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Capítulo 4

Bryan caminhava lentamente pela trilha da floresta, serpenteando seu caminho por Whitewood, refletindo sobre sua vida. Seus quarenta anos tinham sido difíceis; ele nunca antes havia tirado um tempo para caminhar por uma floresta, para admirar a beleza ao seu redor. Ele olhou para as folhas brancas que estalavam sob seus pés, pontuadas pelo som de seu cajado batendo no chão macio da floresta; ele olhou para cima enquanto caminhava, absorvendo a beleza das árvores Aesop, com suas folhas brancas brilhantes e galhos vermelhos reluzentes, cintilando ao sol da manhã. As folhas caíam, chovendo sobre ele como neve, e pela primeira vez em sua vida, ele sentiu uma verdadeira sensação de paz.

De altura e constituição medianas, com cabelos negros, um rosto perpetuamente por fazer, um maxilar largo, maçãs do rosto longas e pronunciadas, e grandes olhos negros com círculos escuros embaixo, Bryan sempre parecia como se não tivesse dormido por dias. E era assim que ele sempre se sentia. Mas agora. Agora, finalmente, ele se sentia descansado. Aqui, em Ur, no canto noroeste de Escalon, não caía neve. As brisas temperadas do oceano, a apenas um dia de cavalgada a oeste, garantiam um clima mais quente e permitiam que folhas de todas as cores florescessem. Isso também permitia que Bryan viajasse usando apenas uma capa, sem precisar se esconder dos ventos gelados, como faziam em grande parte de Escalon. Ele ainda estava se acostumando com a ideia de usar uma capa em vez de armadura, de empunhar um cajado em vez de uma espada, de tocar as folhas com seu cajado em vez de perfurar seus inimigos com uma adaga. Tudo isso era novo para ele. Ele estava tentando ver como era se tornar essa nova pessoa que ansiava ser. Era pacífico — mas estranho. Como se ele estivesse fingindo ser alguém que não era.

Pois Bryan não era um viajante, nem um monge — nem era um homem pacífico. Ele ainda era, em seu sangue, um guerreiro. E não apenas qualquer guerreiro; ele era um homem que lutava por suas próprias regras, e que nunca havia perdido uma batalha. Ele era um homem que não tinha medo de levar suas batalhas das pistas de justas para os becos dos bares que adorava frequentar. Ele era o que algumas pessoas gostavam de chamar de mercenário. Um assassino. Um espadachim contratado. Havia muitos nomes para ele, alguns ainda menos lisonjeiros, mas Bryan não se importava com rótulos, ou com o que outras pessoas pensavam. Tudo o que ele se importava era que ele era um dos melhores.

Bryan, como se para se encaixar em seu papel, tinha usado muitos nomes, mudando-os conforme sua vontade. Ele não gostava do nome que seu pai lhe havia dado — na verdade, ele não gostava de seu pai, também — e não estava disposto a passar a vida com um nome que outra pessoa lhe impôs. Bryan era a mudança de nome mais frequente, e ele gostava disso, por enquanto. Ele não se importava com o que qualquer um o chamasse. Ele se importava apenas com duas coisas na vida: encontrar o ponto perfeito para a ponta de sua adaga, e que seus empregadores o pagassem com ouro recém-cunhado — e muito.

Bryan descobriu ainda jovem que tinha um dom natural, que era superior a todos os outros no que fazia. Seus irmãos, como seu pai e todos os seus famosos ancestrais, eram cavaleiros orgulhosos e nobres, vestindo as melhores armaduras, empunhando o melhor aço, desfilando em seus cavalos, acenando suas bandeiras com seus cabelos esvoaçantes e vencendo competições enquanto damas jogavam flores a seus pés. Eles não poderiam estar mais orgulhosos de si mesmos.

Bryan, no entanto, odiava a pompa, os holofotes. Aqueles cavaleiros sempre pareciam desajeitados ao matar, extremamente ineficientes, e Bryan não tinha respeito por eles. Nem precisava do reconhecimento, dos emblemas ou brasões que os cavaleiros ansiavam. Isso era para pessoas que careciam do que mais importava: a habilidade de tirar a vida de um homem, rapidamente, silenciosamente e eficientemente. Em sua mente, não havia mais nada a discutir.

Quando era jovem e seus amigos, pequenos demais para se defenderem, eram provocados, eles vinham até ele, já conhecido por ser excepcional com uma espada, e ele aceitava o pagamento para defendê-los. Seus agressores nunca mais os atormentavam, pois Bryan ia além. A notícia de sua destreza se espalhou rapidamente, e à medida que Bryan aceitava mais e mais pagamentos, suas habilidades em matar progrediam.

Bryan poderia ter se tornado um cavaleiro, um guerreiro celebrado como seus irmãos. Mas ele escolheu trabalhar nas sombras. Vencer era o que o interessava, a eficiência letal, e ele descobriu rapidamente que os cavaleiros, com todas as suas belas armas e armaduras volumosas, não podiam matar nem metade tão rápido ou eficazmente quanto ele, um homem solitário com uma camisa de couro e uma adaga afiada.

Enquanto caminhava, cutucando as folhas com seu cajado, ele se lembrou de uma noite em uma taverna com seus irmãos, quando espadas foram desembainhadas contra cavaleiros rivais. Seus irmãos estavam cercados, em menor número, e enquanto todos os cavaleiros elegantes mantinham a cerimônia, Bryan não hesitou. Ele atravessou o beco com sua adaga e cortou todas as gargantas antes que os homens pudessem desembainhar uma espada.

Seus irmãos deveriam ter agradecido por suas vidas — em vez disso, todos se distanciaram dele. Eles o temiam e o desprezavam. Essa foi a gratidão que ele recebeu, e a traição machucou Bryan mais do que ele poderia expressar. Isso aprofundou seu rompimento com eles, com toda a nobreza, com toda a cavalaria. Tudo era hipocrisia aos seus olhos, egoísmo; eles podiam sair com suas armaduras brilhantes e olhá-lo de cima, mas se não fosse por ele e sua adaga, todos estariam mortos naquele beco hoje.

Bryan caminhava e caminhava, suspirando, tentando liberar o passado. Enquanto refletia, ele percebeu que não entendia realmente a origem de seu talento. Talvez fosse porque ele era tão rápido e ágil; talvez fosse porque ele era rápido com as mãos e pulsos; talvez fosse porque ele tinha um talento especial para encontrar os pontos vitais dos homens; talvez fosse porque ele nunca hesitava em dar aquele passo extra, em dar aquele golpe final que outros homens temiam; talvez fosse porque ele nunca precisava golpear duas vezes; ou talvez fosse porque ele podia improvisar, podia matar com qualquer ferramenta à sua disposição — uma pena, um martelo, um tronco velho. Ele era mais astuto que os outros, mais adaptável e rápido em seus movimentos — uma combinação mortal.

Crescendo, todos aqueles cavaleiros orgulhosos se distanciaram dele, até o zombavam em voz baixa (pois ninguém ousava zombar dele na sua cara). Mas agora, enquanto todos estavam mais velhos, enquanto seus poderes diminuíam e sua fama se espalhava, ele era o convocado pelos reis, enquanto todos eram esquecidos. Porque o que seus irmãos nunca entenderam era que a cavalaria não fazia reis. Era a violência feia e brutal, o medo, a eliminação de seus inimigos, um a um, a matança horrível que ninguém mais queria fazer, que fazia reis. E era a ele que recorriam quando queriam que o verdadeiro trabalho de ser rei fosse feito.

Com cada toque de seu cajado, Bryan lembrava de cada uma de suas vítimas. Ele havia matado os piores inimigos do Rei — não por veneno — para isso, traziam os assassinos menores, os boticários, as sedutoras. Os piores, muitas vezes, queriam mortos com uma declaração, e para isso, precisavam dele. Algo horrível, algo público: uma adaga no olho; um corpo deixado espalhado em uma praça pública, pendurado de uma janela, para todos verem ao nascer do sol, para todos se perguntarem quem ousou desafiar o Rei.

Quando o velho Rei Tarnis havia rendido o reino, havia aberto os portões para Bandrania, Bryan se sentiu desanimado, sem propósito pela primeira vez na vida. Sem um Rei para servir, ele se sentiu à deriva. Algo que há muito tempo fermentava dentro dele veio à tona, e por alguma razão que ele não entendia, ele

começou a se perguntar sobre a vida. Durante toda a sua vida, ele havia sido obcecado pela morte, pelo ato de matar, de tirar a vida. Isso havia se tornado fácil — fácil demais. Mas agora, algo dentro dele estava mudando; era como se ele mal pudesse sentir o chão firme sob seus pés. Ele sempre soubera, em primeira mão, quão frágil a vida era, quão facilmente ela podia ser tirada, mas agora ele começava a se perguntar sobre preservá-la. A vida era tão frágil, não seria preservá-la um desafio maior do que tirá-la?

E, apesar de si mesmo, ele começou a se perguntar: o que era essa coisa que ele estava tirando dos outros?

Bryan não sabia o que havia iniciado toda essa autorreflexão, mas isso o deixava profundamente desconfortável. Algo havia surgido dentro dele, uma grande náusea, e ele havia se cansado de matar — ele havia desenvolvido um desgosto tão grande por isso quanto antes havia gostado. Ele desejava que houvesse uma coisa à qual pudesse apontar que desencadeou tudo isso — a morte de uma pessoa em particular, talvez — mas não havia. Isso simplesmente havia surgido nele, sem causa. E isso era o mais perturbador de tudo.

Ao contrário de outros mercenários, Bryan só aceitava causas nas quais acreditava. Foi apenas mais tarde na vida, quando ele se tornou bom demais no que fazia, quando os pagamentos se tornaram grandes demais, as pessoas que o solicitavam importantes demais, que ele começou a borrar as linhas, a aceitar pagamento para matar aqueles que não eram necessariamente culpados — não necessariamente de forma alguma. E isso era o que o incomodava.

Bryan desenvolveu uma paixão igualmente forte por desfazer tudo o que havia feito, por provar aos outros que ele podia mudar. Ele queria apagar seu passado, desfazer tudo o que havia feito, fazer penitência. Ele havia feito um voto solene dentro de si mesmo de nunca mais matar; de nunca levantar um dedo contra ninguém; de passar o resto de seus dias pedindo perdão a Deus; de se dedicar a ajudar os outros; de se tornar uma pessoa melhor. E foi tudo isso que o levou a essa trilha na floresta que ele caminhava agora com cada toque de seu cajado.

Bryan viu a trilha da floresta subir à frente e depois descer, brilhando com folhas brancas, e ele verificou novamente o horizonte em busca da Torre de Ur. Ainda não havia sinal dela. Ele sabia que eventualmente esse caminho o levaria até lá, essa peregrinação que o chamava há meses. Ele havia sido cativado, desde menino, por contos dos Vigias, a ordem secreta de monges/cavaleiros, parte homens e parte algo mais, cujo trabalho era residir nas duas torres — a Torre de Ur no noroeste e a Torre de Kos

no sudeste — e vigiar a relíquia mais preciosa do Reino: a Espada das Chamas. Diz a lenda que era a Espada das Chamas que mantinha As Chamas vivas. Ninguém sabia ao certo em qual torre ela estava, um segredo bem guardado conhecido apenas pelos Vigias mais antigos. Se ela fosse movida ou roubada, As Chamas se perderiam para sempre — e Escalon ficaria vulnerável a ataques.

Dizia-se que vigiar as torres era um chamado elevado, um dever sagrado e honroso — se os Vigias o aceitassem. Bryan sempre sonhara com os Vigias quando menino, ia para a cama à noite imaginando como seria juntar-se às suas fileiras. Ele queria perder-se na solidão, no serviço, na autorreflexão, e sabia que não havia maneira melhor do que se tornar um Vigia. Bryan se sentia pronto. Ele havia trocado sua cota de malha por couro, sua espada por um cajado, e pela primeira vez na vida, havia passado uma lua inteira sem matar ou ferir uma alma. Ele começava a se sentir bem.

Quando Bryan alcançou o topo de uma pequena colina, olhou esperançoso, como vinha fazendo há dias, na expectativa de que esse pico pudesse revelar a Torre de Ur em algum lugar no horizonte. Mas não havia nada a ser encontrado — nada além de mais floresta, estendendo-se até onde a vista alcançava. No entanto, ele sabia que estava chegando perto — depois de tantos dias de caminhada, a torre não poderia estar muito longe.

Bryan continuou descendo a encosta da trilha, a floresta ficando mais densa, até que, no fundo, ele encontrou uma enorme árvore caída bloqueando o caminho. Ele parou e olhou para ela, admirando seu tamanho, debatendo como contorná-la.

"Eu diria que isso é longe o suficiente," veio uma voz sinistra.

Bryan reconheceu a intenção sombria na voz imediatamente, algo em que ele se tornara especialista, e nem precisou se virar para saber o que viria a seguir. Ele ouviu folhas estalando ao seu redor, e da floresta surgiram rostos para combinar com a voz: facínoras, cada um com uma aparência mais desesperada que o outro. Eram os rostos de homens que matavam sem motivo. Os rostos de ladrões e assassinos comuns que atacavam os fracos com violência aleatória e sem sentido. Aos olhos de Bryan, eles eram os mais baixos dos baixos.

Bryan viu que estava cercado e sabia que havia caído em uma armadilha. Ele olhou rapidamente ao redor sem deixar que percebessem, seus antigos instintos entrando em ação, e contou oito deles. Todos seguravam adagas, todos vestidos em trapos, com rostos, mãos e unhas sujas, todos por fazer, todos com um olhar desesperado que mostrava que não comiam há muitos dias. E que estavam entediados.

Bryan se tensionou à medida que o ladrão líder se aproximava, mas não porque o temia; Bryan poderia matá-lo — poderia matar todos eles — sem piscar, se quisesse. O que o deixava tenso era a possibilidade de ser forçado a recorrer à violência. Ele estava determinado a manter seu voto, custe o que custar.

"E o que temos aqui?" um deles perguntou, chegando perto, circulando Bryan.

"Parece um monge," disse outro, com a voz zombeteira. "Mas essas botas não combinam."

"Talvez ele seja um monge que pensa que é um soldado," um riu.

Todos começaram a rir, e um deles, um brutamontes de uns quarenta anos com um dente da frente faltando, se inclinou com seu mau hálito e cutucou Bryan no ombro. O velho Bryan teria matado qualquer homem que chegasse metade tão perto.

Mas o novo Bryan estava determinado a ser um homem melhor, a superar a violência — mesmo que ela parecesse procurá-lo. Ele fechou os olhos e respirou fundo, forçando-se a permanecer calmo.

Não recorra à violência, ele repetia para si mesmo, vez após vez.

"O que esse monge está fazendo?" um deles perguntou. "Rezando?"

Todos explodiram em risadas novamente.

"Seu deus não vai te salvar agora, garoto!" exclamou outro.

Bryan abriu os olhos e encarou o cretino.

"Eu não desejo machucá-los," ele disse calmamente.

A risada aumentou, mais alta do que antes, e Bryan percebeu que manter a calma, não reagir com violência, era a coisa mais difícil que já havia feito.

"Sorte a nossa, então!" um respondeu.

Eles riram novamente, depois todos ficaram em silêncio quando o líder deu um passo à frente e ficou cara a cara com Bryan.

"Mas talvez," ele disse, com a voz séria, tão perto que Bryan podia sentir seu mau hálito, "nós desejemos machucar você."

Um homem se aproximou por trás de Bryan, envolveu um braço grosso ao redor de sua garganta e começou a apertar. Bryan arfou ao sentir-se sendo estrangulado, o aperto forte o suficiente para causar dor, mas não para cortar todo o ar. Seu reflexo imediato foi alcançar para trás e matar o homem. Seria fácil; ele conhecia o ponto de pressão perfeito no antebraço para fazê-lo soltar o aperto. Mas ele se forçou a não fazer isso.

Deixe passar, ele disse a si mesmo. O caminho para a humildade deve começar em algum lugar.

Bryan encarou o líder.

"Levem o que quiserem de mim," Bryan disse, ofegante. "Levem e sigam seu caminho."

"E se nós levarmos e ficarmos bem aqui?" o líder respondeu.

"Ninguém está te perguntando o que podemos ou não podemos levar, garoto," disse outro.

Um deles se aproximou e vasculhou a cintura de Bryan, remexendo com mãos ávidas em seus poucos pertences pessoais restantes no mundo. Bryan se forçou a manter a calma enquanto as mãos reviravam tudo o que ele possuía. Finalmente, eles extraíram sua adaga de prata bem desgastada, sua arma favorita, e ainda assim Bryan, por mais doloroso que fosse, não reagiu.

Deixe ir, ele disse a si mesmo.

"O que é isso?" um perguntou. "Uma adaga?"

Ele olhou fixamente para Bryan.

"O que um monge chique como você está fazendo carregando uma adaga?" um perguntou.

"O que você está fazendo, garoto, esculpindo árvores?" outro perguntou.

Todos riram, e Bryan rangeu os dentes, se perguntando quanto mais poderia aguentar.

O homem que pegou a adaga parou, olhou para o pulso de Bryan e puxou sua manga para trás. Bryan se preparou, percebendo que eles haviam encontrado.

"O que é isso?" o ladrão perguntou, agarrando seu pulso e levantando-o, examinando-o.

"Parece uma raposa," um disse.

"O que um monge está fazendo com uma tatuagem de uma raposa?" outro perguntou.

Outro se aproximou, um homem alto e magro com cabelo ruivo, e agarrou seu pulso, examinando-o de perto. Ele soltou e olhou para Bryan com olhos cautelosos.

"Isso não é uma raposa, seu idiota," ele disse aos seus homens. "É um lobo. É a marca de um homem do Rei — um mercenário."

Bryan sentiu seu rosto corar ao perceber que estavam olhando para sua tatuagem. Ele não queria ser descoberto.

Os ladrões permaneceram em silêncio, olhando para ela, e pela primeira vez, Bryan percebeu hesitação em seus rostos.

"Essa é a ordem dos assassinos," um disse, então olhou para ele. "Como você conseguiu essa marca, garoto?"

"Provavelmente ele mesmo fez," um respondeu. "Torna a estrada mais segura."

O líder acenou para seu homem, que soltou o aperto na garganta de Bryan, e Bryan respirou fundo, aliviado. Mas o líder então ergueu e segurou uma faca na garganta de Bryan, e Bryan se perguntou se morreria ali, hoje, naquele lugar. Ele se perguntou se seria uma punição por todas as mortes que havia causado. Ele se perguntou se estava pronto para morrer.

"Responda a ele," o líder rosnou. "Você fez isso sozinho, garoto? Dizem que você precisa matar cem homens para conseguir essa marca."

Bryan respirou, e no longo silêncio que se seguiu, debateu o que dizer. Finalmente, suspirou.

"Mil," ele disse.

O líder piscou, confuso.

"O quê?" ele perguntou.

"Mil homens," Bryan explicou. "É isso que te dá essa tatuagem. E foi dada a mim pelo próprio Rei Tarnis."

Todos olharam de volta, chocados, e um longo silêncio caiu sobre a floresta, tão quieto que Bryan podia ouvir os insetos cantando. Ele se perguntou o que aconteceria a seguir.

Um deles irrompeu em uma risada histérica — e todos os outros o seguiram. Eles riram e gargalharam enquanto Bryan permanecia ali, claramente achando que era a coisa mais engraçada que já tinham ouvido.

"Essa foi boa, garoto," um disse. "Você é tão bom mentiroso quanto é monge."

O líder pressionou a adaga contra sua garganta, forte o suficiente para começar a cortar a pele.

"Eu disse, me responda," o líder repetiu. "Uma resposta de verdade. Você quer morrer agora, garoto?"

Bryan ficou ali, sentindo a dor, e pensou na pergunta — ele realmente pensou sobre isso. Ele queria morrer? Era uma boa pergunta, e uma pergunta ainda mais profunda do que o ladrão supunha. Enquanto pensava nisso, realmente pensava, ele percebeu que uma parte dele queria morrer. Ele estava cansado da vida, cansado até os ossos.

Mas enquanto refletia sobre isso, Bryan finalmente percebeu que não estava pronto para morrer. Não agora. Não hoje. Não quando estava pronto para recomeçar. Não quando estava começando a desfrutar da vida. Ele queria uma chance de mudar. Ele queria uma chance de servir na Torre. De se tornar um Vigia.

"Não, na verdade eu não quero," Bryan respondeu.

Ele finalmente olhou seu captor diretamente nos olhos, uma determinação crescendo dentro dele.

"E por causa disso," ele continuou, "vou te dar uma chance de me soltar, antes que eu mate todos vocês."

Todos olharam para ele em choque silencioso, antes que o líder franzisse a testa e começasse a agir.

Bryan sentiu a lâmina começar a cortar sua garganta, e algo dentro dele tomou conta. Era a parte profissional dele, a que ele havia treinado a vida inteira, a parte dele que não podia mais aguentar. Isso significava quebrar seu voto — mas ele não se importava mais.

O velho Bryan voltou tão rápido, como se nunca tivesse ido embora — e num piscar de olhos, ele se encontrou de volta no modo assassino.

Bryan se concentrou e viu todos os movimentos de seus oponentes, cada contração, cada ponto de pressão, cada vulnerabilidade. O desejo de matá-los o dominou, como um velho amigo, e Bryan permitiu que isso tomasse conta.

Em um movimento relâmpago, Bryan agarrou o pulso do líder, enfiou o dedo em um ponto de pressão, torceu até que estalasse, então pegou a adaga enquanto ela caía e, em um movimento rápido, cortou a garganta do homem de orelha a orelha.

O líder olhou para ele com uma expressão de espanto antes de cair no chão, morto.

Bryan se virou e encarou os outros, e todos olharam de volta, atônitos, bocas abertas.

Agora era a vez de Bryan sorrir, enquanto olhava para todos eles, saboreando o que estava prestes a acontecer.

"Às vezes, garotos," ele disse, "vocês simplesmente escolhem o homem errado para mexer."

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