*CAPÍTULO 9*
Meus olhos se moviam inquietos entre eles, "O que vocês querem dizer?"
"Kassie," disse Jenna, com a voz suave, "Algo incomum aconteceu esta noite."
Minha frequência cardíaca, que havia diminuído consideravelmente graças ao chá, voltou a acelerar, "Ok," eu disse devagar. Eu já tinha recebido notícias ruins o suficiente ao longo dos anos para saber como começava—e meus músculos se retesaram.
Malcolm suspirou, claramente cansado de rodeios, gesticulando para mim, "Olhe para o seu braço."
Eu pisquei para ele, confusa por um momento, antes de fazer o que ele disse, levantando meus braços de onde estavam enrolados em um cobertor.
No meu braço esquerdo, uma marca preta e retorcida espiralava na minha pele, envolvendo meu pulso como hera. Ela se espalhava até o cotovelo. Um símbolo marcante que se destacava contra a pele pálida.
Um olhar apressado para o meu antebraço foi suficiente para confirmar o que ele disse. Marcas negras e sombrias haviam sido gravadas na minha pele ao longo do meu braço interno. Um símbolo que eu nunca tinha visto antes.
"O que é isso?" Eu perguntei, levando os dedos para tocar os símbolos estranhos no meu braço. Eu esfreguei contra ele, e meu estômago afundou quando a marca não saiu.
"Parece que fomos Amaldiçoados," disse Malcolm, estendendo seu próprio braço. Eu tive que desviar o olhar da minha própria Marca para ver do que ele estava falando. Lá, no seu próprio braço interno, havia uma marca preta e retorcida idêntica à minha.
Que merda?!
"Amaldiçoados?" Eu exigi.
Richard pigarreou, "Eu mencionei antes que, junto com a Magia Elemental—a Magia que possuímos—há também um tipo secundário de Magia. A comunidade Mágica se refere a ela como Magia de Sangue. Magia Proibida."
Meus olhos se moviam entre os três, "Vocês estão dizendo que alguém fez Magia de Sangue em nós?"
Malcolm se inclinou para frente na sua poltrona para colocar sua caneca na mesa, "Lembra daquela explosão que aconteceu logo antes de você desmaiar?"
Aquela que me jogou no chão depois que estávamos discutindo sobre meu carro. Eu assenti rigidamente.
"Não sei como aconteceu, mas lançaram uma Maldição em nós. Eu não consegui ver quem fez isso conosco nem tenho ideia do porquê. Tudo o que sei é que em um momento estávamos tentando nos afastar dos ghouls e no próximo, ambos tínhamos Marcas."
O pavor se acumulou no meu estômago, "O que isso significa para nós?" Eu perguntei devagar.
"Significa que não podemos deixar você ir embora," disse Malcolm.
Eu olhei entre Richard e Jenna em busca de confirmação, e o arrependimento em seus rostos foi suficiente para fazer meu estômago despencar.
"Não temos certeza do que a Marca significa," admitiu Richard, "Todas as Maldições deixam Marcas distintas naqueles que são Amaldiçoados, e não posso dizer que estou familiarizado com esta." Eu não acho que estava imaginando o brilho curioso em seus olhos. "É por isso que chamamos o chefe do nosso coven local logo depois que você chegou. Ele deve estar aqui a qualquer momento. Ele tem mais expertise sobre isso do que nós."
Eu mastiguei meu lábio cautelosamente, considerando, "E vocês acham que ele saberá o que é a Maldição? E como revertê-la?"
"Certamente esperamos que sim," disse Jenna com um sorriso simpático.
Richard assentiu, "Se alguém sabe mais sobre isso, é o Peter—" Sua afirmação foi interrompida por uma batida na porta da frente. "Ah, deve ser ele agora."
Tomei mais um gole do chá calmante enquanto Richard se levantava para ir até a porta da frente. Jenna estava reabastecendo minha xícara quando Richard voltou à sala com o homem que eu supus ser o Chefe do Coven local. Ele era alto, com cabelos ralos e grisalhos nas têmporas, e um pouco magro.
Ele usava um impressionante terno de três peças. E, embora os cabelos grisalhos denunciassem sua idade, ele não tinha uma única ruga marcando sua pele. Se Lauren estivesse aqui, ela estaria perguntando sobre a rotina de cuidados com a pele dele.
Richard puxou uma cadeira para ele, "Kassie, gostaria de te apresentar ao chefe do Coven de Valley, Peter Pruitt."
Os olhos de Peter pousaram em mim, seu olhar se iluminando de surpresa ao ver meu corpo arranhado e remendado, "Muito prazer em conhecê-la, Kassie. Embora, lamento que tenha que ser nessas circunstâncias." Ele se inclinou sobre a mesa de centro para estender a mão para eu apertar. Mal consegui suprimir um sobressalto ao sentir o quão fria sua palma estava contra a minha.
"É um prazer conhecê-lo também," eu disse a ele.
"E Malcolm, Jenna, é bom vê-los, como sempre."
Jenna se levantou para cumprimentá-lo, "Obrigada por vir com tão pouco aviso, Peter."
Ele inclinou a cabeça em um aceno, "Claro. Sempre fico feliz quando meu conhecimento pode ser útil. Quando Richard me contou sobre as Marcas da Maldição e o que havia acontecido, eu não pude acreditar a princípio."
"Qualquer informação que você puder nos dar será apreciada," disse Richard.
Peter se voltou para mim, onde eu havia me levantado do sofá com pernas rígidas, "Posso dar uma olhada na sua Marca da Maldição?"
Eu assenti, estendendo meu braço marcado para ele inspecionar. Quando ele alcançou meu braço com a Marca da Maldição, notei que o corpo inteiro de Malcolm ficou tenso de onde ele estava a alguns passos de distância. Lancei-lhe um olhar especulativo, mas ele não encontrou meus olhos, os músculos de sua mandíbula parecendo apertados o suficiente para quebrar dentes. Peter resmungou enquanto examinava minha Marca, soltando minha mão.
Meu estômago revirou inquieto, "Você a reconhece?"
"Acredito que sim," Seus olhos escuros saltaram do meu antebraço esquerdo para Malcolm, "E você tem essa mesma Marca no seu braço também?"
Malcolm assentiu rigidamente, "Mesma Marca, mesmo lugar."
"Eu imaginei que fosse o caso," Peter se afastou de mim para inspecionar a Marca preta e retorcida no braço dele também. Malcolm hesitou brevemente antes de descruzar os braços para passar pelo mesmo exame curioso que eu. Peter fez um som pensativo no fundo da garganta.
Richard ajustou os óculos no nariz, "Como mencionei antes, ainda precisamos fazer pesquisas nos arquivos, mas algumas das Marcas parecem semelhantes a algumas Maldições de Ligação que já vi."
Maldição de Ligação? Eu não gostei nada do som disso. Peter falou novamente antes que eu tivesse a chance de perguntar o que era.
"Você está certo. É um tipo de Maldição de Ligação." Ele assentiu, finalmente desviando o olhar do antebraço de Malcolm. Eu não conseguia ler a expressão em seu rosto enquanto ele olhava entre Malcolm e eu. Um pequeno sorriso dançava em seus lábios, "Acredito que parabéns estão em ordem."
"O que você quer dizer com isso?" Malcolm perguntou devagar, um músculo em sua mandíbula pulsando.
"Essa Maldição... a última referência desse tipo de Ligação Vital sendo realizada foi há mais de dois séculos. Costumava ser uma prática bastante comum entre os Magi," a boca de Peter se curvou em um meio sorriso, enquanto ele olhava entre nós novamente, "em cerimônias de Casamento."