




Capítulo 4
Um homem estava ao lado do vestiário de Brit quando ela saiu do escritório de Bernard. Na casa dos cinquenta, com cabelo branco bem curto, ele vestia um agasalho preto com o logo do Gold’s e patins. Um par de luvas e um taco estavam apoiados ao lado do equipamento dela.
"Brit," ele disse, estendendo a mão para ela apertar. "Sou Frank, mas os meninos me chamam de Frankie, então fique à vontade."
Chamá-lo de Frankie?
As palavras simplesmente não saíam da sua boca.
Porque ela já sabia quem ele era. Tinha pesquisado cada membro da equipe técnica do Gold’s antes de assinar seu contrato.
Mas isso não a impediu de ficar deslumbrada.
Frank não era apenas Frankie. Ele era Franklin Todd, renomado treinador de goleiros e ex-jogador profissional, e praticamente o mais próximo que ela chegaria de um orgasmo no hóquei.
Conhecê-lo, falar com ele era melhor do que parar um atacante arrogante em um contra-ataque, melhor do que empilhar as almofadas e roubar um gol quase garantido.
Ele era seu ídolo.
Exceto que...
Seu coração afundou porque ele provavelmente sentia o mesmo que Bernard. Ela era um incômodo, uma jogadora não tão boa assim.
Pior. Ela era uma garota.
Bem, dane-se isso.
Endireitando os ombros, Brit olhou para cima e se forçou a testemunhar o desdém nos olhos de Frankie em primeira mão.
Exceto que não estava lá.
Ela gaguejou por um momento antes de se decidir por "Oi, Frankie."
Ele sorriu, pegou seu taco e luvas. "Oi, para você também. Não deixe Bernard te afetar. Ele é durão com todos os novos jogadores, e especialmente não gosta de novatos."
Ela vestiu seu protetor de peito e começou a ajustá-lo no lugar. Era estranho ser considerada uma novata na sua idade avançada. No hóquei, os novatos tendem a estar na adolescência, ou às vezes no início dos vinte anos. Definitivamente não a caminho da terceira década.
Mas, deixando isso de lado, ela decidiu fazer a pergunta maior. "Por que ele concordou em me ter no time?"
Se ela esperava uma resposta clichê sobre Bernard realmente gostar dela por dentro ou algo assim, estava errada.
"Ele não teve escolha."
Ok então.
"Eu te queria e ameacei sair se a administração não te desse um contrato."
Brit ficou atônita por um longo momento antes de encontrar sua voz. "Mas... por quê?"
Ela teve sua cota de apoiadores ao longo dos anos, seu irmão, alguns treinadores e jogadores, um pequeno—muito pequeno—segmento de fãs que sabiam quem ela era.
Mas por que alguém que ela nunca tinha conhecido—alguém que ela não conhecia—colocaria seu pescoço por ela?
"Eu te vi em Buffalo."
Ela franziu a testa, pensou em todas as vezes que jogou em Buffalo. Apenas um jogo se destacou. E não porque eles dominaram. "Mas nós fomos massacrados."
Seu time perdeu de 8-1, e ela lembrava de cada um dos quatro gols que deixou entrar com precisão cristalina. Os dois períodos que jogou foram alguns dos piores de sua carreira.
"Eu sei."
Confusa, ela apenas o encarou.
"Você deixou entrar alguns gols fáceis."
Isso era para fazê-la se sentir melhor?
"Mas depois que você foi substituída"—depois que o treinador a tirou do jogo e deixou o outro goleiro jogar—"você ficou no banco em vez de ir para o vestiário."
Brit lembrava de ter ficado lá, primeiro porque não queria fazer a caminhada da vergonha na frente de seus companheiros de equipe, e depois por simpatia quando o placar continuou a subir.
"Sim, eu fiquei."
Frankie a observou por um longo momento, seus olhos fixos nos dela, como se quisesse que ela entendesse.
Ela não entendia.
Grande coisa. Ela ficou no banco. Não é como se tivesse feito isso por razões altruístas.
Frankie suspirou, deu um tapinha no ombro dela e se virou em direção ao corredor que levava ao gelo.
"Cinco minutos."