




Capítulo 4: Em que faíscas voaram
Aurora sorriu com um aceno satisfeito.
Ela soltou as palmas masculinas e endireitou as costas novamente. Isso deveria ajudá-lo o suficiente. Eles podiam encerrar a sessão agora. Ela olhou para o relógio. Já são quase sete.
Mas seu cliente não parecia satisfeito. Sua expressão solene a perturbou. Oh Deus. Será que ela disse algo errado? Não podia ser. Ela seguiu os livros à risca.
"Olha, Senhor Theo, se você não está feliz com algo que eu disse--."
Ele abriu um sorriso magnético e retirou as mãos. "Audrey estava certa. Você é boa."
Um toque de tristeza passou por suas feições como uma estrela cadente. Então desapareceu. Mas Aurora conseguiu perceber. Parecia que ela não era a única que tinha passado por momentos difíceis. Sentindo que deveria fazer algo para ajudar, Aurora sugeriu, "Eu poderia fazer outra leitura, se isso ajudar."
"De graça, desta vez?" O charme travesso estava de volta.
Por algum motivo, Aurora não se sentiu irritada como antes. Em vez disso, achou engraçado. Talvez fosse o fim do dia, ou talvez ela tivesse acabado de receber a melhor notícia em cinco anos, ela de repente jogou a cabeça para trás e deu uma boa risada.
Theo também caiu na gargalhada.
À medida que as risadas diminuíam, Aurora respondeu, "Desculpe, Senhor Theo, não posso me dar a esse luxo."
"Um jantar, então."
Aqueles olhos verdes cintilantes o estudaram com uma curiosidade renovada.
"Eu não posso nem te dar uma leitura de graça. O que te faz pensar que posso te pagar um jantar?"
Theo riu. "Essa é uma maneira incomum de rejeitar um homem." À medida que as ondas de riso diminuíam, seu olhar penetrante se fixou nela. "Você é realmente uma mulher mágica."
Seu sussurro deslizou pela pele dela como seda macia. Aquele olhar terno eletrificou seus sentidos, mexendo com seu interior. Aurora respirou fundo e exalou cuidadosamente. Ele não pode saber que tem um efeito sobre ela. Ela ainda está ciente de suas circunstâncias, assim como das dele.
"Bem, Senhor Theo--."
"Theo. Apenas me chame de Theo." Ela mordeu o lábio inferior em hesitação e isso foi incrivelmente excitante. Ele engoliu em seco e acrescentou com a voz tensa, "Eu insisto."
Aurora olhou para ele. "Theo. Eu preciso fechar agora."
"Que tal eu te pagar um jantar, então?"
"É contra as regras sair com um cliente e eu não quero ser demitida." Ela terminou de inspecionar a vitrine e passou para a limpeza.
Com as mãos nos bolsos, Theo caminhou tranquilamente até a vitrine e fingiu estar interessado nos cristais. Um vermelho brilhou graciosamente para ele.
"Quanto custa este?"
Aurora semicerrava os olhos para ele, depois colocou a vassoura de lado e caminhou até lá. Ela viu o que ele estava apontando e sorriu para ele.
"Não sei dizer se você escolheu isso por destino ou por conhecimento."
"Tem a cor do seu cabelo." Theo franziu a testa para a pedra vermelha, depois cruzou os braços e esfregou o queixo, como se estivesse ponderando sobre uma questão séria. "Se não podemos jantar, então vou levar isso como uma lembrança. Para me fazer companhia sempre que eu pensar em você."
Ela explodiu em risadas desamparadas. "Se você faz questão, custa duzentos dólares. Aceitamos dinheiro para compras de presentes."
Sua voz baixou para um sussurro. "Quero te ver de novo."
Ela foi atraída para os olhos castanhos escuros dele. De repente ciente de quão próximos estavam, ela sentiu o calor irradiando de seu corpo forte e musculoso.
"Marque outra consulta." Ela sussurrou de volta com um brilho travesso nos olhos.
"Qual é o seu nome?"
"Madame Zoya."
"O outro."
Aurora riu. "Você é um homem persistente, Theo."
"Gosto de ouvir sua voz dizer meu nome." Ele fez uma pausa e inclinou a cabeça ligeiramente com um sorriso sedutor. "Gosto mais ainda que você me veja como um homem."
Ela desviou o olhar e riu.
Theo se aproximou, a ponta de seus dedos a um fio de distância dos dela. "Então, seu nome é?"
Seus cílios se levantaram como uma flor desabrochando enquanto ela sorria. "Aurora." Então, ela se afastou.
O nome combinava perfeitamente com ela. Sorrindo como um colegial que acabou de conseguir o número da garota mais popular, Theo se virou e caminhou até ela.
"Estou falando sério sobre aquele cristal vermelho."
Aurora parou de varrer e olhou para cima. "Claro que está. Foi feito para você! Vou embrulhá-lo para você agora mesmo."
Ele cruzou os braços fortes sobre o peito largo enquanto a bela ruiva passava por ele em direção à vitrine e voltava, segurando o cristal vermelho com um pano. Depois de colocá-lo em uma caixa, ela o entregou.
"Duzentos dólares, por favor." Ela pegou o dinheiro e exibiu o sorriso mais brilhante. "Obrigada pela compra!"
Theo estendeu a mão e pegou a caixa e as mãos dela, apertando-as suavemente.
"Tenho certeza de que você precisa de uma carona para casa."
"Eu já tenho uma."
Uma sobrancelha levantada. Seu coração afundou um pouco. Ela está comprometida. Por que não estaria? Ele se perguntou quem era o sortudo quando um pensamento pecaminoso invadiu sua mente: se eles não são casados, ele ainda tem uma chance, não tem?
Theo perguntou casualmente, "É seu marido?"
"Não sou casada," ela respondeu bruscamente. A carranca veio e desapareceu num piscar de olhos.
Surpreso, Theo se afastou e examinou o rosto dela. Sentindo que estava entrando em um território desconhecido, ele mudou de assunto.
"Então é namorado."
Aurora bateu um dedo esguio no queixo, ponderando seriamente. "Ele tem quarenta anos..."
Theo gemeu.
"Usa um chapéu preto, um distintivo e um colete laranja." Ela sorriu para ele como um gato de Cheshire.
Ele riu. "Ele tem uma longa viagem então."
Aurora riu enquanto uma morena esguia de botas de salto alto, minissaia justa e blusa tomara que caia branca atravessava a cortina preta.
"Que p*rra é esse lugar? Caramba, essa cortina é pesada."
Theo olhou por cima do ombro enquanto Aurora exclamava, "Trish! Você conseguiu!"
"Consegui mesmo. Este lugar é como um inferno... uau!" A melhor amiga atrevida arregalou os olhos para Theo e depois puxou Aurora para perto e sussurrou em seu ouvido. "Interrompi alguma coisa?"
Aurora sussurrou de volta. "Terminamos. Estou fechando agora."
Theo riu silenciosamente. As mulheres gostam de sussurrar, mas nunca fazem isso discretamente. Era um sinal para ele ir embora. Haverá muitas chances para eles se encontrarem novamente - ele vai garantir isso.
Ele levantou a caixa e deu a Aurora um olhar intencional. "Vou olhar para isso até minha próxima consulta." Com um pequeno sorriso, ele saiu.
Trish girou e apontou o polegar para a cortina preta com um olhar significativo.
"Quem é aquele homem lindo e sexy? Ele é um boxeador ou algum cara rico?"
Aurora deu de ombros, pegou a vassoura e varreu a área restante do chão.
"Oh não. De jeito nenhum você vai me deixar de fora dessa. Tem definitivamente algo. Eu posso sentir nos meus seios."
Aurora riu. "Ele é apenas um cliente. Vou me trocar e podemos ir."
Mas Trish não desistiu e a perseguiu pela loja, questionando-a como uma detetive particular.
"Ele te convidou para sair? E você disse não? Você está louca? Deve estar. Todo esse trabalho finalmente te afetou. Oh não, espera. Você está se fazendo de difícil, não está?"
"Não, Trish! Você sabe em que tipo de situação eu estou. Sem romance. Só dinheiro por enquanto." Aurora tirou o vestido e vestiu uma camiseta e jeans.
"Besteira. Um pouco de romance não mata ninguém." Trish jogou o longo cabelo preto para trás e se inclinou para Aurora. "Sua sorte está mudando!"
Aurora sorriu desamparada para sua amiga animada.
"Desculpe, Aurora." A simpática senhora com um rabo de cavalo colorido como um arco-íris sorriu apologeticamente.
"Mas você disse que eu sou a melhor cabeleireira que você já teve, Gwen. Ontem mesmo! Eu não entendo. Por que estou sendo demitida? O que eu fiz?" Todos no salão estavam olhando, mas Aurora não se importava. Ela quer uma explicação e vai conseguir uma.
"Você tem que sair agora, Aurora. Eu tenho clientes." Gwen a empurrou em direção à saída.
Aurora se recusou a deixar isso passar.