




6. Alexandre
"Sr. Storm, você tem uma ligação na linha 2." A voz de Jessa veio pelos alto-falantes e eu suspirei, colocando meus óculos de lado e me afastando do laptop. Peguei o telefone e pressionei a linha piscando.
"Alô?" Cumprimentei o interlocutor.
"Ah, que bom, achei que tinha ligado para o número errado," a voz de Katerina soou e eu pisquei. Já fazia duas semanas e meia desde nosso último encontro, tanto no meu escritório quanto no clube.
"Oi, a propósito," ela acrescentou como um pensamento tardio, me fazendo balançar a cabeça com um sorriso. Mesmo que tenhamos falado apenas algumas palavras desde a reunião, havia algo nela que me atraía desde o momento em que a conheci.
"Oi, Katerina, a quem devo essa ligação adorável?" Perguntei e pude ouvi-la se movendo antes de uma porta se abrir e ela começar a falar com alguém.
"O que você quer?" Ouvi-a perguntar enquanto o som de uma porta se abrindo enchia meus ouvidos e eu arqueei uma sobrancelha.
"Com quem você está falando?" Uma voz familiar perguntou, me fazendo franzir a testa.
"Não é da sua conta, Jericho. Tem algum motivo para você-" Pisquei quando a linha ficou muda, antes de franzir a testa em confusão. Ok, isso foi inesperado? Suspirando, coloquei o telefone de volta no gancho antes de voltar ao meu laptop e revisar minhas mensagens de clientes em potencial.
Estava na metade da resposta a um cliente quando meu telefone começou a tocar novamente e eu suspirei, pressionando o botão para avisar Jessa que eu atenderia antes que ela pudesse responder.
"Alô," cumprimentei o interlocutor.
"Oi, desculpe por aquilo," a voz de Katerina filtrou pelos alto-falantes.
"Está tudo bem. Imaginei que você tivesse uma visita inesperada." Disse, virando na cadeira para encarar a cidade de Nova York abaixo, coberta de branco pela nevasca de dois dias atrás.
"Sim, mas ele foi removido do escritório assim que chamei a segurança," ela respondeu e eu arqueei uma sobrancelha, embora ela não pudesse me ver.
"Ah é?"
"Era meu ex. Tenho certeza de que você já ouviu falar dele antes." Ela suspirou e acho que já ouvi falar dele, mas não lembro onde.
"Espera, ele é aquele que terminou com você na noite em que dormimos juntos?"
"O próprio. Ugh, ele é um idiota, eu juro." Ela resmungou, me fazendo rir, "Não ria, seu idiota."
"Desculpa," pedi desculpas e ela bufou, fazendo um sorriso lutar para aparecer no meu rosto.
"Enfim, eu estava ligando para ver se você recebeu minha mensagem."
"Que mensagem?" Perguntei e pude ouvir papéis se mexendo do outro lado da linha.
"Sua secretária não te deu minha mensagem? Liguei esta manhã, mas ela disse que você estava em uma reunião, então deixei um recado para você me ligar assim que saísse. Até deixei meu número com ela," ela respondeu e eu franzi a testa com sua resposta, porque não recebi nenhuma mensagem de Jessa desde minha última reunião ao meio-dia.
"Não recebi nenhuma mensagem dela. Mas por que você não pediu ao David? Ele tem meu número," respondi.
"Porque ele está fora da cidade em uma viagem de negócios e eu esqueci de pedir antes dele sair," ela respondeu e eu murmurei.
"Por que você precisava falar comigo, afinal?"
"Para ver se você queria me acompanhar na minha consulta médica esta tarde às 15:45," foi a resposta dela e eu olhei para o relógio, vendo que já eram quase 15:00 e o escritório de David ficava a uns bons 15 minutos daqui, então se eu saísse agora, poderia pegá-la e nos levar ao consultório para o check-up dela. Afastei-me da mesa, levantei-me e guardei meus papéis para levar para casa e trabalhar neles lá, já que não tinha mais reuniões hoje.
"Ok. Deixe-me juntar minhas coisas e vou te buscar para irmos juntos," disse a ela.
"Tem certeza? Quero dizer, posso te encontrar no consultório," ela respondeu, mas eu balancei a cabeça.
"Tenho certeza. Não quero que você dirija nessa condição," disse enquanto a neve começava a cair novamente e ela bufou.
"Eu não dirigi. David me deixou aqui antes de ir para o aeroporto. Estava pensando em pegar um táxi," ela retrucou.
"Isso é ainda pior. Motoristas de táxi são uns idiotas quando dirigem. Então não, não vou deixar você pegar um táxi para ir ao médico. Vou te mandar uma mensagem quando chegar lá."
"Você nem tem meu número, como vai me mandar mensagem?" Ela perguntou e eu sorri, "e não sorria." Revirei os olhos com a resposta adicional dela.
"David me deu seu número outro dia, caso eu precisasse discutir algumas coisas com você sobre o projeto em que estamos trabalhando," disse e ela murmurou.
"Certo," ela respondeu secamente, me fazendo rir, "Enfim, te vejo em alguns minutos então?"
"Sim. Estarei aí em cerca de 20 minutos," disse.
"Ok. Até logo." Então ambos desligamos e toda a diversão desapareceu enquanto eu encarava minha porta.
"JESSA!" Gritei e a porta do meu escritório se abriu um segundo depois e lá estava Jessa, de olhos arregalados, "Entre aqui e feche a porta." Ela entrou, fechando a porta suavemente antes de me encarar.
"Sim, Sr. Storm?" Ela perguntou com um tom tímido e eu cerrei o maxilar, batendo as mãos na mesa e fazendo-a pular.
"Por que diabos estou ouvindo da Srta. Montgomery que ela ligou e deixou uma mensagem para eu retornar a ligação?" Perguntei enquanto olhava furioso para a mulher tremendo à minha frente, que segurava seu bloco de notas contra si como um escudo, e eu estava tão perto de perder a paciência que sabia que qualquer coisa que ela dissesse a seguir me faria explodir.