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Capítulo 2

Ponto de vista de Susan

Segurei a respiração para não espirrar e voltei minha atenção para o que ela tinha acabado de dizer. Bem, é ótimo saber que minhas chances de ser contratada em algum lugar são altas. Preciso urgentemente de um emprego se quiser sobreviver aqui.

"Espero que consiga." Coloquei o perfume de volta.

"Trabalho com entregas. Comecei a trabalhar no segundo dia que me mudei para cá. Aposto que você vai conseguir." Assenti o mais confiante que pude e seguimos em direção à cidade.

Não demorou muito para eu ver a primeira placa dando boas-vindas aos transeuntes. Tudo estava bem organizado e bonito. Lojas de conveniência, ruas largas e bares em quase todas as esquinas. Mas, por causa do horário, ainda não havia muitas pessoas andando por aí.

Continuamos cortando as ruas e eu já podia ver o sol surgindo entre os prédios.

"Onde posso te deixar?" A loira perguntou.

"Ah, bem, o centro seria perfeito para mim."

Ela continuou dirigindo por mais alguns minutos e logo parou o caminhão em um espaço de carga e descarga. Perto de uma loja de conveniência no centro da cidade.

"Pronto, entregue." Ela sorriu e olhou para mim.

"Muito obrigada, moça." Eu não sabia o nome dela. "Você me salvou."

"Sem problema. Boa sorte na entrevista." Ela acenou para mim e eu desci do caminhão e fechei a porta.

"Vou precisar." Abri um sorriso exagerado.

Eu precisava conseguir um emprego. Lavaria pratos se fosse necessário. Um mercado ou um restaurante não seria nada mal.

Acenei de volta para a mulher e a vi partindo com o caminhão. Olhei ao redor e suspirei. Estava em frente a um prédio que parecia muito antigo. Talvez um armazém que não estava sendo usado, mas se destacava no bairro entre os outros prédios impecáveis.

Numa hora dessas, minha antiga matilha provavelmente sentiu minha falta, mas ainda não perceberam que fugi. Devem estar pensando que saí para correr como sempre fazia. Só vão ficar realmente surpresos quando perceberem que não voltei para o almoço. Nunca fiquei fora por tanto tempo.

Comecei a caminhar por algumas ruas e quarteirões enquanto observava a cidade. Parecia um lugar agradável para viver. O sol já tinha nascido, mas eu não sabia que horas eram. Sete da manhã, talvez? A maioria das lojas ainda estava fechada.

Enquanto caminhava atenta ao meu redor e aos cheiros, o aroma doce de café chamou minha atenção. Virei o rosto na direção do cheiro e percebi que vinha do outro lado da rua. De uma cafeteria na esquina. O café de lá tinha um cheiro um pouco diferente dos outros. Era amanteigado e parecia vir com chocolate derretido também.

"BunnyBlaki's".

Meu estômago roncou, mas sorri com o nome fofo. Era o único lugar que parecia estar aberto. Tinha grandes janelas laterais de vidro claro e o lugar parecia mais um restaurante estilo pub.

Um homem estava limpando o vidro por dentro. Atravessei a rua e caminhei devagar pela entrada do estabelecimento. Havia uma pequena placa de madeira pendurada ao lado da porta que dizia que estavam contratando. Quase senti vontade de rir. Pela primeira vez na vida, a sorte parecia ter me abençoado. Eu não ia perder esse emprego por nada.

Abri a porta de vidro escuro e entrei. O ambiente era muito agradável e cheirava muito bem. O cheiro de canela também era perceptível, embora fraco. As paredes eram revestidas com tijolos cinza e o chão era escuro e polido, assim como as pequenas mesas redondas.

O homem que estava limpando as janelas veio até mim. Ele tinha porte médio, cabelo castanho e olhos negros. Vestia calças bege e uma camisa branca com um avental preto amarrado na cintura.

"Bom dia, senhorita, não abriremos por mais meia hora, mas você pode se sentar e esperar, se quiser." Ele era um pouco mais alto que eu e sua voz era calma.

"Bom dia. Eu estava passando e vi a placa." Apontei para ela.

"Ah, sim... Você está interessada?"

"Estou muito interessada." Deixei claro.

"Certo, me siga." O homem então fez um gesto para que eu o seguisse.

Caminhamos até um balcão de mármore escuro um pouco mais ao fundo, perto do caixa.

"Vou chamar o gerente."

"Tudo bem."

Vi o funcionário sair e passar por uma porta.

Depois de alguns longos segundos, outro homem apareceu. Não um homem, um senhor barrigudo que parecia ter uns 60 anos. Ele vestia roupas semelhantes às de um garçom e tinha o cabelo grisalho penteado para trás. Quando se aproximou do balcão e parou do outro lado, senti um leve cheiro de cigarros e balas de menta no ar.

"Olá, você é a interessada na vaga?" Sua voz era bastante rouca. Ele parecia ser um cavalheiro muito rigoroso pelo jeito que me olhava, mas quando olhei mais de perto para seu rosto, ele acabou mostrando um sorriso gentil.

"Sim, sou eu."

"Bom, qual é o seu nome e quantos anos você tem?" Ele pegou um pedaço de papel debaixo do balcão e uma caneta.

"Susan Ross. Tenho 26 anos." Eu poderia ter falado mais, mas...

O velho repetiu enquanto escrevia.

"Onde você mora?"

Ah, droga.

"Uh... Acabei de me mudar, então ainda não tenho um lugar fixo." O velho olhou nos meus olhos por um momento e assentiu.

Depois de mais algumas perguntas, onde tive que mentir um pouco, ele guardou a caneta prateada no bolso.

"Abrimos todos os dias às sete e meia e tudo começa a funcionar às oito horas. Pagamos por hora aqui. Você pode começar hoje?"

"Sim, claro! Posso começar agora."

"Bem-vinda, Susan. Meu nome é Charlie." Ele estendeu a mão e eu a apertei amigavelmente. "O homem que te recebeu se chama Edward, mas você pode chamá-lo de Eddy. Temos uma chefe de cozinha chamada Anna, mas acho que você não a encontrará hoje. É o dia de folga dela. John está no lugar dela hoje. Ele chegará em breve. Mas por enquanto, você pode entrar e se trocar." Ele olhou ao redor procurando alguém. "Eddy! Mostre o lugar para ela, por favor."

Assenti e vi Eddy aparecer na porta com uma bandeja de pão de queijo que tinha acabado de sair do forno. Quase salivei de fome. Ele colocou na vitrine e olhou para mim novamente.

"Claro. Susan, venha comigo."

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