Capítulo 2
Era isso, a grande chance da vida dela.
E Brit estava sentada no estacionamento da arena, incapaz de tirar os dedos do volante.
"Se controla," murmurou. "Ou você vai fazer feio no gelo."
Duro, talvez. Mas a verdade.
Ainda assim, as palavras foram suficientes. Suficientes para colocar seu corpo em movimento, abrir a porta e caminhar até o porta-malas do seu Corolla de dez anos.
Seu equipamento estava enfiado no pequeno espaço como uma linguiça prestes a estourar. Brit pegou a alça e puxou a bolsa antes de jogá-la no ombro.
"Você sabe que tem gente pra isso."
A voz a fez pular, e seu olhar subiu, depois subiu mais um pouco até ela encarar diretamente os olhos do capitão do San Francisco Gold, Stefan Barie.
O leve sotaque de Minnesota a fez estremecer.
Uh-oh.
E sério, só um fã de hóquei acharia um sotaque de Minnesota sexy.
Ele sorriu. "É aquela coisa de o inverno mais frio ser o verão em San Francisco." Quando ela franziu a testa, ele inclinou a cabeça. "A sensação térmica."
O quê?
"Sabe? Mark Twain?"
Ela franziu as sobrancelhas. "Eu sei quem é Mark Twain, e conheço a citação. Embora seja um equívoco comum, Twain na verdade não disse isso. Ainda assim, é ventoso na cidade... Eu só não sei por que você acha que estou com frio, e não é—" Ela se sacudiu. Qual era o ponto de seu devaneio? "Deixa pra lá."
Era isso que sua mente fazia.
Toda vez.
Divagava, focava em detalhes mundanos que ela não conseguia evitar de deixar escapar.
Não era surpresa que, uma vez soltos, suas conversas fossem pontuadas por pausas constrangedoras.
Como a que estava acontecendo agora.
Brit suspirou. Dê a ela uma entrevista a qualquer momento. Deixe-a soltar frases de efeito para a câmera e sem problema. Eram as interações humanas reais que eram terríveis.
"Não," disse Stefan. "Me conta. O que é?"
Foi só porque ele parecia genuinamente interessado que ela respondeu.
"Não é verão."
"O quê?"
Outro suspiro. Isso aí, gênio. "Tecnicamente é outono. O verão acabou há seis dias e meio."
Houve um momento de silêncio, uma longa e desconfortável pausa durante a qual nenhum dos dois falou.
Então, surpreendentemente—chocantemente—Stefan riu. Seu coração deu uma pequena apertada, seu cérebro disse, Uh-oh, mas antes que ela pudesse realmente entrar em pânico, ele falou, "Você está absolutamente certa. Agora vamos." Pegando os tacos dela, ele fez um sinal com a cabeça em direção à arena. "Vou te mostrar o caminho."