Capítulo 9. Incomum
9. Incomum
Aquele tapa sacudiu meu interior.
Eu esperava que minha mãe me abraçasse com seu calor e me assegurasse que tudo ficaria bem, mas em vez disso, ela me bateu, e eu não sabia o que esperar dela.
"Você nem conseguiu manter um companheiro para si mesma e, como de costume, me traz vergonha. Achei que conseguiria me livrar de você quando encontrasse seu companheiro, mas ele também não te quer. O que você acha? Acho que Edward te rejeitou porque quem aceitaria alguém tão fraca como você como companheira? Você merece tudo isso," ela cuspiu as palavras.
Eu não podia acreditar que minha mãe achava que eu merecia todo o sofrimento pelo qual estava passando. Eu esperava que ela me entendesse, ou pelo menos me dissesse que há uma saída para tudo, mas em vez disso, ela estava me empurrando mais fundo no poço do qual eu tentava escapar.
Virei-me para encarar Sky, temendo que Mamãe o tratasse da mesma maneira que me tratou.
"Sky, meu querido, você não tem nada com que se preocupar, meu filho. Você é o ômega mais forte deste bando. Com a força e os encantos que você possui, qualquer um se jogaria aos seus pés, bebê," Mamãe sussurrou, tocando suas bochechas.
'Quantas vezes você vai abaixar suas expectativas, Astrid? Há uma diferença entre você e seus irmãos aos olhos dos seus pais,' eu me repreendi.
"Eu sei, Mamãe, mas a dor era insuportável; pensei que morreria naquela noite," Sky explicou.
"Shh, você não precisa dizer essas palavras, meu menino. Eu sei que pode ser difícil para você, mas você é tão jovem e tem uma longa vida pela frente para fazer suas escolhas. Não precisamos apressar nada," Mamãe o assegurou como se ele fosse um bebê cujo castelo de areia foi destruído.
"Sim, Lar, você deveria se concentrar na sua profissão agora em vez de se preocupar com alguma garota estúpida que te rejeitou," Papai comentou.
"Eu sei, Pai. Acho que devo ir relaxar agora depois daquela noite exaustiva; é a única coisa em que consigo pensar," Skylar sugeriu.
"Claro, filho, temos que cumprir nossas responsabilidades com o bando," Papai disse. Eles nem perguntaram quem era a companheira dele, enquanto eu fui interrogada sobre tudo.
Skylar começou a se afastar, e eu comecei a segui-lo, sabendo que, se tivesse que enfrentar a angústia sozinha, poderia fazê-lo sem que ninguém testemunhasse minha vulnerabilidade.
"Onde você pensa que vai?" Mamãe perguntou, me fazendo parar.
"Co... Com Skylar para casa," eu disse, com medo por mim mesma porque não estava vendo meus pais, que cuidavam de mim. Ainda assim, eles eram meus piores inimigos, capazes de ir a qualquer extremo para me destruir.
"De jeito nenhum, você vai vir conosco para ver seu valor enquanto seu companheiro escolhe outra como sua luna," Mamãe declarou, olhando para mim de cima a baixo com desgosto.
"Desculpe, Astrid, mas não posso te salvar deles, e nem estou com humor para discutir," Skylar implorou na minha frente.
"Está bem, Sky; vá em frente." Eu assenti, mas permaneci no meu lugar.
Depois que Sky se foi, lancei outro olhar para meus pais.
"Faça todo o esforço para disfarçar o fato de que você é a companheira de Edward." Mamãe me advertiu.
"Por que estão me levando com vocês se têm tanta vergonha de mim? É melhor eu ficar fora da vista de todos." Eu ousei expressar minha opinião.
"Como você ousa discutir comigo?" Mamãe gritou. "Você não deve questionar minha conduta, ou as consequências serão ruins," Mamãe berrou enquanto dava um passo predatório em minha direção.
Eu tremi e recuei, mas ela agarrou minha mão e me arrastou para o chão.
"Fique aí e não chame atenção para si mesma," Mamãe me lembrou mais uma vez.
Eu assenti e me movi para o canto mais distante. O olhar de Edward encontrou o meu, e o remorso girou em seus olhos, mas ele logo voltou sua atenção para Charlotte.
Eu queria fugir da cena, mas meus pais me ameaçaram para que eu ficasse aqui.
Olhando para trás, foi bastante tolo vir aqui em primeiro lugar. Eu esperava encontrar Edward e aceitar sua rejeição, mas não sabia o que mais me aguardava.
Se algo inesperado acontecesse aqui, eu tinha certeza de que não conseguiria conter minha angústia. Minha única esperança era que tudo corresse conforme o planejado e que minha mãe me permitisse sair sem fazer uma cena, mas eu sabia que ela gostava de testemunhar meu sofrimento.
Todos começaram a aplaudir quando Edward pegou a mão de Charlotte na sua e começou a caminhar em direção aos seus pais. Eles abriram os braços para abraçar o casal recém-formado, e a cerimônia começou. Um cálice foi colocado na frente do Alpha Brad e da Luna Lizzy, com um punhal descansando em uma bandeja ao lado.
Alpha Brad pegou o punhal, segurou a mão de sua esposa e beijou suavemente sua palma. Primeiro, ele fez um pequeno corte em sua própria palma com ele, depois segurou delicadamente a mão de Luna e fez um pequeno corte apenas o suficiente para que o sangue escorresse. Ele pegou suas mãos e derramou o sangue no cálice.
Um guerreiro levou aquele cálice para Edward e Charlotte, curvou-se na frente do Alpha e da Luna, e começou a beber o sangue deles, que é uma cerimônia em nosso reino.
Tudo correu bem até aquele momento. Eu esperava não sentir nenhuma dor, já que eles estavam unidos, mas eu não poderia estar mais errada.
Assim que Edward bebeu do cálice, senti como se tivesse engolido uma bola de fogo que me consumia por dentro. Gritei de agonia, lágrimas escorrendo pelo meu rosto, e minhas roupas estavam encharcadas de suor.
Todos ao meu redor ofegaram, cobrindo a boca com a mão. Antes que eu pudesse reagir, outra onda de dor me atingiu, desta vez começando no meu pulso e se espalhando por todo o meu corpo.
"Ahh," gritei novamente, e a marca brilhou quando olhei para o meu pulso.
Não aguento mais, então decidi acabar com isso de uma vez por todas. Todos estavam me olhando como se eu fosse um fantasma, mas tudo o que eu conseguia pensar era em me livrar disso.
Aproximei-me deles e me coloquei diretamente na frente de Edward.
"Astrid, o que há de errado com você?" ele perguntou, olhando para mim com preocupação.
"Quero que você me rejeite novamente," consegui dizer, com a voz tensa.
"O quê?" Ele me encarou de olhos arregalados.
Eu não tinha forças para repetir meu pedido, então olhei para ele, esperando que ele entendesse minhas palavras não ditas.
"Faça isso," reiterei.
"Mas Astrid, todos vão saber que você é minha companheira, e eu não posso fazer isso," ele respondeu em um sussurro.
Estou à beira da morte; ele está mais preocupado com sua reputação. "Eu não me importo, faça isso de qualquer maneira porque a maioria deles já entendeu o que está acontecendo comigo," gritei para ele.
Ao me ouvir, ele ficou surpreso. Eles podem ter confundido minha generosidade com fraqueza, mas estão errados. Tudo tem um limite, e eu não posso deixar que outros se aproveitem disso, então devo acabar com isso de uma vez por todas.
Os olhos dos meus pais perfuravam minhas costas, mas eles poderiam me punir depois.
Edward suspirou visivelmente, olhou culpado para seus pais e depois voltou para mim. "Eu, Edward Hudson, rejeito você, Astrid Jones, como minha companheira," ele disse desanimado.
"Eu... Eu, Astrid Jones, aceito sua rejeição." Finalmente falei para ele, e só então encontrei um pouco de paz no meu coração.
Senti a dor deixar meu corpo gradualmente, e fui rapidamente afastada deles. Eu nem tive a chance de me acalmar quando ouvi eles sussurrando. Não sei como era possível, pois a distância era significativa o suficiente para que até um lobisomem tivesse dificuldade em entender suas palavras, mas eu podia ouvir suas palavras como se estivessem falando no meu ouvido.
"Desculpe, pai, não pude te contar isso antes, mas eu não quero uma fraca como minha companheira," Edward explicou ao Alpha.
Ouvindo-o, fiquei surpresa. Sempre soube que sou fraca; essas palavras foram jogadas na minha cara por não sei quanto tempo, mas ouvi-las diretamente da pessoa que sempre foi a mais amigável foi como uma facada no coração.
"Você fez bem, filho," Alpha Brad declarou, acrescentando depois, "Ela não é adequada para ser sua Luna. Mas você poderia ter feito tudo corretamente, e ninguém teria sabido." Ele costumava ser tão amável que eu não previa que ele tivesse tais pensamentos sobre mim.
"Desculpe por isso, e obrigado pela compreensão," ele respondeu, e ambos sorriram.
Eles se viraram para a multidão, e Alpha Brad comentou. "Como pai, este é um momento de orgulho para mim. Apresento a vocês o novo Alpha, meu filho Edward. Sei que ele cumprirá suas obrigações admiravelmente, e espero que todos vocês o respeitem e valorizem como sempre fizeram comigo." Sua voz ecoou no ar aberto enquanto ele falava, como se nada tivesse acontecido há poucos momentos.
Todos uivaram em apoio ao novo Alpha e Luna. Charlotte levantou a manga, exibindo sua marca e confirmando a todos que estavam unidos.
Enquanto eu olhava para o desprezo nos olhos do meu bando, meus próprios olhos se encheram de lágrimas não derramadas. Eu olhei para todos, começando pelos meus pais e depois passando para os membros do meu bando, até que minha atenção foi atraída de volta para Edward, que olhava triunfante para Charlotte.
Eu não conseguia desviar os olhos dele; não conseguia parar de olhar.
De repente, Edward começou a gritar em desespero, segurando a cabeça. O tempo mudou de um dia ensolarado para nuvens tempestuosas se formando ao nosso redor, com trovões rugindo e relâmpagos atingindo o chão instantaneamente. Sim, era um dia claro até então. Eu não pensei nisso e continuei olhando para Edward enquanto ele segurava várias partes do corpo, implorando por ajuda, mas ninguém veio ajudá-lo.
"Astrid," senti alguém me sacudindo violentamente.
Virei-me para ver quem era, e Lance ofegou e se afastou de mim.
Quando olhei para cima, o tempo havia voltado ao normal, e Edward estava inconsciente no chão.
Enquanto eu me perguntava sobre sua condição, me virei para meu irmão mais velho, que parecia aterrorizado comigo. Quando olhei para os outros, eles também pareciam assustados.
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