




2
ARTEMISIA
Por fora, era um prédio grande e sem graça. A única coisa que se destacava era a maneira como a varanda estava decorada com belas flores de diferentes tons.
Eu só conseguia reconhecer as fúcsias, a glória-da-manhã e as rosas vermelhas.
O resto parecia bastante estranho. Mas, eu tinha certeza de que já tinha visto antes.
"Onde ela pode estar?" perguntei a mim mesma enquanto estava no estacionamento iluminado pela luz da lua.
Olhei para o poste de luz ao meu lado. Acho que era apenas decorativo, já que não vi nenhuma luz vindo dele.
Olhei para o céu e notei que a lua estava no seu auge.
A última vez que olhei o relógio antes de sair, já passava das oito.
Era raro ver a lua completamente visível a essa hora do dia. Mas, eu não estava surpresa.
Girando novamente ao ouvir um gemido baixo, avistei Julie curvada sobre uma lata de lixo.
Fazendo uma careta, ela segurava a barriga enquanto arfava.
"Não vou beber mais." Ela gemeu, limpando a boca com o dorso da mão.
"Talvez, você não devesse prometer algo que não pode cumprir," eu disse.
Levantei seu cabelo enquanto ele caía sobre seu rosto. Eu já a tinha ouvido muitas vezes prometendo não fazer certas coisas.
Mas, no final do dia, ela voltava a fazer o que tinha prometido não fazer.
Não era a primeira vez que ela jurava ficar longe da bebida. Podia ser a quinta ou sexta vez. Talvez mais, porque desde que ela conseguiu sua licença falsa de maioridade, ela vinha festejando desde então, e isso já fazia dois anos. Nós mal tínhamos dezesseis na época.
"É bom ver que você está sóbria." Dei um tapinha nas costas dela, antes de prender seu cabelo em um rabo de cavalo.
Passei a garrafa de água que estava comigo para ela, que abriu e enxaguou a boca e o rosto.
"Artemisia." Ela disse enquanto se endireitava um pouco depois. "Você parece melhor do que eu agora."
"Isso porque eu toquei apenas uma bebida. Além disso, não era tão alcoólica."
Apesar de conter apenas um pouco de álcool, me afetou ligeiramente porque sou fraca para bebida.
A primeira vez que provei vodka, jurei nunca mais tocar em nada alcoólico porque fiquei extremamente bêbada apesar de ter tomado apenas alguns goles daquela bebida monstruosa.
Além disso, me envergonhei. Mantive a promessa até esta noite.
Mas, fiquei feliz por não ter tomado mais do que podia.
"Vamos, vamos embora," murmurei, envolvendo minha mão em sua cintura.
As folhas farfalharam e o ar ficou mais frio.
Usei uma mão livre para puxar a manga da blusa que eu vestia. Mas, não adiantou porque era muito curta.
Gemendo, enquanto tremia ligeiramente, senti que Julie fazia o mesmo e me perguntei por que ela estava com frio, já que usava uma jaqueta de couro.
Ajudei-a a fechar o zíper antes de seguir em direção à casa.
O farfalhar continuava. Surpreendentemente, eu ainda conseguia ouvi-lo claramente, mesmo tendo deixado o lado do arbusto onde o ouvi pela primeira vez.
Meus ouvidos se aguçaram ao ouvir um rosnado baixo. Olhando para trás, notei que o lugar estava vazio. Exatamente como eu o havia deixado alguns segundos atrás.
Mas, então o rosnado continuou, me fazendo questionar de onde estava vindo.
Dei de ombros, pois não vi nada fora do comum enquanto avaliava o ambiente.
Virei-me novamente para a casa e gritei quando um homem apareceu na minha frente.
"Merda!"
Olhando para cima para encarar o homem que me assustou, meu fôlego ficou preso na garganta.
Antes, eu pensava que Aaron e Jordan eram os únicos garotos perfeitos que eu tinha visto.
A pessoa na minha frente era a própria perfeição.
Embora ele não fosse um garoto, não parecia ser muito mais velho do que eu. Talvez, ele estivesse no início dos seus vinte anos.
Franzi a testa quando um sorriso se formou no rosto dele. Talvez, ele tivesse me pegado olhando para ele por muito tempo.
Mas não era minha culpa. Não é todo dia que vejo um homem de 1,80m de altura me olhando de cima dos meus 1,68m.
Seus olhos, eu não conseguia discernir a cor porque estava bastante escuro e eu não me importava. Desde que eu pudesse ver seu físico, estava tudo bem para mim.
Estou babando por causa desse estranho na minha frente!
Ele parecia hipnotizante e lindo. Lindo demais para o próprio bem. Deveria ser inaceitável ser tão bonito sem nem tentar.
Mas, eu não estava reclamando.
Eu poderia ficar olhando para ele para sempre, mas sabia que precisava parar para não parecer estranha na frente dele.
Lambi os lábios enquanto olhava para o rosto dele mais uma vez, já que estava olhando para suas mãos e pensando no que elas poderiam fazer comigo.
"Um centavo pelos seus pensamentos." Ele riu, colocando a mão no bolso da calça.
Meu Deus!
Além da aparência, ele ainda tinha uma voz sexy!
Que deus do s*xo!
Pelo tom, parecia que ele não era daqui. Ele tinha um forte sotaque estrangeiro. Presumi que fosse inglês, já que eu tinha um professor que falava exatamente como ele e era da Inglaterra.
"Eu adoraria dizer que sou um deus, mas nem chego perto disso." O estranho disse, me tirando dos meus pensamentos.
O calor subiu às minhas bochechas e eu olhei para o chão momentaneamente.
Ele era convencido, notei. Mas, era melhor do que os garotos pervertidos que eu tinha visto na casa mais cedo.
"O que você está fazendo fora tão tarde?"
"Hum..." comecei, ignorando a pergunta dele. "Você estuda por aqui? Quero dizer, na faculdade." Acrescentei ao ver seu olhar confuso.
"Escola?!" Ele riu como se achasse engraçado.