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Capítulo três

Amelia soltou um suspiro trêmulo para aliviar a tensão que pesava sobre ela. Era o início das aulas, e ela já havia chegado ao local onde sua primeira aula do dia seria ministrada, embora estivesse um pouco triste, pois a pessoa que acabou sendo a coordenadora deles era Kelly Roland, e ela sabia que um caminho espinhoso e difícil estava à sua frente.

A aula foi fácil, já que era apenas uma introdução ao tema do curso. Não havia olhos sobre ela, todos os olhares estavam fixos na professora, inclusive os dela.

Ela ouviu um zumbido no celular e viu que era uma mensagem de um número desconhecido. Ela clicou e piscou ao ver... "Ouça com atenção, Amelia. Lembre-se de que você é meu cérebro. E também, encontre-me no centro de relaxamento, aquele perto do café da internet. Entendeu?"

Amelia olhou e viu os olhos de Kelly sobre ela, mas desviou o olhar imediatamente com um suspiro perturbado, imaginando como iria escapar das garras dela.

"Você está bem?" Beth perguntou ao ver que ela estava perdida em pensamentos.

Amelia deu uma risadinha baixa. "Estou longe de estar bem." Ela olhou para Beth e assentiu. "Sim."

Beth assentiu. "Ok."

Depois de duas horas seguidas, a aula terminou. A professora saiu, e os alunos começaram a se levantar com suas bolsas e livros nas mãos.

Spencer e Beth se levantaram, mas franziram a testa ao ver Amelia ainda sentada. "Você não vai? Vamos."

Amelia olhou para eles. "Eu... eu tenho algo que preciso resolver, então vocês podem ir sem mim."

Beth e Spencer se entreolharam, sentindo-se muito confusos.

"Algo? Que coisa?" Bethany perguntou.

Amelia olhou para os dois, sua mente girando um pouco enquanto pensava em que mentira contar. Ela não estava acostumada com isso. "Eu..."

"Vamos deixá-la em paz, Beth." Spencer interveio. "Apenas nos ligue quando estiver livre, ok? Tome cuidado."

Amelia sorriu aliviada, profundamente grata a Spencer pelo salvamento. Ela parecia ter um talento para salvá-la, e Amelia assentiu.

Desde que viu Amelia, Spencer de alguma forma sabia que ela precisaria de amigos para estarem lá por ela, e também sentia a necessidade de protegê-la de qualquer mal. Ela era pequena e frágil. Não eram características que durariam muito na universidade.

Isso a fez se perguntar como ela passou pelo ensino médio.

Vendo-os sair, Amelia olhou ao redor, notando que Kelly e seus companheiros não estavam mais na sala.

Ela colocou seus livros dentro da bolsa e se levantou com um destino em mente. O centro de relaxamento.


"Oi."

Finn parou no meio do caminho e levantou a cabeça para uma moça sorrindo na frente dele. Ele suspirou, sabendo o que esperar. As mesmas coisas de sempre. Ele nunca conheceu uma mulher que o visse e olhasse para o outro lado. Que cuidasse de seus próprios assuntos.

"O que é?" Ele perguntou diretamente.

Os olhos da garota pareciam presos nos olhos azuis penetrantes dele. Ele era tão perfeito. "Eu, eu queria saber se você viu meu presente. Eu enviei para o seu escritório."

Finn desviou o olhar com as sobrancelhas franzidas. "Hmm. Eu recebo muitos presentes, então não sei qual presente..." Ele parou de falar, olhando de volta para ela. "Diana..."

"Eu nem verifico os nomes. Eu dou para meus funcionários homens ou jogo fora os que não são úteis." Sua voz era calma, mas ao mesmo tempo chocante.

A expressão da garota desapareceu com a declaração. Ele era cruel, embora ela soubesse disso, mas... "Eu só queria..."

"Pare de enviar presentes. Pare de desperdiçar dinheiro." Finn a advertiu. "Eu não sou um troféu que se pode conseguir facilmente. Entendeu?"

Os olhos da garota começaram a brilhar com lágrimas enquanto ela olhava para ele, paralisada no lugar onde estava. Ela odiava o sentimento que estava tendo. A realidade de ser rejeitada piscava irritantemente para ela, como se gostasse da dor que ela estava sentindo no coração. Sim. Ele definitivamente esmagou seu coração.

Finn inclinou a cabeça para ela, completamente impassível com a reação dela. Era algo que ela deveria ter esperado, então, como ele tinha trabalho a fazer, ele a deixou.

Ele já teve sua cota de garotas e aprendeu uma lição perigosa. Ele duvida que alguma garota vá fazê-lo se apaixonar. Na verdade, ele não tinha certeza se era capaz de amar ou encontrar alguém que provasse que ele estava errado. Ele não tinha certeza se algum dia encontraria a pessoa destinada a ele. O único contato que ele poderia ter com elas era o físico ou, melhor dizendo, sexual. Sem emoções incluídas.

As lágrimas caíram profusamente dos olhos da garota, e suas amigas, observando de longe, correram em sua direção. "Diana. Diana, você está bem?"

Diana balançou a cabeça ainda chorando. "Eu pareço estar bem? Ele me rejeitou." Ela chorou alto.

Suas amigas suspiraram. "Isso era esperado, Diana. Eu te avisei." Mas então a abraçou e deixou que ela chorasse em seus ombros.

**

**

"Aqui." Kelly entregou os livros dela e de suas amigas, o que deixou Amelia muito confusa, seu olhar focado nos livros em suas mãos com olhos atentos, como se os livros pudessem responder à pergunta em sua mente.

"Os livros. O que... o que é isso?" Ela perguntou, levantando um pouco a cabeça para Kelly.

"Esses são nossos cadernos." Kelly respondeu com um tom de obviedade.

Amelia ainda estava confusa. "Por que está me dando eles então?"

Fiona riu da atitude estúpida da garota. Como ela pode demonstrar ignorância? Ela parecia alguém que já tinha passado por isso a vida toda.

Kelly balançou a cabeça diante da atitude desorientada. "Ok, já que você está fingindo não ter ideia. Você vai nos ajudar a escrever nossas anotações, nossos trabalhos..."

"O quê?" Amelia engoliu em seco ao soltar. Embora estivesse atônita com as palavras. "Se... se eu vou fazer tudo isso para vocês, e quanto aos testes e exames?"

As garotas zombaram. "Oh, meu Deus. Ela realmente não tem noção." Jennifer teve que dizer.

Kelly suspirou. "Sempre há um jeito, Amelia. Você vai nos ajudar com tudo..."

"Mas podemos ser pegas. Isso não é algo que se possa escapar, então, por favor... por favor, eu te imploro..."

Kelly bateu e empurrou a lateral da cabeça dela, afastando-a do lugar onde estava e calando-a. "Cale a boca, Amelia. Ainda temos meses antes dos testes e exames começarem, então ainda há tempo para pensar. Por enquanto, lide com isso." Ela disse apontando duramente para os livros nas mãos dela.

Amelia ficou calada, sabendo que suas palavras eram inúteis e que o mínimo que podia fazer era obedecer.

"E também, como eu sou a coordenadora, você vai fazer a maioria dos trabalhos. Conseguir a maioria das informações e passar para mim, entregar os trabalhos... para resumir, você vai fazer meu trabalho para mim."

"Mas eles não vão saber..."

"Por que saberiam? Tudo o que os professores se importam é que suas informações sejam passadas para os alunos, que os trabalhos sejam entregues no prazo, ou projetos, ou o que for... eles não dão a mínima." Kelly afirmou.

Amelia esfregou as palmas das mãos suadas severamente, sua raiva crescendo dentro dela e querendo sair. Se não fosse pelo moletom, Kelly teria visto uma névoa vermelha cobrindo seu rosto.

"Agora que tenho certeza de que você entendeu, pode ir começar a fazer seu trabalho. Pegue os números dos nossos professores e obtenha informações, entendeu?"

Amelia assentiu como se estivesse presa na gravidade. Parecia que seu mundo estava destinado a desmoronar desde o início. Ela nasceu para ser azarada na vida.

Aquele dia foi um dia difícil para ela, que a deixou extremamente estressada. Ela nem pôde acompanhar seus amigos para beber e se parabenizar pessoalmente pelo primeiro dia de aulas bem-sucedido.

Ela teve que voltar para casa por causa dos trabalhos que ainda tinha que fazer.

Três aulas que tiveram no dia, o que significa que ela tinha três cadernos vezes três para copiar antes de amanhã. Tão injusto.

Ela tirou os livros e os colocou em sua mesa. Era melhor começar a escrever agora para encontrar tempo para dormir.

"Que livros são esses?" Stephanie perguntou deitada na cama.

Amelia olhou para ela e se sentou na cadeira. "Escola." Ela respondeu diretamente.

"Escola? Você não escreveu anotações na escola, ou não conseguiu acompanhar? Embora eu duvide disso."

Amelia olhou para ela e viu que ela parecia alguém calculando algo. "Não é nada." Ela desviou o olhar e ligou o abajur. "Você deveria apenas dormir."

"Lia, você voltou bem cedo hoje. Pessoas com amigos não fazem isso. Depois da escola, os amigos saem. Às vezes para cafeterias para dar tempo de ler, ou para bares para celebrar, ou ficar bêbados, ou para clubes para se divertir. Quando passei pelo Barlane, vi calouros lá. Honestamente pensei que você estaria lá."

Amelia suspirou tentando não se deixar afetar pelas declarações. "Eu só... eu só tinha coisas para fazer, e também não acho que devo me envolver com essas coisas. Tenho certeza de que você entende."

Stephanie abaixou os olhos sentindo pena e se perguntando por quanto tempo Amelia continuaria se punindo por nada. Ela é apenas uma garota adorável e inocente, e não fez nada de errado na vida. Elas são amigas desde o ensino médio, então ela conhece todos os detalhes sobre Amelia, e vice-versa.

Ela passou por muita coisa, mas continua se punindo como se fosse a vilã em um livro de herói-vilão.

Ela apenas assentiu. "Por mais que eu não queira, devo fingir que entendo."

Amelia ignorou e continuou escrevendo as anotações.

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