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Pesquisando

Paige

O micro-ondas zumbia no meu pequeno dormitório. Eu tive sorte, já que agora eu era a única no quarto, sem precisar mais dividir com ninguém. Stacy voltou para casa, deixando o espaço só para mim. Mas era solitário. Por mais barulhenta e irritante que ela fosse, era uma interação. Eu não fazia festas, queria conseguir meu diploma em biologia para me tornar veterinária.

O som do micro-ondas me chamou, o aroma dos últimos rolinhos de pizza preenchendo o pequeno estúdio. Eu tinha tudo o que precisava: uma cozinha, um quarto e um banheiro, tudo em um só espaço. Essa tinha sido minha vida nos últimos 3 anos. Me joguei no sofá da pequena sala de estar e liguei a TV para fazer barulho. Era quinta-feira, e eu ia trabalhar na documentação dos sonhos que vinha fantasiando nos últimos 3 meses.

Eles eram vívidos, como se o lugar que eu continuava sonhando fosse real... Peguei minha caneta, meu caderno e um copo d'água.

Sonho 52, escrevi.

O Rei Nathaniel bateu seu braço musculoso na mesa de guerra, olhando para os mapas de todos os territórios que ele havia investigado. Afinal, por mais forte que fosse, por mais poderoso e mágico que fosse como dragão... ele ainda estava sem uma Rainha.

Isso já durava anos, e sua frustração intimidava seus generais.

"Ela não existe?" ele disse com um grunhido ofegante de frustração, deixando seu gabinete de homens em um silêncio nervoso. "General Tanner, e o Leste?" Seus olhos azuis como o oceano focaram em um homem bronzeado, musculoso, de cerca de 1,95m, com cabelo vermelho e olhos cor de avelã.

"A região das Areias Brilhantes mostra sua lealdade, mas nos assegura que não encontraram uma companheira adequada para você, meu Rei Dragão."

"E o Oeste?" ele rosnou, sua voz trovejante preenchendo a sala, cerrando o maxilar esculpido.

"Meu Senhor, todas as fêmeas que trouxemos são incompatíveis." Disse um homem com cabelo loiro mel, coberto de tatuagens tribais.

"...E o Sul?" Ele passou as mãos pelo cabelo vermelho escuro até os ombros, seus olhos agora da cor do pôr do sol em um dia claro.

"Apresentei seu cheiro a todas as fêmeas que pude encontrar, mas nenhuma foi considerada correta." Disse um senhor mais velho, com cabelo grisalho em uma bagunça encaracolada.

Ele suspirou, "Preciso da minha Companheira como preciso da minha chama, ela é a única destinada a estar comigo e eu com ela. Tenho que continuar procurando, nunca vou parar." Sua figura de 2 metros se curvou sobre os mapas, vapor saindo de seu nariz.

Ele era o governante de todo o continente norte, o maior território controlado por um dragão. Era o mais severo, mas o mais bonito de todas as terras de Fenocia. Ele se levantou e foi para seu escritório privado no topo de sua mansão, serviu-se de uma taça de vinho em um cálice de bronze profundo, olhando para a magnífica cadeia de montanhas à distância, inquieto.

O inverno seria rigoroso este ano, a neve já estava nos picos, e o frio do vento podia ser sentido no vale. Seria frio, mas seria mais frio sem sua companheira. Suas terras já haviam sido vasculhadas, e não faltavam mulheres que desejavam estar com ele, mas ele queria sua única e verdadeira. Ele queria sua companheira.

"Se ao menos eu tivesse alguém para compartilhar isso" ele murmurou para si mesmo, encostando-se na parede, sem se aventurar muito além das pesadas portas duplas de bronze e madeira. Seu palácio era gloriosamente imenso e gótico, completo com todos os adornos dignos do governante de homens e dragões que ele era.

BEEP BEEP BEEP fez o som do alarme do meu celular.

Eu estava escrevendo e nem percebi que o tempo havia passado. Já eram 21h.

Levantei do sofá e imediatamente escorreguei, derrubando tudo e cortando minha mão na minha caneca de café. Não foi grave, então levantei. Depois peguei meu caderno e pratos e limpei a bagunça.

"Droga." Resmunguei, colocando minha pele canela escura debaixo da água. Ardía, mas precisava ser limpa. Tirei o lixo e fui tomar um banho para lavar meu cabelo cacheado até a cintura e descansar. Estava chegando perto das provas finais e eu queria acordar cedo. Coloquei meu caderno agora levemente manchado de sangue no chão e fui dormir.

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