei em comer e tentei não fazer conversa ou contato visual.

"Então, Ace..." Kai levantou a voz do outro lado da mesa. Quase pulei com o quão repentinamente ele ficou alto.

O olhar frio de Ace se dirigiu ao olhar intimidador do pai.

"Quem é sua amiga?" Kai, o pai de Ace, perguntou curiosamente, com um leve sorriso malicioso. Evitei contato visual com ele.

"O que diabos você quer dizer com 'quem é sua amiga'?" Ace gritou com o pai, já irritado por causa da máfia. "Você é quem fez esse maldito arranjo", Ace rosnou furiosamente para o pai.

Obviamente, ele também não estava muito feliz com esse 'arranjo'.

"Não é assim que se fala, especialmente com uma convidada à mesa", Kai provocou Ace, tentando irritá-lo.

Ace se levantou, com os punhos cerrados, mostrando que estava definitivamente irritado.

"Ela não é uma convidada, ela é minha maldita noiva", Ace rosnou para o pai antes de sair furioso.

A mãe de Ace suspirou derrotada.

"Você sempre tem que irritá-lo", Denice balançou a cabeça desapontada com o marido.

"Ele fica tão bravo, tão rápido", Kai respondeu revirando os olhos.

"Meu filho tem alguns problemas de raiva, se você não percebeu", Kai riu para mim como se eu devesse rir junto. "Acho que ele tinha razão em estar bravo", falei timidamente.

Ele voltou sua atenção para mim, não parecendo impressionado com minha declaração anterior.

"Acho que vou ter que ligar para seu pai", Kai soltou enquanto me olhava com desdém. Congelei assim que ouvi o nome do meu pai.

"Kai!" Denice repreendeu, olhando feio para o marido. "Talvez eu deva perguntar a ele como ele fez para você ficar de boca fechada", Kai repreendeu, com um sorriso orgulhoso. Não respondi, puramente porque estava em choque; não achei que tivesse dito nada rude.

Então ouvimos vozes no corredor.

"Suba", ouvi a voz profunda de Ace dizer.

"Claro, Ace", ela respondeu obedientemente.

"É outra das prostitutas dele?" Kai revirou os olhos enquanto Denice soltava um suspiro. Meus olhos se arregalaram com o comentário de Kai, mas me certifiquei de que nem Denice nem Kai vissem minha reação.

"Meu filho e meu marido não têm respeito pelas mulheres", Denice balançou a cabeça desapontada, sem tocar na comida.

"Ahhh, deixa ele, é a única hora que ele é homem", Kai brincou, mas parecia ser o único a achar graça.

Não estava decepcionada com Ace, não esperava que ele parasse o que estava fazendo por mim. Seria como ele me pedir para parar de fazer o que eu tinha planejado.

"Eu tenho uma pergunta", murmurei para Kai e Denice. "O que é?", Kai apoiou o queixo na mão.

"Posso continuar indo à escola?", murmurei, balançando o joelho nervosamente.

Kai explodiu em gargalhadas.

Eu e Denice o encaramos até ele tentar se acalmar.

"Ah, espera, você está falando sério?" Ele parou de rir, piscando curiosamente para mim.

"Sim, eu gosto da escola", respondi, dando de ombros despreocupadamente. Não tinha medo de admitir que gostava de ir à escola, já que era o único lugar onde podia fugir do meu pai. Kai pensou por um momento.

"Pelo menos não teríamos que ver seu rosto tanto", Kai resmungou enquanto comia. "Vá para a escola", ele riu baixinho.

"Obrigada pela comida", sorri educadamente enquanto subia as escadas. "Você é muito gentil, querida", Denice respondeu enquanto Kai ainda ria para si mesmo.

Posso ir à escola amanhã.

Enquanto subia as escadas, vi uma garota que estava vestindo quase nada, saindo com lágrimas escorrendo pelo rosto. Ela me lançou um olhar desagradável antes de correr para fora da casa. Arregalei os olhos enquanto balançava a cabeça.

O que ele fez com ela?

Não conseguia parar de pensar na reputação de Ace e o que testemunhei hoje definitivamente me mostrou quem ele era. Os sussurros sobre sua reputação estavam corretos.

Notei uma carteira na minha cama, que presumo ser de Ace. Balançei a cabeça, tentada a simplesmente jogá-la fora do meu quarto, mas também senti que deveria devolvê-la a Ace, mesmo que não fosse dele.

Suspirei derrotada enquanto caminhava pelo corredor com a carteira na mão; acho que este é o quarto dele, já que é o único com luz acesa. Bati levemente na porta, com medo de incomodá-lo.

"O quê?" ouvi um rosnado vindo de trás da porta. Empurrei a porta lentamente para ver Ace de pé, olhando pela janela, sem camisa.

"Sofia", ele murmurou, meu nome saindo de seus lábios tão suavemente.

"Não quis te incomodar, encontrei sua carteira na minha cama, só vim devolvê-la", informei, levantando a carteira no ar levemente para chamar a atenção para ela.

Ele parecia ligeiramente surpreso enquanto se aproximava de onde eu estava, me encarando de cima.

"Você passou no teste", ele murmurou baixinho, como se estivesse pensando alto.

"Que teste?" perguntei confusa, levantando a sobrancelha.

"Sempre que alguém novo vem, eu deixo minha carteira falsa cheia de dinheiro na cama deles e vejo se pegam, mas você não pegou?", ele explicou com um tom de surpresa no final.

"Ah?", murmurei, dando de ombros. Não tinha certeza do que isso significava. Ele estava testando meu caráter, como fui criada. Só posso imaginar que o teste foi devido ao nosso noivado.

Seu olhar era intenso enquanto ele estava na minha frente; ele ainda não tinha pegado a carteira da minha mão.

"Ace, você deveria ser mais cuidadoso com seu dinheiro, eu poderia ter pegado se quisesse", afirmei calmamente, segurando a carteira logo acima da mão dele. Ele abriu a palma e eu deixei a carteira cair.

Ele se inclinou, sua boca parando bem ao lado do meu ouvido.

"Bem, esse é o ponto", ele sussurrou antes de se virar e sentar-se à sua mesa.

"Boa noite, Sofia", Ace anunciou de sua mesa enquanto rabiscava um pedaço de papel com sua caneta. Ele olhou para mim, esperando uma resposta.

"Boa noite", respondi rapidamente enquanto saía; com arrepios subindo pelo meu braço por ele ter estado tão perto anteriormente.

Suspirei aliviada enquanto fechava a porta do meu quarto. Tudo nele é intenso; desde seu olhar até seu toque.

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