




Capítulo 3
Ponto de vista de Susan
Eu o segui, passei por outra porta e caminhei por um pequeno corredor que levava ao vestiário e ao banheiro dos funcionários.
"É aqui." Ele abriu a porta do vestiário e foi até um armário prateado. Ele o abriu e tirou uma troca de roupa. Era o uniforme dele. "Acho que isso vai servir em você." Ele estendeu a roupa para mim. "Se precisar de mais alguma coisa, é só me avisar."
"Obrigada." Peguei as roupas das mãos dele e o observei sair. Muito educado...
No canto do vestiário, havia um provador. Fui até lá e fechei a cortina ao mesmo tempo em que vi o espelho atrás de mim. Jesus, meu cabelo estava uma bagunça e eu tinha olheiras profundas. Rapidamente tirei minhas roupas e me troquei. Eu precisava lavar o rosto e arrumar o cabelo.
Vesti a camisa branca, a calça bege e amarrei o avental preto na cintura. Olhei no espelho e me virei. Estava melhor do que eu imaginava.
Coloquei minhas roupas no armário e saí do vestiário. Havia um banheiro bem em frente, então fui até lá e molhei o rosto para me manter acordada. Meu cabelo parecia um ninho. Jesus, como o Charlie pôde me contratar assim? Tentei ajeitá-lo com a mão úmida e fiz um coque. Ficaria melhor.
Eu tinha passado a noite toda acordada. Era só poeira. Mas eu continuei. Recomeçar era novo para mim.
Vamos lá, loba... Precisamos fazer isso direito.
Saí e voltei pelo pequeno corredor até esbarrar no Charlie do lado de fora da porta. Ele estava passando quando me viu.
"Está ótimo!"
"Obrigada." Dei um sorriso fraco. "Por onde posso começar?"
Ele me mostrou os cardápios no balcão. Disse que seria bom eu memorizar os pratos e preços quando estivesse atendendo os clientes. E o Eddy sempre estaria lá para me ajudar se eu precisasse.
Fui até o balcão e peguei o cardápio. Senti o cheiro de um aroma delicioso vindo da cozinha. Provavelmente o cozinheiro que Charlie mencionou já havia chegado. Dei uma olhada no cardápio e acabei memorizando alguns pratos, mas eram muitos e variavam de preço. De bolos a pães, folhados, tortas, cafés de diferentes tipos e tamanhos. Eu precisava carregar um cardápio nos braços, pelo menos hoje.
Minutos se passaram e a cafeteria já estava aberta quando o sino da porta tocou. Um homem entrou na cafeteria. Ele estava de terno e acabara de desligar o telefone com raiva.
"Bom dia, senhor." Fui até ele e peguei o caderno que Eddy me deu para me ajudar.
"Bom dia." Ele nem olhou para mim. Seu rosto estava contraído e ele parecia se importar apenas com onde iria se sentar. Ele parecia ter uns 50 anos e cheirava a álcool em gel. Ok... Vamos lá...
Ele se sentou e segurou o cardápio nas mãos.
"Certo?" Parei perto da mesa. Foi só então que ele levantou o rosto e olhou para mim. Sua expressão mudou sutilmente para menos irritada. Continuei olhando para ele, esperando o pedido, mas meu rosto já não estava tão agradável. "Posso anotar seu pedido?"
"Sim." Ele tamborilou os dedos na mesa de madeira e passou os olhos por mim. "Vou querer dois pães de queijo e um espresso."
"Certo, mais alguma coisa?" Anotei.
"É só isso."
"Ok. Já trago." Virei e fui até o balcão. Entreguei o papel para o Eddy e ele rapidamente preparou um prato com dois pães de queijo e serviu uma xícara de espresso.
"Esse é o Richard. Advogado. Geralmente estressado." Eddy colocou tudo em uma bandeja e me entregou. Assenti para ele.
"Percebi o estresse," sussurrei e voltei para a mesa. Deixei o pedido dele e ele me agradeceu.
Mais pessoas começaram a chegar e continuei a atendê-las. Isso durou durante o café da manhã, almoço e à tarde. Não terminou até as 19h, depois que lavei todos os pratos restantes. E claro, minha licantropia me ajudou a passar o dia. Caso contrário, eu estaria deitada no chão, completamente exausta.
Recebi o dinheiro do Charlie no final do dia, além das gorjetas que ganhei por ser "uma moça muito bonita e gentil", segundo uma senhora de 60 anos. Não era muito, mas era mais do que suficiente para sobreviver um dia e comprar uma troca de roupa em promoção. Conheci Jonh, um jovem e excelente cozinheiro. Ele era magro, mas atraente. E no final do dia, com a comida que sobrou, ele fez duas marmitas. Uma para mim e outra para o Eddy. O que me deixou ainda mais aliviada por não ter que gastar dinheiro com comida. Troquei de roupa, peguei minhas coisas e saí.
"Boa noite, Susan. Você foi ótima hoje." Todos já tinham ido embora. Só restavam eu e Charlie.
"Obrigada. Até amanhã." Acenei e saí da lanchonete.
A cidade estava mais movimentada à noite. E eu precisava encontrar um lugar para ficar. Mas primeiro, parei em uma lojinha e comprei algumas roupas íntimas e uma troca de roupa. O que quase me custou metade do meu dinheiro, mesmo estando em promoção.
Andei mais alguns quarteirões procurando um hotel até finalmente encontrar um que parecia acessível. Um pouco mais afastado do centro, mas decente o suficiente. Atravessei a rua e entrei no saguão do hotel. Fui até a recepção e vi uma jovem negra, que nem parecia ser mais velha. Seu cabelo preto era na altura dos ombros e um lado da cabeça estava raspado. Ela estava lendo uma revista até se virar para mim quando me viu se aproximando.
"Boa noite."
"Boa noite." Ela deixou a revista na mesa.
"Tem um quarto disponível?"
"Tem o quarto 201 no segundo andar, 301, 305, 4..."
"Pode ser o 201." Interrompi-a. "Quanto custa para ficar uma semana?"
"$140,00." Uau.
"Perfeito." Eu estava no lucro. Certamente não encontraria nada mais barato aqui na cidade.
"Certo, posso ver sua identidade?" Fiquei olhando para a garota.
O quê? Para quê? Eu não tenho nada comigo.
Fingi procurar minha identidade no bolso da calça e olhei espantada quando não a encontrei.
"Não acredito! Esqueci!" Olhei para a garota, ainda espantada, e ela suspirou com uma risada fraca. Ela me olhou de cima a baixo.
"Não precisa mentir, vou deixar passar."
Depositei $40,00 na frente dela como adiantamento.