




Capítulo 4 - Sexo com o melhor amigo, parte 1
CAPÍTULO 4
JENNIFER
Você certamente já teve um melhor amigo fofo ou sempre teve uma certa atração escondida, esse é o meu caso.
Eu não deveria, mas estou profundamente atraída pela pessoa que esteve comigo a vida toda, me apoiando e protegendo de todo mal.
Dizem que não existe amizade entre homem e mulher, eu discordava disso por muito tempo, mas cada um tem seu caso e suas crenças.
Conheço o Rafa desde os cinco anos, já se passaram muitos anos, mas ainda me lembro da minha alegria quando o menino loiro se mudou para a casa ao lado da minha, desde aquele momento nos tornamos inseparáveis e quase vinte anos depois nossa amizade continua forte.
Mas desenvolvi um tipo de desejo pelo meu amigo que está arruinando meu raciocínio, é tudo culpa minha e não sei como resolver esse maldito problema sem arruinar a amizade duradoura.
Até que em um momento de fragilidade, cometi um grande erro, eu o beijei e deixei tudo rolar no calor do momento, eu deveria estar muito arrependida, mas o pior é que não estou.
Desde aquela noite, sonho em reviver aquele momento pela segunda vez...
ALGUMAS NOITES ATRÁS...
Não sei há quanto tempo estou me lamentando neste sofá, me entupindo de todo tipo de besteira, eu deveria estar preocupada com meu colesterol subindo ou com uma possível diabetes de tanto doce que comi nas últimas horas.
Mas meus pensamentos estão vagando pelas imagens horríveis que tive o desprazer de ver esta tarde, não há dor pior do que pegar alguém que você acredita amar transando com outra pessoa que você odeia.
Foi exatamente isso que aconteceu quando fui surpreender Bernardo em sua casa, onde passaríamos uma tarde romântica comemorando nosso terceiro aniversário. Mas meus planos bobos foram destruídos quando peguei meu namorado comendo a vaca da mulher que mais odeio no mundo.
Naquele momento, questionei o amor que sentia por ele, se aquele sentimento que eu sentia toda vez que estava com ele era amor, ou se eu estava me iludindo todos esses anos acreditando que amava alguém que nunca amei.
Eu deveria estar chorando agora, mas minhas lágrimas se esgotaram quando saí daquela casa tropeçando na raiva que estava sentindo, ele tentou me seguir e dizer que não era o que eu estava pensando.
Mas só um imbecil diz isso depois de ser pego traindo, ou seja, ele também não me amava, porque se amasse não faria algo tão abominável como isso comigo, eu seria suficiente para ele.
Quando cheguei no meu quarto, a primeira coisa que fiz foi quebrar e rasgar tudo que me lembrava dele, ou seja, praticamente destruí meu quarto inteiro em um acesso de raiva.
E agora estou afundada no sofá assistindo filmes e séries que celebram o amor. Sempre acreditei que existia um sentimento que unia duas pessoas fortemente, mas a cada comentário ou ação romântica das cenas que estou assistindo na televisão, eu rio ironicamente.
O som de uma nova notificação é ouvido do meu celular na mesa de centro. Quero jogar o aparelho na parede se for mais uma tentativa do Bernardo de tentar entrar em contato comigo.
Pensando bem, se ele estiver me mandando mensagem, juro que vou mandá-lo se ferrar pela milésima vez hoje, mas o nome do meu melhor amigo aparece na tela e eu corro para abrir a mensagem:
"Juro que vou matar o desgraçado! Filho da mãe!"
Um pequeno sorriso desarmado brota nos meus lábios ao lembrar do Rafa e seu jeito protetor de cuidar de mim. Eu o amo demais e não sei o que faria sem ele.
Ele se tornou minha tábua de salvação depois que meus pais morreram em um acidente de carro há cinco anos. Desde então, ele tem cuidado de mim, me proporcionando carinho e apoio sempre que preciso.
Eu precisava dele no caminho de casa, liguei chorando e soluçando enquanto ele me pedia para contar o que havia acontecido. Com dificuldade, consegui contar parcialmente o que tinha ocorrido.
E ele fez o que era esperado, me tratou com carinho e me apoiou quando eu estava desmoronando, mas também repetiu um dos seus vários conselhos sobre o Bernardo. Rafa nunca gostou do meu ex-namorado e sempre deixou muito claro para mim que ele não era o homem certo para mim.
Estúpida e desatenta do jeito que sou, não segui seu conselho e me dei mal...
Digito uma resposta rápida enquanto termino de comer um pacote inteiro de Doritos:
"Não precisa, se ele vier falar comigo de novo, vou pegar aquela espingarda que o papai deixou e atirar bem no meio das pernas dele..."
Deixo meu celular ao meu lado enquanto tomo um longo gole da minha Coca-Cola gelada.
Apesar de estar passando por um dos piores dias, tenho o prazer de saborear e comer tudo o que quero. Antes eu tinha uma dieta que não me permitia comer nada disso, e fiz esse sacrifício por Bernardo, que gostava de mulheres magras.
Mas que se dane, cara!
O filme que estou assistindo começa uma bela cena de casamento, meus olhos estão grudados na tela assistindo a cada detalhe, o vestido de noiva, as alianças, o noivo...
Não posso negar que na minha cabeça eu tinha planos de me casar com o desgraçado no futuro, seria perfeito e nossos filhos seriam ainda mais perfeitos.
Mas no fundo, foi melhor descobrir que ele é esse tipo de homem do que passar a vida inteira com alguém que não me valoriza.
Meu celular começa a tocar anunciando uma chamada e quando o nome do Rafael aparece, atendo rapidamente:
“Você está bem? Quero esmagar a cara daquele filho da mãe, Jenny!"
Levanto do sofá sentindo meu corpo doer por ficar muito tempo na mesma posição desconfortável, com o celular no ouvido ouço o som de socos e chutes, prevejo que Rafael está na academia treinando como sempre faz quando chega do trabalho.
“Me sinto humilhada e usada, mas vou ficar bem, Rafa..."
“Eu te conheço bem demais para saber quando você está bem, você me ligou soluçando duas horas atrás, impossível você estar bem, Jenny!"
Reviro os olhos andando pelo quarto e percebendo que o vestido que comprei para impressionar o infeliz está todo sujo e grudado de açúcar, resmungo e vou para o quarto vestir um dos meus pijamas confortáveis.
“Você pode me conhecer bem, mas eu sei o que sinto e estou bem!"
Insisto, mas congelo na porta do meu quarto ao ver a bagunça que fiz por toda parte, há fotos e papéis rasgados por todo lado.
“Vou ficar com você, estarei aí em dez minutos..."
“Não precisa!"
Caminho pela bagunça tomando extremo cuidado com os cacos de vidro quebrados das molduras jogadas no chão e abro meu guarda-roupa, mas meus olhos são atraídos por um grande ursinho de pelúcia que o Rafa me deu no meu sétimo aniversário e desde então guardo com o maior carinho, ainda lembro das palavras que ele me disse quando me entregou o bichinho macio.
Para você, Jenny! Ele será seu protetor quando eu não estiver por perto, mas prometo que você sempre estará no meu coração...
Deixo o celular no viva-voz em cima da penteadeira, pego o ursinho de pelúcia e o abraço fechando os olhos, então as lágrimas voltam quando me vejo pensando em voltar no tempo.
Onde havia apenas inocência, onde o mundo era colorido, e o mundo onde meus pais ainda estavam vivos.
Tudo se acumula dentro de mim, e logo começo a soluçar abraçada com o brinquedo.
“Jenny? Fala comigo, por favor!"
“Eu preciso de você, Rafa! Eu preciso de você aqui...", sento no chão chorando descontroladamente.
“Estou indo, querida, quando eu chegar aí vou te abraçar e nunca mais soltar, do mesmo jeito que fazíamos quando éramos crianças, lembra?"
“Minha missão sempre foi não deixar ninguém te machucar e eu falhei, mas prometo que ninguém mais vai te fazer sofrer..."
“Por que eles me deixaram, Rafa? Sinto tanta falta deles, por que todo mundo me abandona?", desabafo com o corpo tremendo.
“Eu estou aqui e nunca vou te abandonar, querida, não importa o que aconteça..."
“Sempre ficamos juntos...", completo nosso lema que criamos quando éramos crianças.
“Estou chegando e nada vai me separar de você, eu prometo, Jenny..."
Respiro fundo limpando as lágrimas que descem sem controle, levanto com dificuldade e coloco o ursinho de volta no lugar, enquanto o Rafa continua falando comigo, volto para a sala e destranco a porta da frente.
Depois de minutos que parecem intermináveis, ouço a porta se abrindo, levanto do sofá rapidamente e, ao ver o corpo do meu amigo, corro me jogando nele. Ele me abraça e me levanta do chão.
“Estou aqui agora, Jenny...", ele me deixa enxugar as lágrimas e acaricia meu rosto com carinho.
Um pouco mais calma com a presença dele, me afasto um pouco e encaro meu amigo que está com o cabelo loiro rebelde molhado de um banho recente e sua habitual jaqueta de couro preta.
Ele entrelaça nossas mãos e me puxa para o sofá, onde seus olhos observam a bagunça de comida que fiz na mesa de centro.
“O quarto está pior...", murmuro aninhada em seu ombro, fazendo-o soltar uma risada baixa.
“Se eu disser que você está se tornando uma bagunceira, você vai pegar o rifle do seu pai?", ele brinca tentando melhorar meu humor e consegue rapidamente.
É incrível o poder que a presença dele tem sobre mim, é como se fosse um tranquilizante que eu preciso a todo momento, e é viciante estar em sua companhia.
“Eu sei que você está cansada de ouvir meus avisos e conselhos sobre aquele cara, mas você sabe que ele não era o homem certo para você, né?", seu polegar traça e puxa meu queixo gentilmente, fazendo-me encará-lo.
Assinto com a cabeça, ainda incapaz de tocar no assunto que ainda me machuca. Ficamos um bom tempo aconchegados um no outro até que sua pergunta me pega de surpresa:
“Você o ama, Jenny?", meu corpo fica tenso pensando em alguma resposta.
“Não sei, às vezes acho que sim, mas às vezes não...", sussurro.
“Ele certamente não merece uma garota tão boa e especial como você...", ele murmura depositando um beijo na minha testa enquanto me acomoda em seu ombro.
“Mas de uma coisa eu tenho certeza...", digo atraindo sua atenção.
“De quê?"
“Que eu te amo...", levanto a cabeça observando um lindo sorriso se formar em seus lábios perfeitos.
Rafael é um homem bonito que se recusa a ter relacionamentos sérios, dizendo que a mulher que ele quer e espera é proibida. Nunca entendi bem essa parte, e sempre que pergunto ele muda de assunto rapidamente.