




Capítulo 1.
O GUERREIRO SE DEBATIA na cama, suando por todo o corpo. Ele estava preso novamente em uma batalha que não havia lutado - uma guerra que não era sua. Ele era um observador, e embora já tivesse tido o sonho antes e soubesse o que estava por vir, não conseguia pará-lo. Não podia intervir e mudar nada. Não podia ajudar a garota.
E ele queria. Oh, como ele queria apenas uma vez pular na frente dela e matar seus atacantes por ela.
Ela estava cansada; ele podia sentir isso. Ele sabia que a força física dela se esgotava à medida que a luta continuava.
Ele corria atrás dela enquanto ela lutava pelos corredores da mansão, frustrado ao vê-la sofrer ferimentos que ele não podia impedir. De repente, ela gritou ao ser violentamente puxada para dentro de um quarto. A pesada porta de madeira se fechou com força e foi trancada contra intrusos.
"Raposa!" ela gritou ao reconhecer o homem no quarto. "Precisamos sair daqui, Raposa. Precisamos fugir agora. Há muitos homens para lutar."
"Não, você precisa sair," disse o homem. "Você precisa ir o mais longe possível daqui. Leve a pedra com você. Proteja-a a todo custo. Ele não descansará até que ela seja dele. Todos precisam se separar e seguir caminhos diferentes. Se não estivermos juntos, podemos dividir os recursos dele. Isso o confundirá por um tempo. Ele precisará se reorganizar, formar um novo plano, antes de poder vir atrás de qualquer um de nós."
"Nos separar?" ela perguntou, balançando a cabeça. "Você não pode estar falando sério. O Curandeiro e o Erudito—"
"Ele não os quer tanto quanto quer você e a pedra. Você é a Guardiã. Você encontrará um inventor e cientista nas Colônias Americanas no ano de 1763 que será simpático à sua situação. Ele será um grande aliado para você. Você encontrará um Guerreiro dez anos depois que a protegerá em sua missão. Não guarde seu coração contra ele, pois ele é seu companheiro. Ele saberá coisas, como eu sei. Confie no que ele diz. Ele será marcado, e não como os outros."
A garota agarrou desesperadamente a manga do casaco de Raposa. "O que é uma Guardiã sem o Curandeiro e o Erudito? O que ela é sem a Raposa? Precisamos uns dos outros. Eu não conheço a pedra tão bem quanto os outros."
"Você não precisa conhecê-la melhor do que já conhece," disse Raposa. "Você só precisa protegê-la. Todos nós nos encontraremos novamente. Gradualmente, você nos encontrará - um por um. Não acontecerá por séculos, mas quando a hora certa chegar, estaremos reunidos para a batalha final."
"Suas visões são vagas, Raposa."
"Esta é específica."
"Apenas para você. Você não está me contando tudo."
"Não, estou guardando algumas coisas para mim. Estou apenas te contando o que você precisa saber. Nem tudo diz respeito a você," ele disse, gentilmente removendo a mão dela.
Uma batida na porta ecoou pelo quarto. Raposa se moveu até uma estante de livros e a empurrou para o lado, revelando uma pequena porta de madeira. "Vá agora. Eu selarei a passagem atrás de você. Vá para a floresta. Nas ruínas da capela, há dinheiro escondido no altar para você. Pegue-o e vá direto para Londres, e garanta passagem no primeiro navio para a França. Você pode ir para as Colônias de lá. Seu inventor ainda não nasceu, nem seu Guerreiro. Certifique-se de estar nas Colônias até o ano de 1763. Você encontrará o inventor em uma cidade chamada Filadélfia. O Guerreiro virá dez anos depois. Agora, vá! Vá!"
A GUARDIÃ mergulhou na escuridão do corredor. Ela não ousava acender uma chama para enxergar. Não precisava, de qualquer forma. Conhecia esses corredores secretos melhor do que a palma da própria mão, pois havia crescido correndo por seu labirinto. Somente sua família poderia encontrá-la ali. Nenhum dos servos ou homens de armas sabia sobre eles. Então, ela correu pela escuridão, guiada pela memória. Saiu bem perto dos estábulos, exatamente como esperava. Rapidamente, olhou ao redor. Vendo que a área imediata estava livre de soldados, avançou para o celeiro e pegou o primeiro cavalo que encontrou, que por acaso era o garanhão premiado de seu pai e o mais rápido do rebanho. Pembroke—nomeado em homenagem a William Marshal, Primeiro Conde de Pembroke e o cavaleiro mais estimado de Ricardo Coração de Leão—não protestou. Ele estava acostumado com as escapadas improvisadas e imprudentes de sua dona na noite. Ela o esporeou para frente, sem ousar olhar para trás enquanto seguia para as ruínas da capela e a vida desconhecida que agora a aguardava.
King of Prussia, Pensilvânia – 1773
JACK ACORDOU com um sobressalto. O sonho era tão real que a imagem da garota pairava no ar diante dele. Ela o chamava, disso ele tinha certeza. Mas quem ela era, onde estava, ou qual era sua verdadeira missão permanecia um mistério. Ele a via em seus sonhos desde criança. Conhecia seu rosto tão bem quanto conhecia o próprio. Conhecia todos os rostos.
Silenciosamente, Jack se levantou da cama. Havia uma garrafa de uísque ainda presa em sua mão desde a noite anterior, e ele a colocou no baú aos pés da cama. Movendo-se pelo pequeno quarto com furtividade, Jack reuniu suas armas e poucos pertences, depois saiu do quarto sem acordar sua companheira. Seria menos constrangedor assim, já que ele não conseguia lembrar o nome dela, ou talvez nunca o tivesse sabido.
Uma vez fora, Jack se esgueirou pelas sombras do celeiro, pegou emprestado um garanhão sem intenção de devolvê-lo, e partiu noite adentro. O cavalo parecia saber para onde ir, o que era vantajoso, pois Jack não tinha a menor ideia.
Ele cavalgou pelas primeiras horas da manhã até o amanhecer, buscando respostas para as eternas perguntas em sua mente. O sonho vinha a ele repetidamente desde que podia se lembrar, sempre apresentando ela, e às vezes os outros de quem ela falava. Uma batalha os havia separado e agora ela procurava um guerreiro. Mas quem era ela? Por que precisava de proteção? Racionalmente, ele sabia que ela devia ser uma manifestação de seu subconsciente. Ele devia tê-la visto em suas viagens e lembrado seu rosto, inserindo-o em seus sonhos.
Mas, no fundo, em lugares de si mesmo que hesitava explorar, Jack sabia que isso não era verdade. Esses sonhos tinham uma maneira de se tornar realidade. Quando era apenas um menino, sonhara com uma família indígena, uma que consideraria sua própria. Então, um dia, sua aldeia queimou e ele foi o único sobrevivente. A mesma família indígena que aparecera em seus sonhos o acolheu e o fez um deles.
"Olam-a-pies," sua mãe Shawnee o havia nomeado. Um construtor de histórias. Ela dizia que ele construía essas histórias em seus sonhos. Agora, ele era o representante deles no mundo dos brancos.
O sol estava apenas nascendo, embora ele já estivesse acordado há horas. Finalmente avistando um cervo, Jack soltou as rédeas do cavalo e deslizou silenciosamente da sela. Retirando seu arco do estojo, ele se moveu sorrateiramente pela vegetação, com sua presa desavisada à vista. O jantar seria carne de veado hoje. Se ele conseguisse encontrar um pouco de sal, estaria no paraíso.
Deslizando pela grama alta, ele se aproximou de sua presa e encaixou uma flecha, preparando-se para atirar.
Jack praguejou quando sua refeição de repente se assustou e disparou para a floresta. O trovejar de cascos de cavalo se aproximando o surpreendeu, e ele se agachou para evitar ser detectado. Seu cavalo pastava longe da trilha agora, mas o garanhão não parecia perturbado pelos animais que se aproximavam.
Um cavaleiro encapuzado montado em uma égua branca movia-se em uma velocidade perigosa pela floresta. Quatro cavaleiros seguiam em perseguição cerrada. Um rifle rugiu e a bala atingiu o flanco da égua, fazendo o cavalo tropeçar e derrubar seu cavaleiro. O grito de medo e surpresa que ecoou era de uma mulher, seguido de perto por um brado de indignação. Sem pensar, Jack transferiu sua concentração para os perseguidores mais próximos dele. Os bandidos desmontaram e puxaram a garota brutalmente para seus pés, o capuz de seu manto cobrindo seu rosto.
Apenas covardes atacavam uma mulher, e assim, sem precisar mirar, Jack puxou e soltou em um movimento. A flecha perfurou seu alvo bem no coração. A mulher gritou e os outros três homens se apressaram para encontrar seu atacante. Encaixando outra flecha, ele se agachou e se moveu rapidamente pela vegetação com a furtividade que aprendera com sua família adotiva Shawnee. A próxima flecha passou pelo homem que segurava a mulher e encontrou seu alvo no estômago do segundo atacante.
Jack logo estava a poucos metros de distância, muito perto para flechas ou um mosquete, então ele largou o arco para sacar sua faca e tomahawk e saiu a campo aberto.
"Isso não é da sua conta, caipira."
"De onde eu venho, bater em uma dama é um crime grave," Jack sibilou, circulando o fora-da-lei sorridente enquanto o quarto segurava firmemente a garota em questão. "Além disso, é covardia.
Lute com alguém igual a você, se tiver coragem."
O homem provavelmente não era mais do que um bandido comum—muita bravata, pouca substância. Ele sacou sua espada e avançou em direção a Jack. O braço direito de Jack rapidamente se ergueu e depois avançou. O tomahawk brilhou na distância e enterrou sua lâmina no centro da testa do bandido, derrubando-o como uma árvore cortada. Caminhando suavemente até o cadáver, Jack puxou a arma e então se virou para o último perseguidor.
O último patife empurrou a mulher de lado. Seu capuz caiu, revelando longos cabelos da cor de castanha. Ela segurava o estômago, mas não olhou para cima.
"Ela pertence ao Lorde Rogan," anunciou seu suposto raptor, sacando sua espada com a mão esquerda.
Jack e o último bandido começaram a circular um ao outro. "Parece que ela não compartilha da mesma opinião," ele disse agradavelmente. Ele não sabia nada sobre esse Lorde Rogan, apenas que estava prestes a frustrar os planos do homem.
"Ela tem algo que ele quer," o bandido sibilou, revelando vários dentes faltando.
"A propriedade não me interessa. Apenas a segurança da garota é minha preocupação."
"Ela não tem importância para você."
"Errado."
Jack não poderia dizer por que seu oponente estava errado. Embora não tivesse visto o rosto da garota, estava razoavelmente certo de que não a conhecia. Ele não conhecia ninguém naquela região.
O rufião avançou contra Jack, que desviou a lâmina com sua faca e golpeou o pulso da espada do oponente com o tomahawk. O inimigo recuou e subiu para evitar o machado e cortou em direção ao abdômen de Jack. Ele, por sua vez, bloqueou. Suas lâminas se chocavam repetidamente. Eles eram igualmente habilidosos com suas próprias armas, mas não em lidar com as do oponente. À medida que cada choque resultava em um quase fatal por um triz, ambos perceberam que a luta não poderia durar muito mais.
Um movimento ao lado chamou a atenção de Jack, e ele viu a garota pegar um grande galho. Ele não sabia o que ela planejava fazer com ele, mas supôs que era melhor do que nenhuma arma. Justo quando sua atenção foi desviada, seu oponente lançou um golpe poderoso em seu ombro. Jack conseguiu desviar a espada apenas o suficiente para evitar que o golpe fosse fatal, mas ainda assim atingiu profundamente seu ombro direito. Enquanto o bandido puxava a espada de volta, Jack viu sua chance. Derrubando a espada com seu tomahawk, ele avançou com a mão da faca, cravando a lâmina no peito do homem. O último dos criminosos da estrada caiu de joelhos e tombou para frente, morto como uma pedra.
Ofegante, Jack se encostou a uma árvore, sua visão oscilando. Ele mal conseguia distinguir a garota, ainda com o galho na mão.
"Você pode largar seu porrete," ele balbuciou. "Eu não sou uma ameaça para você."
"Você matou todos eles." Ela parecia espantada, sua voz suave e melodiosa. Ela não parecia uma Colonista.
"Eu estava certo ao supor que eles não eram seus amigos?"
"Não eram."
"Com todos mortos, não haverá ninguém para relatar ao seu Lorde Rogan."
Jack pressionou a mão no ombro e fez uma careta. O ferimento em seu ombro escorria sangue pelo braço e peito a uma taxa alarmante. Sozinho, exceto pela garota, isso não era um bom presságio para ele.
"Ele saberá que fui eu," a garota disse.
"Você não foi responsável, eu fui."
"Isso não fará diferença para ele."
Ainda encostado na árvore, Jack caiu e tentou olhar para ela. Ela ainda estava fora de foco. Não sendo facilmente acalmado por uma mulher, ele sucumbiu ao canto de sua voz e se sentiu confortado.
"Quem é você?" ela exigiu.
"Minha senhora, se puder guardar a inquisição para outro momento, vou perder a consciência agora."
A imagem dela ficou cada vez mais escura para ele. Quando sua cabeça pendeu para o ombro, ele sentiu ela segurá-lo pelas orelhas e manter sua cabeça firme por um momento antes de soltá-la, fazendo-a bater contra a árvore.