




Sete
"Como você ousa!" Melina gritou para ele, esquecendo onde estava e levantando-se da cadeira, avançando sobre Henry, quando Xanthos segurou seu braço e a trouxe de volta ao assento. Como ele ousava questionar suas habilidades maternas?
"Senhora, por favor, contenha-se!" O juiz a advertiu.
"Desculpe, meritíssimo." Ela disse em um sussurro.
"Mel, por favor. Não deixe as emoções arruinarem tudo." Ele relaxou um pouco quando ela assentiu. Xanthos se amaldiçoou por não ter perguntado mais sobre esse homem. Com que tipo de pessoas ela se envolveu nos EUA? O homem exalava poder e não recuou quando ela avançou sobre ele em cima da mesa. Não que ele se sentisse menos poderoso do que ele. Ele era um advogado muito bom e bem conhecido na capital. Não deixaria que ele tivesse o que queria. Pelo jeito que ele se comportava, Xanthos suspeitava que ele estava provocando-a. Ele queria vê-la sofrer. "Deixe-me lidar com isso, por favor." Entristeceu-o, o olhar suplicante nos olhos dela.
"Como eu estava dizendo," o advogado continuou. "A menina sofre de um sério problema de visão devido a uma doença comum em bebês, mas se fosse detectada a tempo e tratada adequadamente, não haveria efeitos colaterais no futuro. Meu cliente tem o dinheiro e uma equipe médica nos EUA para iniciar um novo tratamento para reverter a situação. Não só ela não prestou atenção aos exames da filha enquanto estava no hospital, como também não processou o lugar pelo erro." O homem se levantou e entregou todos os seus documentos ao juiz, depois voltou ao seu lugar.
Nem uma vez Hank tirou os olhos de Melina enquanto observava seus menores movimentos. Ele a procurou por toda parte, e agora ela estava ali, na frente dele. Seu cabelo estava muito mais curto, tocando os ombros, mas ele gostava mais quando era longo. Por que ela faria isso com seus cachos caramelos macios? Ela estava diferente. Sua pele clara estava bronzeada, dando-lhe um brilho. Ele sentiu os dedos coçando para tocar seu rosto e trazê-la para ele, mas aqueles olhos de chocolate derretido, esses seriam sua ruína se ele não se guardasse.
Ele se comportou como um idiota naquele tribunal. Ela não era a adolescente por quem ele se apaixonou, nem a garota que ele conheceu em um bar logo após a faculdade. Uma mulher estava na frente dele. Ele estava mexendo com uma mãe, uma mãe sexy, por assim dizer. Ele queria lhe dar uma lição. Ninguém foge dele, muito menos a mãe de seu filho. O que o incomodava tanto não era o sofrimento dela, mas o terror em seus olhos. E ele começou a ter dúvidas.
"Meritíssimo, isso não é verdade. Minha cliente não entende de medicina humana. Como ela poderia saber as implicações dos tratamentos com oxigênio em um bebê prematuro? Ela confiou no hospital, ninguém ficou mais devastado do que ela quando os médicos deram a notícia." Xanthos olhou para o rosto consternado de Melina e seus olhos cheios de lágrimas, mal conseguindo contê-las. "Se meu colega aqui tivesse feito seu dever de casa, veria que entramos com uma petição contra o hospital, mas a Srta. Karagianis é uma mulher de grande coração. Ela não estava buscando dinheiro, mas o bem-estar de seu bebê. O hospital fez uma contraproposta para ela, tratamento vitalício com os melhores especialistas da área, despesas pagas sempre que Eve precisar de tratamentos, e no futuro um tutor para a menina." Xanthos terminou seu discurso com um olhar gelado para o outro advogado. Ele também se levantou, levando todos os documentos ao juiz.
"É verdade, Sr. Campbell, isso não é motivo para pedir a guarda exclusiva da menor."
"Meu cliente também está preocupado com o tipo de ambiente em que sua filha está crescendo. Ela é uma mulher solteira e não tem problema em trazer seu amante para morar sob o mesmo teto que sua filha e sua avó idosa."
Melina desabou na cadeira como se alguém a tivesse esbofeteado. Ele estava delirando? Até onde ele poderia descer? Ela se contorceu no assento e olhou para Xanthos. O olhar questionador também no rosto dele a fez ranger os dentes. Será que ele estava pensando que ela não se apaixonou por ele porque tinha um amante escondido em algum lugar? Que amigo leal! Senhor, o que estava acontecendo com essas pessoas?
"Você está louco? Eu não tenho amante, e se tivesse, nunca o traria para morar sob o mesmo teto que minha filha." Ela sibilou, indignada com ele, e pela segunda vez notou seus olhos piscarem por um momento. Ele não estava tão calmo e composto como queria aparentar.
"Por que não perguntamos a ele?" O advogado disse com um sorriso presunçoso nos lábios. Tirando outro arquivo de sua pasta e espalhando várias fotos na mesa.
Melina não conseguiu suprimir o gemido alto que saiu de sua boca. Fotos dela e de Xanthos juntos nos últimos três meses, a maioria delas sem significado. Mas as últimas eram de duas semanas atrás. Isso foi um golpe baixo. Ele tinha ido longe demais desta vez. Era apenas um amigo confortando o outro! Ela estava chorando no peito dele. Porque o idiota na frente dela, um homem bonito que a fazia sentir coisas que não deveria, mas ainda assim um idiota, queria a guarda exclusiva de sua filha. Ele tinha ido longe demais desta vez.
Hank notou quando suas bochechas ficaram vermelhas, tão vermelhas que ele pensou que ela pegaria fogo. O constrangimento nelas se transformou em raiva. Ela ficou furiosa com ele, e ele gostou desse novo lado dela. Ele a seguiu e protegeu de longe por tantos anos, nunca tinha visto Melina perder a calma, e isso o excitou. Um arrepio percorreu suas costas, enrolando-se no fundo do estômago e lhe dando uma ereção. Ele ficou grato por estarem sentados e ele estar meio escondido sob a mesa.
"Posso ter a chance de falar, meritíssimo?" Ela perguntou, com os olhos fixos no juiz. Quando ele assentiu para ela, ela se levantou.
Xanthos abriu a boca para dizer algo, mas ela colocou uma mão em seu pulso, sinalizando para ele ficar quieto. Ela olhou novamente para aquelas fotos inocentes espalhadas na mesa. Não havia nada de sujo nelas, e ela sentiu sua alma, seu espírito, seja qual for o nome que se dê, deixar seu corpo. Ela não tinha certeza, mas a apreensão cruzou o rosto de Henry, como se ele percebesse tarde demais que acabou de cutucar uma mãe ursa.
"Meritíssimo, este homem aqui ao meu lado é meu advogado e melhor amigo. Não temos nada romântico entre nós, mas posso dizer que Xanthos me propôs algumas vezes, e fui eu quem disse não. Ele merece coisa melhor." Ela não sabia como estava se sustentando, pois suas pernas tremiam terrivelmente e, para se aliviar, colocou ambas as palmas das mãos sobre a mesa para um pouco de apoio. Ela olhou para o juiz Bakirtzis, depois fixou seu olhar no homem à sua frente enquanto seu coração dava um salto mortal.
"Cuidado com o que você vai dizer." Henry a advertiu, mas ela não se importava.
"Agora, com isso fora do caminho, meritíssimo. Acho que tenho uma solução. Por que não colocar meu bebê em um lar adotivo? O Sr. Campbell está jogando sujo, e acredito que nenhum dos lares seja adequado para uma alma tão bonita quanto Eve. Sou uma mãe irresponsável de acordo com este cavalheiro, mas que tipo de vida uma criança teria se fosse criada pelo sequestrador de sua mãe, o mafioso envolvido na morte de seus avós, e o homem que levou sua mãe bêbada para a cama?" Ela pegou as fotos e as rasgou em pedaços na frente de uma audiência perplexa e pegou sua bolsa. "A audiência está encerrada, meritíssimo." Melina saiu sem olhar para trás, nem prestando atenção ao juiz chamando-a de volta. Que se danem.