




ESTAMOS AQUI PARA ATENDÊ-LO
Quando Licia se aproximou, os moradores da cidade se reuniram ao seu redor, sussurrando entre si e especulando sobre sua identidade, variando de uma viajante a um lobo de outra alcateia.
De repente, uma das mulheres segurando um recém-nascido nos braços gritou, "Ajude-nos, por favor. Tudo o que tivemos para comer foi um pedaço de pão. Estamos famintos há três dias."
O rosto de Licia empalideceu ao perceber que já havia ficado neste lugar quando era rico e próspero. Sentiu-se culpada e arrependida, sabendo que tinha contribuído para o sofrimento dessas pessoas inocentes.
Mas agora, estava determinada a corrigir as coisas e expiar seu passado. Ela devolveria a essas pessoas o que haviam perdido, sua cidade outrora florescente.
O Alfa Enrique a observava silenciosamente, sentindo que havia algo especial nela.
"Não se preocupe," Licia tranquilizou a mulher com o recém-nascido, ajudando-a a se levantar. Abençoou o bebê com um toque gentil na cabeça e continuou, "Este é o Alfa Enrique, o novo Alfa da nossa alcateia, e eu sou sua Luna, Licia. Cuidaremos especialmente desta cidade. A partir de amanhã, enviaremos suplementos e bens para os moradores. Não descansaremos até ajudá-los a restaurar esta cidade. Vocês podem confiar em nós."
A voz de Licia era poderosa e autoritária, mas ao mesmo tempo gentil. Os moradores inicialmente ficaram com medo ao saber que o homem diante deles era o infame Deus da Morte, mas as palavras de Licia os tranquilizaram.
Um dos homens deu um passo à frente e disse, "Obrigado, Luna. Seremos eternamente gratos a você e ao Alfa."
"Estamos aqui para servi-los. Por favor, não nos agradeçam por cumprir nosso dever," Licia respondeu com um sorriso caloroso. O Alfa Enrique se juntou e perguntou, "Há uma igreja aqui onde podemos oficializar nosso casamento?"
"Não temos uma igreja aqui, mas há um mosteiro não muito longe da cidade," responderam os moradores.
O Alfa Enrique assentiu e disse, "Vamos até lá, Licia."
"Não acho que vai funcionar," disse o mesmo homem, fazendo o Alfa franzir as sobrancelhas. "Por que você diz isso?"
O homem hesitou, sabendo que o tom frio e os olhos afiados do Alfa Enrique o faziam parecer distante e inacessível. "Eu... as portas do mosteiro nunca estão abertas. Eles afastam todos que buscam abrigo lá."
Outra mulher da multidão falou, "Eles fecharam a porta para nós como se fôssemos animais imundos quando buscamos abrigo para não sermos saqueados, meu Alfa."
O Alfa Enrique cerrou o punho e declarou, "Vou investigar este assunto a fundo, e se forem culpados, garanto que os culpados serão punidos."
Seguindo as direções fornecidas pelos moradores, o Alfa Enrique e Licia chegaram ao antigo mosteiro. As paredes de contenção estavam em ruínas, e o edifício havia sofrido alguns danos devido aos tumultos, mas não era tão grave quanto as casas da cidade.
Ao entrarem, foram recebidos por três monges, um dos quais era idoso e frágil, enquanto os outros estavam na casa dos quarenta anos.
"Bom dia, o que os traz aqui?" perguntou um dos monges mais jovens com um tom frio. O Alfa Enrique sorriu, e um tom de advertência surgiu em sua voz enquanto respondia, "Que coragem a sua falar com seu Alfa dessa maneira."
O monge assistente ficou surpreso ao perceber que havia um novo Alfa no comando, alguém que não podia ser ofendido. "A-Alfa... Eu!" ele gaguejou.
"Joseph, pare de falar," o monge idoso interveio antes de se dirigir ao Alfa Enrique. "Por favor, perdoe a falta de consciência do meu assistente, meu Alfa. Não estávamos cientes de sua identidade. Como podemos servi-lo?"
Embora o monge idoso fosse ligeiramente mais respeitoso, seu tom carecia de cuidado ou preocupação. O casal não ficou surpreso, pois era comum que sacerdotes religiosos se vissem como superiores, já que servem a Deus.
"O que aconteceu com o mosteiro? O telhado está danificado, e as paredes estão prestes a desabar," perguntou o Alfa Enrique.
"Os deuses estão nos punindo pela violência e matança que cometemos contra sua amada criação," respondeu o homem idoso. "Tenho certeza de que o Alfa não veio até aqui para perguntar sobre o bem-estar do mosteiro, não é?"
Um sorriso frio apareceu no rosto do Alfa Enrique. Embora ele inicialmente tivesse duvidado das alegações dos moradores, agora estava convencido de que estavam dizendo a verdade, dado o quão hostis os monges eram com seu líder.
"Você está certo," ele respondeu, envolvendo os ombros de Licia com os braços. "Esta é minha noiva, e gostaríamos de realizar nosso casamento aqui. Viemos procurar alguém que pudesse oficializar a cerimônia."
"Fico feliz em oferecer meus serviços," disse o monge idoso, fingindo uma tosse para parecer frágil. "Mas se eu for oficializar a cerimônia apesar da minha idade e enfermidade, o que você fará pelo nosso mosteiro em troca?"
O sorriso vitorioso do Alfa Enrique era tingido de zombaria e superioridade. O monge, que estava olhando para ele com raiva, se absteve de fazer qualquer comentário, já que ele era o Alfa. Ele assentiu e disse, "Vou compensá-lo adequadamente pelos seus serviços, meu caro monge. E, claro, considerarei o que posso fazer pelo seu mosteiro em troca."