




Capítulo 1
"Natalie, eu já te avisei várias vezes. O fato de seu pai ser meu beta não significa que você pode escapar das consequências," disse meu Alfa, com a raiva mal contida. Não era minha intenção causar problemas — simplesmente aconteceu.
"Peço desculpas, Alfa. Meu temperamento se exaltou; isso não vai acontecer de novo, prometo." Mas o Alfa não estava convencido, enquanto lançava um olhar severo para meus pais, que observavam preocupados na porta atrás de mim.
"Não, desta vez não," pensei, sentindo um nó de ansiedade apertar em meu estômago. No passado, um aviso do Alfa era o normal depois que eu cometia um erro, mas agora? Seu olhar intenso era demais para suportar, e eu abaixei os olhos. Meu pai deu um passo à frente, inquieto.
"Alfa, pedimos desculpas pelas ações de nossa filha. Ela está sendo sincera, e eu vou garantir que esse comportamento não se repita. Por favor, aceite nossas desculpas," disse meu pai com uma reverência, mostrando submissão. Isso parecia diferente; em vez da bronca que eu esperava, a expressão do meu pai me dizia que a punição poderia ser muito mais severa.
"Minha decisão é final. Sinto muito pela perda que vocês estão prestes a sofrer." As lágrimas da minha mãe começaram a escorrer enquanto meu pai tentava manter uma expressão corajosa. A palavra 'perda' ecoava em meus ouvidos, congelando meus pensamentos. Eles não podiam estar falando de... morte, podiam? Aos dezoito anos, enfrentar o fim antes mesmo de realmente começar a vida parecia tão cruel. Sonhos de encontrar meu par, ter uma família – todos destruídos pela minha imprudência.
"Por favor, Alfa. Ela é nossa única filha. Você não pode—" O apelo da minha mãe foi abruptamente interrompido pelo Alfa.
"Silêncio! Minha decisão é final. Você tem uma hora para pegar o que pretende levar com você. Depois disso, se ainda estiver no meu território, será tratada como uma renegada. E todos sabemos o destino dos renegados que invadem." Com isso, o Alfa saiu furioso, deixando um silêncio sufocante para trás. Tornar-se uma renegada era um destino pior que a morte. Sozinha, evitando territórios de matilhas, e o simples pensamento de encontrar outros renegados me aterrorizava. Eu nunca tinha sequer ultrapassado nossas fronteiras, e agora enfrentava uma vida confinada à selva.
"Comece a arrumar suas coisas, Natalie. O Alfa falou. Você desonrou esta matilha e nossa família. Vá embora assim que terminar," disse meu pai com uma frieza incomum. Ele era um homem gentil, mas seu tom agora não traía nenhuma suavidade. Certamente, ser sua única filha significava alguma demonstração de tristeza diante da perspectiva de nunca mais me ver.
"Papai... Mamãe..." As lágrimas não paravam; eu não conseguia segurá-las mais.
"Você perdeu o direito de nos chamar assim. Pegue suas coisas e vá, antes que eu perca a paciência," ele respondeu, de costas para mim enquanto começava a sair. Mas minha mãe parecia dividida, segurando o peito em desespero.
"Não podemos simplesmente abandoná-la, Tom. Ela não vai sobreviver lá fora. Precisamos fazer algo," ela implorou, mas meu pai estava inflexível, puxando-a relutantemente para longe.
"Ela fez a cama dela. Agora deve deitar nela. Deixe-a arrumar suas coisas," ele insistiu, segurando minha mãe quando ela tentou vir até mim. Quando me movi em direção a ela, meu pai rosnou — um aviso que eu nunca pensei ouvir dele.
Parecia um pesadelo, uma realidade horrível da qual eu não podia escapar. Meu corpo estava dormente, minha mente lutando para processar os eventos que se desenrolavam. Eu tive que me forçar a me mover, a arrumar uma pequena mochila com itens essenciais e pegar o dinheiro de emergência da minha mesa de cabeceira. Pelo menos eu tinha sido responsável o suficiente para economizar isso.
O arrependimento me corroía — por que eu não me comportei? Se eu soubesse que isso levaria a este exílio, teria vivido de forma diferente. Sem sair escondida, sem festas imprudentes. Eu teria me imerso nas tarefas da matilha, contribuído mais.
Com minha mochila pronta, dei uma última olhada ao redor do meu quarto. A vida que eu conhecia estava escapando. Eu nunca mais veria minha família ou amigos. O quarto que guardava tantas memórias logo se tornaria apenas mais um espaço vazio.
Me fortalecendo, caminhei até a sala de estar. A casa estava estranhamente quieta, desprovida de qualquer pessoa além de mim. Pelo bem da minha mãe, decidi deixar um bilhete. Peguei um post-it e uma caneta e comecei a escrever.