




7. Young Fate (parte 2)
Serena
"Donya." A inquietação e o desconforto estavam fortemente presentes em sua voz. "Isso não te parece um pouco estranho?"
Donya balançou a cabeça, afundando-se ainda mais em seu assento com um sorriso no rosto. "Claro que não. Meio que parece...incrível."
O rosto geralmente alegre de Donya se transformou em uma expressão relaxada e imóvel, mostrando que ela havia caído em algum tipo de sono profundo.
Na verdade, todos os outros pareciam estar no mesmo estado. Ninguém estava falando ou se movendo, e os únicos sons que ressoavam eram deste estranho jato.
As luzes de repente mudaram de branco para vermelho sem nem mesmo piscar, fazendo tudo parecer uma cena de um filme de suspense.
Em sua perplexidade, algo estranho foi captado por suas narinas. Cheirava esquisito. A atmosfera ao seu redor carregava um aroma que ela não reconhecia. Cheirava, estranhamente, a beleza e liberdade, como se isso fosse uma coisa, mas ao mesmo tempo cheirava a psicologia distorcida e os restos de alguém diabólico. Pacífico, mas perigoso.
Muito estranho.
O que estava acontecendo com eles?
Ela se levantou do assento e espiou o passageiro à sua frente. Anime estava sentado ali, roncando alto. Então eles estavam dormindo. Não fazia sentido, mas estava acontecendo.
Serena ficou onde estava, observando cada pessoa novamente. Será que ela era realmente a única que não estava desmaiada?
Então ela notou algo estranho.
Algumas das pessoas que entraram no jato com ela, não estavam mais lá.
Ela piscou e olhou de novo. Sim, ela tinha certeza. Os irritantes irmãos Winston não estavam em lugar nenhum. O corretivo poderoso de Ginger estava no chão ao lado do assento dela. Serena começou a sentir o pânico borbulhando em seu estômago.
'Eles estavam aqui, não estavam? Eles estavam bem aqui e ali. Eu não os vi sair de jeito nenhum. Eles estavam sentados e rindo, fazendo o que quer que fosse sem se importar, então como é que eu não consigo vê-los agora?'
Então caiu a ficha.
'Mais importante, como é que eu não sou uma deles?'
Ela não tinha ideia de por que esse pensamento veio a ela naquele momento, mas já estava lá.
Com certeza, nenhum sentimento de sonolência ou tontura a dominou. Ela se sentia perfeitamente bem.
Isso não explicava por que ela parecia ser a única acordada.
Será que foi porque ela sentiu o que quer que fosse se aproximando e de alguma forma se preparou?
Nada fazia sentido.
O balanço do jato a tirou de seus pensamentos. Serena sentou-se novamente e tentou se estabilizar. Não era nada mais do que turbulência.
A trepidação diminuiu, mas foi rapidamente substituída por uma sensação familiar.
A sensação de um elevador descendo.
A sensação de queda.
~•~•~•~•~•~•~•~
A jovem se levantou e entregou a bolsa que estava em seu colo. Serena olhou para ela, imaginando que queria que ela pegasse, mas não tinha certeza se deveria.
"O que é isso?" Ela perguntou.
A jovem respondeu, com uma voz pequena, mas ousada. "Você quer ir ao baile, não quer?"
"Bem, sim, mas não é como se eu pudesse. Acredite em mim quando digo que gostaria que fosse tão simples."
Não lhe ocorreu questionar como ela sabia sobre isso. Serena simplesmente suspirou e olhou para o chão, empurrando uma mecha caída para fora do rosto e atrás da orelha.
"De verdade, porque eu estou sentada aqui há um tempo e tudo o que fiz foi ouvir você sussurrar para si mesma sobre ir lá. Meu nome é Brendava. Pegue isso e vá!"
Serena olhou para Brendava. Será que essa garota estava falando sério?
"Eu não posso aceitar!" Antes que Brendava pudesse falar, Serena acrescentou, "vamos lá. Seus pais não devem estar muito longe." Ela se levantou. "Eles devem estar preocupados com você. Em que parte da rua você mora?"
Depois de esticar as pernas e gemer, Serena levantou os braços para o céu.
"Não vai falar? Se você não falar, teremos que andar até que alguém te reconheça."
Brendava não disse nada. Ela permaneceu em silêncio o tempo todo. Serena tinha a sensação de que Brendava estava chateada porque ela não estava ouvindo, mas não era como se ela pudesse aceitar algo de uma criança que ela nem conhecia. Talvez ela devesse ter medido suas palavras com mais cuidado para poupar os sentimentos dela. As crianças são muito mais sensíveis do que parecem.
Brendava gritou. "Você quer descobrir o que aconteceu com sua família, não quer?!"
Pausa.
"...o quê?"
Serena observou as bochechas de Brendava ficarem vermelhas. O destino de sua família, todos conheciam essa história. Ela ousou mencionar isso?! Sério? De tudo que ela poderia ter usado para chamar a atenção de Serena, ela escolheu isso?!
Calma, Serena, ela é apenas uma criança. Não fique brava com ela. Ela provavelmente não entende o quanto isso te afeta.
Os olhos azuis de Brendava ficaram mais intensos. Na opinião de Serena, a garotinha não parecia mais tão pequena.
"Você não quer saber o que aconteceu com Brody e sua mãe, Mia?"
Eles sofreram um acidente de carro, o que mais havia para saber?
"O quê?" Serena deu um passo hesitante à frente, lançando olhares furiosos apesar de sua mente lhe dizer para não fazer isso. "Quem é você e como sabe sobre minha família?"
Brendava ficou em silêncio.
"Brendava..." Serena tomou seu tempo, não querendo assustar a criança, e se agachou na frente dela. "Como você sabe sobre minha família?"
"A questão é, como você não sabe sobre sua família?"
Serena ficou um pouco surpresa. Ela colocou a mão no peito após sentir uma dor ardente ali ao mero mencionar o nome de seu irmão mais velho.
"O-o-o que isso quer dizer?"
"Todo mundo sabe o que realmente aconteceu com sua família, exceto, ironicamente, a única pessoa que realmente faz parte da família."
Sentindo suas pernas ficarem fracas, Serena se sentou de volta na parede e olhou para o horizonte. O que ela estava ouvindo era realmente verdade, ou Brendava estava usando palavras sofisticadas para brincar com suas emoções?
"Ei," Brendava disse. "Eu vejo que você está pensando em tudo isso, mas eu terei que ir logo, então por favor ouça o que eu vou dizer porque talvez não tenhamos muito tempo."
Serena assentiu com a cabeça. "Mas como?"
"Tudo o que posso te dizer é que você descobrirá se for ao baile."
Brendava olhou para trás, procurando por ninguém em particular. Mas momentos depois, Serena percebeu que ela devia estar olhando diretamente para os restos do pôr do sol, olhando como se estivesse sendo mantida refém desde sempre e agora finalmente encontrou sua saída.