




Capítulo 4
"Você não percebe o sacrifício que está disposto a fazer até que seu filho precise de você. Você não percebe que é realmente capaz de destruir o mundo ao seu redor, esmagar qualquer coisa que cruze seu caminho, colocar seus inimigos de joelhos até aprender que a única coisa em torno da qual seu mundo gira está sendo arrancada de você. Deus ajude quem se colocar no meu caminho. Será possível que nem Deus consiga protegê-los da minha ira?" ~Dillon Jacobs
"Eu sei que parece loucura, Dillon, mas é verdade." Wadim implorou ao pai de Jacque e Alfa da matilha de Denver. Ele havia chamado o Alfa americano a pedido de Skender, que, na ausência de Vasile e dos outros lobos principais, estava carregando muito em seus ombros.
"Você está me dizendo que a Grande Luna entrou em contato com você?" Dillon perguntou, incrédulo.
"Como eu disse, eu sei que parece loucura. Ela está chamando as matilhas."
"As matilhas?" A voz de Dillon estava tensa de apreensão.
"Como em todas elas," Wadim confirmou. "Ela deu a pedra da lua para os Fae. Você sabe o que isso significa."
"Ela quer que os Fae nos chamem com ela," as palavras de Dillon não eram uma pergunta.
A linha ficou silenciosa enquanto cada um pensava nas ramificações do que estava prestes a acontecer. Dillon sabia que a situação devia ser grave se as matilhas iam se reunir em um só lugar. Havia tanta divisão entre eles por tanto tempo que ele não tinha certeza de como ficariam juntos sem posturas de dominância e lutas sangrentas. Era possivelmente o maior desastre da história deles.
"Quem mais sabe sobre isso?" Dillon perguntou.
"Apenas os Fae, eu e agora você."
"Uma vez que os Fae usarem a magia da pedra da lua, nenhum de nós será capaz de resistir ao chamado." Dillon sabia que não estava dizendo nada que Wadim já não soubesse, ele apenas sentia a necessidade de expressar isso, quase como se dizer em voz alta pudesse ajudá-lo a se preparar para o inevitável.
"Tem mais uma coisa," a voz de Wadim baixou. "Não ouvi nada de Vasile ou Decebel desde que partiram."
"Eles saíram por aí, tentando enfrentar essa bruxa sozinhos. O que diabos você esperava que acontecesse?" Dillon rosnou. "Ao contrário do que todos vocês acreditam, Vasile não é invencível."
Wadim devolveu o rosnado do Alfa. "Ele está lidando com uma situação que deveria ser responsabilidade de todos nós. Você nunca deveria ter saído."
"Ele nos mandou sair!" Dillon rosnou.
"Você é um Alfa. Você sabia o que ele estava enfrentando. Sabia que isso poderia afetar mais do que apenas a matilha dos Lobos Cinzentos Romenos. É seu trabalho discernir quando você é necessário, então não me pregue sermões sobre se temos Vasile em alta estima demais."
"Você está me dando ordens?" A voz de Dillon era baixa e desafiadora.
"Estou apenas dizendo o que você se recusa a reconhecer. Isso não é um problema da matilha romena. Isso é um problema de todas as matilhas. Você é necessário. Todos nós somos necessários e os Alfas vão ter que se levantar e dar um exemplo para seus companheiros de matilha."
"Você não está me dizendo nada que eu não saiba, Wadim," Dillon soltou um suspiro frustrado. "Vou começar a reunir meus lobos mais dominantes. Me dê alguns dias e estaremos a caminho."
Embora Wadim soubesse que Dillon não podia vê-lo, ele fechou os olhos em alívio.
"Wadim, você sabe se Jacque está bem?" Dillon não escondeu a preocupação em sua voz.
Wadim não respondeu imediatamente. Finalmente, ele soltou um suspiro resignado.
"Ela estava com os outros, não tenho ideia do que aconteceu com eles. Então, para ser honesto, não tenho a menor ideia. Sinto muito ter que te dizer isso."
"Estaremos lá em breve," Dillon disse a ele, sem responder à explicação de Wadim, e desligou sem se despedir.
Wadim olhou para o telefone depois que Dillon desligou. Ele balançou a cabeça enquanto considerava as palavras do Alfa. Ele tinha que concordar, isso poderia definitivamente ser a maior catástrofe conhecida por sua espécie. Tantos dominantes juntos, prontos para a batalha. Sim, ele pensou: o mundo, como o conhecemos, poderia ser destruído por Desdemona, ou talvez, pelos próprios lobos.
Cypher corria a toda velocidade, com uma Lilly gritando, jogada sobre seu ombro, e Cyn em seus calcanhares. Ele desviava de árvores e galhos baixos. Pulava buracos e tocos, seus pés se movendo a um ritmo sobre-humano.
"VOCÊ DISSE QUE ELES AJUDARIAM!" Lilly berrava por cima do som do vento batendo em seu rosto.
"NÃO AGORA, LILLY," Cypher gritou de volta.
Lilly revirou os olhos enquanto tentava segurar a cintura de Cypher enquanto ele corria. Ela não podia acreditar que estavam nessa situação. Cypher a havia assegurado que esse ser poderia ajudá-los a entender as ramificações de abrir o véu agora que Cypher havia encontrado sua companheira. Cypher estava todo: ele pode ajudar; ele sabe o que eu preciso fazer, ele... blá, blá, blá. Em vez disso, eles encontraram um grupo de criaturas saídas dos piores pesadelos de Lilly. Agora os monstros... não, monstros não era a palavra certa. Agora, os dragões estavam voando em direção a eles, mandíbulas abertas, prontos para engoli-los inteiros.
Lilly olhou para cima quando ouviu o som mais estridente que já perfurou seus ouvidos. Seus olhos se arregalaram ao ver a forma de asas impossivelmente grandes e uma longa cauda voando pelo ar. Um dragão gigante mergulhou em direção a eles.
"UH, CYPHER, PODERIA MUDAR PARA A 5ª MARCHA AGORA." A voz de Lilly tremia um pouco enquanto ela via o dragão se aproximar cada vez mais.
Quando Lilly tinha certeza de que estava prestes a se tornar a refeição do meio-dia da criatura, Cyn se virou e, em um movimento digno de um filme de Hollywood, estendeu os braços enquanto voava de volta pelo ar. Uma luz brilhante saiu de suas mãos em direção ao dragão. Acertou a criatura bem entre os olhos e ela mudou abruptamente de curso, levantando-se de volta ao céu. Antes que Cyn atingisse o chão, ela puxou as pernas para o peito e jogou o corpo para trás, girando as pernas ao redor e aterrissando de pé. Ela se virou sem perder o ritmo e continuou correndo.
Lilly olhou para a Fae e deu um sinal de positivo. Ela jurou ter visto um pequeno sorriso em seu rosto geralmente estoico.
Cypher continuou correndo. Depois de um quilômetro, não havia sinal da besta e ele finalmente diminuiu o ritmo.
Lilly deu um tapinha nas costas dele. "Você poderia me colocar no chão agora para que eu possa te dar uma bronca adequadamente?"
Ele parou e a colocou de pé. Ela olhou para o rosto bonito dele enquanto cruzava os braços sobre o peito. Seu pé começou a bater por conta própria enquanto ela tentava formular as palavras que queria dizer.
"Então, o que diabos foi aquilo?" Ela rosnou.
"Bem, para você provavelmente seria chamado de dragão, mas na verdade é chamado de draheim."
"Eu não estava falando sobre a besta esquisita nos perseguindo; no entanto, chegaremos a isso em um minuto. Eu estava falando sobre você dizer que receberíamos ajuda do seu irmão, mas em vez disso, quase viramos almoço."
Os olhos de Cypher se estreitaram. Ele se virou dela e olhou de volta na direção de onde tinham vindo. Fazia muito tempo desde que ele havia falado com seu irmão. Embora a última vez tenha sido bastante tensa, ele não esperava tanta hostilidade.
"Talvez ele não tenha percebido que era eu," ele disse, fracamente.
"Cypher, olhe para mim." Lilly descruzou os braços e alcançou o cabelo para apertar o rabo de cavalo que tinha se soltado na corrida para fugir do draheim. "Existe alguma história entre você e seu irmão que você não mencionou?"
"É complicado," Cypher respondeu.
"Tente me explicar," Lilly disse, secamente.
Cyn se encostou em uma árvore, aparentemente indiferente à corrida ou ao truque que havia feito. Ela observava Cypher com olhos atentos, esperando por sua explicação. Se o irmão de Cypher realmente fosse a única chance deles, então o que quer que tivesse acontecido entre eles teria que ser resolvido.
Cypher olhou para o horizonte enquanto deixava as memórias que havia enterrado virem à tona.
"Faz séculos desde que aconteceu e eu realmente pensei que ele já tivesse superado isso."
"Foi uma mulher, não foi?" Lilly perguntou.
"Sim, mas não do jeito que você está pensando. Ele era acasalado. Ela era uma das fêmeas mais doces que eu já conheci. Ela não merecia o que aconteceu e eu não pude salvá-la. Ele me culpa pela morte dela e com razão." O tom geralmente confiante de Cypher caiu em derrota.
"Eu não acredito nisso. Se você não a salvou, então não poderia ter sido uma escolha sua. Devem ter sido as circunstâncias. Todos vocês, machos alfa, acham que tudo recai sobre seus ombros e esquecem que não são perfeitos."
O canto da boca dele se levantou ligeiramente enquanto observava a mulher que agora chamava de companheira defendê-lo. Se ao menos ela soubesse das "circunstâncias", como ela as chamava. Será que ela pensaria menos dele? Será que ela se recusaria a confiar nele para protegê-la, para proteger sua filha?
"Raramente há paz entre as raças sobrenaturais."
"Nem me diga?" Ela bufou, sarcasticamente.
Cypher riu. "Sua filha é como você?"
Lilly sorriu. "Se você quer dizer se ela é a coisa mais legal de todas? Então não, ela é ainda mais incrível do que eu."
Cypher sorriu. "Não consigo imaginar isso."
"Não mude de assunto." Ela estreitou os olhos para ele.
"Quando há paz," ele continuou, "não é duradoura e é frágil, na melhor das hipóteses. Algo tão simples como uma palavra percebida como desrespeitosa pode quebrar a trégua. Havia paz há algum tempo entre meu povo e os trolls que vivem nas montanhas."
"Trolls?" As sobrancelhas de Lilly se ergueram.
"Certamente você percebe que há mais sobrenaturais do que apenas os que você conhece, pequena."
Lilly deu de ombros. "Isso não significa que não seja ainda esquisito."
"Thea, que era a companheira do meu irmão, estava determinada a nos unir e criar uma aliança com os trolls. Meu irmão a advertiu para ficar fora dos assuntos do conselho, mas isso só a incentivou mais. Ela procurou o líder dos trolls para tentar falar com ele, mas não foi o líder que ela encontrou na montanha naquele dia." Cypher fez uma pausa e pensou naquele dia. Ele ainda podia ver Thea se afastando dele depois que ele lhe disse que, como seu Rei, ele a proibia de procurar os trolls. Ele tinha visto a desobediência em seus olhos e sabia que ela não ouviria. Se ao menos ele a tivesse seguido, se ao menos ele tivesse contado ao seu irmão mais cedo. Ele foi tirado das memórias por uma mão quente em seu braço. Ele olhou para baixo e viu Lilly, seus olhos cheios de compreensão. Isso lhe deu coragem para continuar.
"Ela veio até mim, implorando para que eu visse a razão, essas foram as palavras dela. Eu disse a ela que não deveria ir, mas algo em seus olhos me disse que ela me desafiaria. Eu tinha me encontrado com o líder dos trolls e sabia que ele não a machucaria. Ele era, na verdade, um macho honrado, mas como qualquer líder, ele não tinha apenas seguidores leais, mas também seguidores corruptos. Eu imaginei que ele a acompanharia de volta ao seu refúgio, todo o tempo exibindo um sorriso duvidoso, rindo de sua inocência. E ele teria feito isso, se fosse ele quem a tivesse encontrado. Mas, quando ela foi à montanha dos trolls, foi recebida por dois trolls que se opunham à paz entre nossas raças. Eles viram uma oportunidade de destruir essa paz. Ela nunca teve uma chance. E eles conseguiram destruir a paz. A inimizade entre feiticeiros e trolls ainda existe até hoje. Eu não consigo nem descrever as coisas que fizeram com ela. Eu deveria tê-la seguido. Era meu dever, como seu Rei, protegê-la, mesmo que fosse de si mesma."
Lilly balançou a cabeça. "Era o trabalho do seu irmão, e mesmo assim, ela tinha livre arbítrio. Independentemente do resultado e de quão horrível foi, Thea fez essa escolha. Eu não digo isso para ser cruel, mas você não pode assumir a responsabilidade pela escolha dela."
Cypher não podia acreditar que não via condenação nos olhos dela, mas sim compreensão e empatia. Ele não merecia isso. Independentemente do que Lilly dissesse, ela não entendia a responsabilidade que ele tinha por sua raça. Ele falhou em proteger o que era mais precioso para seu irmão e sabia que ela iria. Quando ele e seu irmão encontraram o corpo dela, ele perdeu o controle. Seu tormento e dor eram tão tangíveis que Cypher os sentia em sua alma. Assim que o choque passou, ele se voltou contra Cypher. Ele podia ouvir as palavras reverberando em sua mente, um disco quebrado de verdades infinitas.
"Você é nosso Rei; você sabia o que ela faria! Você deveria ter vindo até mim! Você deveria ter me avisado. Isso é culpa sua; o sangue dela está em suas mãos." Seu irmão gritou com ele. Tudo o que Cypher pôde fazer foi abaixar a cabeça em derrota. Ele caiu de joelhos em vergonha pela verdade nas palavras de seu irmão. Ele permitiu que seu irmão o espancasse até que seus guardas mais próximos o salvaram da ira de seu irmão. Ele queria morrer, queria que seu irmão o matasse. Era o que ele merecia. O conselho trancou seu irmão até que sentiram que ele não era mais uma ameaça. Mas Cypher sabia que, se seu irmão tivesse a chance, ele o mataria. O tempo passou, anos, décadas, séculos, e ainda não havia nenhuma notícia dele.
"Cypher."
Ele percebeu que Lilly estava dizendo seu nome enquanto ele se lembrava daquele dia horrível. Sua visão se focou nela e ele sorriu ao ver a determinação em seu rosto.
"Não é sua culpa. Diga comigo," ela incentivou.
Cypher balançou a cabeça. "Sinto muito, querida, mas desta vez é."
Lilly podia ver que nada do que ela dissesse mudaria a opinião dele. Ela sabia quando recuar. Agora não era o momento, mas o dia chegaria em que ela o faria entender.
"E agora?" ela perguntou a ele.
Cypher olhou para Cyn. "Você sabe como meu irmão conseguiu trazer o draheim para este reino?"
Cyn franziu a testa enquanto pensava. "Na verdade, é uma surpresa para mim que ele tenha conseguido fazê-los atravessar um véu. Eles são animais muito desconfiados."
"Você sabe algo sobre draheim, como alguma fraqueza que eles possam ter?" Lilly perguntou.
A expressão no rosto de Cyn não parecia promissora. "Há muito poucas coisas que podem matar um e eles não são as criaturas mais amigáveis."
"Nem me diga?" Lilly riu, sarcasticamente. Cyn continuou como se Lilly não tivesse falado.
"Seu irmão parece ter convencido eles a servi-lo como guardas. Isso é um mistério para mim. A pele deles é mais grossa que couro, quase impenetrável. Se isso não fosse suficiente, ela reflete a luz de forma que cria um brilho que cega seus oponentes. É como a água sendo atingida pelo sol no ângulo certo, pode ser ofuscante. Seus olhos têm uma membrana transparente que desliza para protegê-los quando estão em batalha, suas caudas são revestidas de espinhos mortais e suas bocas excretam um veneno que, ao perfurar a carne, causa paralisia." Cyn explicou, secamente, como se não estivesse descrevendo um inimigo quase indestrutível.
Lilly pensou por um momento, revisando a descrição que Cyn acabara de dar. Sua testa franziu enquanto ela considerava.
"Espere," ela disse, dando um passo em direção a Cyn. "Você disse que a pele deles é quase impenetrável. Isso significa que não é impossível, pode ser feito." Os olhos de Lilly se encheram com uma pequena quantidade de esperança.
"Existe algum tipo de arma que possa atravessar a pele grossa deles?" Cypher perguntou.
Cyn parecia sombria.
"Por que eu acho que isso vai ser outra tarefa impossível que provavelmente pode nos matar?" Lilly perguntou, ironicamente.
Lilly quase riu quando os cantos da boca de Cyn se levantaram em um quase sorriso.
"Existe uma arma que pode matá-los. É uma flecha feita de um metal especial que só é forjado por..."
"Os elfos," Cypher interrompeu, de forma sombria.
Cyn assentiu. "Os elfos," ela concordou.
Lilly levantou as mãos enquanto suas sobrancelhas se erguiam. "Espere um segundo. Elfos?" Ela balançou a cabeça e soltou um suspiro frustrado. "Agora eu entendo por que minha filha e seus amigos estão constantemente usando palavras como 'bloody hell', 'shut up' e 'mother of pearl'."
Cypher inclinou a cabeça para o lado enquanto observava sua companheira.
Lilly olhou para ele e riu de sua expressão confusa.
Ela acenou para ele. "Não pergunte. Ok, então exatamente quantas espécies sobrenaturais existem?"
Antes que Cypher pudesse responder, eles ouviram um som muito familiar de trovão acima deles. Todos olharam para cima exatamente quando uma das bestas que estavam discutindo voou sobre eles, suas grandes asas batendo no ar ao redor.
Quando pensaram que não haviam sido notados, a besta virou a cabeça para baixo e os perfurou com seus olhos assustadores.
A compostura usual de Cyn se quebrou por um breve momento quando seus olhos encontraram os de Lilly.
"Eu mencionei que eles têm um excelente senso de olfato?"
Os olhos de Lilly se arregalaram. "Hum, não, você com certeza não mencionou."
Cypher a pegou e a levantou suavemente em seus braços, desta vez a segurando contra seu peito.
Ela gemeu. "Lá vamos nós de novo."
Cypher começou a correr, sua velocidade aumentando a cada passo. Lilly olhou por cima do ombro dele e viu que Cyn estava logo atrás. Lilly olhou para o céu, tentando bloquear a velocidade com que Cypher estava se movendo, ignorando as árvores que passavam borradas. Ela viu o enorme draheim e estremeceu quando um rugido perfurou o céu. Como é que as pessoas em um raio de 80 quilômetros não ouvem e veem a besta, Lilly se perguntou. Quando a besta fez um mergulho em direção a eles, ela decidiu que era uma pergunta que poderia esperar por uma resposta, desde que sobrevivessem a isso.
Mona estava no topo da colina, olhando para as Montanhas dos Cárpatos. Ela sentia a perturbação no ar. A magia fazia sua pele formigar e ela havia respondido ao chamado. Ela não entendia por que Peri conjuraria uma tempestade, e tinha certeza de que era Perizada, baseada na pureza da magia. Qualquer que fosse o plano de Peri, Mona havia assumido o controle. Ela não manteria isso por muito tempo porque tinha outros assuntos para resolver, mas achou que era uma boa maneira de avisá-los de que não havia esquecido seu pequeno grupo, vagando perdido na floresta. Ela ficou surpresa ao vê-los fora dos Alpes da Transilvânia, mas, oh, definitivamente não os havia esquecido e sabia exatamente quem ela faria os demônios eliminarem primeiro.
Ela acariciou a crina de Octavian e sentiu sua inquietação enquanto ele batia os cascos na grama seca.
"Pronto para uma corrida, meu velho amigo?" Ela perguntou ao grande cavalo negro.
Octavian respondeu com um bufar. Mona continuou a manter a tempestade com sua mente enquanto subia no cavalo. Ela os faria sofrer um pouco mais e, antes que tudo terminasse, talvez até jogasse uma tempestade de gelo por diversão.
Ela sussurrou um local para Octavian e, com um início suave, ele partiu em galope. Para um animal tão grande, seus movimentos eram graciosos. Mona deixou sua mente vagar durante a viagem enquanto pensava em seu próximo movimento no jogo de xadrez que havia criado.
Octavian não era um cavalo comum. A jornada até seu destino, que deveria ter durado dias, levou apenas uma tarde. Ela desceu e deixou Octavian pastar sozinho. Ela soltou um suspiro e finalmente liberou a tempestade implacável que havia roubado do poder de Perizada. Ela soltou um suspiro lento e sacudiu a leve fraqueza que a tempestade havia causado.
A floresta ao seu redor ficou silenciosa e seus olhos se estreitaram quando sua pele formigou com a realização de que estava sendo observada.
"Saia, saia, onde quer que esteja," ela cantou no ar. Ela começou a murmurar um feitiço para revelar o intruso desconhecido quando Ainsel, o rei dos pixies, saiu das sombras das árvores.
"O que você está fazendo aqui, Desdemona do antigo coven?" Sua voz estava tensa de raiva enquanto ele a encarava.
Mona sorriu para ele enquanto se sentava em uma rocha em frente a ele. Ela sabia que ele ficaria mais amigável se ela não parecesse tão imponente.
"Vim dizer que preciso de seus serviços mais uma vez."
O rei riu, e a indignação encheu seu tom. "Você acha que eu ajudaria você quando não cumpriu o primeiro acordo que fizemos? Você está louca?"
"Bem, se você quer dizer louca como em zangada, então não. Mas, se você quer dizer louca como em completamente insana, bem, francamente, isso é praticamente um dado." Os olhos de Mona brilhavam com maldade.
O rei a observou, analisando seu comportamento. Ele não chamaria isso de felicidade, pois podia ver que ela nunca seria capaz de verdadeira felicidade. Ele decidiu que a conclusão mais próxima que poderia chegar era que ela estava eufórica, como uma criança que havia pego biscoitos do pote e não sido pega.
Mona olhou nos olhos do rei enquanto começava a entoar.
Eu chamo a magia que tenta deixar este lugar,
Você responderá ao meu chamado para ajudar esta raça.
Você se reunirá no véu e o abrirá,
Você não permitirá que ele falhe ou se esconda.
Eu te chamo, eu te reúno, para fazer minha vontade,
Eu te moldo e formo para o véu, fique quieto.
Ninguém mais pode te liberar do meu cuidado,
Apenas meu desejo você pode carregar.
Mona se virou para o Rei dos Pixies, "Dê-me sua mão."
Ainsel a olhou com desconfiança.
"Oh, pelo amor de Deus, homem, eu não vou cortá-la. O feitiço requer seu sangue, um sacrifício, como qualquer bom feitiço."
Ele lentamente levantou a mão para ela e ela a agarrou. Ela alcançou dentro de seu manto e puxou uma faca, e em um movimento suave passou-a pela palma da mão dele. Mona inclinou a mão dele e deixou o sangue pingar no chão da floresta. O ar ao redor deles ficou denso com magia e os olhos de Ainsel se arregalaram brevemente ao ver a ondulação que apareceu como se uma costura tivesse sido cortada no universo. Ele odiava dar a ela a satisfação de ver seu alívio, mas não pôde evitar o espanto que sabia estar estampado em seu rosto...
"Pronto," ela disse, com arrogância. "Eu abri seu véu permanentemente. Cumpri minha parte do acordo."
O rei lutava internamente com sua raiva, mas também sabia que, se não a ajudasse, ela poderia destruí-lo e à sua raça.
"O que você precisa?" Ele finalmente perguntou.
Ela sorriu triunfante enquanto começava a explicar. "O contato que deveria me ajudar a abrir o véu para o submundo, até agora, não cumpriu. Acredito que ele possa estar planejando me trair. E, já que você foi tão bom em rastrear os cães para mim," ela deu de ombros, indiferente. "Achei que você poderia lidar com isso sem problemas."
"Quem é esse contato?"
Novamente, Mona se esforçou para parecer entediada e indiferente enquanto tirava fiapos inexistentes de suas roupas.
"Cypher," ela mal havia pronunciado a palavra quando o Rei dos Pixies engasgou.
Ela olhou para cima e viu que seus olhos estavam arregalados e sua respiração havia se tornado superficial.
"V-v-você quer que eu capture o rei dos feiticeiros?" Ele gaguejou.
Mona assentiu enquanto se levantava. Ainsel deu um passo para trás enquanto olhava para ela, sua mente ainda girando com a informação que ela acabara de jogar sobre ele como uma tonelada de tijolos. Seus ombros pareciam pesados com o peso do pedido dela.
"Ele nunca vai esperar por você," ela montou em seu cavalo e olhou para baixo para o pequeno rei. "Não sei quanto tempo levará até que ele se mostre para mim, mas você precisa tê-lo em sua mira e estar pronto para derrubá-lo se eu precisar de você."
Ainsel levantou a mão para detê-la. "Como exatamente eu devo derrubar o rei dos feiticeiros?"
Mona deu de ombros. "Seja criativo." E, antes que ele pudesse responder, ela saiu galopando pela floresta, as árvores engolindo sua retirada, deixando nada para trás além da leve perturbação da folhagem por onde passou.
Ainsel ficou ali em choque, incapaz de processar o que acabara de acontecer. Desdemona havia aberto o véu para o mundo deles, um véu que era instável e estava se fechando e abrindo por conta própria. Ele sabia que era apenas uma questão de tempo antes que se fechasse para sempre. Mona havia procurado sua ajuda com os lobos e, em troca, ela deveria manter o véu aberto. Originalmente, ela não havia cumprido sua parte do acordo e ele achou que nunca o faria. Mas agora, ela precisava dele novamente. Ele não confiava nela, nem um pouco. Ele cumpriria a tarefa que ela lhe dera, e ficaria de olho no inevitável golpe que ela eventualmente desferiria em suas costas.
Alston, o membro mais alto do conselho dos Fae, estava na abertura do véu do reino deles para o humano. Nissa, Gwen e Dain estavam com ele. A Grande Luna lhes disse que Mona havia bloqueado Peri de atravessar, mas não que eles não poderiam passar.
Ele segurava a pedra da lua em sua mão e o peso da responsabilidade que vinha com ela se assentava sobre ele como um cobertor pesado. As matilhas não se uniam há milênios. Elas eram muito voláteis para serem reunidas, e era exatamente isso que eles iam fazer. Eles iam atravessar o véu para o reino humano e chamar todas as matilhas que a Grande Luna havia criado. Seria a maior reunião de seres sobrenaturais da história deles.
"Alston," ele ouviu seu nome ser pronunciado suavemente atrás dele por Gwen. Ele se virou para olhá-la.
"Vamos?" Ela perguntou.
Alston soltou um suspiro profundo e, ao atravessar o véu, sua voz reverberou sobre cada um deles. "Assim seja."
Eles saíram do Véu para o ar frio e fresco, e um dossel de árvores altas e antigas se erguia sobre eles. A noite havia caído no reino humano e, onde deveriam haver estrelas no céu, apenas nuvens escuras podiam ser vistas. O chão estalava sob seus pés devido à leve geada que havia se acumulado, e as folhas das plantas brilhavam como diamantes pelas gotas congeladas.
Caminhando lentamente, afastando-se do Véu, eles se viraram para se encarar em um círculo. Alston tirou a pedra da lua do bolso onde a havia colocado quando atravessaram o Véu. Ele olhou para a pequena, aparentemente insignificante pedra, e balançou a cabeça. Essa pedra estava prestes a mudar o curso da história.
Ele olhou para os rostos de seus parentes, seus olhos cheios de determinação, mas sombreados pela dúvida. Ele se inclinou, colocou a pedra no chão no meio do círculo e então se juntou a eles novamente.
"Devemos esperar que a lua se revele das nuvens. A Grande Luna indicou que esta noite seria de lua cheia." Suas palavras pareciam reverberar na noite e todos levantaram os rostos um por um.
A noite ficou silenciosa e o ar parou. Toda a natureza parecia estar prendendo a respiração, esperando e observando.
Os quatro Fae observaram o céu noturno enquanto as nuvens começavam a se dissipar lentamente. Gradualmente, pouco a pouco, a lua começou a brilhar através da abertura. E então ela estava lá, cheia em toda a sua beleza. As nuvens a cercavam, mas ela brilhava plenamente, como se estivesse olhando para eles. Embora nenhum calor viesse da lua, sua luz os banhava em um tipo diferente de calor e eles sabiam que era da Grande Luna. A luz da lua atingiu a pedra da lua que estava no chão e ela começou a brilhar, uma luz branca suave a princípio, mas rapidamente cresceu em intensidade.
Alston foi o primeiro a falar enquanto começava o antigo cântico para chamar os filhos da Luna. Era um cântico que nunca havia sido pronunciado em voz alta. E, um por um, todos se juntaram.
Pelo poder da lua,
Sua luz sobre todos paira,
Pelo brilho da pedra,
Você não é seu próprio.
Nós te chamamos.
Você que é forte,
Vagou por muito tempo,
Você que lidera os fracos,
É você que seu criador busca.
Nós te chamamos.
Seu tempo é agora, seu propósito é aqui,
A divisão se foi, a restauração está próxima,
Atenda ao chamado, uivando na noite,
Prepare-se para a luta.
Nós te chamamos.
Nós te chamamos.
Nós te chamamos.
As Matilhas da Grande Luna,
NÓS TE CHAMAMOS.
As palavras finais ecoaram na noite enquanto os quatro Fae abaixavam as mãos e olhavam de volta para a lua. A calma que havia envolvido a floresta começou a se dissipar enquanto o vento começava a soprar e as árvores balançavam em uma dança atemporal. Sobre o uivo do vento, eles ouviram a voz dela tão claramente como se ela estivesse diante deles.
"Preparem-se. Está feito."
Nissa olhou para Alston e soltou um suspiro trêmulo. "Por que isso soa estranhamente ominoso?"
Foi Dain quem respondeu. "Porque essa é a única palavra que poderia descrever a união das matilhas."