




10. Não por acaso (parte 2)
"Príncipe Leonard, que prazer vê-lo aqui hoje!" Ela exclamou enquanto fazia uma leve reverência. Quando percebeu que as outras duas não a estavam seguindo, murmurou algo para elas sobre a estarem envergonhando. Então, elas seguiram o exemplo da mãe e fizeram uma reverência enquanto o cumprimentavam. "Príncipe Leonard."
Leonard sorriu de lado. "Sim, Srta. Jenifer, uma coincidência, considerando que este é um evento planejado pelos meus pais, no palácio onde eu moro. Uma grande coincidência, não é?"
Ele observou enquanto ela se enrijecia e parecia pensar no que dizer a seguir. Bem feito por tentar se passar por uma rainha.
"Bem," ela disse. "Nunca pensei dessa forma."
"Bem, parece que você está esquecendo de muitas coisas."
Os olhos dela brilharam com uma expressão que ele não reconheceu. Raiva? Ódio? Ressentimento? Espanto?
Será que ele se importava?
Leo tirou o pó invisível de sua jaqueta real vermelha e endireitou a gola que estava deitada sobre seu peito. Ele já tinha se divertido o suficiente com aquelas três. Agora queria sair dali e queria logo.
Onde diabos está Kimberley?! A presença dela seria muito apreciada.
"Você insiste em me chamar de Príncipe Leonard, em voz alta. Na frente de todas essas pessoas. E ainda faz reverência!"
"Bem, eu--"
"Suponha que essas garotas e garotos te levem a sério e vão procurar por mim na internet e acabem com uma foto de um velho e nenhum registro meu? A curiosidade dessa pessoa só vai crescer. Isso poderia causar um problema para nós."
Ele cruzou os braços.
"Eu-eu--"
"E posso te lembrar que tais atividades atraem desordeiros. A menos que você queira ter a honra de liderar um exército no mundo humano, eu aconselharia a pensar antes de falar."
"Claro que não, eu--"
"Desculpa? Não estamos todos. Agora, se me der licença."
Leonard se virou e se afastou delas sem dizer mais uma palavra ou sequer olhar para trás.
Mulheres. Pensando que são tão superiores...
Que se dane todo mundo pensando que é melhor do que ele.
Que se dane todo mundo pensando que pode manipulá-lo à vontade.
Ele perdeu o pouco de disposição que tinha para socializar e foi rapidamente para a mesa do buffet.
As pessoas continuavam a olhar para ele enquanto caminhava. Os olhares, as encaradas e os vislumbres continuavam como se quisessem ser um fardo para ele. Queriam ir fundo dentro dele e corromper sua alma. Pelo menos, era isso que seus avós lhe diziam quando era mais jovem. Ainda assim, isso nunca impediu a sensação de que todos queriam algo dele. Seja para levá-los para a cama ou ser conhecidos. É só para isso que servem, querer e querer. Tomar e tomar até não sobrar nada.
O jovem suspirou e se esgueirou pela multidão até que a mesa do buffet estivesse ao seu alcance. Ele serviu ponche em outro copo, certificou-se de que ninguém estava olhando, então tirou o frasco de dentro de sua jaqueta e despejou uma pequena quantidade do conteúdo. Depois, o frasco voltou para dentro de sua roupa.
"Ah! Pode colocar um pouco aqui?"
Leo sorriu pela primeira vez naquela noite. "Pegue você mesmo, Andrew."
A pessoa que falou se colocou na frente do príncipe com uma máscara branca brilhante. Combinava bem com seu cabelo loiro até os ombros e seus olhos castanhos como rubis. Sem mencionar sua camisa vermelha e calças pretas. Um homem tão esguio que tinha que comprar roupas maiores para esconder sua figura.
Andrew tirou um frasco do bolso e o balançou na frente do rosto de Leo. "Não me importo se eu fizer isso."
Em poucos segundos, ambos estavam bebendo e conversando sobre coisas aleatórias. De vez em quando, uma garota se aproximava e Andrew fazia a maior parte da conversa e da paquera por ambos. Tudo o que Leo fazia era acenar com a cabeça quando necessário e escanear a multidão em busca de um sinal de Kim. Ele nunca soube por quê, mas sempre preferiu as empregadas às mulheres nobres. Sentia que elas tinham mais dignidade.
Quando as fãs foram embora, Andrew encostou o corpo na parede ao lado da mesa do buffet.
"Aquela mulher, Jenifer, te incomodou de novo?" Ele perguntou aleatoriamente, tomando um gole de sua terceira bebida.
"Sim. Acho que ela quer oferecer uma de suas filhas como noiva." Leo tomou um gole de seu copo que continha a primeira recarga.
"Ela tem feito as filhas dela darem em cima de você desde que sua mãe mostrou um pouco de simpatia pela morte do marido dela e da família do padrasto, certo?"
"Acho que agora ela sente que tem um jeito de entrar para a família real. Que mulher. Não me surpreenderia se ela tivesse matado o próprio marido pela empresa dele e culpado os desordeiros."
"Ok~" Andrew balbuciou. "Tenho um último problema, provavelmente para nós, não, para você, provavelmente para nós resolvermos."
"Quantas vezes eu tenho que te dizer que você não aguenta bebida, então não beba?" Leo retrucou. Esse idiota tinha acabado de beber três copos, três! E estava bêbado!
"É bom ver~ você vestindo algo casual."
"Andrew."
"Sim~?"
"Cala a boca."
Andrew fez uma cara de cachorro pidão.
"Por quê?"
"Já tenho meus pais me incomodando, não preciso de você."
"E depois de todo o tempo que passamos juntos," seu companheiro murmurou colocando a mão sobre o peito em falsa mágoa. "Você quebrou meu coração e sabe que tenho sentimentos por você!"
"Andrew..."
"Estou sozinho sniff~ não há ninguém ao meu lado assoando o nariz~ meus problemas são todos, wah!"
"Amigo, você está me envergonhando com suas besteiras--"
"Disse o homem que dormiu comigo e depois me deixou. Eu aqui convoco todas as tartarugas dos Estados Unidos para reunir suas armas, apenas nas costas, e me vingar! Preste atenção quando estou expressando meu sofrimento! Por que você--"
"Andrew!" Leo exclamou. "Olha!"
Ele usou uma das mãos para controlar a virada da cabeça do amigo e a outra para direcionar o olhar dele para a escadaria. Seus olhos demoraram um momento para registrar a visão à sua frente, mas quando o fizeram, foi como se os efeitos do álcool tivessem desaparecido e fossem preenchidos com um certo tipo de luz.
Pois bem ali, descansando a mão na escadaria, estava uma das mais belas donzelas que ele já tinha visto. Uma com cabelos que mantinham magnificamente seus próprios cachos naturais e tinha cabelos castanhos tão escuros que alguém que não fosse um especialista em mulheres teria pensado que eram pretos.
Seu vestido vermelho escuro sem alças fazia milagres enquanto ela descia com sua saia em formato de sino que tinha pequenos diamantes que sustentavam todas as partes do tecido, o que fazia o vestido parecer mais deslumbrante. Para completar, a parte superior tinha muitos pequenos desenhos criados por diamantes menores e fios de prata. No geral, o vestido combinado com uma mulher assim, era uma visão imperdível.
"Leo," Andrew murmurou para o homem que ainda segurava sua cabeça.
"Sim?"
"Pare de olhar para minha mulher!"