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Capítulo dois

Saindo do castelo, Volencia foi para os jardins. Era o auge do verão, e as flores estavam em plena floração. O ar estava perfumado e doce. Sua mão tocou uma linda rosa vermelha. Sua mãe tinha sido todo o arbusto. Bela e perigosa. Volencia arrancou uma pétala, esmagando-a até que se tornasse apenas um amontoado em seus dedos, então segurou a bola na mão. "Um arbusto trocado por uma pétala. Você saberia o que fazer. Você deveria ter deixado que eles me levassem para que pudesse fazer isso. Eu nunca serei o que você foi. Pelo menos você saberia como proteger nosso povo. Você era a heroína que eles precisavam. Não eu. Você estava errada." Deixando cair a pétala amassada, ela olhou em direção ao cemitério.

Era o último dia que ela teria ali, livre das regras e leis deles. Decidiu que faria o melhor possível. Escolheu visitar o obelisco de sua mãe, era um belo mármore branco com veios azul-claros. Mas ela nunca sentiu a presença de sua mãe naquele lugar. Então, disse algumas palavras, deixando seus dedos traçarem as palavras esculpidas ali. Amada Rainha. Amada Esposa e Mãe. Amada por Todos.

Saindo do cemitério, ela pensou em tempos mais felizes. Rosas floresciam sobre as lápides. Sempre a flor favorita de sua mãe. Ela imaginou sua mãe caminhando, tocando cada pedra. "Nossos ancestrais. É interessante ver até onde eles remontam." Ela caminhou, deixando seus dedos deslizarem sobre as lápides cobertas de musgo. "Se você perguntar a eles, acredito que tentarão vir em seu auxílio." Mas ela sabia que os mortos não se levantariam para salvá-los. Ela já havia sido reduzida a tais esperanças fantasiosas. Os mortos nunca respondiam.

Para sua surpresa, seus pés a estavam levando para fora dos terrenos do castelo, em direção à cidade. Ela não fazia isso desde que sua mãe morreu. Seria uma boa maneira de passar suas últimas horas como Princesa de Thambair. Ver seu povo em primeira mão. Os portões que levavam do castelo à cidade eram grandes e ficavam abertos dia e noite. Fazia tanto tempo que ninguém que se opusesse a eles tentava entrar. Os olhos dos guardas a seguiram enquanto ela passava pelo arco largo, seguindo o caminho de paralelepípedos. Gregron, Capitão da guarda e General do Exército, saberia em minutos sobre sua partida. O próprio arco tinha trinta pés, e as portas eram enormes, feitas de grossas lajes de madeira e adornadas com latão regularmente polido para evitar que esverdeasse.

A cidade não ficava longe, a praça encostava na muralha do castelo, perto o suficiente para que ela pudesse distinguir que alguém estava na varanda do escritório de seu pai, olhando para a praça. Ela supôs, pelo cabelo preto esvoaçante, que era seu pai, o Rei Venron. Barracas de mercadores e prédios altos formavam um arco em forma de ferradura. Uma grande fonte onde Ephira se erguia alta, cabelo congelado ao vento e cercada por vários dos animais que ela era creditada por criar. Uma mão estendia-se no ar, onde seus dedos roçavam a asa estendida de uma coruja, ao redor de seus pés, peixes de pedra pareciam mergulhar dentro e fora da água. Cervos, chiropi e unicórnios a rodeavam. A maior parte estava aberta. O povo se reunia ao redor da fonte ou se encontrava ali para sentar nos bancos ou em frente aos poucos restaurantes no semicírculo. Havia também uma pousada, uma popular botica e uma taverna. Um pequeno grupo de belas mulheres estava reunido em torno da loja do alfaiate e da costureira, segurando amostras de tecido umas para as outras. Volencia se perguntou se o evento que estavam planejando realmente poderia acontecer.

Entrando na praça, ela se sentiu vulnerável. Como se as pessoas soubessem que ela não pertencia ali. Ninguém parecia notá-la. Todos estavam bem adornados, então ela não se destacava como havia imaginado. Esses estabelecimentos atendiam pessoas com recursos, então quase todos que visitavam a área tinham dinheiro. A maioria das pessoas que passavam por ela eram elfos ou humanos, mas ocasionalmente um grupo de anões passava, falando em uma língua que ela não entendia.

Era doloroso como o mundo parecia normal. O precipício no qual ela estava prestes a cair iria engoli-la inteira, e ainda assim, todos ao seu redor estavam apenas vivendo seu dia a dia normalmente.

Ela se sentou na borda da fonte por um tempo, apenas observando as pessoas passarem. Um jovem elfo se sentou não muito longe dela. Observando-o pelo canto do olho, ele parecia animado, como se estivesse vendo tudo pela primeira vez. Ele era muito maior do que outros elfos, quase uma cabeça mais alto do que qualquer outra pessoa na praça. Seu cabelo era longo o suficiente para alcançar o topo dos ombros, da cor de castanhas, e suas orelhas quase duas vezes mais longas que as de um elfo normal. Seus olhos se encontraram. Os dele eram esmeraldas brilhantes, um sorriso largo e preguiçoso o fazia parecer acessível e amigável. Volencia desviou o olhar, corando ao perceber que estava olhando fixamente para ele. Ele era muito bonito. Ela sabia que nunca o tinha visto antes, mas de alguma forma ele parecia familiar.

"Com licença? Sou novo na área. Você saberia me indicar um lugar onde eu possa folhear alguns livros, como uma biblioteca ou livraria?" O coração de Volencia dançou uma jig no peito. Sua voz era profunda e rica, tão atraente quanto sua aparência. Ela também notou, estranhamente, que ele parecia uma versão mais jovem de Gregron, que sempre se destacava como um dente quebrado. Vindo de uma terra distante sobre a qual ele odiava falar. Talvez fosse por isso que ele parecia tão familiar?

"Desculpe," ela teve que segurar as mãos para evitar que tremessem enquanto ele se aproximava. "Eu não conheço a cidade bem o suficiente para guiá-lo."

"Então você também não é daqui, né?" Uma covinha apareceu em sua bochecha direita. À medida que seu sorriso se alargava, ele se tornava torto. Tornando-o ainda mais encantador.

Ela não sabia o que dizer. "Bem..." ela corou, dando de ombros. O que ele pensaria se ela dissesse que era a Princesa do reino, vivendo ali desde o dia em que nasceu e não conhecia sua própria cidade?

"Ei, sem problemas. Eu entendo. Só saiba que você não está sozinha." Ele piscou.

Volencia fechou os olhos, pressionando suas saias azul-claras, "Você realmente não quer ser visto falando comigo." Sua garganta ameaçou fechar, e as palavras saíram como um sussurro.

O elfo a observou por um longo momento, seu sorriso desaparecendo apenas o suficiente para que a covinha sumisse. "Se você preferir ficar sozinha, pode dizer. Na chance de que essa não seja sua preferência, posso perguntar por quê?"

Quando ela olhou de volta para ele, seus olhos verdes não mostravam malícia. Apenas uma simples curiosidade. Ela mordeu o lábio, algo na presença dele a fazia se sentir melhor. Ela lhe ofereceu um sorriso triste. "Você simplesmente não deveria. E não quero ser rude, mas saí para pensar e preferiria não falar sobre isso." Ajustando suas saias, ela desviou o olhar, sentindo-se mal. Fazia muito tempo desde que ela tinha uma simples conversa amigável.

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