




Cinco
Passos suaves chamaram a atenção deles, e quando se viraram para o som, Xanthos parou ao lado deles com as mãos nos bolsos do jeans enquanto admirava o mar. Ele ficou em silêncio, dando-lhes a privacidade necessária para terminar o momento que estavam tendo ali.
“Suas palavras significaram muito para mim, Giagiá. Eu te amo!” Elissa beijou novamente o topo da cabeça de Melina e se virou para o homem ao lado delas.
“Cuide bem dela, filho.” Ele se abaixou para receber o beijo de bênção na testa. Conhecia Elissa desde pequeno e a respeitava como sua própria avó.
“Vou cuidar, Giagiá.” Ele garantiu, e a viu entrar na casa, e então, “Você está bem, Mel?”
Ele tinha uma expressão de preocupação no rosto. Ela podia ver pela ruga em sua testa. Como ele sabia? Gabs! Ela queria ficar brava com sua amiga, mas sabia que ela tinha boas intenções e queria sua felicidade. Ele atravessou o pequeno muro para o outro lado e se sentou, olhando para ela. Ela queria tanto se apaixonar por ele, vê-lo como namorado. Eles saíram algumas vezes. Mas seu coração o via como amigo, e não havia nada que pudesse fazer sobre isso. Ele era um homem bonito, por dentro e por fora, com um grande coração, e merecia alguém que o apreciasse plenamente.
Eles se tornaram amigos quando Evangeline ficou doente; ela precisava de um advogado para lidar com o hospital. Gabs era amiga de um muito bom e o chamou imediatamente. Melina não imaginava que o advogado seria um Artemis de beleza com um grande coração. Eles nunca entraram no assunto do pai de Eve. Melina não via necessidade de ele saber sobre as origens de seu bebê, nem o que havia acontecido com ela em Nova York, e como ele nunca se intrometeu, ela guardou para si. Além de Giagiá e seu tio, que morava em Atenas, apenas Gabs sabia toda a história, e ela confiava o suficiente para manter o segredo.
“Eu vou ficar, espero. O pai dela quer a guarda exclusiva.” Lágrimas arderam no fundo de seus olhos. “Estou com tanto medo. Não posso perdê-la. Será o meu fim.” Ela puxou um pouco de ar para os pulmões como se não soubesse mais como respirar. “Esta é a terceira vez, não! A quarta, eu nem sei mais, ele me passa a perna. O que há de errado com ele?” Ela gritou em um acesso de raiva.
“Você não vai perdê-la. Juízes não tiram crianças de suas mães sem uma causa plausível.” Xanthos nunca a tinha visto tão irritada antes, e era inaceitável vê-la sofrendo assim. Ele queria matar o desgraçado por colocá-la em tal provação. Ele nunca perguntou que tipo de relacionamento ela tinha com o pai de Eve, mas pelo que entendia pelas palavras dela, tinha sido um relacionamento conturbado.
“Você não o conhece, ele não é qualquer cara. Ele tem poder e dinheiro. Eu tinha uma vaga lembrança dos nomes dos advogados que assinaram o processo, então pesquisei sobre eles.” Lágrimas caíram sem controle. “Eles são um dos mais renomados na área, nunca perderam uma única causa.” Seu corpo tremia com os soluços. “E eu sou apenas... eu.”
Xanthos mal conseguia manter as mãos para si mesmo. Se ela continuasse deprimida, ele teria que fazer algo de que se arrependeria depois. Ele passou os dedos pelo cabelo bem cuidado, bagunçando os fios enquanto olhava de volta para o oceano. Quem esse idiota pensava que era para aparecer, achando que tinha algum direito sobre Eve? Não, ele não tinha. Somente as pessoas desta ilha sabiam tudo o que Melina passou por essa menina, e ele não deixaria que a tirassem dela, mesmo que tivesse que levar toda Santorini ao tribunal.
“Onde estão os documentos?” Melina se levantou, indo até a mesa do pátio. O envelope marrom estava lá intocado. Ela se afundou na cadeira, olhando absorta para o envelope. “Posso levá-lo comigo? Preciso estudá-los.”
“Por favor.” Melina se sentia tão perdida com as notícias. Como ele podia descer tão baixo? Ele já não a tinha machucado o suficiente? Ela não tinha certeza se conseguiria enfrentar o pai de Eve naquele tribunal. Só de pensar nisso, ela se assustava. Não sabia como sobreviveria ao dia fatídico que estava por vir.
Outro soluço angustiado escapou de seus lábios enquanto olhava para o rosto dele, e ele não se conteve mais. Sentou-se em uma cadeira e a puxou para seu colo. Xanthos ficou surpreso quando ela não o afastou, como faria normalmente, quando ele a abraçou, trazendo-a para mais perto de seu coração. Isso lhe mostrou o quanto tudo estava afetando Melina. Ele tinha visto esse lado frágil dela quando Eve nasceu, mas isso não o enganava, porque por baixo de tudo isso ela era forte e sabia como lutar. Uma vez encurralada, a gatinha estenderia suas garras e revidaria.
“Chega dessa miséria, Melina.” Ele a chamou firme. “Nada vai acontecer. Por favor, não sofra por antecipação. Vamos lutar por ela. Você é a mãe dela, e ela é grega. Não será fácil para ele. Não importa quem sejam os advogados dele. Confie em mim, ele não está nos EUA. Aqui é a Grécia.” Ele massageou suas costas, aliviando sua dor, e seu rosto suavizou quando o choro dela parou e ela suspirou.
Melina levantou o rosto para ele com olhos tristes. E ele amaldiçoou o destino. Ele queria que ela o visse de uma maneira diferente, não como irmão ou amigo, e agora, com ela ali aninhada em seu colo, falando com tristeza, ele sentiu a necessidade de confortá-la, de amá-la do jeito que ela merecia. Ele levou a mão ao rosto dela, e ela o olhou enquanto ele acariciava sua bochecha com os nós dos dedos. Seus olhos viajaram até a boca dela, e quando a ponta da língua dela lambeu os lábios subitamente secos, ele seguiu o movimento e se aproximou. Melina piscou, dissipando o momento, e quando ele estava quase alcançando-a, ela virou o rosto.
“Não, me desculpe.” Ela choramingou. “Não podemos, Xan.”
“Por quê? Eu posso te fazer feliz, Melina. Eve teria um lar estável. Eu poderia proteger vocês duas. Por favor, me dê uma chance. Me mata ver você sofrer assim.”
“Porque você é bom demais, e você merece uma mulher com o coração totalmente voltado para você. Eu não sou essa mulher, Xanthos. Me desculpe.”