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Casando com o Capitão Blackthorn

A costureira havia terminado todos os ajustes necessários. Finalmente tirei o vestido. Uma onda de alívio me invadiu. O vestido estava tão apertado que mal conseguia respirar. Revelava muito do meu peito, e minhas costas estavam quase totalmente expostas, me deixando vulnerável. O ajuste restritivo limitava todos os meus movimentos.

Os criados corriam de um lado para o outro, seus passos ecoando nas paredes de pedra enquanto preparavam o evento. O grande salão foi transformado: longas mesas cobertas com veludo carmesim, contrastando fortemente com os talheres polidos e as frágeis taças de cristal. Buquês de rosas e lírios enfeitavam os centros das mesas, seu perfume se misturando com as velas de cera de abelha que brilhavam suavemente nos elaborados candelabros.

Do lado de fora, artesãos trabalhavam incansavelmente para erguer um toldo para a cerimônia de casamento. Cortinas de seda esvoaçavam na brisa, roxo rico e azul real cintilando sob o sol. Lanternas penduradas em cada canto lançavam um brilho quente que suavizava os contornos do dia.

A noite caiu. Retirei-me para o meu quarto para jantar. Encarar meus pais estava fora de questão. Eles me trocaram por seus próprios interesses, e amanhã, eu me casaria com um homem conhecido por sua crueldade. O sono me escapava, minha mente pesada de temor.

O amanhecer chegou, e minha dama de companhia me encontrou na varanda. O vento salgado chicoteava meu cabelo enquanto eu olhava para as velas negras ancoradas no porto. Vê-las me enchia de desgosto, o medo da noite anterior retornando.

Lá dentro, ela me guiou até a banheira, sua água quente fumegando, perfumada com lavanda. Tirei minha camisola e mergulhei no banho, o calor acalmando meu corpo cansado. Ela penteou meu cabelo com cuidado, garantindo que cada nó fosse desfeito. Depois do banho, me enrolei em uma toalha macia e sentei-me na penteadeira, pronta para ser preparada para o dia que viria.

Minhas damas de companhia se reuniram ao redor, seus sussurros se misturando com o farfalhar da seda enquanto me preparavam para a cerimônia. Meu cabelo escuro caía em ondas, logo trançado em uma intricada trança adornada com pérolas e cristais delicados. Tons de rosa e dourado foram aplicados nas minhas bochechas, e meus lábios foram pintados de um rosa suave, realçando minha pele pálida.

Então veio o vestido. Uma obra-prima de seda e renda, delicada e pesada ao mesmo tempo. Levantei-me do assento, vestindo-o como se estivesse colocando uma armadura para o dia. O corpete abraçava minha silhueta, acentuando minha cintura e decote. Renda descia pelas mangas, cintilando à luz a cada movimento.

Aos meus pés, um par de chinelos de cetim, adornados com cristais, me aguardava. Minha dama de companhia me entregou uma pequena caixa. Era do Capitão Blackthorn. Minhas mãos tremiam enquanto a abria para revelar um colar e brincos de safira. Ela os prendeu em mim com cuidado.

Finalmente, o véu foi colocado. Uma cascata de renda branca e diamantes, brilhando na luz suave. Esse luxo era cortesia do Capitão Blackthorn. Meus pais nunca poderiam pagar por tais extravagâncias. Meus pensamentos foram interrompidos pela entrada do meu pai.

"Você está linda, Isabella," ele disse, sua voz vazia.

"Obrigada, pai," respondi, forçando um sorriso.

"Eu sei que isso não é o que você queria," ele disse, seu tom pesado.

"Também não queríamos isso para você."

"Não tivemos escolha."

Sem dizer mais nada, ele pegou meu braço e abaixou o véu sobre meu rosto. Passamos pela porta. A assembleia se levantou. Eu não conseguia ver o Capitão Blackthorn. Enquanto caminhava pelo corredor, notei a grandiosa transformação do salão do castelo. Bancos de madeira alinhavam-se de ambos os lados, acolchoados em carmesim profundo e roxo real. Lustres dourados pendiam do teto abobadado, lançando um brilho quente sobre a reunião. Tapeçarias que retratavam cenas de bravura adornavam as paredes, acrescentando à atmosfera régia.

No extremo do salão, sob um dossel de seda, estava o altar, adornado com mármore e flores frescas. Atrás dele, uma tapeçaria bordada com o brasão do reino brilhava à luz das velas, projetando sombras pelo chão de pedra. Enquanto caminhava, todos os olhos se voltaram para mim. Meu vestido se arrastava atrás de mim em uma onda de seda, cintilando à luz tremeluzente das velas. Lágrimas brotavam nos olhos dos convidados ao me verem, uma noiva radiante.

Finalmente, eu o vi. O Capitão Blackthorn estava de pé no altar, comandando atenção com sua presença. Seu cabelo escuro caía em ondas soltas ao redor de seu rosto robusto, e seus olhos tempestuosos se fixaram em mim. Ele exalava poder e autoridade, mas uma energia perigosa fervilhava por baixo disso.

Mais velho que eu por alguns anos, seu físico musculoso falava de uma vida no mar. Ele usava um casaco de veludo preto finamente ajustado, seus ombros largos exalando força. Um único brinco de argola dourada brilhava à luz das velas, uma sutil referência ao seu passado de pirata.

Chegamos ao altar. A náusea subiu à minha garganta, meu coração batendo forte no peito. Meu pai se sentou enquanto o Capitão Blackthorn se aproximava. Ele levantou meu véu, seu sorriso predatório.

"Você é ainda mais bonita pessoalmente, querida," ele sussurrou, sua voz baixa o suficiente para que só eu ouvisse.

O pregador deu um passo à frente.

"Queridos, estamos aqui reunidos para unir este homem e esta mulher em santo matrimônio."

"Você, Capitão Blackthorn, aceita esta mulher como sua esposa?"

"Sim," ele disse sem hesitação.

O pregador se voltou para mim.

"Você, Princesa Isabella, aceita este homem como seu marido?"

Eu hesitei. O Capitão Blackthorn se inclinou, sua voz um sussurro frio.

"Diga, ou você vai se arrepender depois."

"Sim," eu sussurrei, minha voz mal audível.

"Eu agora os declaro marido e mulher."

"Você pode beijar a noiva."

O Capitão Blackthorn me agarrou, esmagando seus lábios contra os meus em um beijo tão forte que tirou meu fôlego. Quando finalmente me soltou, seu aperto na minha cintura permaneceu firme. A sala se esvaziou. Ele me empurrou contra a parede, me prendendo com seu peso.

"Você me deixa louco," ele rosnou, sua voz carregada de desejo.

Eu lutava para recuperar o fôlego, a pedra fria pressionando minhas costas. Seus lábios estavam nos meus novamente, mais duros desta vez, a pressão insuportável.

"Prepare-se," ele zombou, "Vou te despir desse vestido em breve."

De repente, seu aperto afrouxou. Por um breve momento, senti alívio, mas foi passageiro. Ele agarrou meu pulso, me arrastando em direção ao salão de baile. O som de música e risadas aumentava à medida que nos aproximávamos, o calor da sala nos engolindo.

Cruzamos o limiar. O esplendor do salão de baile me impressionou. Lustres brilhavam acima, dançarinos rodopiavam pelo chão polido. Ele me puxou para uma parada, soltando meu pulso, mas mantendo seus olhos fixos nos meus.

Sem uma palavra, ele desapareceu na multidão. Eu o segui, empurrando-me através do mar de convidados, meu coração acelerado. Finalmente, eu o vi, parado na beira da pista de dança, me observando com um olhar que me causou um arrepio na espinha. Ele estendeu a mão, e eu hesitei antes de dar um passo à frente para encontrá-lo.

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